OS SERVIÇOS SUPLEMENTARES EM UMA FILIAL DE UMA EMPRESA ESTATAL Autor: Elton José de Lima Orientadora: Bianca Burdini Mazzei Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí Área: Ciências Sociais Aplicadas / Subárea: Administração Resumo O presente trabalho tem como objetivo identificar, por meio da aplicação de um questionário que utilizou escala Likert, quais os serviços suplementares prestados no atendimento, pela filial de uma empresa estatal, que agregam valor na oferta do serviço principal, segundo a opinião dos clientes. Para isso, foi feito um estudo de caso, que utiliza um referencial teórico que busca compreender o setor de serviços, as organizações públicas, o marketing de serviços e a importância dele no setor público. Principal ênfase é dada em um modelo de gestão de serviços, que procura investigar se a filial utiliza ferramentas do marketing de serviços como forma de melhorar o atendimento aos seus clientes. A partir disso, foi feito um estudo qualitativo e quantitativo, utilizando um método explicativo. Assim, foi aplicado um questionário a uma amostra de clientes que frequentaram a filial da empresa nos dias em que foi aplicada a pesquisa. Os resultados alcançados demonstraram que a filial aplica conhecimentos do marketing de serviços na prestação das suas atividades e que todos os serviços suplementares pesquisados agregam valor na prestação do serviço principal. Palavras-chaves: Organizações Públicas. Marketing de Serviços. Modelo de Flor de Serviços. Abstract The present work aims to identify, through the application of a questionnaire using Likert scale, what additional services rendered in attendance, the subsidiary of a State-owned company, that add value in the main service offer, according to the opinion of the customers. For this, a case study, which uses a theoretical framework that seeks to understand the service sector, public organisations, services marketing and the importance of it in the public sector. Main emphasis is given on a service management model, which seeks to investigate whether the tools of marketing services to enhance service to its customers. From this, a qualitative and quantitative study, using an explanatory method. Thus, a questionnaire was applied to clients who attended the company's branch in the days when it was applied to research. The results showed that the branch applies knowledge of . For this, a case study, which uses a theoretical framework that seeks to understand the service sector, public organisations, services marketing and the importance of it in the public sector. Main emphasis is given on a service management model, which seeks to investigate whether the tools of marketing services to enhance service to its customers. From this, a qualitative and quantitative study, using an explanatory method. Thus, a questionnaire was applied to clients who attended the company's branch in the days when it was applied to research. The results showed that the branch applies knowledge of marketing services in the provision of its activities and the additional services surveyed add value in the provision of the core service. Keywords: Public Organisations. Marketing services. Flower template. 1 INTRODUÇÃO O setor de serviços emprega hoje, na maioria dos países, grande parte da sua população. Além disso, tal setor é responsável pelo maior percentual do PIB tanto de países desenvolvidos quanto em desenvolvimento (LAS CASA, 2006; GRÖNROOS, 2009; LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011). Por esse motivo, escolheu-se uma empresa do setor de serviços para a realização deste trabalho. O enfoque dado é a aplicação do marketing de serviços a uma organização do setor público. Sabe-se que o marketing busca atender a necessidade dos seus clientes, assim como os serviços públicos buscam atender aos anseios dos seus usuários. E apenas recentemente o setor público tem se preocupado em utilizar técnicas e conhecimentos do marketing como forma de melhorar o atendimento dos cidadãos usuários (TEIXEIRA FILHO, 2015). A aplicação e conhecimentos de marketing são importantes no setor público principalmente naquelas áreas em que há a concorrência com o setor privado, e precisa ser tão sustentável quanto às empresas privadas, uma vez que há certa cobrança da população por maior desempenho e eficiência destas organizações, justamente porque é essa população que as sustentam, seja mediante o pagamento pela utilização dos seus serviços, seja mediante o pagamento de impostos ao governo. Assim, o estudo desenvolve-se em uma filial de uma empresa pública, e por meio da aplicação de um questionário aos clientes/usuários dos seus serviços para avaliar o modelo de gestão de serviços, desenvolvido por Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011), levantando junto aos clientes quais são os elementos suplementares que agregam valor na prestação desses serviços, facilitando a utilização deles, bem como realçando seu valor. Isso se justifica porque apenas recentemente o setor público passou a se preocupar em utilizar as ferramentas de marketing como forma de melhorar o atendimento a seus usuários. É mais fácil encontrar estudos dessa natureza no setor privado, mas no setor público isso ainda não é tão comum. Dessa forma, o objetivo do trabalho é investigar até que ponto o modelo da Flor de Serviços está presente nos serviços da estatal, uma vez que a oferta de serviços suplementares tem como finalidade deixar mais atraente a oferta do produto principal de qualquer empresa, inclusive as empresas públicas. É preciso deixar claro que o estudo limita-se basicamente em investigar os serviços suplementares oferecidos na agência, mais precisamente no que diz respeito ao atendimento. Assim, não estão sendo estudados os serviços suplementares que a empresa disponibiliza pela internet. Dessa forma, por meio de uma pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo, utilizando uma forma explicativa, foi feita a realização de um estudo de caso. Os dados foram coletados por meio de um questionário aplicado aos clientes, investigando quais serviços suplementares levantados agregam mais valor na prestação do serviço principal da estatal. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 ORGANIZAÇÃO PÚBLICA Para compreender o conceito de Organização Pública primeiro deve-se esclarecer o que é uma organização. Matias-Pereira (2012) faz um apanhado geral da definição de vários autores sobre este conceito. É possível notar através desse autor que a conceituação do termo não é homogênea, isto é, não existe apenas uma única definição do que seja uma organização. Para Matias-Pereira (2012), organização é uma criação social que tem como objetivo atingir objetivos específicos. Ou seja, as organizações existem no intuito de alcançar objetivos que individualmente seriam mais difíceis ou impossíveis de se alcançar. Ele ainda destaca que na abordagem sistêmica de organização tal conceito é representado de uma forma sociotécnica, em que existe o subsistema social representado por variáveis humanas, e o subsistema técnico, que é representado por variáveis tecnológicas. Na definição apresentada o mais importante a ser destacado é que as organizações existem com a finalidade de se alcançar objetivos específicos. Ela pode ser resumida como a união de forças para a realização de objetivos coletivos. Compreendido, portanto, o conceito de organização fica mais fácil entender a finalidade da Organização Pública. Bresser-Pereira (2010) ao traçar um paralelo dos modelos de administração pública e administração privada, entende que as Organizações Públicas existem com o intuito de atender o interesse público. Ou seja, diferente da administração privada que tem como interesse exclusivo atingir objetivos particulares, aquelas visam ao bem coletivo. Esse pensamento está em sintonia com Matias-Pereira (2012), que traçando diferenças dos modelos de administração pública e privada diz que as organizações públicas são regidas pela obrigatoriedade da continuidade da prestação dos serviços públicos e pelo interesse coletivo. Cabe destacar, entretanto, que mesmo nas organizações públicas prevalecendo o interesse coletivo, com um olhar bem atento, nota-se que o seu modelo de gestão é baseado na Organização Burocrática. Esta é um tipo de organização racional, que esta estruturada de tal forma a atingir objetivos preestabelecidos de forma que use o mínimo esforço possível na produção máxima de resultados (BRESSER-PEREIRA; MOTTA, 2004). Esse modelo de gestão pública foi muito importante no combate às práticas patrimonialistas, no entanto, notase que devido às disfunções da Organização Burocrática, muitas vezes ocorrem certos entraves e apegos às regras e manuais que ao fim o que se deseja não é alcançado, ou seja, o bem coletivo. Isso é evidenciado por Saraiva e Capelão (2000), que fazem uma pesquisa estudo sobre a nova administração pública e o foco no cidadão. Esse estudo foi realizado com 30 funcionários da UFMG responsáveis pela emissão de documentos e constatou-se um forte apego as regras da instituição. Para os autores, essa prática não é condizente com a necessidade do cidadão/cliente. O setor público precisa estar estruturado de acordo com as necessidades do cidadão, e para isso o marketing é entendido com uma ferramenta excelente, visto que busca satisfazer as necessidades dos clientes. Com a organização pública também não pode ser diferente. Esta deve estar orientada para a satisfação dos seus usuários, visto que são eles a razão de ser dos serviços públicos (SARAIVA; CAPELÃO, 2000). Feita assim, mais apegada à satisfação das necessidades dos clientes/usuários do que às regras, a Organização Pública poderá então verdadeiramente estar atendendo ao interesse coletivo (BRESSER-PEREIRA, 2010). Além do mais, o motivo pelo qual o setor público deve estar orientado às necessidades do cidadão é justamente para reverter essa percepção negativa, de senso comum, que os usuários possuem dos serviços públicos. Agindo de forma a corrigir essa visão, o setor público poderá aumentar a confiança e a satisfação da população e, dessa forma, obter mais apoio. Sem tal auxílio, a população tende a questionar os altos impostos que são cobrados, além de votarem em representações que prometem mudanças nas agências públicas, bem como sua eliminação (KOTLER; LEE, 2007). Por tudo isso, um trabalho desenvolvido na Universidade Federal do Paraná por Teixeira Filho (2015) diz que as reformas desenvolvidas no âmbito da área pública levaram a inserção de práticas de marketing no setor. Ou seja, o setor público tem começado a se preocupar com os desejos e demandas de seus usuários. Ainda destaca que tanto o setor público quanto o marketing possuem relações que são muito estreitas, isto é, muito próximas, já que a Organização Pública existe com a finalidade única de atender ao público, e o marketing existe com a finalidade única de atender ao cliente. Embora seja adequado ser criterioso com as práticas da Administração Privadas aplicadas na Administração Pública, de maneira a preservar as devidas peculiaridades do setor público. Kotler e Lee (2007) destacam que a oferta de serviços de qualidade para os cidadãos acabam aumentado o interesse do cidadão, aumento de receitas e de satisfação desses cidadãos usuários. No entanto, as pessoas convivem com o aumento da eficiência e eficácia da gestão privada ao passo que a eficiência e a eficácia no setor público parecem um sonho distante. Dessa forma, alguns setores públicos passaram a utilizar técnicas e ferramentas do marketing que