A filosofia entre a religião e a ciência

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1.°
P14
Esta prova contém
T
05
C
20/04/10
questões.
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1. [2,0 pontos] Leia o excerto a seguir, extraído de “A filosofia entre a religião e a ciência”, de
Bertrand Russell:
A filosofia, ao contrário do que ocorreu com a teologia, surgiu, na Grécia, no século VI antes
de Cristo. Depois de seguir o seu curso na antiguidade, foi de novo submersa pela teologia
quando surgiu o Cristianismo e Roma se desmoronou. Seu segundo período importante, do
século XI ao século XIV, foi dominado pela Igreja Católica [...]. O terceiro período, desde o
século XVII até hoje, é dominado [...] pela ciência.
RUSSELL, Bertrand. “A filosofia entre a religião e a ciência”. História da filosofia ocidental.
Tradução de Brenno Silveira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957, p. XIII.
Embora diferentes, os três períodos mencionados apresentam uma característica
comum. Explicite-a.
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Leia os excertos abaixo para responder às questões 2 e 3:
EXCERTO I
O pensamento grego, até Aristóteles, é dominado por uma devoção religiosa e patriótica
à Cidade; seus sistemas éticos são adaptados às vidas dos cidadãos e contêm grande
elemento político. Quando os gregos se submeteram, primeiro aos macedônios e,
depois, aos romanos, as concepções válidas em seus dias de independência não eram
mais aplicáveis. Isto produziu, por um lado, uma perda de vigor, devido ao rompimento
com as tradições e, por outro lado, uma ética mais individual e menos social. Os
estóicos consideravam a vida virtuosa mais como uma relação da alma com Deus do
que como uma relação do cidadão com o Estado. Prepararam, dessa forma, o caminho
para o Cristianismo, que, como o estoicismo, era, originalmente, apolítico, já que,
durante os seus três primeiros séculos, seus adeptos não tinham influência no governo.
[...]
RUSSELL, Bertrand. “A filosofia entre a religião e a ciência”. História da filosofia ocidental.
Tradução de Brenno Silveira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957, p. XIV.
EXCERTO II
Em minha opinião laboram em erro aqueles que pensam serem os fiéis praticantes da
filosofia [estóica] homens insolentes [arrogantes] e obstinados [inflexíveis], que apenas
sentem desprezo em relação aos magistrados, aos reis, a todos enfim a quem cabe o
encargo da administração pública. É precisamente o contrário que se passa: nenhuma
classe de pessoas lhes tem maior gratidão e com toda a justiça, pois a ninguém os seus
préstimos [favores] são mais notórios do que as filósofos, aos quais proporcionam as
benesses [vantagens] de uma vida de ócio [repouso] e tranquilidade. Os filósofos,
portanto, que nos seus esforços com vista a uma vida consagrada à moral só têm a
beneficiar com a segurança social, veneram [adoram] como a um pai o príncipe a quem
devem tal benesse [...].
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. Tradução, prefácio e notas de J. A. Segurado e
Campos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991, p. 287-288.
2. [2,0 pontos] Explicite as justificativas que Russell apresenta em favor de sua tese de que
o pensamento estóico e o cristão são apolíticos, isto é, esvaziados de conteúdo político.
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3. [2,0 pontos] Tendo em consideração que Sêneca, autor do EXCERTO II, é um filósofo
estóico romano, explique por que a dissociação, proposta por Russell, entre a política e o
do pensamento estóico, centrado em uma ética individual, é imprecisa, ou seja, inexata.
Justifique sua resposta, apoiando-se em elementos do texto de Sêneca.
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4. [2,0 pontos] De acordo com Bertrand Russell, em “A filosofia entre a religião e a ciência”, a
vitória da Igreja sobre o rei, durante a Idade Média, decorreu de três causas. Indique-as e
comente-as.
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5. [2,0 pontos] Leia os fragmentos abaixo:
FRAGMENTO I
Embora a verdade da fé cristã ultrapasse a capacidade da razão, os princípios
naturais da razão não podem estar em oposição a essa verdade.
De fato, os princípios naturalmente presentes na razão mostram-se tão
verdadeiros, a ponto de ser impossível pensar que sejam falsos.
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Ora, o conhecimento dos princípios que nos advêm por natureza nos foi incutido
por Deus, sendo ele o autor da nossa natureza. Logo, a sabedoria divina também possui
esses princípios.
Logo, o que se opõe a tais princípios se opõe à sabedoria divina e, portanto, não
pode derivar de Deus. Assim, as coisas que se têm por fé, tendo origem na revelação
divina, não podem jamais estar em contradição com as noções [conceitos] recebidas do
conhecimento natural [racional]. Além disso, razões contraditórias atam o nosso
intelecto, a ponto de não se poder proceder [prosseguir] no conhecimento da verdade.
Portanto, se Deus nos incutisse conhecimentos contraditórios, impediria ao nosso
intelecto conhecer a verdade. O que não se pode pensar de Deus.
AQUINO, Tomás de. Suma contra os gentios. In: NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia.
Tradução de Maria Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005, p. 144.
FRAGMENTO II
A filosofia, conforme entendo a palavra, é algo intermediário entre a teologia e a
ciência. Como a teologia, consiste de especulações sobre assuntos a que o
conhecimento exato não conseguiu até agora chegar, mas, como [a] ciência, apela mais
à razão humana do que à autoridade, seja esta a da tradição ou a da revelação. Todo
conhecimento definido – eu o afirmaria – pertence à ciência; e todo dogma, quanto ao
que ultrapassa o conhecimento definido, pertence à teologia.
RUSSELL, Bertrand. “A filosofia entre a religião e a ciência”. História da filosofia ocidental.
Tradução de Brenno Silveira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957, p. XIV.
Bertrand Russell, no FRAGMENTO II, embora admita um ponto de contato entre a teologia
e a filosofia, sustenta que elas se opõem quanto aos métodos empregados para a obtenção
de seus respectivos conhecimentos: a teologia, partindo de dogmas, serve-se da revelação,
da fé e da autoridade, enquanto a filosofia apoia-se na razão. Tendo isso em mente, o
FRAGMENTO I, escrito por Tomás de Aquino, filósofo e teólogo medieval, confirma ou invalida
a concepção de Russell acerca das relações entre teologia e filosofia? Justifique sua
resposta, recorrendo a trechos do FRAGMENTO I.
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