Morte subita ataque cardiaco

Propaganda
Texto de apoio ao curso de especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
ATAQUE CARDÍACO:
COMO RECONHECER, PREVENIR E PROCEDER
QUANDO ELE ACONTECE
Introdução
O ataque cardíaco, denominação popular para o infarto do miocárdio, atinge e mata pessoas
diariamente em todo o mundo, acometendo 2 em cada 1000 pessoas por ano, sendo a maior
causa de morte súbita em adultos (aproximadamente 1/3 dos casos são fatais).
Em situações normais, o sangue é bombeado pelo coração e circula, através das artérias e
veias, irrigando todos os tecidos do corpo, inclusive o próprio coração. No infarto do
miocárdio, há uma interrupção ou diminuição do fluxo de sangue para o coração, levando a
uma redução acentuada da quantidade de oxigênio que chega ao músculo cardíaco. Quando
o coração não recebe oxigênio em quantidade suficiente ocorre lesão da musculatura e,
dependendo do tempo de duração deste bloqueio, uma parte do coração morre e pára de
funcionar.
Na maioria das vezes o óbito ocorre por falta de atendimento imediato. A intervenção precoce,
feita nos primeiros minutos após o início dos sintomas, pode salvar as vítimas de morte súbita
(parada cardiorrespiratória) e deve ser feita por quem estiver mais próximo da vítima.
Há diversos termos usados para designar este evento descrito acima, que determina morte de
um segmento do músculo cardíaco. Dentre os mais empregados, destacam-se: infarto, enfarte
e ataque do coração. A palavra infarto é mais usada no Sul do Brasil e enfarte, nas outras
regiões.
Por que o infarto ocorre?
Como já descrito, o infarto do miocárdio é a morte de um segmento do músculo cardíaco,
determinada pela interrupção brusca da corrente sangüínea numa das artérias coronárias
nutridoras do coração.
Existem algumas causas que levam a esta obstrução, sendo a principal delas a
aterosclerose –acúmulo de gordura na parede das artérias, formando verdadeiras placas, as
quais podem vir a obstruir o vaso e impedir o fluxo de sangue a partir daquele local. Essa
obstrução normalmente ocorre quando a placa se rompe e à ela agregam-se plaquetas,
formando um coágulo (trombo) e ocluindo a artéria. Essa oclusão, então faz com que o
paciente tenha os sintomas característicos do infarto agudo do miocárdio.
Fatores de risco cardiovascular:
Não há uma causa única para as doenças cardiovasculares, mas existem fatores que
aumentam a probabilidade de sua ocorrência, os chamados fatores de risco. Os fatoras de
risco cardiovasculares, especificamente, são as condições ou hábitos que agridem o coração
ou as artérias, dentre os quais citam-se a hipertensão arterial, as dislipidemias, o tabagismo, o
diabetes mellitus, o estresse, o sedentarismo, a obesidade, a alimentação gordurosa e a
hereditariedade (história de mesma doença em outros membros da família), entre outros.
Como exemplo, cerca de 40 a 60% dos pacientes com infarto do miocárdio apresentam
hipertensão arterial associada. A prevenção, a identificação precoce e o controle adequado
dos fatores de risco diminuem a probabilidade de uma ataque cardíaco.
Atenção! A combinação de dois ou mais fatores de risco aumentam as chances do
aparecimento da doença. Portanto, conhecendo-se mais sobre os fatores de risco podemos
nos prevenir contra a doença arterial coronariana ou contra o seu progresso, que pode levar a
eventos sérios como o infarto.
1.
Pressão alta (hipertensão arterial sistêmica)
A pressão arterial corresponde à força com que o sangue é empurrado contra as paredes das
artérias no momento em que ele está saindo do coração e sendo levado para todo o corpo.
Essa circulação é importante para a nutrição de todo o corpo. Quanto mais difícil for para o
seu sangue passar através de suas artérias, maiores serão os valores da pressão arterial e
maior será o trabalho do coração.
A pressão normal de um adulto deve estar abaixo de 140/90 mmHg, sendo que valores mais
altos indicam hipertensão arterial sistêmica (HAS).
2.
Colesterol e triglicerídeos elevados
O colesterol e os triglicerídeos são algumas das gorduras encontradas no sangue importantes
para o ser humano. Como não se dissolvem totalmente na água elas são transportadas no
sangue sob a forma de partículas chamadas VLDL, LDL e HDL. As LDL levam o colesterol
para as paredes das artérias e, em níveis elevados, aumentam o risco da ocorrência do infarto
do miocárdio. São conhecidas como “mau colesterol”. As HDL protegem seu coração
retirando as LDL das paredes das artérias, diminuindo o risco do infarto. São chamadas de
“bom colesterol”. As VLDL são ricas em triglicerídeos, que têm um importante papel
energético, mas em níveis elevados podem levar à obesidade que também é um fator de risco
para a DAC.
Fique atento para a quantidade de gorduras ingeridas na sua alimentação!