são aplicadas no setor privado. Algumas pessoas questionam o quão longe isso pode ir, alegando diferenças significativas no interesse público daqueles que predominam na iniciativa privada. Enquanto no setor privado prevalece o interesse do lucro do investidor, no setor público prevalece o atendimento às necessidades básicas do cidadão. Os autores destacam várias diferenças de interesse na gestão pública e privada. Uma se destina ao interesse coletivo, enquanto a outra se preocupa com interesse de particulares. Mas mesmo havendo diferenças de interesses entre ambos os setores, que na opinião deles são diferenças exageradas, isto não é desculpa para que possa haver ineficiência, ineficácia e desperdício no setor público. Por esse motivo que, neste trabalho, o foco é a investigação de ferramentas do marketing, principalmente as ferramentas do marketing de serviços suplementares, atrelado a um modelo específico da flor de serviços (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011). 2.2 O MARKETING E OS SERVIÇOS O marketing às vezes é entendido erroneamente apenas como propaganda e promoção de bens e serviços. Levitt (1960) no seu célebre artigo “Miopia em Marketing”, diz que a atividade principal do marketing é atender as necessidades do cliente. Nenhuma empresa se mantém viva no mercado caso não busque compreender, atender e satisfazer as necessidades dos seus clientes. Para isso, a empresa precisa buscar constantemente monitorar o setor e o mercado em que atua a fim de entender as preferências e gostos do cliente. Levitt (1960) ainda vai mais longe dizendo que as empresas devem buscar uma espécie de “destruição criativa”. Ou seja, a empresa precisa atender as necessidades de seus clientes nem que para isso elas mesmas tenham que criar outro produto ou serviço que venha tirar do mercado o produto ou serviço que por tanto tempo deu lucro para a organização. Em outras palavras, na tentativa constante de satisfazer as necessidades de seus clientes, a empresa precisa constantemente criar a obsolescência de seus produtos e serviços. Kotler (2000) complementa a definição de Levitt (1960) acerca do marketing. Para ele marketing é uma forma de atender as necessidades dos clientes de maneira lucrativa. Expandindo seu conceito, afirma ainda que o marketing procura criar trocas de valor que satisfaçam tanto metas individuais quanto organizacionais. Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011), por sua vez, abordando sobre o marketing de serviços definindo-o como uma atividade econômica em que uma parte oferece um benefício para outra parte. Tais serviços trazem consigo certo desempenho para os seus destinatários. Ao contrário de um produto, em que o comprador tem sua posse, nos serviços – por meio de troca de dinheiro, tempo e esforço – os consumidores esperam receber determinados benefícios sem, necessariamente, ter a posse de qualquer bem material. Os serviços são conhecidos principalmente por causa de sua natureza intangível, além de sua perecibilidade. Para Las Casas (2006), serviços podem ser entendidos como atos, ações e desempenhos. Diferente de uma oferta de um bem físico tangível, os serviços são de natureza intangível. Para o mesmo autor, os serviços estão presentes em qualquer oferta comercial. O que muda essencialmente é a quantidade de serviços prestados para cada tipo de bem comercializado ou serviço prestado. Em todos os casos, está presente a ideia de ações, feitos, desempenhos ou esforços. Complementando, Las Casas (2012) destaca que os serviços são negócios realizados entre pessoas ou empresas em que a finalidade principal não está associada à transferência de um bem físico, e sim a experiências vivenciadas pelas pessoas. A importância do setor de serviços se resume basicamente na participação que ele assume na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Las Casas (2006) enfatiza que o setor de serviços tende a ter uma participação maior na economia dos países à medida que estes vão se tornando cada vez mais industrializados. Isso se deve ao fato de que, melhorando o padrão de vida, as tarefas mais rotineiras vão sendo transferidas para outros profissionais. Além disso, quanto mais industrializado um país for, mais necessidade de serviços que agregam valor a tangíveis vão surgindo. Ainda para o autor, só no ano de 2007 o setor de serviços representou 65,8% da economia brasileira. Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011), dizem que o setor de serviços tem uma participação superior a 66% na economia brasileira. Assim como Las Casas (2006), Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011) argumentam que a participação percentual do setor está crescendo na maioria das economias do mundo. Mesmo em economias de países emergentes, o setor chega a representar 50% do total do PIB. Considerando que a economia de um país é formada pelo setor agropecuário, industrial e de serviços, o seu PIB (Produto Interno Bruto) é formado por esses três setores. Tanto Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011), quanto Las Casas (2012) entendem que a participação percentual do setor de serviços no PIB é importante, pois representam uma parcela muito significativa na economia. Mesmo considerando que os serviços tenham uma participação maior na economia dos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento, Grönroos (2009) afirma que essa forma de enxergar a participação percentual dos serviços no PIB está ultrapassada. Trazendo dados que comprovam a participação cada vez maior dos serviços na economia dos países desenvolvidos e o crescimento dos empregos no setor, o autor diz que muitos serviços que estão inseridos no setor da agricultura e da indústria não aparecem nas estatísticas. Assim, na indústria, por exemplo, várias atividades ligadas aos serviços e que acompanham desde o início a fabricação de um produto físico, estão classificadas como pertencentes ao setor industrial, quando na verdade tais atividades deveriam ser classificadas como pertencentes ao setor de serviços. Para o autor, essas atividades podem ser intituladas como serviços ocultos. Dessa forma, considerando as ponderações de Grönroos (2009), talvez a participação percentual dos serviços na geração de riqueza de uma nação ultrapasse, em muito, as estatísticas divulgadas. Desse modo, as considerações desse autor reforçam ainda mais a importância dos serviços e porque não, seu estudo. 