Esse tal de Marketing Por Eduardo Chaves de Souza1 O que é Marketing? Pergunta que se torna muito necessária, pela própria dificuldade de traduzir o substantivo para nosso idioma. Mesmo esse substantivo tem aparência de verbo no gerúndio em inglês, o que aumenta a dúvida. O que é Marketing? Também é questão-decepção, uma vez que seria frustrante não encontrar uma resposta para os profissionais, das mais variadas áreas, que utilizam o termo sem qualquer cerimônia e, por vezes, emitindo palpites quase “técnicos”. Seria igualmente aceito que profissionais de Marketing emitissem parecer com ar profissional sobre Biologia, Economia, Engenharia, Medicina, Veterinária, etc.? O que é Marketing? Para outro grupo, é um conhecimento suspeito e que soa como charlatanismo, pois é normalmente associado por esses apenas com um conjunto de artimanhas para dar mais visibilidade a um produto, serviço ou pessoa. Tive inclusive uma colega que radicalmente se recusava a conversar sobre o tema, alegando que “o Marketing tomou conta de tudo”. Talvez essa sensação de intimidade ou antipatia tenha sido disparada pela emergência de, mais cedo ou mais tarde, o Marketing cruzar o caminho de qualquer tipo de profissional. Esse encontro pode realizar-se seja pela necessidade de ser melhor percebido pelo mercado, seja pela exigência manifestada por clientes. Ocorre que tanto motivação para palpitar, como a 1 Professor da FACE – Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUCRS. 1 desconfiança demonstrada por alguns, são resultado de pouco e fragmentado esclarecimento sobre o conceito e fundamentos de marketing. De certo modo, considerando a definição elementar de Theodore Levitt, como “processo de conquistar e manter clientes”, o Marketing realmente tomou conta de tudo, uma vez que o cliente é a principal razão de nossos negócios. Sendo assim, qualquer falha da empresa – ou daquilo que se relaciona a ela – pode desagradar nossos consumidores, e isso significa deixar de comprar e, ainda por cima, desrecomendar. Também alguns estudiosos e profissionais de Marketing têm um pouco de responsabilidade pelas faixas volumosas de palpiteiros e de céticos, basicamente por frequentemente cunhar subconceitos que apenas revitalizam os já vigentes ou que se apropriam, sem licença, de outras áreas. Como exemplos respectivos podemos observar que Buzz Marketing nada mais é que o velho Marketing Boca-a-Boca, e que Endomarketing parece trazer concepções que já devem ter sido anteriormente bem colocados pelos profissionais de Recursos Humanos. A profusão de “conceitos emergentes ou mais atuais” encoraja que o Marketing seja tratado como território de livre pensamento e concepção. O que é Marketing? Pois bem, da forma que está se expandindo em verbetes “modernosos”, Marketing é o que cada um pensa ser. Se algo pode ser considerado de vanguarda a respeito do Marketing é simplesmente que “sua essência visa entender mais sobre a fisiologia da mente humana e sobre os fenômenos sociais” (AJZENTAL, 2010). Os excessos de sobrenomes trazem o risco de dar ao Marketing um caráter, ao invés de cientifico, insólito e até folclórico. 2 REFERÊNCIAS AZJENTAL, Alberto. HPM – História do Pensamento em Marketing. São Paulo: Saraiva, 2010. LEVITT, Theodore. The Marketing Imagination. Nova York: Universidade de Harvard. 1983-1986. 3