Valores desejáveis:
Colesterol total (VLDL+ LDL + HDL): menores que 200 mg/dl
LDL colesterol: menores que 130 mg/dl
HDL colesterol: maiores ou iguais a 35 mg/dl
Triglicerídeos: menores que 200 mg/dl
3.
Diabetes mellitus
O diabetes é uma doença na qual há um excesso de açúcar no sangue. Pode ser por excesso
de insulina ou por dificuldade na ação da insulina. O diabetes está associado à aterosclerose
e ao maior risco de infarto. A presença de um fator de risco adicional como a obesidade, a
pressão alta ou o tabagismo aumentam ainda mais o risco.
O valor desejável de glicose, no sangue, em jejum é de 75 a 110 mg/dl.
4.
Tabagismo
O risco do infarto é sempre bem maior nos fumantes. A nicotina do cigarro provoca um
estreitamento da artéria capaz de diminuir a oferta de sangue para as artérias do coração.
Além disso, a nicotina pode aumentar a pressão arterial e o número de batimentos do coração
por minuto. O prejuízo do fumo é tanto maior quanto maior a quantidade de cigarros fumados
por dia e maior a duração do vício.
O risco não diminui com cigarros de baixos teores.
5.
Vida sedentária
Alguns estudos mostram que pessoas que não fazem exercício regularmente têm maior risco
de infarto do miocárdio. O exercício também ajuda a evitar o excesso de peso e a controlar os
outros fatores de risco como a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, o colesterol e o
triglicerídeos elevados.
É importante a realização de exercícios regularmente sob a orientação de profissionais
capacitados. Fique atento, pois o exercício físico realizado de forma inadequada torna-se um
grande risco para o aparecimento inesperado de problemas cardiovasculares e lesões
osteoarticulares e musculares.
6.
Estresse
A tensão emocional, o nervosismo, a vida agitada e as pressões a que somos submetidos
diariamente no trabalho e em casa fazem parte do que é conhecido como estresse. Estudos
mostram que indivíduos submetidos a estresse constante apresentam maior risco de infarto
do miocárdio. Deve-se, então controlar o nível de estresse incluindo-se na rotina diária a
realização de atividades prazerosas.
Em que idade ocorre o infarto? Atinge homens e mulheres na mesma proporção?
O infarto pode ocorrer em qualquer idade acima dos 25 anos, mas é mais freqüente entre os
45 e 65 anos. Ele pode se manifestar em qualquer hora do dia ou da noite, mas é mais
freqüente nas primeiras horas do dia. Quase sempre surge de forma abrupta, durante repouso
ou na presença de emoções fortes. O aparecimento de modo inesperado e estranho é uma de
suas características.
50% dos pacientes acometidos de infarto nunca sentiram nada parecido antes.
Até poucas décadas, a incidência de infarto do miocárdio era de seis homens para uma
mulher (antes da menopausa). Essa proporção diminui bastante depois da menopausa. Mas
na atualidade, com as mulheres fumando e tomando pílulas, a diferença diminuiu de modo
significativo, principalmente nos últimos anos. E, além de comparecer cada vez com mais
freqüência e com maior gravidade, a doença tem acometido mulheres cada vez mais jovens.
O coração dói?
Freqüentemente, as pessoas surpreendem com perguntas sobre questões que os médicos
imaginavam que já fossem de domínio público. O coração dói? Essa é uma questão que
surge nas conversas em geral e com bastante freqüência durante a entrevista do médico com
os pacientes e ou familiares.
O que se ouve falar, comumente, em ambas ocasiões é: “Eu sei que coração não dói e, por
isso, não me preocupo tanto por causa dessa dor no peito”.
Não se conhece a origem desse entendimento, que é errôneo. No entanto, mesmo não sendo
correto muitas pessoas o tomam como verdade. Isso é um fator muito negativo, responsável
pelo atraso na identificação da doença do coração com suas graves conseqüências.
Para desfazer esse mal-entendido de que o coração não dói, informamos que dói, sim. E é
uma dor profundamente intensa e angustiante e está relacionada a eventos onde a
quantidade de oxigênio que vai ao músculo cardíaco é diminuída, os eventos isquêmicos.
Há duas formas mais comuns de manifestação da doença isquêmica do coração: angina do
peito e infarto do miocárdio.
1.
A dor da angina
Na angina do peito, a dor é forte, em aperto ou em opressão, queimação, ardência ou peso.
Localiza-se, geralmente, no centro do peito, atrás do osso, podendo correr para o braço
esquerdo, braço direito, ambos os braços, para o pescoço, mandíbula e para as costas.
Não raro, a dor começa nos braços, na região do estômago, no lado esquerdo, nas costas e,
minutos após, pode se estender para o centro do peito. É geralmente provocada por esforços,
emoções, podendo ocorrer também após refeições, em repouso ou durante o sono. Ela tende
a aliviar em poucos minutos.
A obtenção do alívio em poucos minutos com a colocação de um comprimido de nitrato
debaixo da língua é uma das maneiras que se usa para caracterizar que a dor é devida à
angina do peito. Diferencia-se de outras causas que determinam dores no peito por não se
agravar com a respiração, com a tosse, com movimentos do tórax, por compressão no local
ou por mudanças de posição do corpo.
