133 SOBREVIVÊNCIA OU MORTE: O DILEMA DO LINFÓCIT O MADUR O EXPOS TO À OU ABAÍNA LINFÓCITO MADURO EXPOST OUABAÍNA M ABEL B ARBOSA E STEVES O TTÍLIA R ODRIGUES A FFONSO -M ITIDIERI V IVIAN M ARY R UMJANEK Resumo: A ouabaína, um potente inibidor da Na+,K+-ATPase, é um esteróide extraído das sementes e raízes de algumas plantas da família Apocynaceae. Em 1991, foi descoberta no plasma humano uma substância indistinguível da ouabaína extraída de vegetais, e a partir de então iniciou-se uma investigação mais detalhada sobre seu papel endógeno. Linfócitos ativados por lectinas mitogênicas apresentam mudanças no potencial de membrana, proliferação e/ ou morte celular induzida por ativação (AICD). Baixas concentrações de ouabaína suprimem a proliferação induzida por mitógenos e aumentam a morte celular. O objetivo desta revisão é discutir os mecanismos envolvidos, visto que, apesar de inibir a proliferação de linfócitos ativados por mitógenos, a ouabaína é capaz de aumentar a expressão da molécula de superfície CD69 (característica por se apresentar precocemente em situações de ativação celular), indicando que a célula foi estimulada; porém, esta não consegue prosseguir no ciclo celular, onde observa-se um bloqueio na transição das fases G1-S com aumento das células hipodiplóides característico de morte celular por apoptose. É possível que o efeito inibitório da ouabaína em linfócitos de sangue periférico humanos ativados envolva a potencialização de alguns aspectos do processo apoptótico e reflita uma exacerbação do mecanismo AICD. Palavras-chave: Linfócitos; Ouabaína; Proliferação Apoptose. Abstract: Ouabain, a potent inhibitor of Na+,K+-ATPase pump, is a steroid obtained from seeds of some Apocynaceae. In 1991, Hamlyn´s group succeeded in isolating a sufficient quantity of an ouabain-like compound from human plasma, which was identical to ouabain from plants. The existence of an endogenous ouabain led to need of a more detailed investigation of its physiological role. Lymphocytes activated by mitogenic lectins can exhibit changes in transmembrane potential, proliferation and/or activation induced cell death (AICD). Low concentrations of ouabain suppress mitogen-induced proliferation and increase cell death. The aim of this work is to understand the mechanisms involved because ouabain is capable of modifying immune responses by inhibiting lymphocyte proliferation induced by mitogens and is able to increase the expression of CD69, which ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 134 SOBREVIVÊNCIA OU MORTE usually presents an early expression during cell activation indicating that the cells must perceive the stimulus, but do not proceed in cell cycle. There was a block in the transition from G1 to S phases of the cell cycle with an increase in the amount of hypodiploid cells, characteristic of cell death. It is possible that the inhibitory effect of ouabain on activated peripheral blood lymphocytes involves the potentiation of some of the steps of the apoptotic process and reflects an exacerbation of the mechanism of AICD. Key-words: Linfócitos; Ouabaína; Proliferation Apoptose. 1 OUABAÍNA A ouabaína é um glicosídeo extraído das cascas e raízes da árvore do gênero Ouabaio (Acocanthera ouabaio) e de sementes do gênero Strophanthus (S. gratus e S. kombé), ambos pertencentes à família das Apocynaceae, as quais contêm a G-estrofantina. Os glicosídeos compõem uma classe de compostos orgânicos derivados de plantas, usados como agentes terapêuticos desde o ano 1250 por médicos galeses. São também os únicos inibidores específicos da adenosina-trifosfatase dependente de Na+ e K+ (Na+,K+-ATPase), em baixas concentrações (10-7 a 10-9 M) (GOTO; cols., 1992). A ouabaína é um composto hidrofílico, formado a partir da união de um esteróide (ouabagenina) e um açúcar (ramnose) por uma ligação glicosídica (Figura 1). Figura 1. Estrutura química da ouabaína. Retirado de KEENAN e cols., 2005. Em 1942, Wood e Moe demonstraram que o efeito cardiotônico dos digitálicos estaria associado com a perda do potássio intracelular (WOOD; MOE, 1942 apud BLAUSTEIN, 1993). Alguns anos mais tarde, Schatzmann fez uma importante observação sobre o fato de os esteróides cardiotônicos serem inibidores DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano II, n. 7, dez. 2008 135 potentes e seletivos da bomba de Na+ (SCHATZMANN, 1953, apud BLAUSTEIN, 1993). Um grande avanço na compreensão da bomba de Na+,K+ ocorreu a partir da descoberta, em 1957, de uma enzima expressa na membrana de muitas células eucarióticas, que hidrolisa ATP a ADP e fosfato e requer Na+ e K+ para ter atividade máxima (SKOU, 1957; PORTIUS; REPKE, 1961; SKOU, 2004). Tal fato foi confirmado por Charnock e Post que mostraram, pela