2.3 MARKETING E A FLOR DE SERVIÇOS De acordo com Crescitelli e Mandakovic (2009), o marketing teve seus fundamentos e estudos desenvolvidos a partir da perspectiva de produtos. Ou seja, quando do desenvolvimento dos estudos de marketing a perspectiva de serviços não havia sido comtemplado. Mas conforme Las Casas (2012) existe diferença entre o marketing de intangíveis e o marketing de bens. Para ele, os serviços possuem características específicas que impõe desafios para os gestores de marketing. Dessa forma, tem de haver um tratamento diferenciado, uma vez que os serviços são intangíveis, inseparáveis, heterogêneos e simultâneos. Assim, além do composto tradicional de marketing de bens - produto, preço, praça e promoção - o marketing de serviços inclui ainda outras ferramentas - perfil, pessoas, processos e procedimentos (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011; LAS CASAS, 2012). Essas ferramentas buscam ampliar a interface com os clientes de serviços. O perfil diz respeito ao layout do escritório ou do estabelecimento comercial onde o serviço é prestado. Como os serviços são intangíveis, a percepção de qualidade do serviço prestado é assegurada através de um ambiente organizado, mobiliários novos, disposição, iluminação, organização e higiene. Em relação às pessoas, a qualidade e o nível de profissionalismo dos funcionários envolvidos no atendimento impactam diretamente na qualidade do serviço recebido pelos clientes. Já os processos dizem respeito à interação com a qual um cliente terá do início ao fim quando entrar em um estabelecimento comercial. Por exemplo, quando um paciente entra em um hospital, a fluidez com a qual o serviço é realizado entre os diversos departamentos é que irá garantir ou não a satisfação do cliente. Por fim, os procedimentos se relacionam com a forma de tratar as pessoas, ao nível de atenção dispensada e a simpatia como os consumidores são tratados (LAS CASAS, 2012). Assim, para Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011), produto pode ser definido como qualquer solução que atenda a uma necessidade. Por esse motivo, um serviço é visto como produto se atender a necessidade de um cliente. Além disso, os serviços são compostos de desempenhos, em que pode haver tanto elementos físicos quanto aspectos intangíveis, isso tanto nos serviços principais quanto nos serviços suplementares. Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011) destacam que na criação de um produto, que é serviço, deve haver alguns detalhes para criar uma proposição de valor para os clientes. Tal proposição precisa integrar três elementos fundamentais, a saber: serviço principal, serviços suplementares e processos de entrega. Para eles, o serviço principal se resume ao setor em que uma organização atua. Por exemplo, transporte, educação ou segurança. O serviço principal fornece os benefícios básicos na resolução de um problema que o cliente procura. Para uma empresa que atua no setor de transporte de objetos espera-se que ela atenda a uma necessidade de levar um objeto de um local para outro. Para um advogado que atua com causas trabalhistas seus clientes esperam que ele dê um parecer especializado sobre causas trabalhistas e que auxiliem os clientes a resolverem problemas típicos nessa área do direito. Em relação aos serviços suplementares, estes acompanham a entrega do serviço principal e buscam ampliar sua oferta, facilitando sua utilização e realçando seu valor, a fim de aumentar à experiência geral do cliente em relação ao serviço principal (LOVELOCK; WIRTZ, 2006). Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011) ressaltam que à medida que um setor amadurece e a concorrência aumenta, os serviços tendem a ser tornar produtos comuns, ou seja, muito parecidos uns com os outros. Uma forma de buscar diferenciação e criar vantagem competitiva sobre os concorrentes é através da oferta cada vez maior de serviços suplementares. Fazendo assim, o prestador de serviços pode se diferenciar para se garantir no mercado, ou ainda, cobrar um preço mais alto do que a concorrência. Para esses autores, existem dezenas de potenciais serviços suplementares, mas quase todos podem ser classificados em uma das oito categorias citadas a seguir. Estes são chamados de serviços suplementares facilitadores ou realçadores. Os serviços suplementares facilitadores são aqueles tipos de serviço que auxiliam na utilização do serviço principal. Embora não tenham a intenção de agregar valor, servem para que o serviço principal fique mais fácil de ser utilizado pelo usuário. São quatro os serviços suplementares facilitadores: informação, recebimento de pedidos, cobrança e pagamento. (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011). Além dos serviços suplementares facilitadores, existem os serviços suplementares realçadores, a saber: consulta, hospitalidade, salvaguarda e exceções. Estes serviços, diferente dos serviços suplementares facilitadores, têm a intenção de agregar mais valor à oferta de serviço ao cliente, buscando diferenciá-los da concorrência (LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011). Para este modelo de análise e