REFLEXÃO E REFRACÇÃO • A presença de defeitos ou outras anomalias em materiais pode ser detectada através da variação da impedância acústica. Z V [R ] • Numa interface entre materiais diferentes existe sempre uma onda reflectida e uma onda transmitida. Os coeficientes de reflexão e transmissão em termos de pressão acústica são dados por Z Z1 R 2 Z1 Z 2 2Z 2 T Z1 Z 2 • Para minimizar reflexão, as impedâncias dos meios devem ser o mais próximas possível. INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 25 REFLEXÃO E REFRACÇÃO Exemplo: Transmissão de uma onda plana do aço (Z1=45 R) para a água (Z2=1,5 R) R 1,5 45 0,935 1,5 45 (a) T 2 1,5 0,065 1,5 45 Se a transmissão for da água para o aço (b): R=0,935 T=1,935 O facto da pressão acústica no meio 2, para o caso (b), exceder a pressão da onda incidente não contraria o principio da conservação de energia na interface, pois a intensidade de energia depende do quadrado da pressão, mas também é inversamente proporcional à impedância acústica. INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 26 REFLEXÃO E REFRACÇÃO Coeficientes de reflexão e transmissão em termos de intensidade de potência acústica ( Z 2 Z1 ) 2 R ( Z1 Z 2 ) 2 4 Z1 Z 2 T ( Z1 Z 2 ) 2 Pode provar-se a validade das expressões R e T, tanto em termos de pressão como em termos intensidade de potência acústica Pressão Tem de existir continuidade na interface: Intensidade de potência acústica Tem de existir conservação de energia: pi+pr=pt Ji=Jr+Jt INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 27 REFLEXÃO E REFRACÇÃO Incidência obliqua • Reflexão e refracção dos ultra-sons de modo semelhante à luz. Num interface plano entre dois meios de propagação: Parte do feixe é reflectida e o restante é transmitido. As leis de reflexão e refracção mantêm-se. Lei de Snell Meio 1 i r Velocidade no meio 1= v1 Velocidade no meio 2= v2 Meio 2 t i r sin i V1 sin t V2 Neste caso o cálculo da pressão acústica é bem mais complexo INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 28 RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DE TRANSDUTORES Os transdutores comerciais normalmente vêm acompanhados por especificações tais como: frequência central, curva de resposta em frequência, diâmetro do cristal, etc. Aspecto típico da resposta de 2 transdutores: a) Baixo amortecimento, amplitude elevada, elevado Q e banda estreita. b) Elevado amortecimento, amplitude baixa, baixo Q e banda larga. Factor de qualidade Q f0 f 2 f1 f1 e f2: frequências a -3 dB f0: frequência central INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 29 CAMPO ACÚSTICO DE UM TRANSDUTOR Na banda áudio, as dimensões das fontes são normalmente muito menores do que os comprimentos de onda. Para os transdutores ultra-sónicos essas dimensões são muito maiores que o comprimento de onda, dando origem a 2 zonas distintas do campo acústico: Campo próximo Campo distante Campo próximo: Muitas interferências de várias ondas com fases diferentes D 2 2 D 2 N 4 4 D – Diâmetro da fonte Campo distante: É divergente com um ângulo dado por sen 1,22 D INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 30 CAMPO ACÚSTICO DE UM TRANSDUTOR Campo próximo Campo distante Pressão acústica ao longo do eixo do transdutor 1 D p 2 p0 sen( kz 1 ( ) 2 1) 2 2z Expressão aproximada: p p0 N z z – Distância ao transdutor D - Diâmetro k – nº de onda (argumento do sen em Rad) (onda esférica) INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 31 CAMPO ACÚSTICO DE UM TRANSDUTOR 1 0.9 0.8 0.7 P 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 N Pressão acústica em função do ângulo medido em relação ao eixo J1 ( X ) p 2 pz X J1(X) – Função de Bessel de 1ª ordem X D sen pz – Pressão no eixo Vamos ver a evolução deste traçado com a alteração das dimensões da fonte INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 32 CAMPO ACÚSTICO DE UM TRANSDUTOR INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 33 CAMPO ACÚSTICO DE UM TRANSDUTOR INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 34 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS INCIDÊNCIA NORMAL E INCIDÊNCIA ANGULAR A escolha entre inspecção por incidência normal e inspecção por incidência angular, depende em geral de duas considerações: Da orientação do objecto de interesse a inspeccionar – o feixe deve ser dirigido de modo a produzir a maior reflexão a partir do objecto. Eventuais obstruções existentes na superfície da peça a inspeccionar. INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 35 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS CONTACTO VERSUS IMERSÃO • Para máxima transferência de energia, o ar existente entre o transdutor e o material a inspeccionar tem de ser removido. Acoplamento. • Em inspecção por contacto, (mostrado em slides anteriores) é usado um acoplante tais como a água, óleo ou gel que é aplicado entre o transdutor e o meio a inspeccionar. • Em inspecção por imersão, o material e o transdutor são colocados num banho de água. Esta configuração, permite deslocar o transdutor sobre a peça objecto de inspecção, mantendo sempre um acoplamento consistente. • No teste por imersão, surge um eco adicional proveniente da superfície frontal da peça. 1 2 IP FWE 1 IP 2 FWE IP = Pulso Emissão FWE = Eco Frontal BWE BWE DE DE = Eco do Defeito BWE = Eco de Fundo Defeito 