primeira vez, o mecanismo de inibição da Na+,K +-ATPase por ouabaína, através da ligação desta aos intermediários fosforilados da enzima, formados durante seu ciclo catalítico (CHARNOCK; POST, 1963). A afinidade muito grande da Na+,K+-ATPase pelos glicosídeos sugeriu que poderia haver um ligante endógeno de estrutura semelhante. Essa afinidade devese à existência de um sítio de ligação de glicosídeos na subunidade a da enzima (a Na+,K+-ATPase é composta minimamente por duas subunidades, a-catalítica e breguladora – SKOU, 2004). A partir desta informação, Kelly e Smith (1989) sugeriram que a Na+,K+-ATPase seria capaz de funcionar tanto como uma proteína efetora quanto receptora, reconhecendo e ligando fatores extracelulares e, a partir daí, gerar um sinal intracelular. A existência de um composto endógeno similar aos digitálicos foi proposta inicialmente por Ringer, em 1885, e depois por Rein, em 1942 (LaBELLA, 1985; HINSON, DAWNAY; RAVEN, 1995). Tal fato foi confirmado somente em 1991, através de estudos feitos por Hamlyn e seu grupo, que detectaram no plasma humano uma substância estruturalmente, biologicamente e imunologicamente idêntica à ouabaína extraída de plantas. Essa ouabaína endógena é produzida pela adrenal, hipófise e hipotálamo (DORIS; STOCCO, 1989; YAMADA, IHARA; SANO, 1987; TYMIAK; e cols., 1993; FERRANDI e cols., 1997). 2 O EFEITO DA OUABAÍNA SOBRE AS CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE 2. 1 U ma q uestão de sobre vivência 2.1 Uma questão sobrevivência Devido ao seu uso de origem na clínica, o papel da ouabaína foi mais estudado em células cardíacas e renais, e pouco estudado em outros tecidos. Linfócitos maduros de sangue periférico têm aproximadamente 43.000 sítios de ligação à ouabaína por célula (PEDERSEN; KLITGAARD, 1983, apud ECHEVARRIALIMA; RUMJANEK, 2006). No entanto, sob um estímulo mitogênico qualquer, há um aumento na síntese de moléculas de Na+,K+-ATPase, além de um aumento na sua atividade, ocorrendo uma mudança conformacional que aumenta sua afinidade ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 136 ELETROESTIMULAÇÃO NEURO- pela ouabaína (MARAKHOVA; COLS, 2005, APERIA, 2007). Por outro lado, na presença de um estímulo, a ouabaína atua como uma potente inibidora da proliferação linfocitária (QUASTEL; KAPLAN, 1968; MORAES e cols., 1989; OLEJ e cols, 1998; ESTEVES, 2002). Em contrapartida, a ouabaína, por si só, não é capaz de interferir na viabilidade dessas células. Em alguns sistemas, como em células ganglionares da retina e outros sistemas neurológicos, ou ainda em células endoteliais de veias umbilicais, esse esteróide é capaz de induzir, em concentrações muito baixas, a sobrevivência dessas células (CORRÊA e cols., 2005; GOLDEN; MARTIN, 2006; TREVISI e cols., 2004). Um dos primeiros trabalhos a demonstrar a ação inibitória dessa droga em linfócitos surgiu no final da década de 60. Quastel e Kaplan (1968), sabendo que a ouabaína era capaz de inibir o transporte de Na+ e K+, observaram linfócitos de sangue periférico na presença de fitohemaglutinina (PHA) e verificaram que a ouabaína, em uma concentração de 1mM, era capaz de inibir completamente a proliferação linfocitária induzida por aquele mitógeno. Entretanto, o excesso de K+ extracelular era capaz de diminuir ou mesmo evitar o efeito dessa droga. Outros autores, como Stoeck, Northoff e Resch (1983), demonstraram que a ação inibitória de ouabaína sobre a proliferação linfocitária induzida por PHA interferia com a produção e a ação da Interleucina-2 (IL-2) (DORNAND e cols., 1986; SZAMEL e cols., 1995; ESTEVES, 2002). A ouabaína é capaz de inibir a proliferação de linfócitos, induzida não só por mitógenos, mas, também, pelo éster de forbol TPA (OLEJ e cols., 1994; BRODIE e cols., 1995; ESTEVES, 2002), ionomicina (BRODIE e cols., 1995), anti-CD3 (SZAMEL e cols., 1995), ionóforo de cálcio (JENSEN, WINGER; NOWELL, 1977) e reações mistas de linfócitos préativados (MLR) (ROY e cols., 1985; ESTEVES, 2002). Brodie e seu grupo demonstraram que a inibição da proliferação produzida por ouabaína é similar em linfócitos T CD4+ e T CD8+ (1995). A ação dessa droga também foi testada sobre a função celular de células citotóxicas. Estudos demonstraram que, apesar de a ouabaína inibir a resposta proliferativa a diferentes estímulos, não era capaz de inibir a atividade citotóxica de células NK (natural killer cells) (MORAES e cols., 1989) e células LAK (lymphokine-activated killer cells) (OLEJ e cols, 1994). Estudos posteriores (PIRES e cols., 1997; ESTEVES, 2002) demonstraram ainda que, apesar de não proliferarem, as células ativadas por PHA, na presença de ouabaína, eram capazes de expressar CD69, uma molécula que é expressa precocemente e está relacionada ao processo de