terra sonâmbula e a construção da identidade

Propaganda
Trabalho Submetido para Avaliação - 07/06/2012 20:19:10
TERRA SONÂMBULA E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
ORIENTADOR: Profª Dr. Silvia Helena Pinto Niederauer ([email protected]) / Profª Dr. do Curso
de Letras do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria RS
Bruna Daneres dos Santos ([email protected]) / Acadêmica do Curso de Letras do Centro
Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria RS
Palavras-Chave:
Identidade, Escrita pós-colonial moçambicana, Memória.
INTRODUÇÃO
As literaturas Africanas de Língua Portuguesa pós-coloniais têm, como uma de suas preocupações, o peso
histórico do colonialismo e com a persistência do projeto colonialista na mentalidade e na ideologia dos
sujeitos que vivem em países que antes foram colônia. Essa, como um veículo libertário por excelência,
torna-se um canal para o registro das turbulências e angústias desse cruzamento que ocorre entre os dois
momentos históricos e culturais confrontantes: o antes e o depois. As referidas literaturas realizam, então,
uma espécie de inventário dos ideais, das lutas, das perdas e das crises surgidas, após um período
conturbado por guerras internas.
METODOLOGIA
O trabalho constiui-se em uma pesquisa, eminentemente, bibliográfica. Para o seu desenvolvimento,
primeiramente está a se realizar o estudo do material teórico sobre a temática em questão, com ênfase à
problemática do espaço geográfico como cartografia da identidade ficcional, histórica e cultural. A segunda
parte destinar-se-á a uma análise do livro Terra sonâmbula, de Mia Couto, narrativa representativa da escrita
literária de Moçambique. É proposto um olhar inaugural para esse texto, no sentido de articular a geografia,
as identidades e a memória, sob o ponto de vista das relações culturais que se estabelecem a partir da
construção literária.
RESULTADOS
A construção de uma identidade é um fenômeno que resulta a partir de muitos fatores que interpelam o
sujeito, como fatores culturais, econômicos e regras que regem um determinado território ou uma
coletividade que constrói sua própria narrativa histórica, sua crença e seus objetivos. Em Terra sonâmbula,
personagens em crise identitária, após a guerra interna pelo poder, desenham os sonhos construídos em
meio às turbulências que rasuram sua memória e, por extensão, suas construções subjetivas. É perceptível
que as personagens que habitam o universo diegético têm conflitos indentitários, pois, como afirma Hall, em
A Identidade Cultural na Pós-Modernidade: “Uma vez que a identidade muda de acordo com a forma como o
sujeito é interpelado ou representado, a identificação não é automática, mas pode ser ganhada ou perdida”
(HALL, 2005, p.21).
As personagens vivem em meio a todos os conflitos existentes, tentando sobreviver, por vezes, com uma
dimensão mágica e mítica, todos vagueando pela terra destroçada, entre o desespero mais pungente e uma
esperança que se recusa a morrer:
Os planos se misturam, resultando num interessante painel para exprimir a riqueza de uns anos tocados pela
utopia. A vivacidade do momento é acompanhada pela linguagem, e o texto espelha de forma dinâmica as
relações que compõem o contexto (CHAVES, 2005, p. 104).
A narrativa mostra-se muito arraigada às origens locais, pois apresenta o vocabulário, a cultura, as angústias
e as alegrias de Moçambique nesse difícil período, além de ilustrar, pelo desenho das identidades ali
representadas, a força que a guerra tem em destroçar o ser humano e a geografia do lugar de pertença.
DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
A partir do estudo realizado, depreende-se que as questões acerca da construção identitária no romance de
Mia Couto retrata um tempo e um espaço que estabelecem, a partir do jogo da memória e da ancestralidade,
a encenação da identidade africana pós-colonial. Observa-se então que, em Terra sonâmbula, a escrita
ficcional dialoga com a História e revisa seu passado por meio da memória. No desfecho história, há o
encontro do passado desmemoriado e o presente a ser (re)construído, há uma tradição que é semeada para
o futuro. A narrativa mostra que a sabedoria do passado pode ser semente do futuro se lançada em um
terreno fértil, resgatando e perpetuando uma identidade cultural.
REFERÊNCIAS:
COUTO Mia ; Terra Sonâmbula; Alfragide; Caminho Editorial; 1996.
CHAVES Rita; Angola e Moçambique; São Paulo; Ateliê Editorial; 2005.
HALL Stuart; A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. ; Rio de Janeiro; DP&A Editora; 2005.
Download