Toxicodependência e Sexualidade

Propaganda
Revista TOXICODEPENDÊNCIAS
® Edição SPTT Volume 7 Número 3
Ano 2001 pp. 41-52
Resumo: O autor faz ao longo deste artigo (dividido em Parte I e II) uma breve
revisão bibliográfica sobre as possíveis interacções entre o consumo de drogas
e a sexualidade, focando-se nesta primeira parte as questões ligadas ao consumo de álcool, de cannabinoides e de sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. Tentase desta forma estabelecer, através de alguns estudos e investigações que têm
sido levadas a cabo ao longo dos últimos anos, um esboço das prováveis
interacções e inter-relações entre o binómio drogas/sexualidade. Previamente
referenciam-se também algumas das dificuldades e limitações com que, na
opinião do autor, um trabalho deste tipo se confronta.
Palavras-chave: Interacção; Drogas; Sexualidade; Comportamento Sexual.
Toxicodependência e Sexualidade:
Revisão Bibliográfica a Propósito
das suas Possíveis Interacções (Parte I)(*)
Résumé: L'auteur procède, dans ce texte à une brève révision bibliographique
concernant les interactions possibles entre usage de drogues et sexualité, en
mettant en lumière les problèmes dérivés des abus d'alcool, cannabinoides,
tranquillisants, hypnotiques et ansiolitiques. On essaie, de cette façon, d'établir
tout au long de quelques études et recherches qui ont été menées les dernières
années, une ébanche des interactions probables et des inter-relations entre le
binôme drogues/sexualité. En plus on remarque aussi les difficultés et
limitations auxquels une étude de ce genre doit se confronter.
Mots clé: Interactions; Drogues; Sexualité; Comportement sexuel.
"Legal and illegal drug use have long been linked with
Abstract: Througout this paper (Part I and Part II) the author makes a brief
bibliographical review on possible interactions between drugs use and sexuality,
this first part enhancing issues such as alcohol, by-products of cannabis and
sedatives, hypnotics and anti-stress tabs. He tries, using some studies and
researches carried out last years, to draw a sketch of probable interactions and
inter-relations between drugs/sexuality binomial. He also draws his opinion
about some dificulties and limitations this kind of work faces.
Keywords: Interaction; Drugs; Sexuality; Sexual behaviour.
Pretende-se com este artigo fazer uma breve revisão
Paulo Alexandre Lorga
sexuality for a host of reasons. These include social and
cultural as well as psychological and physiological factors.
Drinking is commonly associated with dating and with
sexual encounters. So too are a number of “illicit drugs”,
albeit on a less popular or widespread basis". (PLANT
&
PLANT, 1992, pp. 2-3)
bibliográfica sobre as possíveis interacções entre o binómio consumo de drogas/sexualidade e sobre eventuais
perturbações no ciclo de resposta sexual de que estas
podem ou não ser responsáveis.
Um trabalho deste tipo confronta-se, desde logo, com
algumas dificuldades, devido quer às diferentes metodologias e pressupostos teóricos utilizados nos diversos estudos quer também à própria natureza e dificuldade do
objecto em estudo (nomeadamente no que à sexualidade
diz respeito), destacando-se:
• a não existência entre os diversos autores de um quadro
único de referência em relação ao problema das disfunções sexuais e respectiva classificação, encontrando-se
uma multiplicidade de definições ou conceitos relativos à
mesma entidade clínica ou, o que se revela ainda mais
complicado, a utilização de um único conceito para abarcar uma multiplicidade de entidades clinicamente diferentes e distintas(1);
• a complexidade da resposta sexual, que pode e deve
ser vista como compreendendo uma série de componentes integrados(2), interagindo entre si(3);
• a omissão, na maioria dos estudos, das questões ligadas à quantificação e qualidade das doses consumidas,
bem como uma grande variabilidade relativamente ao tipo
e composição das populações estudadas(4);
• a praticamente inexistência de dados normativos que
possam providenciar dados descritivos sobre a frequência
41
e variedade de comportamentos ou dificuldades sexuais
ções sociais na interacção com a acção farmacológica ao
ao nível da toxicodependência, de forma a se poder ter
nível do processo de excitação e da resposta sexual,
uma ideia clara e uma linha de base comportamental,
dependendo a sua influência da experiência pessoal e da
que sirva de termo de comparação entre os diversos
aprendizagem social que lhe está subjacente (CROWE &
estudos (5).