ativação celular (AUSSEL, 1996), sugerindo que as células percebem o estímulo, mas não são capazes de prosseguir no ciclo celular. Qualquer célula, para entrar no processo de divisão, tem que progredir DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano II, n. 7, dez. 2008 137 através do ciclo celular. Para a célula passar da fase G1 para S, onde há um check point, é necessário um fator de progressão, que no caso do linfócito é basicamente a IL-2. A progressão se dá no final de G1 pela expressão de receptores de IL-2 (CD25) e síntese da interleucina, que se liga ao seu receptor de forma autócrina ou parácrina. A inibição da expressão de CD25 e da síntese de IL-2 impediria essa transição. Já foi descrito que a ouabaína inibe a síntese de IL-2 (DORNAND e cols., 1986; SZAMEL e cols., 1995) assim como a expressão de CD25 (DORNAND e cols., 1986; OLEJ e cols., 1994). Corroborando essas observações, foi verificado que ouabaína inibe a progressão G1-S nas linhagens leucêmicas M07 e MEG-01 (WANG e cols., 2007) e em linfócitos estimulados por PHA (BRODIE e cols., 1995; PIRES e cols., 1997; ESTEVES, 2002) (Figura 2) Ausência de OUA Presença de OUA Controle OUA 100 nM PHA 5ug/ml PHA 5ug/ml + OUA Figura 2 2. Efeito de ouabaína na progressão do ciclo celular de linfócitos ativados por PHA em 72 horas. Retirado de ESTEVES, 2002. Legenda: • Sub-G1 • G1 • S • G2 Vários estudos demonstraram que durante a fase G1, dependendo do estímulo, a célula é capaz de deflagrar a proliferação, a diferenciação, ou uma ativação funcional que resultará em atividades efetoras específicas, ou ainda acionar o seu próprio processo de morte celular (apoptose). Na Figura 2, é possível observar a presença de células hipodiplóides em culturas ativadas por PHA na presença de ouabaína, sugerindo um processo apoptótico em andamento, pois durante o processo de apoptose ocorre fragmentação de DNA com perda de material nuclear, o que estaria de acordo com os resultados de Olej e colaboradores (1998). Esse grupo relatou um aumento de mRNA para c-Myc em linfócitos humanos estimulados com PHA na presença de ouabaína. Por outro lado, Esteves (2006) observou que os níveis de c-Myc das células ativadas por PHA estavam aumentados, mas a adição de ouabaína não foi capaz de modificar ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 138 ELETROESTIMULAÇÃO NEURO- esse aumento. É possível que o aumento de mRNA não se reflita na estabilidade da proteína ou na expressão da proteína funcional. Outros autores, utilizando modelos diversos, mostraram uma correlação entre expressão de c-Myc e indução de apoptose (ADHIKARY; EILERS, 2005; FACCHINI; ; PELENGARIS; KHAN, 2003; PENN, 1998). 2.2 Um indutor de morte celular A apoptose, previamente conhecida como um mecanismo ativo de morte celular programada, é um modelo de suicídio celular, geneticamente regulado, que possui um papel vital durante a embriogênese, desenvolvimento e homeostase tecidual (STELLER, 1995; McCONKEY; ORRENIUS, 1994). Apresenta características bioquímicas e morfológicas próprias, tais como degradação de proteínas, alterações na assimetria da membrana plasmática lipídica, com diminuição do volume celular, ruptura do citoesqueleto e alterações na permeabilidade da membrana, além de despolarização das mitocôndrias e condensação e fragmentação da cromatina nuclear. Esse processo também ocorre em situações patológicas. Estas células são então fagocitadas, sem ocasionar resposta inflamatória local (ALBERTS e cols., 2002; KERR e cols., 1972; WYLLIE e cols., 1980). Diversos estímulos internos e externos podem iniciar a apoptose através de um complexo de transdução de sinais dependentes de caspases (Figura 3 a e b). Extracelular Estímulo de morte Membrana citoplasma Mitocôndria Mitocôndria Mitocôndria Apoptose Célula T Apoptose Célula alvo Núcleo Fragmentação de DNA Cascata de caspases Figura 3. a. Esquema simplificado de morte celular por apoptose, envolvendo a via extrínseca Fas/FasL. Adaptado de BRUNNER, T. b: Esquema de morte celular por apoptose, envolvendo a via intrínseca da mitocôndria. Retirado de http://www.mitosciences.com/apoptosis.html em 19/09/2008. DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano II, n. 7, dez. 2008 139 O mecanismo de morte por apoptose vem sendo amplamente estudado em diferentes sistemas, com prevalência no sistema nervoso central em desenvolvimento, onde diversos neurônios morrem assim que são formados (GORMAN, ORRENIUS e CECCATELLI, 1998) e também no sistema imune, incluindo timócitos e linfócitos (GORMAN, ORRENIUS e CECCATELLI, 1998; RAFF, 1992; WESSELBORG; KABELITZ, 1993). Anner e cols. (1994) descreveram que linfócitos tratados com a isoforma da ouabaína endógena produzida no hipotálamo morriam por apoptose. A morte