oferta de serviços aos clientes, Lovelock e Wirtz (2006) denominam de Flor de Serviços. Tal denominação justifica-se justamente porque o serviço principal (miolo da flor) deve estar cercado pelos serviços suplementares facilitares e realçadores (pétalas da flor). A gestão dessa Flor deve ser de tal modo coerente que tanto as ‘pétalas’ quanto o ‘miolo’ devem transparecer ‘frescas’, buscando demonstrar que a organização do serviço é bem projetada e organizada. Um serviço mal projetado ou mal executado é como uma flor na qual faltam pétalas ou então com pétalas murchas e descoloridas. Mesmo que o centro seja perfeito, a impressão geral causada pela flor não é atraente. Pense em suas próprias experiências como cliente ou quando compra em nome de uma organização. Quando você ficou insatisfeito com determinada compra, era o centro que estava defeituoso ou aconteceu algum problema com uma ou mais pétalas? (LOVELOCK; WIRTZ, 2006, p. 84). Os mesmos autores destacam ainda que mesmo havendo uma provável sequência de como as oito categorias de serviços suplementares aparecerão na prestação de serviço, nada impede, porém, que um elemento que viria primeiro venha antes de outro. Por exemplo, segundo este modelo de gestão de serviços, é natural que o pagamento só ocorra depois da prestação do serviço. Mas nada impede que o cliente pague antes de utilizar o serviço. Destaca também que nem todo serviço principal está cercado pelos oitos tipos de serviços suplementares. É a natureza do produto ou do serviço que determinará quais serviços suplementares serão adicionados na oferta de serviço, a fim de facilitar e realçar o valor desta oferta, fazendo com que fique mais fácil para o cliente fazer negócios com a organização. De maneira geral, se a natureza do serviço estiver ligada ao processamento de pessoas com certeza este demandará uma oferta maior de serviços suplementares do que as demais categorias de serviços, bem como serviços de alto contato (clientes que frequentam uma loja de conveniência) também demandarão mais serviços suplementares do que serviços de baixo contato (geralmente, serviços prestados à distância como, por exemplo, por telefone) (LOVELOCK; WIRTZ, 2006; LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011). Segue abaixo a figura 1 que representa a flor de serviços, modelo de estudo utilizado neste trabalho, cercado pelos diversos elementos suplementares. Figura 1 - Modelo da Flor de Serviço Fonte: Adaptado de Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011) 3 METODOLOGIA Sobre a natureza da pesquisa, classifica-la como quantitativa e qualitativa. Qualitativa porque foi elaborado uma classificação de identificação dos serviços suplementares com base na opinião dos seus trabalhadores, também, através de uma pesquisa na literatura e no sítio da empresa em estudo a fim de selecionar quais os serviços suplementares que são disponibilizados no ambiente físico da agência. Segundo Richardson (2012), o método qualitativo, a princípio, não emprega métodos estatísticos para analisar um problema. Dessa forma, como se utilizou opinião dos trabalhadores e pesquisa em fontes bibliográficas e sítio para se chegar à elaboração do questionário, a natureza da pesquisa pode ser considerada qualitativa. Também pode ser considerada uma pesquisa quantitativa, uma vez que, conforme Richardson (2012) tal método busca a quantificação tanto na coleta de informações quanto no tratamento delas pelos mais variados métodos estatísticos, desde técnicas simples como uso de porcentagens, até técnicas mais complexas como análise de regressão. Nessa pesquisa foi realizado uma análise estatística simples de maneira a descrever a avaliação dos clientes sobre os serviços suplementares prestados pela organização estudada Em relação ao tipo de investigação, ela pode ser definida como um estudo de caso, sendo que foi o que melhor se mostrou para a realização deste trabalho, uma vez que tal investigação ainda abre possibilidade para maior aprofundamento a respeito das opiniões e categorização dos serviços suplementares que agregam valor ao serviço principal. O objetivo da pesquisa é o de identificar, através da aplicação de um questionário que utilizou escala Likert, quais os serviços suplementares prestados no atendimento, pelos Correios, que agregam valor na oferta do serviço principal. Além disso, objetiva-se saber se essa empresa estatal utiliza técnicas do marketing de serviços na oferta de seus serviços à população do município de Inajá-PR. Isso é importante para saber se essa estatal se vale dessas ferramentas para melhor atender aos seus clientes, sendo que ela é essencialmente uma empresa de serviços, e tem como características elementos que a qualificam como uma Organização Pública. Mais especificamente foi feito um questionário contendo doze questões, sendo que as duas primeiras traçou algumas característica demográficas desses clientes, e as dez questões seguintes buscavam investigar o nível de concordância ou discordância em relação à oferta dos serviços suplementares facilitadores e realçadores na organização em questão. Além disso, os respondentes não apenas deveriam concordar ou discordar das afirmações, mas assinalar a questão que demonstravam o nível de concordância ou discordância. Assim, foi testado o modelo da Flor de Serviços de Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011). Sete questões possuíam cinco opções de escolha, e o cliente assinalava aquela que ele julgava conveniente segundo sua opinião. A oitava questão permitia duas resposta: sim ou não. Caso o cliente respondesse não nesta questão, ele não respondia a nona questão. A décima questão era uma questão aberta que buscava saber todos os tipos de opiniões ou críticas dos clientes em relação aos serviços prestados. A