GEORGE, 1989). As crenças sobre o efeito do álcool no
Ainda assim, tentou-se fazer um apanhado de alguns
comportamento sexual fazem parte da história, do folclore
dados disponíveis, pelo muito que representam em termos
e da própria opinião popular, aparecendo ligadas quer à
do que se sabe até este momento sobre a interacção
sedução quer ao sexo e veiculando a ideia de que os
drogas/sexo(6).
Optou-se, por razões de clareza e siste-
utilizadores ficam mais sexualmente desinibidos, interes-
matização, por falar separadamente das principais subs-
sados em sexo e sexualmente mais agressivos (LEIGH,
tâncias utilizadas hoje em dia pelos toxicodependentes
1990). Como referem PLANT e PLANT (1992) "the relation-
(embora agrupando algumas delas tendo em conta o seu
ship between alcohol and sexual behaviour is influenced
mecanismo de acção ou efeitos similares), pelo menos em
by people's expectations of what effects alcohol might
termos da sua importância e frequência de uso, já que
have on sexual activity" (p. 111), o que talvez explique o
como refere TOUZEAU (1988), "il était difficile de tous les
facto de o beber num encontro sexual ser mais importante
présenter, aucune classe de médicament n'ayant échappé à
com parceiros novos do que com um parceiro regular
leur inlassable recherche" (p. 7).
(25% contra 7%), uma vez que as expectativas parecem
Pela dimensão do artigo, e dadas as suas próprias carac-
contribuir tanto para o consumo de álcool em encontros
terísticas, procedeu-se à sua divisão em duas partes,
sexuais como os sentimentos e comportamentos expe-
abordando-se ao longo da primeira as questões ligadas
rienciados durante esses encontros (LEIGH, 1990).
ao álcool, aos cannabinoides e aos sedativos, hipnóticos
Talvez por isso não sejam de admirar os resultados encon-
e ansiolíticos, e na segunda os opiáceos, a cocaína (e
trados por WILSON & LAWSON (1976)(7) no seu estudo
outros estimulantes), os alucinogéneos e o ecstasy.
com mulheres não alcoólicas, em que à exibição de filmes
eróticos era associada a ingestão de álcool, tendo verifi-
1. Álcool
cado que este diminuía os sinais objectivos de excitação
sexual (medidos por fotopletismografia vaginal) e aumen-
42
As contradições entre os auto-relatos e as medidas
tava a percepção subjectiva de excitação; ou mesmo o
fisiológicas ao nível da sexualidade nos consumidores de
facto de alguns dados indicarem que as mulheres alcoóli-
álcool mostram que os factores farmacológicos e psicos-
cas são sexualmente mais activas quando intoxicadas
sociais parecem ter um efeito independente e interactivo
do que quando sóbrias, apesar dos efeitos supressores
na mediação dos efeitos deste no comportamento sexual
do álcool ao nível da “responsividade” sexual feminina
(ROSEN & BECK, 1988; COOPER, 1994), na medida em
(SEGRAVES, 1988b), mesmo em doses moderadas
que do ponto de vista do primeiro o álcool parece diminuir
(MASTERS et al., 1992), o que remete para a importância
e dificultar a excitação sexual (sobretudo com níveis
de outros factores que não só os farmacológicos.
altos), enquanto do ponto de vista do segundo se verifi-
Como referem CROWE e GEORGE (1989), o álcool
cam relatos quer de um aumento da excitação quer de
desinibe a excitação sexual de um ponto de vista psico-
um iniciar mais fácil dos comportamentos sexuais, situa-
lógico, mas suprime a resposta fisiológica, dependendo
ções que parecem mais influenciadas pelas expectativas
estes efeitos dos níveis de álcool consumidos: maior
sociais e circunstâncias em que o álcool é consumido do
desinibição para baixas doses e maior supressão para
que pela sua acção farmacológica directa (SEGRAVES,
doses altas. Existe contudo a este nível um paradoxo que
1988b).
