Asset Management www.credit-suisse.com Credit Suisse Invest Dezembro de 2009 A equipe do Credit Suisse deseja a todos os seus parceiros e clientes Boas Festas e um 2010 repleto de realizações e sucesso. Foco Cenário Brasil 2010/11: Retomada do ciclo de investimentos com inflação e juros reais baixos Conforme relatório divulgado pela equipe de Emerging Markets Research – Brasil do Credit Suisse, as projeções para inflação, câmbio, juros e atividade econômica em 2010 e 2011 são: O Credit Suisse Invest de dezembro reflete as rentabilidades de novembro de 2009 Panorama: Investidores otimistas Em novembro, os mercados continuaram a percorrer o caminho da recuperação. Em diferentes regiões, os dados macroeconômicos mostraram alívio e reforçaram a tendência marginal de melhora. No entanto, nos parece que os mercados vêm precificando um cenário exageradamente otimista. Mesmo com as perspectivas mais favoráveis para mercados emergentes, as economias centrais ainda têm grandes desafios pela frente. A economia japonesa voltou a registrar deflação (em razão de fraca atividade econômica), a Europa tem apresentado dados mistos que apontam para uma retomada bastante lenta, e os EUA continuam sendo uma verdadeira incógnita. Enquanto os indicadores econômicos apontam para uma recuperação apenas gradual, os mercados insistem em precificar uma robusta recuperação em forma de “V”. Os resultados das empresas americanas acima das expectativas fortaleceram o otimismo dos mercados dos EUA em novembro. No entanto, uma análise mais profunda atribui parte considerável desses resultados mais a cortes acentuados de custos do que a uma recuperação mais significativa das receitas. Com ajuda providencial dos recursos públicos, os resultados dos bancos também melhoraram. Entretanto, suas carteiras de crédito seguem contraindo, o que levanta preocupações quanto a uma retomada sustentável do crescimento desse país. Sendo assim, nos parece ainda que parte significativa da sustentação dos mercados advém da elevada liquidez injetada pelo FED em um ambiente de juros bastante reduzidos. Esse ambiente incentiva os investidores a aumentar seu apetite ao risco na fuga das taxas próximas a zero. Essa visão foi reforçada em meados de novembro, quando o FED, em sua última reunião, reforçou sua intenção de manter os juros reduzidos por um longo período, dada a situação ainda frágil da economia. Outro sinal que reforça a visão construtiva, mas cautelosa, aconteceu no fim do mês, quando uma instituição dos Emirados Árabes (Dubai), com investimentos em projetos imobiliários ousados, solicitou uma reestruturação de sua dívida vincenda. O anúncio coincidiu com um período de feriados em vários mercados, incluindo o mercado árabe, o que aumentou o suspense quanto à forma pela qual as negociações seguiriam. Os mercados, em particular o bursátil, ameaçaram iniciar um movimento de realização, com reversão de parte dos recursos alocados em ativos de risco. Entretanto, o movimento de realização não teve grande alcance, o que manteve a tendência recente de maior alocação em ativos de risco e levou os mercados a apresentarem bons níveis de retorno até o fim do mês. O Brasil acompanhou o movimento e também ameaçou uma realização nos lucros em suas ações. Embora as perspectivas para a economia brasileira sejam inegavelmente superiores às das economias centrais, o mercado brasileiro poderia não ficar imune ao movimento mundial de realização no fim do mês. No entanto, a bolsa brasileira mostrou força maior do que se poderia imaginar e manteve trajetória altista, mesmo em um cenário de reversão de tendência nas bolsas das economias centrais. A moeda brasileira também esboçou um princípio de desvalorização, reforçado pelas incertezas quanto a novas medidas do governo para amenizar o movimento de apreciação cambial, mas logo retomou sua tendência de apreciação ante o Dólar. Análise de mercado Fundos multimercados Os mercados pareciam continuar com suas trajetórias em novembro, sem muitas surpresas. No entanto, o anúncio da