população total economicamente ativa da cidade é composta por 1485 sujeitos (IBGE, 2010), assim, considerando uma margem de erro de 7% , os questionários foram aplicados para 200 clientes que utilizaram os serviços na agência de Correios de Inajá-PR entre os dias 06, 07 e 08 de outubro de 2015. Por esse motivo, essa é considerada uma amostra não probabilística acidental, já que os clientes eram escolhidos pela conveniência de estarem no local de prestação do serviço. Para Richardson (2012), com a amostra acidental não é possível dizer que ela seja representativa de uma população, mas ela é recomendada em termos de investigação em um primeiro contato com um problema. Antes de aplicar o questionário definitivo foi aplicado um pré-teste, a fim de adequálo a compreensão dos clientes. Para os clientes que não sabiam ler foi feita a leitura das questões pelo próprio pesquisador. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO CASO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO O objeto desse estudo é uma filial (agência) da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), localizada no município de Inajá-PR, região noroeste do estado. O município, segundo dados do último censo de 2010 do IBGE, possui 2988 habitantes, sendo que a PEA (População Economicamente Ativa) corresponde a 1485 habitantes, sendo 873 homens e 612 mulheres. O município tem uma filial (agência) da ECT a qual será estudada no presente trabalho. Dessa forma, a fim de entender melhor o objeto desse estudo, é necessário fazer uma consideração geral sobre a empresa. Ela foi criada por meio do Decreto-Lei nº 509, de 20 de março de 1969. Surgiu como empresa pública, e o seu capital é integralmente pertencente à União. Pode ser caracterizada com uma Organização Pública, uma vez que a sua existência tem como objetivo principal o bem coletivo (MATIAS-PEREIRA, 2012; BRESSER-PEREIRA, 2010) da sociedade brasileira, além da detenção do capital pela União. A troca de correspondência pode ser compreendida como algo que traz a melhoria de vida da população em geral, conectando praticamente todos os municípios brasileiros, mesmo aqueles localizados em regiões que não seriam economicamente interessantes para uma empresa privada. Além do tradicional serviço de correspondência prestado a baixo custo para a população brasileira, outros fatores a qualificam como uma Organização Pública, por exemplo, a prestação de serviços bancários básicos naquelas localidades não servidas por agências bancárias tradicionais, justamente por serem econômica ou comercialmente inviável (BARROS NETO, 2004). Destaca-se também o interesse coletivo dos Correios na prestação de vários serviços sociais, previdenciários, além do recolhimento de taxas e impostos (BARROS NETO, 2004). Além do mais, por sua natureza jurídica de empresa pública ela não pode contratar e despedir funcionários livremente. Conforme consta na Constituição Federal de 1988, a investidura em emprego público só pode acontecer mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos. Assim, esta é mais uma característica que a define como uma Organização Pública, haja vista que neste tipo de organização o processo de contratação de pessoal deve obedecer ao princípio da isonomia e da impessoalidade. Segundo Di Pietro (2009, p. 363), no que concerne a exploração de “atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou prestação de serviços, dispondo, dentre outras matérias, sobre licitação e contratação de obras e serviços, compras e alienações”, as empresas públicas devem observar os princípios da administração pública. A autora faz referência ao artigo 173 da Constituição Federal, explicando que as empresas públicas, sociedades de economia mista e de suas subsidiárias devem respeitar os princípios da administração pública, ainda que pertençam a administração pública indireta, ou seja, só podem fazer aquisição e contratação de obras e serviços mediante processo de licitação (ANDRADE, 2009; DI PIETRO, 2009; MEDAUAR, 2012). Assim, com a detenção do capital pelo Governo Federal e funcionando como um órgão da administração direta, e ainda servindo aos interesses coletivos na prestação de entrega de correspondências a baixo custo (além de outros serviços), bem como a contratação de pessoal mediante concurso público, bem como também a contratação de produtos e serviços mediante licitação, ela pode ser classificada como pertencente ao setor público, obedecendo aos princípios gerais da administração pública. O serviço principal da estatal, conforme pesquisa realizada no sítio da empresa e na agência, além do decreto-lei que cria a ECT como empresa pública, é o de entrega de encomendas e correspondência no âmbito de todo o território nacional. Inclusive, a estatal possui o monopólio da entrega de correspondência em todas as regiões do país, considerada como monopólio natural. O reconhecimento como monopólio natural para a entrega das correspondências em todo vasto território nacional é justificado pela empresa em função do não interesse comercial de empresas privadas em fazer essas entregas de baixo custo, em regiões de difícil acesso. Entretanto, no que diz respeito à entrega de encomendas, ela não possui monopólio e esse mercado é aberto à livre concorrência. Justamente neste tipo de mercado concorrencial é que os serviços suplementares farão a maior diferença na hora do consumidor escolher uma empresa onde enviar sua encomenda. Compreendido qual o serviço principal da empresa, chegam-se também naqueles serviços que são considerados como serviços suplementares facilitadores e realçadores. A empresa utiliza, na prestação dos seus serviços, as duas modalidades de serviços suplementares. O escopo deste trabalho é limitado à pesquisa dos serviços suplementares disponibilizados na agência, principalmente no que diz respeito ao atendimento. Isto porque, além de disponibilizar os seus serviços no ponto de venda, também há serviços disponibilizados pela internet. Por isso o recorte limita-se aos serviços disponibilizados na loja. Na elaboração deste trabalho observam-se os diversos elementos suplementares presentes na prestação do serviço. Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011) destacam que é a natureza do serviço que determina quais os serviços suplementares que comporão o serviço principal. Por isso nem sempre um serviço disporá de todos os elementos suplementares cercando o serviço principal com o objetivo de facilitar o seu uso, ou realçar seu valor. Entretanto, na empresa estudada notaram-se todos os elementos suplementares que agregam valor ao serviço principal. No que diz respeito à informação, este tipo de serviço suplementar é desempenhando principalmente pelos funcionários do atendimento. Mesmo havendo painéis de informação no hall de atendimento da agência com a finalidade de informá-los sobre os mais diversos produtos e serviços disponibilizados pela empresa, são os funcionários os principais meios de informação para os clientes. Geralmente, os usuários solicitam informações no momento do atendimento. Já sobre o recebimento de pedidos este é mais comum no balcão de atendimento da unidade. O que determina o sucesso desse tipo de serviço é a rapidez, agilidade e precisão dos funcionários quando recebem a solicitação de algum serviço. Cobrança e pagamento, por sua vez, ocorrem quase simultaneamente. Aqui o que deve ficar claro para o cliente é a correta colocação dos valores cobrados no ticket de atendimento, além do esclarecimento feito pelos funcionários do atendimento para aqueles que sentem dúvida em relação à alguma cobrança. A cobrança deve ser feita de forma simples e de fácil compreensão, a fim de que entendam o que está efetivamente sendo cobrado. Quanto ao pagamento, a empresa disponibiliza os mais diversos meios. Aceita cheques, dinheiro, cartão de crédito e débito. Tudo isso tem por finalidade facilitar a utilização do serviço principal da empresa. Dessa forma, como forma de realçar o valor desse mesmo serviço, os funcionários fornecem consulta, quando solicitados, aos clientes da unidade. Assim, quando necessitam abrir uma conta bancária ou fazer a postagem de uma encomenda, o conhecimento e a experiência do funcionário pode ajudar o cliente na hora de tomar uma decisão sobre qual serviço utilizar ou comprar. Já no quesito hospitalidade, o bom atendimento é o que torna a experiência do serviço mais satisfatória, e busca agregar maior valor percebido pelo cliente. No que diz respeito à salvaguarda, existe certa preocupação por parte da empresa em fornecer envelopes e embalagens que ofereçam maior segurança nas postagens dos seus clientes. Por fim, para as exceções existe o Fale Conosco da empresa, que busca de forma primordial resolver as reclamações dos clientes. Embora a gerência resolva de maneira pontual algumas delas, o meio legal para resolver qualquer tipo de problema é por meio do Fale conosco. Além disso, outro elemento de salvaguarda importante que a empresa pratica é o reembolso, total ou parcial, dos valores pagos pelos clientes no caso de extravio de correspondência ou mercadoria. Esta prática visa agregar mais valor na prestação do serviço, uma vez que oferecer garantias transmite ao cliente maior segurança no momento em que ele vai postar suas mercadorias, e diminui a incerteza quanto ao serviço prestado. Dessa forma, como descrito acima, percebe-se que a estatal em questão utiliza todos os serviços suplementares que tanto facilitam quanto realçam o valor do produto principal. Por isso, foi aplicado um questionário aos clientes buscando medir quais desses elementos mais agregam valor do ponto de vista do cliente. 4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS Inicialmente, foi realizada a análise do perfil dos clientes que utilizaram os serviços da empresa nos dias em que foi feita a pesquisa de campo. Foram coletados dois dados demográficos: sexo e idade. Por fim, será feita a análise e interpretação dos dados no que se refere aos serviços suplementares. Sobre o perfil dos clientes, a maioria dos que frequentaram a agência pertencem ao sexo masculino, como podemos observar na tabela abaixo: Tabela 1 – Perfil dos clientes que frequentam a Agência de Correios Sexo Quantidade de entrevistados Masculino 128 Feminino 72 Com relação à faixa etária, classificou-se em cinco faixas, em que a predominante foi a que corresponde a 26 a 35 anos de idade. Segue abaixo a tabela: Tabela 2 – Faixa etária dos clientes que frequentam a Agência de Correios Idade Quantidade de entrevistados 16 a 25 anos 47 26 a 35 anos 60 36 a 45 anos 35 46 a 55 anos 30 Acima de 55 anos 28 % 23,5 30 17,5 15 14 Por fim, as questões que abordam sobre os serviços suplementares foram o total de dez questões. Foram entrevistados 200 clientes. Eles avaliaram, conforme o questionário, aqueles serviços oferecidos pela empresa que buscam agregar valor ao serviço principal. Para cada elemento suplementar foi elaborado uma questão. Assim, foi perguntado aos clientes se eles concordavam ou discordavam, em parte ou no todo, se os serviços suplementares levantados na pesquisa estavam de acordo. Os clientes tinham cinco opções como resposta, desde concordo totalmente a discordo totalmente. As respostas concordo totalmente e concordo evidenciam que tal serviço suplementar existe e agrega valor. As respostas discordo parcialmente ou discordo totalmente mostram que os serviços oferecidos apresentam defeito em parte ou no todo, e medidas de correção precisam ser feitas. Para os serviços que não soubessem avaliar, por não conhecerem ou não utilizarem, foi deixada