permite diferenciar ambos os sexos, e que está relacio-
Segundo SCHIAVI (1990), os estudos sobre a ingestão
nado com a vivência subjectiva da excitação, chamando
aguda de álcool têm demonstrado a importância do papel
uma vez mais a atenção para a importância de ser neces-
das expectativas, dos processos cognitivos e das condi-
sário ter em consideração as dimensões fisiológicas e
psicológicas na interacção álcool/sexualidade: se para os
erecções parciais, referindo WAKEFIELD et al. (1996) que
homens o aumento das taxas de álcool no sangue tem
aproximadamente 50% dos sujeitos que procuram ajuda
por efeito diminuir a excitação subjectiva, o prazer e a
para o seu problema com o álcool relatam problemas de
intensidade orgásmica, nas mulheres este aumento leva a
impotência. Os homens alcoólicos referem também me-
relatos de maior excitabilidade, maior prazer e intensidade
nos prazer com as experiências sexuais (FAGAN et al.,
orgásmica, mesmo que os índices fisiológicos apontem
1988), verificando-se igualmente uma diminuição da fre-
na direcção contrária.
quência masturbatória (MASTERS et al., 1992), com pos-
A ingestão aguda de baixas doses de álcool pode ter por
sibilidade de aumento do tempo de latência até ao
efeito um aumento da iniciativa e do desejo sexual, devido
orgasmo durante esta actividade (SEGRAVES, 1988b) e
sobretudo a factores desinibitórios, embora alguma inves-
uma diminuição das sensações de prazer e da intensi-
tigação experimental mostre que nem sempre a ingestão de
dade orgástica (MASTERS et al., 1992).
álcool resulte necessariamente em desinibição sexual
Nas mulheres verificam-se queixas de dificuldades ao nível
(LEIGH, 1993), tendo também FAGAN et al. (1988) verifica-
da excitação (SEGRAVES, 1988b; ROSEN & BECK, 1988;
do que os homens que abusam de álcool podem sobres-
MASTERS et al., 1992; WAKEFIELD et al., 1996), diminuição
timar a excitação sexual sob a influência do álcool, na medi-
do interesse sexual (MASTERS et al., 1992; HOLLISTER,
da em que eram os homens sexualmente disfuncionais e
1975), dificuldades ou supressão da resposta orgástica
alcoólicos que relatavam um aumento da libido sob a
(LEIGH, 1990; MASTERS et al., 1992; WAKEFIELD et al.,
influência do álcool, por comparação com não alcoólicos.
1996) e aumento do tempo de latência até ao orgasmo nas
Pode também prejudicar simultaneamente a capacidade de
actividades masturbatórias (SEGRAVES, 1988b). O próprio
desempenho, nomeadamente nos homens, onde pode
consumo de álcool está também associado com uma me-
induzir disfunções erécteis, embora, segundo MASTERS
nor ocorrência de actividade sexual (LEIGH, 1993), embora
et al. (1992), uma baixa concentração de álcool no sangue
FAGAN et al. (1988) refiram que no seu estudo as mulheres
possa ter como ligeiro efeito uma melhoria da erecção.
com disfunções sexuais expressavam maior gozo, vigor e
Nas mulheres, baixas concentrações de álcool parecem
libido por comparação com os homens (que relatam exac-
ter pouco efeito ao nível da “responsividade” erótica, mas
tamente o contrário).
o seu aumento em termos moderados induz uma redução
Os números encontrados pelos diversos estudos são
do fluxo vaginal, um aumento do tempo de latência em
contudo discrepantes, indicando intervalos percentuais
face do orgasmo e uma menor intensidade orgástica
que nos homens andam na ordem dos 8% a 54% para
(MASTERS et al., 1992).
problemas de impotência (ROSEN & BECK, 1988;
À medida que aumentam os níveis sanguíneos de álcool (al-
SCHIAVI, 1990; COCORES et al., 1988), 31% a 58% para
colémia), este induz dificuldades ao nível da excitação sexual
problemas relativos a falta de desejo (SCHIAVI, 1990) e
e no orgasmo (que pode ser retardado ou mesmo inibido) em
5% a 10% para situações relativas a ejaculação retardada
ambos os sexos, conforme tem sido observado em estudos
ou inibição orgástica (COCORES et al., 1988; MASTERS
de natureza laboratorial (FAGAN et al., 1988; COOPER, 1994).
