84º COLOCADO Educação freia IDH brasileiro Dos itens analisados para medir Índice de Desenvolvimento Humano, pior desempenho do país está na média de escolaridade Com uma média de escolaridade de 7,2 anos – semelhante à de países muito mais pobres, como Gana – puxando para baixo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ficou na 84ª posição entre 187 países no ranking divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O país avançou uma posição em relação ao ano passado e tem desenvolvimento humano considerado alto segundo o cálculo, baseado em três fatores: saúde, educação e renda. No ranking deste ano, a Noruega voltou a ocupar o topo da lista, seguida por Austrália e Holanda (veja a lista completa ao lado). No ano passado, o Brasil aparecia na 73º posição entre 169 países – mas, como a metodologia usada para definir o IDH mudou, o país estaria em 85º em 2010, segundo o Pnud. Assim, pode-se dizer que em 2011 o país ganhou uma posição no índice. Uma versão que é contestada por Flavio Comim, professor de Economia da UFRGS, responsável pela divulgação do IDH entre 2006 e 2010. – O Brasil está 11 posições abaixo do ano passado e foi ultrapassado por países como Venezuela e Geórgia. Estamos crescendo cada vez menos, principalmente nas áreas da saúde e da educação – afirma Comim. Os números usados pelo relatório para medir a educação (média de escolaridade e expectativa de escolaridade) refletem um trabalho que o país ainda não conseguiu realizar: manter os estudantes no colégio. Enquanto o Brasil tem uma expectativa de escolaridade de 13,8 anos, a escolaridade real dos acima de 25 anos, no entanto, é de apenas 7,2 anos. Isso indica que uma criança brasileira tem chances reais de completar o Ensino Médio e entrar em uma faculdade, porque há vagas e o ensino básico brasileiro obrigatório é de 12 anos. Na prática, porém, boa parte delas abandona os bancos escolares antes mesmo de terminar o Ensino Fundamental. Os dados do PNUD apontam que, desde 2000, o Brasil avança 0,69% ao ano no IDH. Nos últimos seis anos, o país subiu quatro posições no ranking mundial, tendo sido classificado, em 2007, pela primeira vez, como de alto desenvolvimento humano. O avanço brasileiro, no entanto, está ficando mais lento. Resolvidos os grandes problemas, esbarra-se agora no mais difícil: não basta apenas a quantidade, é preciso resolver a qualidade. Ainda assim, os avanços sociais são responsáveis por levar o Brasil a melhorar seu IDH na última década. A expectativa de vida ao nascer – que pode ser considerada uma síntese de melhorias como prevenção de doenças e acesso a água potável – é a principal alavanca do IDH brasileiro. Entre 2000 e 2009, esse índice aumentou praticamente cinco anos, alcançando os 73,5 anos registrados no relatório divulgado ontem.