Hérnia perineal com encarceramentos vesical e prostático em um cão

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Acta Scientiae Veterinariae, 2012. 40(Supl 1): s1-s60.
ISSN 1679-9216 (Online)
Hérnia perineal com encarceramentos vesical e prostático em um cão: relato de caso
Alex Alexandre Campos de Souza1, Monique Souza Cristofari1, Monique Barragam Soares1, Gisandra de
Fátima Stangherlin1, Natália Silva da Rosa1, Maicon Pinheiro2 & Maurício Veloso Brun3
RESUMO
Introdução: A hérnia perineal resulta da incapacidade do diafragma pélvico sustentar a parede retal. Em geral ocorre
entre os músculos esfíncter externo do ânus e elevador do ânus e, ocasionalmente, entre os músculos elevador do ânus e
coccígeo. Podem ocor¬rer prolapsos ocasionais de vísceras abdominais entre o diafragma pélvico e o reto, com a consequente herniação do reto, muitas vezes acompanhada pela protrusão de outras estruturas anatômicas, como a gordura
retroperitoneal, os vasos sanguíneos, as alças intestinais, a vesícula urinária ou a próstata. A patologia é comum em cães
machos, idosos e não castrados, podendo ser uni ou bilateral. O quadro sintomatológico é muito variável, os sinais clínicos mais citados são tenesmo, constipação e aumento de volume perineal, o qual pode ser redutível ou não, estando a sua
severidade relacionada com o grau de herniação. Quando a vesícula urinária está presente no saco herniário esta afecção
torna-se uma emergência clínica, e os pacientes exibem dor visceral acompanhada de oligúria ou mesmo anúria. No cão, o
conteúdo do saco herniário é constituído, por ordem decrescente de incidência, por: gordura retroperitoneal, fluído seroso,
reto, próstata, vesícula urinária e intestino delgado. O presente relato descreve o tratamento de hérnia perineal em cão com
encarceramento vesical e prostático.
Relato de Caso: Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) um cão macho,
SRD, 10 anos, onde na anamnese relatou-se disquesia e disúria. No exame físico notou-se tumefação ventrolateral ao ânus,
apresentando desconforto e dor a palpação da área com aumento de volume. Foram realizados exames radiográficos simples
e contrastado, além de hemograma e avaliação do perfil bioquímico. O diagnóstico foi de hérnia perineal com encarceramento de vesícula urinária e próstata, sendo o animal encaminhado para cirurgia de emergência. Durante a operação foi
visualizado o conteúdo herniado e realização de prostatectomia por via perineal. Na redução da hérnia foi realizada sutura
isolada simples usando fio monofilamentar de náilon 0. Para sutura do subcutâneo e dermorrafia utilizaram-se pontos isolados
simples com náilon monofilamentar 3-0. O paciente ficou internado após a cirurgia para antibioticoterapia, administração
de anti-inflamatório e analgesia. A sondagem foi instituída por cinco dias para observação da diurese.
Discussão: A realização da radiografia simples geralmente é suficiente para diagnóstico de casos similares ao descrito, pois
revela a posição e as dimensões da vesícula urinária e da próstata. Se persistirem dúvidas, deve-se confirmar radiograficamente a retroflexão vesical efetuando urocistografia de contraste. Foi detectada no paciente uma leucocitose por neutrofilia,
o que é compatível com quadro de inflamação, assim como azotemia pós-renal, sendo comum nos animais que sofrem de
retroflexão vesical, podendo também apresentar hipercalemia e hiperfosfatemia. A orquiectomia e prostatectomia foram
realizadas, sendo recomendadas em associação às diversas técnicas cirúrgicas de tratamento da hérnia perineal, reduzindo assim os casos de insucesso de herniorrafia. A sondagem realizada no paciente tem por finalidade manter a vesícula
urinária descomprimida, limitar a tensão na anastomose e minimizar a estenose uretral. O paciente mostrou recuperação
satisfatória no pós-operatório, não apresentando nenhuma complicação, onde a incontinência urinária é a mais comumente
relatada. O prognóstico para hérnia perineal com encarceramento vesical e prostático é tanto mais favorável quanto mais
precoce for à correção cirúrgica.
Descritores: cão, hérnia perineal, encarceramento, herniorrafia.
1
Graduando do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 2Médico veterinário do Hospital Veterinário da UFSM
e doutorando do PPGMV. 3Professor do departamento de Clínica de Pequenos Animais do Curso de Medicina Veterinária da UFSM. CORRESPONDÊNCIA: M.S.Cristofari ([email protected])
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