et al., 1992), enquanto que nas mulheres os números
Nos homens interfere com a capacidade eréctil, podendo
apontam para 30% a 40% de dificuldades de excitação e
estes apresentar dificuldades na obtenção ou manutenção da
15% com dificuldades orgásticas (MASTERS et al., 1992).
erecção, enquanto nas mulheres interfere com a capacidade
Para SCHIAVI (1990), se existe esta discrepância nos dife-
de lubrificação, podendo também a sua “responsividade”
rentes estudos ela tem a ver sobretudo com questões de
orgástica ser bloqueada (MASTERS et al., 1992).
natureza metodológica, nomeadamente com diferenças na
A sua utilização crónica, apesar de afectar todo o ciclo de
composição clínica das amostras, com o carácter retros-
resposta sexual, atinge sobretudo o mecanismo de exci-
pectivo dos estudos e com a falta de participação das(os)
tação e a capacidade eréctil nos homens (ROSEN &
companheiras(os) na avaliação psicossexual, a que se jun-
BECK, 1988), envolvendo uma maior latência à tumes-
tam definições de alcoolismo e disfunção sexual muitas
cência, erecções menos rígidas e um maior número de
vezes não coincidentes.
43
Em relação aos efeitos do álcool a longo prazo é de admitir
da crença de que facilita o comportamento sexual
a existência de diferentes mecanismos causais no desenvol-
(ROSEN & BECK, 1988).
vimento de disfunções sexuais, tais como distúrbios endó-
Por outro lado, a baixa de resistência às infecções e pro-
crinos, neurológicos, psicológicos e interpessoais (ROSEN &
blemas de má nutrição, consequências quer do consumo
BECK, 1988), que agindo de forma isolada ou interagindo
quer do próprio estilo de vida imposto pelo consumo,
entre si podem explicar o aparecimento e a manutenção do
quando em conjunto com todas as outras situações,
comportamento disfuncional, embora, segundo SCHIAVI
podem também, só por si, providenciar uma base bioló-
(1990), não exista informação empírica que permita identi-
gica para o aparecimento de disfunções sexuais (MAS-
ficar quais os factores específicos pato-fisiológicos e psico-
TERS et al., 1992).
lógicos que estão envolvidos e qual a sua relação. Os
Do ponto de vista psicológico e relacional, a rejeição
factores orgânicos assumem a este nível um relevo par-
social e familiar do alcoólico e a deterioração da relação
ticular, já que a existência de alterações neurológicas cen-
do casal podem contribuir fortemente para alguns aspec-
trais (com alterações electroencefalográficas e neuro-
tos disfuncionais do ponto de vista sexual.
químicas), periféricas (polineuropatias periféricas do plexo
Os comportamentos aditivos face ao álcool podem
autonómico e alterações da sensibilidade erótica táctil),
também ser vistos com um carácter de auto-medicação,
alterações da função hepática de causa alcoólica e hormo-
envolvendo então um esforço da parte do sujeito para lidar
nais podem traduzir-se no aparecimento de problemas ao
através da ingestão alcoólica com ansiedades sexuais,
nível do desejo e excitação sexual, prevalentes nos alcoóli-
disfunções sexuais e dificuldades de relacionamento inter-
cos crónicos (SEGRAVES & SEGRAVES, 1992; BUFFUM,
pessoal. Se inicialmente a ingestão de álcool pode trazer
1982; SCHIAVI, 1990). Estes são factores importantes a ter
alguns benefícios (ainda que discutíveis face a estas
em consideração, sobretudo no sexo masculino, em que os
problemáticas), a continuação dos consumos mais não faz
problemas de desejo sexual e as dificuldades erécteis
do que agravar esta situação, induzindo também novas
podem ser também o reflexo quer das alterações hormonais
preocupações, nomeadamente ao nível do desempenho
quer de neuropatias periféricas (SEGRAVES, 1988b; ROSEN
sexual, que pode agora por via da acção farmacológica
& BECK, 1988).
directa estar verdadeiramente alterada.