uma alternativa de resposta como não sei. A questão dez poderia ser deixada em branco caso a resposta da questão nove fosse não. Ainda existia uma questão aberta. Esta tinha a finalidade de saber as sugestões ou críticas feitas aos serviços, a fim de saber se existia mais algum serviço suplementar que pudesse ser oferecido aos clientes e que por algum motivo a empresa não o fazia. Assim, abaixo seguem uma tabela que quantifica as respostas de todos os clientes que foram entrevistados naqueles dias. Tabela 3 – Avaliação dos serviços suplementares Respostas Cobrança % Pagamento % Consulta % Hospitalidade % Salvaguarda % Discordo parcialmente Discordo totalmente Total de entrevistados em % Recebimento de pedidos % Não sei Informação % Concordo totalmente Concordo Serviços suplementares 61 48 62 44 48 74 52 33 42 27 44 42 23 33 3 2 4 4 2 0 10 1 6 4 5 5 1 2 2 2 3 3 3 2 3 100 100 100 100 100 100 100 Conforme demonstrado pela tabela, todos os serviços suplementares ofertados pela empresa possuem avaliação positiva, representando nível de concordo totalmente e concordo superior a 85% em todos os casos. O serviço suplementar que apresentou uma avaliação menor em relação aos demais foi o serviço de salvaguarda. Já o serviço suplementar melhor avaliado entre os outros foi o de hospitalidade, que alcançou uma avaliação de 97%. O único serviço não demonstrado na tabela foi o de exceções. Para este serviço dos clientes entrevistados apenas 6 utilizaram o serviço do Fale Conosco, que busca resolver os problemas na prestação de serviço da empresa. Dos seis que utilizaram, 4 disseram que tal serviço esta de acordo, e apenas dois discordaram em parte. Isso sugere que a quase não utilização do serviço de exceção se deve em função da baixa concentração de problemas em relação aos serviços prestados. Já sobre os serviços suplementares que apresentaram nível de discordância parcial ou total e, portanto, uma avaliação mais negativa em relação aos outros itens foram os de pagamento e cobrança, que alcançaram percentuais de 8% cada um. Entretanto, com esse índice é possível dizer que tais serviços ainda agregam valor, segundo a ótica dos clientes. A última questão, que era aberta, abordava aspectos de crítica ou sugestão de melhoria dos serviços prestados. Houve críticas e sugestões, mas as principais se referem a novos elementos suplementares que podem ser oferecidos e agregarem ainda mais valor na oferta do serviço principal. Por exemplo, como os Correios prestam serviços bancários foi sugerido vigilante, que é um elemento de salvaguarda. Também foram sugeridos mais longarinas e bebedouro, que são elementos de hospitalidade que buscam trazer mais conforto enquanto os clientes esperam pelo atendimento. Também foi sugerido maior durabilidade dos comprovantes de pagamento, pois os mesmos se apagam facilmente com o tempo. Por fim, foi sugerida a colocação de caixa eletrônico, fazendo novamente a menção dos Correios como correspondente bancário. Isso ajudaria no atendimento dos clientes que desejam fazer apenas serviços bancários, e agilizaria o recebimento de pedidos desses serviços. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nesse estudo foi possível saber que a filial estudada utiliza serviços suplementares que agregam valor na oferta do serviço principal. Por meio da aplicação do questionário foi testado o vigor do modelo da Flor de Serviços nesta agência e também foi possível comprovar que os serviços existem e que os clientes atestam tal existência. Isso ficou comprovado, pois em todas as questões respondidas pelos clientes houve mais de 85% de concordância em todas as questões. Algumas tiveram respostas positivas na casa dos 97%. Assim, o resultado mostrou ser favorável a adoção dos serviços suplementares no atendimento, inclusive na filial de uma empresa estatal. Isso reforça a adoção de práticas de marketing no setor público, e também a preocupação dessas organizações em atender bem aos seus clientes/usuários por meio dessas práticas. Embora seja necessário um rigor cuidadoso para atender seus usuários, concorrer no mercado, sem perder o caráter público da organização Além disso, os resultados reforçam a utilização cada vez maior do marketing nas organizações públicas, uma vez que tanto o marketing quanto o setor público convergem no sentido de satisfazer a necessidade seja dos seus clientes, seja dos seus usuários. Em relação à hipótese de se conhecer a existência de serviços suplementares que agregam valor na filial da estatal, a mesma foi comprovada. A pesquisa, no entanto, não se aprofundou em conhecer todos os possíveis serviços que agregam valor segundo a ótica dos clientes, mas apenas se alguns serviços levantados atendiam ou não aos requisitos do modelo da Flor de Serviços. Como sugestão futura de trabalho, é possível levantar junto aos clientes quais são todos os serviços que agregam valor conforme a opinião deles, e buscar estabelecer uma escala diferente de avaliação, em que em vez de eles mostrarem o nível de concordância ou discordância em relação aos serviços prestados, pudessem atribuir notas, demonstrando qual a importância que eles atribuem a todos os serviços oferecidos. O mais importante dessa sugestão é que ela pode ser aplicada em qualquer organização, incluindo as organizações públicas. REFERÊNCIAS ANDRADE, Flávia Cristina Moura de. Direito administrativo. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Administração pública e de empresas: duas coisas muito diferentes. Revista Gestão Pública, v. 2, p. 35-41, 2013. Disponível em: < http://www.bresserpereira.org.br/papers/2010/417-Autonomia-adm-p%C3%BAblicaartigo.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2015. CRESCITELLI, Edson.; MANDAKOVIC, Tomislav. 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