1 Informativo do NEGED Informativo do NEGED Núcleo de Estudos sobre Gênero e Diversidade Sexual Discutindo conceitos sobre gênero e diversidade sexual Uma atividade do Núcleo de Estudos sobre Gênero e Diversidades do CEFET-MG O NEGED objetiva assegurar que atividades de pesquisa, ensino e extensão pautem questões referentes às relações de gênero como construção social, posto que cultura a cultura é dinâmica e constantemente reinventa tradições e significados. Identidade de gênero é o resultado de uma construção cultural, social e simbólica e não de uma determinação do sexo biológico. A maneira de ser homem e de ser mulher define-se pela cultura e nos contextos socioculturais. Gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos. Objetivos específicos do NEGED • Promover o diálogo sobre a intersecção de gênero, classe, raça, sexualidade e diversidades por meio da organização de atividades no âmbito do ensino, pesquisa e extensão; • realizar estudos e pesquisas sobre gênero e aprendizagem, formação de professores, ensino técnico e tecnológico, classe social, profissões, etnia, orientação sexual, entre outros; • propor e monitorar políticas, programas e projetos que promovam a equidade de gênero e uma educação nãosexista; • contribuir para a promoção da educação não sexista no CEFET-MG; • produzir e reproduzir cartilhas e materiais educativos; • divulgar os resultados de estudos e pesquisas realizadas pelo NEGED. Nº 01 | Julho/Agosto | 2014 Qual a importância de debater sobre gênero e sexualidade no CEFET-MG? As hierarquias sociais que resultam das relações assimétricas entre homens e mulheres não são definidas apenas nas relações de gênero, mas pela combinação das relações de gênero com outras categorias como pertença socioeconômica, etnia, raça e idade. Discriminações vivenciadas por homens e mulheres em função de suas identidades de gênero e de suas orientações sexuais estão também presentes nas instituições escolares. O conceito de gênero nas ciências humanas e sociais serve para distinguir a dimensão biológica da dimensão social. O ambiente escolar é um lugar de produção e reprodução de normas sociais que podem contribuir para a desigualdade e o preconceito. Deste modo é importante proporcionar que no CEFET-MG, por causa de sua natureza educativa e função social de formar cidadãos e cidadãs, tais aprendizagens sobre o conceito de gênero devem ser constantemente reafirmadas, de modo a possibilitar o engajamento com o desenvolvimento de ações, programas e políticas institucionais que promovam a equidade de gênero e a inclusão social e educacional. O NEGED pretende facilitar atividades e ações que promovam no âmbito dos processos de ensino-aprendizagem, da pesquisa e das atividades de extensão a conscientização de que o comportamento de homens e mulheres em sociedade é construído ao longo de aprendizagens familiares, escolares e sociais. Neste sentido, é necessário problematizar o fato de que grande parte dos postos de direção nas empresas, indústrias e também no sistema escolar é ocupado por homens. Existem significativas diferenças salariais entre homens e mulheres e, ainda persiste, uma concentração de homens na área de matemática, física e química, assim como na engenharia e informática, 2 enquanto as mulheres tendem a se concentrar em atividades de ensino e na área da enfermagem e do serviço social, para citar alguns exemplos. É no interior de instituições escolares, por causa de sua natureza educativa e função social de formar cidadãos e cidadãs, que tais aprendizagens sobre o conceito de gênero precisam ser constantemente reafirmadas, de modo a possibilitar que instituições escolares engajem, de forma cada vez mais crescente, com o desenvolvimento de ações, programas e políticas institucionais que promovam a equidade de gênero e a inclusão social e educacional. Glossário Sexo Provém do Latim sexus e refere-se à condição orgânica, biológica, anatômico-fisiológica que distingue o macho da fêmea. Seu poder de distinção reside na estabilidade ao longo do tempo. Gênero Provém do Latim genus e refere-se ao código de conduta que rege a organização social das relações entre