celular por apoptose pode seguir através da via intrínseca ou extrínseca, dependendo dos sinais que receber. A via extrínseca, capaz de induzir apoptose, caracteriza-se pela ativação de receptores de morte, após a ligação com seu ligante. No sistema imune, a apoptose fisiológica de linfócitos ativados é importante e necessária, e ocorre através de um processo conhecido como AICD (activation-induced cell death). Esse processo é precedido pela expressão do receptor de morte Fas (CD95) e seu ligante Fas-L, seguido da interação de ambos na superfície celular (NAGATA; GOLSTEIN, 1995; GREEN, DROIN; PINKOSKI, 2003). A expressão de Fas-L é regulada por c-Myc (GENESTIER e cols., 1999; KASIBHATLA, 2000; BRUNNER e cols., 2000), visto que o promotor de Fas-L pode ser ativado por superexpressão de c-Myc e inibidores funcionais de myc inibem a transcrição de Fas-L (BRUNNER e cols., 2000). Apesar de não haver encontrado um aumento significativo de c-Myc, Esteves e colaboradores (2005) estudaram a possibilidade de que a apoptose induzida por ouabaína em linfócitos ativados fosse resultado da superexpressão de Fas-L e perceberam que tanto o receptor Fas (CD95) quanto o seu ligante FasL estão aumentados durante o estímulo, porém a ouabaína não foi capaz de interferir com essa expressão. No entanto, através da externalização de fosfatidil serina, constataram que linfócitos ativados por PHA morrem por apoptose e que a utilização de um anticorpo anti-Fas aumenta ainda mais a sensibilidade à morte pela via extrínseca de linfócitos ativados expostos à ouabaína. Outra característica da morte celular por apoptose é a diminuição de volume celular. A submissão de linfócitos ativados à presença de ouabaína mostra uma redução do volume, sendo mais um indício de favorecimento à apoptose (ESTEVES, 2006) (Figura 4). A regulação de volume celular é um processo complexo e não totalmente compreendido, envolvendo a homeostase de íons intracelulares como cloreto, sódio e potássio (BORTNER e cols., 2001; DALLAPORTA e cols., 1998; SZABÒ e cols., 1998). Em linfócitos existe uma regulação da diminuição de volume (RVD – regulatory volume decrease) que envolve a ativação de canais aniônicos, produzindo uma despolarização e a abertura de canais de potássio ativados por voltagem. Isso produz uma perda de ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 140 ELETROESTIMULAÇÃO NEURO- KCl, diminuindo a osmolaridade intracelular e levando à perda de água pela célula (BORTNER; CIDLOWSKI, 1996; BORTNER, HUGHES; CIDLOWSKI, 1997). Alguns autores descreveram que a sinalização através de Fas/Fas-L ativa o canal retificador de cloreto (ORCC- outwardly rectifying chloride channel) (SZABÒ e cols., 1998) e que isso é mediado pela tirosina cinase p56lck (LEPPLE-WIENHUES e cols.,1998). Além disso, bloqueando a regulação de volume por esses canais, é possível resguardar essas células da morte por apoptose (MAENO e cols., 2000; SZABÒ e cols., 1998). Em adição à redução de volume celular, a ativação da via Fas/Fas-L utilizando um anticorpo anti-Fas também produz perda de K+ e inibição da Na+K+-ATPase (BORTNER, GÓMEZ-ANGELATS; CIDLOWSKI, 2001). Quando esses autores utilizaram anti-Fas e ouabaína ao mesmo tempo, observaram uma potencialização da diminuição de volume celular semelhante ao encontrado por Esteves e colaboradores (2005). Controle OUA PHA PHA + OUA Figura 4. Morfologia celular de linfócitos de sangue periférico após 6h em cultura. OUA = ouabaína 100nM e PHA = fitohemaglutinina 5mg/ml. Retirado de Esteves, 2006 Bortner e colaboradores (2001) já haviam descrito em células tumorais Jurkat que anti-Fas era capaz de inibir a Na+,K+-ATPase, causando assim a despolarização da membrana plasmática. Também demonstraram que esse efeito poderia ser potencializado pela ouabaína, produzindo um aumento da apoptose dessas células (BORTNER e cols., 2001; NOBEL e cols., 2000, XIONG e cols., 2006). Em uma situação mais fisiológica, em linfócitos estimulados a proliferar, alguns dos quais morrerão por AICD, já foi descrita uma despolarização da membrana plasmática (MANN e cols., 2001; ESTEVES e cols., 2005). Essa despolarização inicial parece ser resultado da inibição da Na+,K+-ATPase, e é compensada mais tarde por um aumento na síntese dessa proteína (MARAKHOVA e cols., 2005). Apesar da ouabaína sozinha, na concentração de 100nM, não ser capaz de despolarizar os linfócitos, de forma semelhante ao que foi descrito por Bortner e colaboradores (2001), essa concentração foi capaz de produzir um sinergismo com a despolarização produzida por PHA (ESTEVES, 2005). Estudos DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano II, n. 7, dez. 2008 141 in vitro mostraram que níveis elevados de ouabaína, a partir de 1mM, causam despolarização