reestruturação da dívida de uma instituição de Dubai trouxe algumas considerações e reverteu a tendência dos mercados em alguns casos. Os fundos multimercados mantiveram suas posições em juros, na expectativa de que a curva voltasse a apresentar alguma normalidade. Em relação a câmbio e bolsa, a cautela continuou a contornar as decisões, com estratégias de maturação muito mais breve. No mercado de juros, a arbitragem na curva foi mantida. A inclinação da curva de juros voltou a aumentar, o que refletiu a expectativa de que a autoridade monetária implementasse um longo ciclo de alta de juros. Entendemos que há argumentos que justifiquem um aumento de juros já no 1S10, em razão da inflação ainda próxima do centro de sua meta e também de maiores pressões oriundas do acelerado ritmo de atividade econômica. No entanto, estimamos que o ciclo não será tão longo quanto o mercado precifica atualmente. Sendo assim, a ponta longa da curva de juros apresenta considerável prêmio. No nosso cenário de aumento de juros no início de 2010, a curva de juros brasileira deveria reduzir sua inclinação, ou até mesmo invertê-la. A divulgação de indicadores de inflação acima do esperado no fim do mês levou o mercado a precificar maior aumento de juros no curto prazo. No entanto, ao contrário do que se poderia esperar, a inclinação da curva aumentou ainda mais. A nosso ver, o atual perfil da curva de juros, assim como seu nível, permanecem como inconsistências no atual cenário. Consideramos esta como uma posição central de nosso portfólio, que pode levar alguns meses ainda para sua maturação. 2 Fundos de renda variável Em relação a câmbio, o governo brasileiro veio a público com novos anúncios e medidas para tentar conter o movimento de apreciação do Real. Entendemos que dificilmente um governo consegue reverter, ou mesmo conter, uma tendência de mercado em um regime de câmbio flutuante. No entanto, recomenda-se cautela para o curto prazo. Nesse sentido, os fundos multimercados mantiveram estratégia de curta maturação para câmbio, com viés de acompanhar o movimento de desvalorização do Dólar, ou seja, apreciação do Real. A estratégia para direcional de bolsa também teve cautela como seu principal tom. As perspectivas positivas para a economia brasileira não estão imunes a um movimento de realização nos mercados centrais, como ficou claro no fim de novembro. Nesse sentido, os fundos mantiveram posições pequenas e de prazo mais curto, de forma a tentarem aproveitar alguma eventual distorção de curto prazo. Já a carteira de arbitragem de ações contribuiu positivamente no mês. Essa carteira reflete as melhores perspectivas para a economia doméstica, com ações associadas com peso maior do que as mais expostas ao crescimento mundial. Mantemos nossas posições compradas nos setores de Bancos, Transportes e Imobiliário. As posições foram financiadas por posições no setor de Siderurgia e Mineração, em razão de perspectivas piores para esses setores e também pela performance relativa observada por tais ações. Em novembro, o índice Bovespa acompanhou a valorização das bolsas mundiais e encerrou o mês com valorização de 8,93%. A política de taxas de juros próximas a zero, praticada pelos principais governos desenvolvidos, a desvalorização do Dólar e a melhora da economia mundial têm sido as principais responsáveis pela recuperação do mercado acionário. Os investidores continuam alocando seus recursos em ações, commodities e títulos de longo prazo para buscar uma melhor rentabilidade de suas carteiras. O governo brasileiro, ainda na tentativa de conter a valorização do Real, implementou o IOF de 1,5% para os ADR’s. Os recibos de ações brasileiras, negociados na bolsa americana, continuavam a ser uma importante fonte de entrada de capital no país. Essa medida contribuiu para um fluxo menor de recursos estrangeiros em bolsa no mês que fechou próximo a R$ 870 milhões, e levou o acumulado no ano para R$ 20 bilhões. O grande destaque de novembro foi a grande participação dos investidores pessoas físicas no