2.
A dor do infarto do miocárdio
No infarto do miocárdio a dor tem características semelhantes à da angina do peito. Porém,
distingue-se por surgir geralmente em repouso, por ser mais intensa e prolongada e por estar
acompanhada de intenso mal-estar, sensação de morte iminente, suores frios e vômitos. É
uma das dores mais fortes que existem. É muito intensa, quase incompatível com a vida: para
a vida continuar, é preciso que a dor acabe.
Como saber se uma pessoa está infartando e como proceder?
O infarto se apresenta de forma abrupta, traiçoeira, por meio dor muito forte no peito. É uma
das dores mais intensas e angustiantes que existem, impossível de ser tolerada por muito
tempo. Freqüentemente, a dor é acompanhada por sensação de morte iminente, suores frios,
palidez, náuseas e vômitos.
A ajuda deve ser IMEDIATA, através de atendimento especializado, quando disponível, ou
pelo serviço médico mais próximo. Se a pessoa sabe que tem a doença e a está tratando,
deve seguir as recomendações médicas para o caso de dor e procurar imediatamente o
centro médico de referência a que o seu atendimento está vinculado.
É uma situação grave, determinante da morte de 50% dos pacientes antes de chegarem ao
hospital. Esse índice pode ser reduzido para 10%, para os pacientes que conseguem
alcançar um local com estrutura e recebem atendimento especializado com todos os recursos
tecnológicos disponíveis.
Vencida a fase aguda, o tratamento não cessa. Começam, então, as medidas de ordem
preventiva para evitar outros infartos. Os pacientes precisam mudar seus hábitos de vida:
reduzir as gorduras no sangue, baixar o peso, abandonar o fumo, fazer exercícios, controlar a
pressão e tomar os medicamentos recomendados.
No hospital: diagnóstico e tratamento
O infarto agudo do miocárdio é de fácil diagnóstico médico. Por se tratar de doença fatal, a
pessoa deve procurar imediatamente um serviço de emergência para que sejam feitos os
atendimentos primários. O diagnóstico é puramente clínico, sendo confirmado por um
eletrocardiograma. Pode-se, se houver indicação posterior, realizar exames que avaliem a
estrutura das artérias que alimentam o coração (arteriografia coronariana).
O tratamento inicial consiste em desentupir o mais rápido possível a artéria acometida. Isso é
feito com o uso de substâncias que diluem mais o sangue e dissolvem o coágulo no interior
da artéria (trombolíticos). A possibilidade de tratamento com o trombolítico está intimamente
relacionada ao tempo de início da dor e dos outros sintomas, explicando a importância de se
procurar precocemente o auxílio médico. Outras medicações são usadas também para
diminuir a dor cardíaca, para impedir a progressão do coágulo e para dilatar a artéria
obstruída.
Outro tipo de tratamento é a angioplastia coronariana, onde se utiliza um aparelho especial
para se acessar a artéria ocluída e desentupi-la, sem haver a necessidade de cirurgia
cardíaca convencional.
Quanto ao tratamento cirúrgico, o procedimento mais conhecido é a revascularização do
miocárdio (pontes de veia safena e/ou artéria mamária). Nesta situação, coloca-se um vaso
que possa alimentar o coração no lugar do entupido.
É importante ressaltar que cada caso tem as suas indicações de tratamento e muitas vezes
há a associação de métodos, de forma que não se pode estabelecer uma regra à qual todos
serão submetidos ao terem o infarto do miocárdio.
A longo prazo, deve-se prevenir novos episódios com o uso de medicamentos que diluem
mais o sangue, evitando a formação de “rolhas nas artérias”. Pode-se também utilizar
remédios que diminuem os níveis sangüíneos de colesterol e triglicerídeos.
Como o infarto pode ser prevenido?
Como se pode perceber, as medidas mais eficazes para evitar o infarto do miocárdio devem
ser tomadas de forma conjunta entre equipes de saúde e as pessoas. Nos países onde se
desenvolveram programas comunitários de esclarecimento e onde medidas preventiva foram
tomadas, evidenciou-se a diminuição do infarto do miocárdio e da morte súbita.
O meio mais eficaz é corrigir os fatores de risco, tais como: fazer exercícios regularmente,
reduzir o colesterol no sangue, abandonar o fumo, controlar a pressão arterial e o diabetes
mellitus. As dietas, o uso de remédios (apenas quando indicados pelo médico) e os exercícios
são fatores determinantes para reduzir as gorduras no sangue e evitar o entupimento das
artérias.
A Universidade Federal do Paraná oferece à comunidade a oportunidade de aprender sobre
o infarto, os fatores que levam uma pessoa a ter um risco aumentado de infarto, bem como o
que fazer nos casos em que ele ocorre. Tudo isso reunido em um curso gratuito, ministrado
aos sábados à tarde no Hospital de Clínicas e aberto a todos aqueles que se interessem em
aprender mais sobre o infarto do miocárdio.
Download