da membrana plasmática de timócitos, aumentando ainda mais os efeitos dos glicocorticóides (MANN e cols., 2001; ECHEVARRIA-LIMA e cols., 2003, RODRIGUES-MASCARENHAS e cols., 2008) A via intrínseca da morte celular por apoptose está relacionada com a via mitocondrial e envolve estímulos como stress oxidativo, agentes intercalantes de DNA, radiação ionizante ou isquemia. As moléculas que conduzem esses estímulos de morte para a mitocôndria são aquelas pertencentes à família de Bcl-2 (WILLIS e cols., 2003; DONOVAN e COTTER, 2004; SCHINZEL, KAUFMANN e BORNER, 2004). Após a recepção dos sinais pró-apoptóticos, as mitocôndrias liberam várias proteínas apoptogênicas para o citosol, entre elas o citocromo c e Smac/Diablo. A partir daí, a cascata de ativação das caspases é deflagrada, culminando na morte por apoptose (DONOVAN e COTTER, 2004). Alguns autores descreveram que o colapso mitocondrial é um dos primeiros eventos que antecedem a apoptose, sendo então responsável pelo fenômeno. Dallaporta e colaboradores (1998) demonstraram que a perda do K+ citosólico ocorre antes mesmo da despolarização mitocondrial, liberação do citocromo c e ativação das caspases, sendo crucial para a ativação das endonucleases. Entretanto, a perda do potencial da membrana mitocondrial só ocorreu quando as células ativadas estavam em presença de ouabaína, ainda assim de forma tardia, sugerindo ser esse, um efeito da apoptose e não a causa (ESTEVES, 2005). Em cultura de células de eritroleucemia humana K562, foi verificado que a ouabaína, por si só, não é capaz nem de modificar o status da mitocôndria, em células de eritroleucemia humana, K562 (MARQUES-SANTOS, COQUEIRO e RUMJANEK, 2006), nem de reduzir o potencial de membrana mitocondrial de sinaptossomas, apesar de promover uma ligeira redução no potencial de membrana plasmática tanto em sinaptossomas (SCOTT e NICHOLLS, 1980) quanto em linfócitos (WILSON e CHUSED, 1985). Apesar disso, Bortner e colaboradores demonstraram que a inibição da Na+,K+-ATPase por ouabaína promove a despolarização da membrana plasmática e apoptose em células Jurkat e timócitos (BORTNER, GÓMEZ-ANGELATS e CIDLOWSKI, 2001; MANN e cols., 2001). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O fato de a ouabaína ser um esteróide endógeno, podendo ser liberado em situações fisiológicas, levanta a possibilidade de que essa substância fosse capaz de afetar muitos outros sistemas, além do cardíaco e do renal, que são os sistemas estudados com o uso farmacológico da droga. ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 142 ELETROESTIMULAÇÃO NEURO- Existem várias evidências (BRODIE e cols., 1995; ESTEVES, 2002; PIRES e cols., 1997) de que a ouabaína é capaz de inibir a progressão de linfócitos ativados no ciclo celular, embora seja capaz de apresentar alguns sinais de ativação como, por exemplo, a expressão de CD69 (PIRES e cols., 1997; ESTEVES, 2002), e de não duplicarem o seu DNA. A expressão dessa molécula sugere que o linfócito ativado percebe o estímulo, apesar de não conseguir prosseguir no ciclo celular. Por outro lado, evidências mostraram que à ouabaína induzia a morte por apoptose em linfócitos ativados (OLEJ e cols., 1998, ESTEVES e cols., 2005), o que também foi verificado por outros autores em células Jurkat (ORLOV e cols., 1999). Através do mecanismo AICD, células ativadas percorrem algumas etapas antes de morrerem por apoptose. A apoptose em células ativadas pode ser exacerbada por ouabaína, sugerindo que esse glicosídeo seja capaz de amplificar o processo de morte já existente: redução no volume celular, externalização de fosfatidilserina e, em seguida, despolarização da membrana plasmática. Ao mesmo tempo, c-Myc irá aumentar a expressão de Faz-L, que por sua vez se ligará ao receptor Fas para desencadear a cascata das caspases. As caspases são inibidas por íons K+; a ouabaína, através da inibição da Na+,K+-ATPase, reduz o K+ intracelular, favorecendo as caspases que estarão livres para ser ativadas. E, finalmente, em tempos tardios, a ouabaína despolariza a membrana mitocondrial. Não há dúvida de que a ouabaína é capaz de regular os linfócitos em várias instâncias, mas ainda assim, conhece-se muito pouco sobre seu mecanismo de ação. Isso porque devem-se levar em consideração a interação da ouabaína endógena com os outros hormônios que podem estar presentes em níveis alterados no momento de sua liberação. Essas interações poderão, no caso do linfócito, aumentar ou diminuir a sensibilidade deles à ouabaína endógena, existindo inclusive a possibilidade de que essa regule a via a ser seguida pelo linfócito: sobrevivência e ativação, ou morte. REFERÊNCIAS ADHIKARY, S. e EILERS, M. (2005). Transcriptional regulation and transformation ev. Mol. Cell Biol. 6: 635 – 645. by myc proteins. Nat. R Re ALBERTS, B., JOHNSON, A., LEWIS, J., RAFF, M. ROBERTS, K e WALTER, P (2002) In. Molecular Biology of the Cell ed. Garland Science Science, New York. ANNER, B.M., LACOTTE, D., ANNER, R.M. e MOOSMAYER, M. (1994) Interaction of hypothalamic Na,K-ATPase inhibitor with isolated human peripheral blood ep. 14: 231 – 242. mononuclear cells. Biosci. R Rep. DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano II, n. 7, dez. 2008 143 APERIA, A. (2007) New roles for an old enzyme: Na,K-ATPase emerges as an ern. Med. 261:44-52. interesting drug target. J. Int Intern. AUSSEL, C., MARHABA, R., PELASSY, C. e BREITTMAYER, J.P. (1996) Submicromolar La+++ concentrations block the calcium release-activated channel, and impair CD69 and CD25 expression in CD3 or thapsigargin-activated Jurkat cells. Biochem. J. 313: 909 – 913. BLAUSTEIN, M.P. (1993) Physiological effects of endogenous ouabain: control of intracellular Ca2+ stores and cell responsiveness. Am. J. Physiol. 264: c1367 - c1387. BORTNER C.D. e CIDLOWSKI J.A., (1996). Absence of volume regulatory mechanism contributes to the rapid activation of apoptosis in thymocytes. Am. J. Physiol. 271: C950 – C961. BORTNER, C.D., HUGHES, F.M.Jr. e CIDLOWSKI, J.A., (1997). A primary role for K+ and Na+ efflux in the activation of apoptosis. J. Biol. Chem. 272: 32436 – 32442. BORTNER, C.D., GÓMEZ-ANGELATS, M. e CIDLOWSKI, J.A., (2001). Plasma membrane depolarization without repolarization is an early molecular event in anti-Fas-induced apoptosis. J. Biol. Chem. 276: 4304 – 4314. BRODIE, C., TORDAI, A., SALOGA, J., DOMENICO. J. e GELFAND, E.W. (1995). Ouabain induces inhibition of the progression phase in human T-cell proliferation. J. Cell. ysiol. 165: 246 – 253. Ph Physiol. BRUNNER, T Death receptor-induced apoptosis. Instituto de Patologia, Universidade de Bern. http://www.pathology.unibe.ch/Forschung/apoptosis/ TBrunner_res.htm. BRUNNER, T., KASIBHATLA, S., PINKOSKI, M.J., FRUTSCHI, C., YOO, N.J., ECHEVERRI, F., MAHBOUBI, A. e GREEN, D.R. (2000). Expression of Fas Ligand in activated T cells is regulated by c-Myc. J. Biol.Chem. 275: 9767 – 9772. CHARNOCK, J.S. e POST, R.L. (1963) Evidence of the mechanism of Ouabain inhibition of cation activated adenosine triphosphatase. Nature 199: 910 – 911. CORRÊA, G.R., dos SANTOS, A.A., FONTES, C.F.L. e ARAÚJO, E.G. (2005) Ouabain induces an increase of retinal ganglion cell survival in vitro: the involvement of protein kinase C. Brain Res. 1049: 89 – 94. DALLAPORTA B., HIRSH, T., SUSIN, S.A.; ZAMZAMI N., LAROCHETTE, N., BRENNER, C., MARZO I. e KOEMER G., (1998) Potassium leakage during the apoptotic degradation phase. J. Immunol. 160: 5605 – 5615. DONOVAN, M. e COTTER, T.G. (2004) Control of mitochondrial integrity by Bcl-2 family members and caspase-independent cell death. Biochim. Biophys. Acta 1644: 133 – 137. ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 144 ELETROESTIMULAÇÃO NEURO- DORIS, P.A. e STOCCO, D.M. (1989) An endogenous digitalis-like factor derived from the adrenal gland. Endocrinol. 125: 2573 – 2579. DORNAND, J., FAVERO, J., BONNAFOUS, J.C. e MANI, J.C. (1986) Mechanism whereby ouabain inhibits human T lymphocyte activation: effect on the interleukin 2 pathway. Immunobiol. 171(4-5): 436 – 450. ECHEVARRIA-LIMA, J., de ARAÚJO, E.G., de MEIS, L., e RUMJANEK, V.M. (2003) Ca+2 mobilization induced by ouabain in thymocytes involves intracellular and extracellular Ca+2 pools. Hyper Hyperttension 41: 1386 – 1392. ECHEVARRIA-LIMA, J. e RUMJANEK, V.M (2006) Effect of ouabain on the immune ev. 2: 83 – 95. system. Cur Cur.. Hyper Hyperttens. R Re ESTEVES, M.B. (2002) Efeito modulatório da ouabaína sobre linfócitos de sangue periférico. Orientador: Vivian M. Rumjanek. Rio de Janeiro: UFRJ/Química Biológica dissertação (mestrado). ESTEVES, M.B., MARQUES-SANTOS, L.F, AFFONSO-MITIDIERI, O.R. e RUMJANEK, V.M. (2005) Ouabain exacerbates activation-induced cell death in human cad. Bras. Cienc. 77(2):281 – 292. peripheral blood lymphocytes. An. A Acad. FACCHINI, l.M. e PENN, L.Z. (1998) The molecular role of c-myc in growth and transformation: recent discoveries lead to new insights. FASEB J. 12: 633 – 51. FERRANDI, M., MANUNTA, S.B., HAMLYN, J.M., BIANCHI, G. e FERRARI, P. (1997) Ouabain-like factor quantification in mammalian tissues and plasma. Comparison of two independent assays. Hypertension 30: 886 – 896. GENESTIER, L.; KASIBHATLA, S., BRUNNER, T. e GREEN, D.R (1999) Transforming growth factor b1 inhibits Fas ligand expression and subsequent activation-induced cell death in T cells via downregulation of c-Myc. J. Exp. Med. 189: 231 – 239. GOLDEN, WC e MARTIN, L.J. (2006) Low-dose ouabain protects against excitotoxic oscience 137: 133 – Neuroscience apoptosis and up-regulates nuclear Bcl-2 in vivo. Neur 144. GORMAN, A.M., ORRENIUS, S. e CECCATELLI, S. (1998) Apoptosis in neuronal cells: role of caspases. Neuroreport 13; 9: 49 – 45. GOTO, A., YAMADA, K., YAGI, N. YOSHIOKA, M. e SUGIMOTO, T. (1992) Physiology ev. 44: and pharmacology of Endogenous Digitalis-like Factors. Pharmacol. R Re 377 – 399. GREEN, D.R.; DROIN, N. e PINKOSKI, M. (2003) Activation-induced cell death in T cells. Immunol. Rev. 193: 70 – 81. HAMLYN, J.M., BLAUSTEIN, M.B., BOVA, S., DuCHARME D.W., HARRIS, D.W., MANDEL F., MATHEWS W.R. e LUDENS J.H., (1991) Identification and characterization of a ouabain-like compound from human plasma. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 88: 6259 – 6263. HINSON, J.P., HARWOOD, S. e DAWNAY, A.B. (1998) Release of ouabainlike compound (OLC) from the intact perfused adrenal gland. Endocr. Res. 24: 721 – 724. DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano II, n. 7, dez. 2008 145 JENSEN, P., WINGER, L. e NOWELL, P. (1977). The mitogenic effect of A23187 in ys. A cta 496 (2): 374 – 383. human peripheral lymphocytes. Biochim. Bioph Biophys. Acta KASIBHATLA, S., BEERE, H.M; BRUNNER, T.; ECHEVERRI, F e GREEN, D.R (2000) A “non-canonical” DNA-binding element mediates the response of the Fas-ligand promoter to c-Myc. Curr Curr.. Biol. 10: 1205 – 1208. KEENAN, S.M.; DeLISLE, R.K.; WELSH, W.J.; PAULA, S. e BALL JR, W.J. (2005) Elucidation of Na+,K+-ATPase digitalis binding site J. Molec. Graph. Model. 23:465 – 475. KELLY, R.A. e SMITH, T.W. (1989). The search for the endogenous digitalis: An ysiol. 256: C937 – C950. alternative hypothesis. Am. J. Ph Physiol. KERR, J.F.R; WILLIE, A.H. e CURRIE A.R (1972). Apoptosis: a basic biological phenomenon with wide-ranging implications in tissue kinetics. Br Br.. J. Cancer 26:239 – 257. LaBELLA, F.S. (1985) Endogenous digitalis-like factor. Introductory remarks. Fed. Pr oc. 44: 2780 – 2781. Proc. LEPPLE-WIENHUES A., SZABÒ I., LAUN T., KABA N.K., GULBINS, E. and LANG, F. (1998). The tyrosine kinase p56lck mediates activation of swelling-induced chloride channels in lymphocytes. J. Cell. Biol. 141: 281-286. MAENO E., ISHIZAKI Y., KANASEKI T., HAZAMA A. and OKADA Y. (2000) Normotonic cell shrinkage because of disordered volume regulation is an early prerequisite cad. Sci. USA. 97: 9487-9492. oc. Natl. A Acad. Proc. to apoptosis. Pr MANN C.L., BORTNER C.D., JEWELL C.M. e CIDLOWSKI J.A. (2001). Glucocorticoidinduced plasma membrane depolarization during thymocyte apoptosis: association with cell shrinkage and degradation of Na +/K +- adenosine triphosphatase. Endocrinol. 142: 5059 – 5068. MARAKHOVA, I., KARITSKAYA, I., AKSENOV, N., ZENIN, V. e VINOGRADOVA, T. (2005) FEBS Interleukin-2-dependent regulation of Na/K pump in human lymphocytes .FEBS tt. 23: 2773 – 2780. Le Lett. MARQUES-SANTOS, L.F., COQUEIRO V. e RUMJANEK, V.M. (2006) Cyclosporin A does not protect the disruption of the inner mitochondrial membrane potential induced by potassium ionophores in intact K562 cells. Cell Biol Int. 30:197 – 204. McCONKEY, D.J. e ORRENIUS, S. (1994) Signal transduction pathways to apoptosis. Trends in cell biology 4: 370 – 375. MORAES, V.L.G., OLEJ, B., de LA ROCQUE, L. e RUMJANEK, V.M. (1989) Lack of sensitivity to Ouabain in natural killer activity. FASEB J. 3: 2425 – 2429. NAGATA, S., e GOLSTEIN, P. (1995) The Fas death factor. Science 267: 1449 – 1456. ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 146 ELETROESTIMULAÇÃO NEURO- NOBEL, C.S.I., ARONSON, J.K., VAN DEN DOBBELSTEEN, D.J. e SLATER, A.F.G. (2000) Inhibition of Na+/K(+)-ATPase may be one mechanism contributing to potassium efflux and cell shrinkage in CD95-induced apoptosis. Apoptosis 5: 153-163. OLEJ, B, de LA ROCQUE, L., CASTILHO, F.P.D., MEDIANO, I.F., CAMPOS, M.M., e RUMJANEK, V.M. (1994) Effect of ouabain on lymphokine – activated killer cells. Int. J. Immunopharmacol. 16: 769 – 774. OLEJ, B., dos SANTOS, N.F., LEAL, L. e RUMJANEK, V.M. (1998) Ouabain induces ep. 18: 1 – 7. apoptosis on PHA – activated lymphocytes. Biosc. R Rep. ORLOV, S.N., THORIN-TRESCASES, N., KOTELEVTSEV, S.V., TREMBLAY, J. e HAMET, P. (1999) Inversion of the intracellular Na+/K+ ratio blocks apoptosis in vascular smooth muscle at a site upstream of caspase-3. J. Biol. Chem. 274: 16545 – 16552. PELENGARIS, S. e KHAN, M. (2003) The many faces of c-Myc Arch. Biochem. Bioph ys. 416: 129 – 136. Biophys. PIRES, V., HARAB, R., OLEJ, B. e RUMJANEK, V.M. (1997) Ouabain effects on activated lymphocytes: augmentation of CD25 expression on TPA – stimulated cells and of CD69 on PHA – and TPA – stimulated cells. Int. J. Immunopharmacol. 