homens e mulheres. É o modo como as culturas interpretam e organizam a diferença sexual entre macho e fêmea. Referese ao conjunto de atributos negativos ou positivos que se aplicam diferencialmente a homens e mulheres desde o nascimento e determinam funções, papéis, ocupações e as relações entre eles na sociedade e entre eles mesmos. Esses papéis e relações sociais não são determinados pelo sexo biológico, mas, sim, pelo contexto social, cultural, político, religioso e econômico de cada organização humana e são passados de uma geração a outra. São as valorações e definições construídas pela sociedade para moldar o perfil do que é ser homem ou ser mulher numa determinada sociedade. Informativo do NEGED Identidade de Gênero ou Identidade Sexual Gênero com o qual uma pessoa se identifica, que pode ou não concordar com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. Diferente da sexualidade da pessoa, Identidade de gênero e orientação sexual são dimensões diferentes e que não se confundem. Orientação Sexual Atração afetivo-sexual por alguém. Sexualidade. Diferente do senso pessoal de pertencer a algum gênero. Feminilização Refere-se ao significado quantitativo, ou seja, o aumento do peso relativo do sexo feminino na composição de um determinado grupo: profissão ou ocupação, curso, setor da sociedade, etc. Feminização Refere-se ao significado qualitativo, ou seja, alude às transformações de significado e valor social de um determinado grupo por uma determinada sociedade, vinculadas à concepção de gênero predominante em uma época. Presume-se que exista uma relação direta entre o acesso maciço de mulheres a uma determinada profissão ou ocupação ou curso (feminilização) e sua transformação qualitativa de maior ou menor prestígio social (feminização). À medida que aumenta a presença feminina, diminuem as remunerações e o prestígio social da profissão. Discriminação Conduta (ação ou omissão) que viola os direitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos tais como a raça, o sexo, a idade, a orientação sexual, a opção religiosa e outros. É algo como a tradução prática, a exteriorização, a manifestação, a materialização do racismo, do preconceito e do estereótipo. Resulta em violação dos direitos. Informações e contatos Coordenação Geral de Relações Étnico-Raciais, Inclusão e Diversidades Prof.ª Dr.ª Raquel Quirino (CGRID) Departamento de Educação Diretoria de Extensão e Desenvolvimento Comunitário (DEDC) Profa. Dra. Silvani Valentim Prédio administrativo do CEFET-MG, Campus I, terceiro andar. Departamento de Educação Telefone: 3319-7085 (Laura) – 13:00 às 18:00. Diretoria de Extensão e Desenvolvimento Comunitário (3319-7026) E-mail: [email protected] Coordenadora-Geral de Relações Étnico-Raciais, Inclusão e Diversidades 3 Informativo do NEGED Discriminação direta ou manifesta Refere-se às regras e códigos instituídos para salvaguardar espaços de poder, ou seja, a exclusão explícita de um grupo social, em razão de seu sexo, raça, religião, idade etc. Tem como consequência, a manutenção dos membros de um determinado grupo em situação desvantajosa ou desfavorável. Discriminação encoberta ou indireta Consiste em ideias e práticas admitidas informalmente, influenciando um comportamento “usual” e “válido” para cada grupo social. Essas práticas, que parecem neutras, criam desigualdades entre pessoas com condições idênticas, por sua raça/etnia, idade, religião, nacionalidade, entre outros aspectos. Autodiscriminação é uma espécie de vigilância internalizada para assegurar que agimos de acordo com os parâmetros delimitados pela manifestação encoberta ou indireta. Constituiu-se de mecanismos internos de repressão que modelam nossos desejos, expectativas, anseios e motivações, de forma que algumas opções tornam-se impulsivas e, outras, fortemente orientadas. Patriarcado Refere-se ao poder dos homens, ou do masculino sendo que as mulheres estariam hierarquicamente subordinadas aos homens. A supremacia masculina ditada pelos valores do patriarcado atribuiu um maior valor às atividades masculinas em detrimento das atividades femininas; legitimou o controle da sexualidade, dos corpos e da