Do ponto de vista hormonal, sabe-se que o abuso
A reversibilidade fisiológica dos efeitos do abuso crónico
continuado de álcool leva à depressão de produção de
de álcool pode ir de duas semanas a um ano, tudo depen-
testosterona e do seu metabolismo nos homens (CROWE
dendo dos danos entretanto causados pelo tempo de
& GEORGE, 1989; SEGRAVES, 1988b), o que pode
consumo (WAKEFIELD et al., 1996), pelo que as disfunções
explicar as dificuldades erécteis e a baixa de desejo
sexuais devidas aos efeitos sistémicos causados pelo abu-
sexual (MASTERS et al., 1992; BUFFUM, 1982; WAKE-
so podem persistir mesmo após a paragem deste (CROWE
FIELD et al., 1996). Interfere também com a função hepá-
& GEORGE, 1989; FAGAN et al., 1988), considerando
tica e com a sua capacidade de metabolização dos com-
MASTERS et al. (1992) que aproximadamente em metade
ponentes estrogénicos, o que associado à baixa de tes-
das vezes o facto de um alcoólico deixar de beber não
tosterona pode induzir um síndrome de efeminização,
implica que desapareçam as suas dificuldades, que con-
caracterizado por vários graus de ginecomastia, hipogo-
tinuam a requerer tratamento. Nesta manutenção dos
nadismo, esterilidade, atrofia testicular e alterações na
problemas podem estar envolvidos não só os factores
espermatogénese (BUFFUM, 1982; SCHIAVI, 1990;
fisiológicos como também interpessoais e relacionais
CROWE & GEORGE, 1989). Nas mulheres, paradoxal-
(FAGAN et al., 1988).
mente, pode produzir um ligeiro aumento de testosterona,
o que se pensa poder estar relacionado com o relato de
2. Cannabinoides
aumento de libido após a utilização de pequenas quan-
44
tidades de álcool (SADOCK, 1995), embora o álcool pare-
A Cannabis (e os seus derivados) tem sido utilizada ao
ça diminuir a excitação fisiológica independentemente
longo dos tempos pelos seus supostos efeitos sobre o
funcionamento sexual, atribuindo-se-lhe simultaneamente
dida em que não é um estimulante sexual (KATCHA-
propriedades afrodisíacas e anafrodisíacas. A este pro-
DOURIAN & LUNDE, 1980; SOLER INSA et al., 1981;
pósito, veja-se por exemplo, o seu uso na Índia no século
SILVESTRE et al., 1997), resultando os possíveis efeitos
XIX, onde era utilizada simultaneamente como estimu-
positivos de uma acção indirecta da droga, seja por
lante sexual nos bordéis e como supressor do desejo
intermédio das alterações perceptivas e de consciência
sexual pelos religiosos ascéticos (ROSEN & BECK, 1988).
induzidas pela substância (SEGRAVES, 1988b; SADOCK,
Torna-se claramente um exemplo de como variáveis não
1995) ou de uma desinibição comportamental resultante
farmacológicas se podem sobrepor à própria acção
do seu uso, seja por um efeito sobre determinados
farmacológica da droga, levando à obtenção ou à
aspectos comportamentais das relações de proximidade
percepção de efeitos que de outro modo não seriam
ou de promiscuidade (SILVESTRE et al., 1997), seja por
obtidos pela acção directa da substância (COHEN, 1982).
questões de sugestibilidade, actuando assim de uma
Os seus efeitos são complexos, incluindo elementos esti-
forma que "potencia y matiza las sensaciones en todas las
mulantes, sedativos e alucinogéneos, o que leva a que
fases del contacto erótico" (ESCOHOTADO, 1996) . Este
todas as possíveis formas de alteração da sexualidade
aspecto da sugestibilidade está bem em evidência no
possam ocorrer (HOLLISTER, 1975), dependendo muito
facto de a maioria dos consumidores considerar a expe-
os seus efeitos da experiência prévia do indivíduo com a
riência sexual não agradável, por exemplo, se o parceiro
substância, das suas atitudes em relação a esta e das
não tiver também consumido (MASTERS et al., 1992). "Le
doses consumidas (NEVID et al., 1995).