19: 143 – 148 PORTIUS H.J. e REPKE K.R.H. (1961) Darstellung des Na+ + K+-aktivierten, Mg++abh ängigen Adenosintriphosphat Phosphohydrolase-Systems des Herzmuskels durch Isolierung der Zellmembran. Acta biol. med. germ 19: 879 – 906. QUASTEL, M.R. e KAPLAN, J.G. (1968) Inhibition by Ouabain of human lymphocyte transformation induced by phytohaemagglutinin in vitro. Nature 219: 198 – 200. RAFF, M.C. (1992) Social controls on cell survival and cell death. Nature 356: 397 – 400. RODRIGUES-MASCARENHAS, S., DE OLIVEIRA, A.S., AMOEDO, N.D., AFFONSOMITIDIERI, O.R., RUMJANEK, F.D e RUMJANEK, V.M. (2008) Modulation of the immune system by Ouabain. Ann N Y Acad Sci. In Press. ROY, C., LAPP, W.S., BROWN, D.L. e KAPLAN, J.G. (1985) Stimulation of the murine mixed leukocyte reaction: optimal proliferation of responders requires activation of stimulators. Immunobiology 169 (2): 103 – 115. SCHINZEL, A., KAUFMANN, T. e BORNER, C. (2004) Bcl-s family members: intracellular targeting, membrane-insertion, and changes in subcellular localization. Biochim. Biophys. Acta 1644: 95 – 105. SCOTT, I.D. e NICHOLLS, D.G. (1980) Energy transduction in intact synaptosomes. Influence of plasma-membrane depolarization on the respiration and membrane potential of internal mitochondria determined in situ. Biochem. J. 186:21 –33. SKOU, J.C. (1957) The influence of some cations on an Adenosine Triphosphatase from peripheral nerves. Biochim. Biophys. Acta 23: 394 – 401. DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano II, n. 7, dez. 2008 147 ep. 24: 436 SKOU, J.C. (2004) The identification of the sodium pump. Biosc. R Rep. – 451. STELLER, H. (1995) Mechanism and genes of cellular suicide. Science 267: 1445 – 1449. STOECK, M., NORTHOFF, H. e RESCH, K. (1983) Inhibition of mitogen-induced lymphocyte proliferation by Ouabain: interference with interleukin 2 production and interleukin 2 action. J. Immunol. 131: 1433 – 1437. SZABÒ I., LEPPLE-WIENHUES A., KABA N.K., ZORATTI M., GULBINS, E. and LANG, F. (1998) Tyrosine kinase-dependent activation of a chloride channel in CD95oc. Natl. A cad. Sci. USA 95: 6169induced apoptosis in T lymphocytes. Pr Proc. Acad. 6174. SZAMEL, M., LEUFGEN, H., KURRLE, R. e RESCH, K. (1995) Differential signal transduction pathway regulating interleukin –2 synthesis and interleukin –2 receptor expression in stimulated human lymphocytes. Biochim. Biophys Acta 12; 1235(1): 33 – 42. SZAMEL, M., SCHNEIDER, S. e RESCH, K. (1981) Functional interrelationship between (Na+ K+)-ATPase and lysolecitithin acyltransferase in plasma membranes of mitogen-stimulated rabbit thymocytes. J. Biol. Chem. 256: 9198 – 9204. TREVISI L., VISENTIN B., CUSINATO F., PIGHIN I. e LUCIANI S. (2004) Antiapoptotic effect of ouabain on human umbilical vein endothelial cells. es. Comm. 27: 716 – 721. ys. R Biochem. Bioph Res. Biophys. TYMIAK, A.A, NORMAN, J.A., BOLGAR, M., DiDONATO, G.C., LEE, H., PARKER, W.L., LO, L-C, BEROVA, N., NAKANISHI, K., HABER, E. e HAUPERT, G.T. (1993) Physicochemical characterization of Ouabain isomer isolated from bovine cad. Sci. USA 90: 8189 – 8193. oc. Natl. A Acad. Proc. hypothalamus. Pr WANG, M., JIM, R.M., QIU, Y.N., LIN, W. e MENG, B. (2007) Effects of ouabain at e an Xue YYe low concentrations on growth of leukemia cells Zhongguo Shi YYan Xue Za Zhi. 15: 1165 – 1168. WESSELBORG, S. e KABELITZ, D. (1993) Activation-driven death of human T-cell clones: time course kinetics of the induction of cell shrinkage. Cell Immunol. 148: 234 - 241. WYLLIE, A.H., KERR J.F.R. e CURRIE, A.R. (1980) Cell death: the significance of apoptosis. Int. Rev. Cytol. 68: 251 – 306. WILLIS, S., DAY, C.L., HINDS, M.G. e HUANG, D.C.S. (2003) The bcl-2regulated apoptotic pathway. J. Cell. Sci. 116: 4053 – 4056. WILSON, H.A. e CHUSED, T.M. (1985) Lymphocyte membrane potential and Ca2+-sensitive potassium channels described by oxonol dye fluorescence measurements. J. Cell. Physiol. 125: 72 – 81. XIONG, A.X., WANG, M., JIM, R.M., BAI, Y. e LIN, W (2006) Ouabain-induced apoptosis of Jurkat cells correlates with activation of caspase-3 and regulation of Bcl-2 an Xue YYe e Xue Za Zhi gene family. Zhongguo Shi YYan Zhi14:891 – 894. ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 148 ELETROESTIMULAÇÃO NEURO- YAMADA, K., IHARA, N. e SANO, Y. (1987) Morphological evidence of endogenous digitalis-like substance (EDLF) in the rat and macaque hypothalamus, using digoxin-immunohistochemistry. Endocrinol. Jap. 34: 319 – 323. DOUTORA – UFRJ. PROFESSORA SUBSTITUTA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA E DOCENTE DA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS – EAD. E-MAIL: [email protected] PESQUISADORA TITULAR MINISTÉRIO DA SAÚDE. PROFESSORA CONVIDADA DA UFRJ. DOUTORA UNIVERSITY OF LONDON. PROFESSORA TITULAR DA UFRJ DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano II, n. 7, dez. 2008