volume financeiro da bolsa. No fim do mês, o mercado foi surpreendido com o anúncio da renegociação da dívida de Dubai, onde a trajetória de queda dos preços dos imóveis e a ajuda financeira de outro emirado (Abu Dhabi) já chamavam a atenção desde o início do ano. Esse evento gerou algumas dúvidas para os investidores, pois não poderiam existir questionamentos sobre a capacidade de pagamento dos países emergentes, atualmente os principais responsáveis pela retomada da economia mundial. Ainda não podemos afirmar que esse fato pode ser classificado como um efeito isolado, mas a divulgação da exposição dos bancos internacionais e a segurança das Credit Suisse Invest - Dezembro de 2009 autoridades locais sobre o baixo impacto na economia dos Emirados Árabes acalmou o mercado. A revisão das expectativas de crescimento do PIB brasileiro para 2010 continua a impulsionar a valorização das ações. As empresas estão cada vez mais otimistas com relação à melhora de seus fundamentos para o próximo ano, e o mercado já parece antecipar os resultados futuros. Continuamos posicionados em ativos de empresas que tendem a se beneficiar bastante com a retomada do crescimento do mercado doméstico. Aumentamos nossa exposição no setor Aéreo, em que visualizamos uma melhora da demanda e da rentabilidade das empresas. Esse setor foi um dos principais responsáveis pela nossa performance no mês. Concentramos ainda mais nossa exposição no setor Bancário e continuamos posicionados em Telecomunicações. Passamos a carregar uma posição underweight em Mineração, pois acreditamos que a expectativa de aumento de preços e de volume para as empresas do setor já esteja incorporada no preço dos ativos. Entendemos que o mercado pode se decepcionar com o reajuste nos preços do minério de ferro em 2010. O maior produtor da matériaprima poderá melhorar ainda mais sua rentabilidade somente pela queda do preço do frete entre Brasil e China, dada a grande oferta de navios prevista para os anos subsequentes. Nossa posição comprada em petróleo tem como fundamento a revisão das estimativas de preço da commodity e a melhora da demanda mundial. Além disso, serve para balancear nossa exposição aos ativos relacionados a commodities. Foco Esperamos aumento da massa salarial real de 3,2% em 2009 Deterioração das condições do mercado de trabalho foi inferior à nossa expectativa reversão frente ao crescimento médio de 3,9% entre o 1T08 e o 3T08. Nos demais setores, a desaceleração foi menos expressiva. Em parte, a retomada mais rápida e intensa da atividade econômica no Brasil deveu-se à deterioração relativamente moderada das condições do mercado de trabalho no País. Até o 1T09, o aumento do desemprego deveu-se, principalmente, à redução da população ocupada (PO). Apesar de a redução do desemprego no 2T09 estar mais associada à desaceleração da PEA, os dados do 3T09 indicam uma recuperação da PO em relação ao 2T09. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento médio da população ocupada foi de 0,8% no 3T09, ante 0,1% no 2T09, 1,4% no 1T09 e 3,1% no 2S08. A indústria foi o principal setor responsável pela forte desaceleração da PO até o 2T09. No entanto, a retomada da PO no 3T09 deveu-se, principalmente, aos setores de comércio e intermediação financeira. No fim do 1T09 e no início do 2T09, o desemprego com nosso ajuste sazonal permaneceu relativamente estável, sobretudo em função do menor ritmo de crescimento da população economicamente ativa (PEA). O desemprego aumentou de 7,7% em outubro de 2008 para 8,6% em janeiro de 2009, enquanto o crescimento da PEA oscilou em torno de 2,0% no período. Entre fevereiro e junho, o desemprego recuou gradualmente, atingindo 8,0% em junho. O principal destaque para o recuo foi a expressiva desaceleração da PEA, com crescimento médio de 0,9% no período em relação ao ano anterior. Apesar da redução do desemprego, as condições no mercado de trabalho permaneceram bastante restritivas no 1S09, com desaceleração significativa da população ocupada (PO) e recuo do desemprego vinculado apenas ao menor crescimento da PEA. Recuo recente do desemprego deveu-se, em parte, à recuperação da PO A redução do crescimento da população ocupada (PO) concentrou-se, principalmente, entre dezembro de 2008 e junho de 2009, com impacto mais significativo na indústria. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a PO na indústria (16,7% da PO) recuou 4,7% no 2T09, uma forte Prevemos desemprego médio de 8,2% em 2009 e 7,7% em 2010 Incorporando os dados da evolução recente da população ocupada e as nossas projeções para o desempenho da atividade econômica nos próximos trimestres, revisamos para cima nossa previsão para o crescimento da PO de 0,2% para 0,9% neste ano e de 1,8% para 2,0% em 2010. Nossos modelos indicam que cada ponto percentual de crescimento do PIB em um trimestre ante o mesmo trimestre do ano anterior resulta em um crescimento médio de 0,13 p.p. da PO nos quatro trimestres subsequentes, com maior impacto nos dois primeiros trimestres. Essa revisão da população ocupada resultou em alteração equivalente para baixo do desemprego, pois mantivemos nossas projeções para a evolução da PEA neste e no próximo ano. Nossos modelos sugerem que a evolução do emprego e do rendimento real aumentam a PEA com alguma defasagem, pois reduzem a dificuldade em conseguir emprego e aumentam o custo de oportunidade de permanência fora da força de trabalho. Apesar de indicar a relação entre as variáveis, os modelos não fornecem projeções acuradas para a evolução da PEA. Em função da nossa perspectiva de melhora das condições de emprego nos próximos trimestres, esperamos crescimento médio da PEA de 1,2% neste ano, resultando em expansão de 1,4% no 4T09 ante o 4T08, frente ao crescimento médio de 1,1% nos três primeiros trimestres do ano. Para 2010, projetamos crescimento de 1,6% da PEA, retornando para patamar próximo à expansão da população em idade ativa (PIA) dos últimos anos. Considerando nossas projeções para a evolução da PO e da PEA, revisamos nossa projeção para a taxa de desemprego média neste ano de 8,7% para 8,1%, correspondendo a um recuo do desemprego médio (na série com ajuste sazonal) de 8,2% entre janeiro e setembro para 7,9% no 4T09. Elevamos a projeção de expansão da massa salarial para 3,2% em 2009 Assim como o desemprego surpreendeu para baixo em 2009, a desaceleração do rendimento real médio também foi inferior à nossa expectativa. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o crescimento do rendimento médio real recuou de 4,5% no 2S08 para 3,6% nos três primeiros trimestres deste ano. Na abertura por setores, a desaceleração foi mais concentrada nos setores de outros serviços e de intermediação financeira. Nossos modelos sugerem que a dinâmica dos rendimentos reais é determinada, principalmente, pela evolução da PEA, do reajuste real do salário mínimo, do crescimento do PIB e do rendimento defasado. Incorporando as novas projeções para a evolução do mercado de trabalho, projetamos retomada gradual do rendimento real médio a partir do 1T10. Elevamos nossa expectativa de desaceleração mais gradual do rendimento real médio, acumulando crescimento médio de 2,5% neste ano, ante nossa projeção anterior de -0,3%. Esperamos reversão da desaceleração do rendimento real em 2010, resultando em crescimento médio de 3,2% no próximo ano, apenas ligeiramente superior à nossa projeção de crescimento para 2009. Incorporando nossa revisão para o rendimento real e para a população ocupada, revisamos para cima nossa projeção para a expansão da massa salarial de zero para 3,2% neste ano. Para 2010, prevemos expansão de 5,3% da massa de rendimento reais. Nilson Teixeira, Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia, economista-chefe do Credit Suisse. 3 Tabela de Rentabilidades e Índices Credit Suisse (Brasil) Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. - Av. Brig. Faria Lima, 3064 - 13º andar - São Paulo (SP) 01451 000 - CNPJ 30.121.792/0001-13 - Tel: (11) 3842 9700 - Outras cidades: (0800 16 32 23) - Ouvidoria: (0800 17 36 83)