autonomia femininas; e, estabeleceu papéis sexuais e sociais nos quais o masculino tem vantagens e prerrogativas. O patriarcado, enquanto teoria universal e totalizante, é tema controverso no campo dos estudos feministas porque seria inadequado falar, nos dias de hoje, em “sociedade patriarcal”. Patriarcalismo Tem origem na ideia de Patriarcado, que, por sua vez, tem surge da palavra grega pater. É errado dizer que na história da humanidade o homem sempre foi superior às mulheres nas relações sociais, pois, na verdade, o patriarcalismo apenas inverteu a ordem de supremacia, que em muitas civilizações tinha a mulher como superior, o matriarcalismo. Antes, os homens cultuavam uma Deusa Mãe. Machismo O machismo é muito identificado com a ideia de patriarcado, sendo este uma estrutura que relega privilégios aos homens. Embora muitos vejam os dois termos como sinônimos, o machismo é apenas uma das crenças do patriarcado, que busca manter a crença na inferioridade da mulher. Femeanismo O contrário de machismo. Significa a superioridade da mulher sobre o homem Movimento Feminista Movimento social e político de defesa de direitos iguais para mulheres e homens, tanto no âmbito da legislação (plano normativo e jurídico), quanto no da formulação de políticas públicas que ofereçam serviços e programas sociais de apoio a mulheres. Feminismo Conjunto de teorias e práticas que podem ser divididos em quatro momentos: o primeiro refere-se fundamentalmente à conquista do sufrágio feminino, movimentos do século XIX e início do XX preocupados principalmente com o direito da mulher ao voto. O segundo grande movimento diz respeito às ideias e ações associadas com os movimentos de liberação feminina iniciados na segunda metade da década de 1960, que lutaram pela igualdade jurídica e social das mulheres. O terceiro grande momento, tendo iniciado na década de 1990, pode ser considerado uma continuação e uma reação às falhas do segundo movimento. O quarto momento é o que estamos vivenciando nas primeiras décadas do século XXI em que as questões étnicas, raciais, e de diversidade cultural e sexual ocupam um lugar central no pensamento e práxis feminista. 4 Heteronormatividade É um termo usado para descrever situações nas quais orientações sexuais diferentes da heterossexual são marginalizadas, ignoradas ou perseguidas. Isto inclui a ideia de que os seres humanos recaem em duas categorias distintas e complementares: macho e fêmea; que relações sexuais e maritais são normais somente entre pessoas de sexos diferentes; e que cada sexo têm certos papéis naturais na vida. Assim, sexo físico, identidade de gênero e papel social de gênero deveriam enquadrar qualquer pessoa dentro de normas integralmente masculinas ou femininas, e a heterossexualidade é considerada como sendo a única orientação sexual normal. As normas que este termo descreve ou critica podem ser abertas, encobertas ou implícitas. Informativo do NEGED Educação não sexista Estereótipos sobre o papel social de homens e mulheres em sociedade gera a desigualdade, colocando a mulher como inferior ao homem. Educação não sexista tem o papel de desconstruir valores machistas e discriminatórios construídos pela sociedade. Propõe-se a desenvolver ações que promovam, no âmbito da escola e seu entorno, relações menos preconceituosa e mais igualitária entre as pessoas. REFERÊNCIAS GÊNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA: FORMAÇÃO DE PROFESSORAS/ES EM GÊNERO, ORIENTAÇÃO SEXUAL E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS. Livro de conteúdo. Versão 2009. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília:SPM, 2009. OIT/MTb. Brasil, gênero e raça. Todos unidos pela igualdade de oportunidades. Discriminação: teoria e prática. Programa Nacional de Direitos Humanos. Brasília: Programa de Cooperação Técnica MTb/OIT, jan. 1998. VOGEL, Arno. (Org.) Trabalhando com a diversidade no Planfor: raça/cor, gênero e pessoas portadoras de necessidades especiais. São Paulo: Editora UNESP; Brasília: Flacso do Brasil, 2001. JESUS, Jaqueline Gones. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília: Autor, 2012. DEd Departamento de Educação