plaisir obtenu au cours de l'acte sexuel peut être plus
Segundo POWELL & FULLER (1983) a marijuana tem sido
important, mais il ne s'agit pas d'un réel effet aphrodi-
utilizada de um ponto de vista afrodisíaco, tendo em vista
siaque" (ROUX et al., 1983, p. 14).
obter os seguintes efeitos: aumento da sensualidade e
Um estudo efectuado nos EUA pela National Commission
sentimentos eróticos; aumento da receptividade e interes-
on Marihuana and Drugs (1972)(8) concluiu, após uma revi-
se na actividade erótica; obtenção de orgasmos mais
são da literatura sobre o assunto, que o grau de estimulação
agradáveis e prolongados no tempo; aumento das contrac-
sexual induzido pela marijuana dependia da personalidade
ções musculares orgásticas; alterações perceptivas e tem-
do utilizador e da extensão do efeito antecipado. Nada de
porais; desinibição e perda de constrangimentos ou
inerente à própria droga que induzisse, por si só, um
culpabilidades e estimulação de pensamentos sexuais.
aumento do desejo ou excitação sexual ou a evidência de
Contudo, os estudos animais parecem ter falhado consis-
uma acção específica sobre os centros sexuais do cérebro
tentemente em demonstrar o seu efeito afrodisíaco
ou os órgãos sexuais foi determinado, concluindo-se que a
(SEGRAVES, 1988b). Por outro lado, como referem ROSEN
sua influência sobre a resposta sexual agiria por intermédio
& BECK (1988), os estudos que têm demonstrado a exis-
do relaxamento das inibições e perda dos constrangimen-
tência de uma ligação entre o consumo de marijuana e a
tos habituais impostos pelo comportamento social.
presença de efeitos positivos na sexualidade apresentam
Contudo, não é menos verdade que a sua acção positiva
alguns problemas metodológicos:
sobre o prazer e o comportamento sexual é muitas vezes
• as amostras são constituídas por populações altamente
relatada pelos seus utilizadores(9), e os resultados de
seleccionadas, que incluem um número desproporcio-
alguns estudos efectuados com estudantes americanos
nado de indivíduos que experimentaram efeitos positivos;
têm de algum modo suportado a existência de alterações
• os critérios de uso da droga ou de satisfação sexual são
ao nível da sexualidade, estabelecendo uma relação
raramente especificados;
positiva entre o consumo de marijuana, por exemplo, e o
• os utilizadores de marijuana são frequentemente tam-
comportamento sexual (WELLER & HALIKAS, 1984). As
bém utilizadores de álcool ou de outras substâncias, o
conclusões vão geralmente no sentido de os sujeitos rela-
que pode comprometer os resultados.
tarem um aumento do interesse sexual e do prazer, com as
Isto parece dar razão aos que sustentam que o produto
mulheres a referirem um aumento do desejo e os homens
em si não tem propriedades afrodisíacas directas, na me-
um aumento do prazer (COHEN, 1982). Estas diferenças
45
entre os sexos podem corresponder, segundo WELLER e
reciam em 75% dos homens e 90% das mulheres.
HALIKAS (1984), a diferenças intrínsecas a cada um dos
GAY & SHEPPARD (1972)(11) , por seu lado, referem que
sexos relativamente à sua resposta sexual ou a diferenças
80% dos utilizadores de marijuana entrevistados referiam
nas próprias expectativas sexuais entre os sexos.
aumento do prazer, que associavam a uma maior cons-
KAPLAN (1977) refere a existência de relatos que apon-
ciência das sensações, a um relaxamento das inibições e
tam para um aumento da sensualidade, uma maior recep-
a uma maior empatia com o parceiro sexual. Este aspecto
tividade do ponto de vista sexual e de um maior interesse
da redução da inibição foi também encontrado por BILLS
na actividade erótica, manifestando-se através de um
& DUNCAN (1991), que num estudo com estudantes uni-
abandono mais fácil à experiência sexual e por referên-
versitários, com o objectivo de explorar as suas crenças
cias a experiências orgásticas mais prolongados e com
sobre os efeitos das drogas no funcionamento sexual,
maior sensação de prazer.
verificaram que 62.7% dos utilizadores de marijuana e
WELLER e HALIKAS (1984), por outro lado, verificaram a
60% dos não utilizadores identificavam este aspecto co-
existência de efeitos positivos ao nível do desejo e do
mo estando associado à marijuana.
