“Não sou mau lembrador. Minha única dificuldade é ter que escrever por escrito” MIA COUTO, ESCRITOR ABRE O CICLO DE PALESTRAS NESTA SEGUNDA-FEIRA FRONTEIRAS DO PENSAMENTO, DIVULGAÇÃO PROF. DR. PAULINO DE JESUS FRANCISCO CARDOSO Mia Couto, nascido Antônio Emílio Leite Couto, veio ao mundo em Beira, Moçambique, em 1955. Ecólogo de profissão, segundo alguns, sua literatura se produz nos momentos de insônia. Ator e escritor nas lutas de independência, é hoje sem dúvida alguma um dos mais importantes escritores moçambicanos. Aqueles que se deixam encantar por sua produção literária, nele vislumbram inúmeras faces das culturas populares do país. Sonhos, expectativas e frustrações, de populações que sobre- viveram ao colonialismo, a guerras de independência e a consolidação do Estado, as agruras de uma economia planificada e o advento de um capitalismo insano e destrutivo. Entre velhos e novos senhores, emerge das páginas de Mia Couto um povo que insiste em festejar e teima em viver, com graça e poesia tão bem expressas nos nomes de personagens como Suplício ou uma Ana Deusqueira. Mia Couto tem essa singular capacidade de fazer brotar de suas letras a memória, a experiência e a cultura dos povos de Moçambique. Em seus textos o mundo das sociedades da oralidade, encharcam o português de imagens, metáforas que explodem os limites racionalistas da língua europeia. Nos seus poemas, romances, crônicas e contos, um mosaico de falares estão a nos dizer que não apenas existem diferentes modos de ser e estar no mundo, mas que aqueles que parecem estar na periferia de uma geografia eurocentrada podem iluminar nossas existências e indicar que um outro mundo é possível . *Prod.dr. Paulino de Jesus Cardoso, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros - NEAB/UDESC.