0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10 INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 36 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS APLICAÇÕES Caracterização de materiais e estruturas: Detecção e caracterização de defeitos: fissuras, inclusões, porosidade, etc. Avaliação de erosão e corrosão medição de espessuras (A-SCAN). Caracterização da microestrutura (estimação do tamanho de grão em metais). Inspecção da integridade de ligações em componentes soldados ou colados. Estimação da integridade de compósitos (delaminações após impacto) e plásticos (C-SCAN) Medicina: Tratamentos Fisioterapia diagnóstico de doenças realização de imagens (B-SCAN) (ecografias) INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 37 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS Objecto fissura Amplitude do sinal Representação A-scan: visualização da amplitude do sinal ultra-sónico recebido pelo transdutor em função do tempo. O tamanho da descontinuidade (ou defeito) pode ser estimado comparando a amplitude do sinal recebido com um de referência (reflector). A profundidade da descontinuidade pode ser determinada medindo o tempo de propagação do eco (posição do sinal no varrimento horizontal). Amplitude do sinal REPRESENTAÇÃO A-SCAN Time Tempo INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 38 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS REPRESENTAÇÃO B-SCAN (TRANSDUTORES MULTI-ELEMENTO) • Uma das características fundamentais dos agregados lineares é a possibilidade de permitirem a focalização do feixe ultra-sónico num ponto especifico através da aplicação a cada um dos elementos do agregado sinais com atrasos devidamente calculados. • Se for associado à focalização um varrimento sectorial podemos obter uma imagem tipo B-scan. • Este processo de focalização e inclinação do feixe é chamado beamforming. Pulso eléctrico Atrasos variáveis D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 “Array” de transdutores Frente de onda focalizada INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 39 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS REPRESENTAÇÃO B-SCAN (TRANSDUTORES MULTI-ELEMENTO) Sistema de atrasos e soma de sinais ultra-sónicos usado no beamforming de agregados lineares. Diagrama de blocos de um sistema de imagiologia ultra-sónica baseado num agregado linear. INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 40 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS REPRESENTAÇÃO B-SCAN (TRANSDUTORES MULTI-ELEMENTO) • Usando um transdutor multi-elemento, pode ser formada uma imagem 2-D designada por imagem modo B Sistema de imagem B-Scan Transducer array X X Y Y Computer display INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 41 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS REPRESENTAÇÃO B-SCAN (EXEMPLO) Imagem cardíaca – quatro cavidades INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 42 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS REPRESENTAÇÃO C-SCAN (AMPLITUDE E TOF) A representação C-scan: visualização de uma secção da peça perpendicular ao feixe ultra-sónico. As representações (imagens) C-scan são produzidas com recurso a um sistema automático de aquisição de dados: varrimento por imersão. O uso do A-scan em associação com o C-scan é necessário quando se pretenda conhecer a profundidade. Sistema Three-axes system com 3 eixos Tanque Water com tank água INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 43 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS REPRESENTAÇÃO C-SCAN (AMPLITUDE E TOF) Exemplo: Imagens C-Scan: Compósitos Laminados sujeitos a Impacto Sequência das camadas: A) (0,90,0,90)2s; B) (0,90)8 (i) impact of 1,5 J; (ii) impact of 2 J;(iii) impact of 2,5 J (iv) impact of 3 J A B (i) (ii) (iii) (iv) INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 44 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS VANTAGENS • A profundidade de penetração, para a detecção ou quantificação de defeitos é superior a outros métodos. • É necessário ter, apenas, acesso a um dos lados quando é usada a técnica pulso-eco. • Elevada exactidão na determinação da posição dos defeitos bem como na estimação do seu tamanho e forma. • Requerem um preparação mínima das peças a inspeccionar. • Os equipamentos electrónicos disponíveis proporcionam resultados praticamente instantâneos. • Podem ser produzidas imagens detalhadas com sistemas automáticos. • Proporciona, também, a medição de espessuras. INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 45 INSPECÇÃO ULTRA-SÓNICA - TÉCNICAS LIMITAÇÕES • As superfícies têm de estar acessíveis para a transmissão dos ultra-sons. • Normalmente requer um meio de acoplamento para promover a transferência de energia para o material em inspecção. • Materiais que sejam irregular na sua forma, demasiado pequenos, excepcionalmente finos e muito heterogéneos são difíceis de inspeccionar. • Materiais com estruturas de grão grosseiro são difíceis de inspeccionar devido à limitada propagação e elevado ruído no sinal. • Fissuras orientadas paralelamente à propagação do feixe, podem não ser detectadas. • Padrões são necessários para a calibração dos equipamentos e eventualmente para a caracterização dos defeitos. INSTRUMENTAÇÃO PARA IMAGIOLOGIA MÉDICA – TÉCNICAS DE IMAGEM POR ULTRA-SONS 46