desempenho, constatando que na população por si
Com base num estudo efectuado com 1000 indivíduos de
estudada quase todos os indivíduos usavam marijuana
ambos os sexos, entre os 18 e os 35 anos, que utilizavam
previamente à actividade sexual, incorporando muitos o
a marijuana como um acompanhamento do sexo,
consumo na preparação para as relações sexuais, como
KOLODNY et al. (1979)(12) verificaram que 83% dos ho-
se de uma rotina básica se tratasse, com cerca de
mens e 81% das mulheres referiam que o seu consumo
metade dos sujeitos a relatarem também que sentiam que
melhorava a sua experiência sexual, surgindo esta melho-
a marijuana tinha sobre eles um efeito afrodisíaco.
'ria associada não a um aumento do desejo sexual, a uma
Tal vai ao encontro dos dados de GAY et al. (1977-78), que
maior excitação sexual ou a orgasmos mais intensos, mas
na população por si estudada puderam verificar que 2 em
sim a experiências subjectivas de aumento da consciên-
cada 5 sujeitos utilizavam a marijuana várias vezes por
cia táctil, a um maior relaxamento e a uma maior empatia
semana em conjunção com o sexo, ao mesmo tempo
com o parceiro.
que, quando questionados sobre a droga ou combinação
No estudo de WELLER e HALIKAS (1984) já referido, os
de drogas que utilizariam numa suposta situação sexual,
autores verificaram que aproximadamente dois terços da
sobre a droga que dariam a um parceiro se quisessem ter
amostra relatavam um aumento do prazer e da satisfação
a certeza de o satisfazer sexualmente ou sobre a droga
sexual, sendo também referenciado um aumento da
com maiores possibilidades de originar orgasmos múlti-
qualidade do orgasmo e da duração da relação e um au-
plos, a droga escolhida era a cannabis (e isto numa popu-
mento da capacidade multiorgástica (embora esta última
lação maioritariamente consumidora de heroína).
relatada menos frequentemente). De interessante será no-
BRILL & CHRISTIE (1974), constataram que a frequência
tar o facto de cerca de metade dos sujeitos referir um
média de relações sexuais aumentava com o aumento do
aumento de desejo sexual com um parceiro familiar, con-
uso da marijuana, ao mesmo tempo que 83% de consu-
tra 43% dos homens e 13% das mulheres relativamente a
midores de doses altas davam como resposta mais co-
um parceiro não familiar, o que mais uma vez parece
mum para os efeitos da marijuana o assinalar de um
apontar para a importância de outros factores que não só
aumento do prazer sexual.
os farmacológicos e a que não será alheio o facto de os
Num outro estudo envolvendo 60 homens e 37 mulheres
consumidoras de cannabis, HALIKAS et al.
46
(1982)(10)
sujeitos considerarem que a proximidade emocional e
física era aumentada pelo efeito da marijuana.
verificaram que 68% dos homens e 40% das mulheres
NEWCOMB (1994), pelo contrário, no seu estudo com
relatavam um aumento da qualidade do orgasmo, 39%
casais, verificou que o consumo de cannabis levava as
dos homens e 13% das mulheres falavam em aumento da
mulheres a sentirem uma diminuição das preocupações e
duração da relação, enquanto relatos de aumento dos
do suporte por parte do companheiro e uma menor satis-
sentimentos de prazer sexual e de satisfação sexual apa-
fação na relação sexual.
Parece também existir uma relação entre a dose con-
de um aparente aumento dos parâmetros sexuais: as
sumida e os efeitos sexuais obtidos, sendo que para
sensações visuais, tácteis e auditivas podem ser amplia-
doses altas se verifica uma diminuição da libido e da
das pela cannabis e de algum modo sensualizadas, ao
capacidade de desempenho, bem como uma diminuição
mesmo tempo que se verifica também uma alteração na
da agressividade sexual, o que talvez explique a sua
percepção do tempo, com um aumento da sensação
utilização na Índia por motivos religiosos, enquanto
subjectiva deste, que pode em parte ser responsável pelo
depressor da sexualidade (POWELL & FULLER, 1983).
aumento relatado de satisfação coital, na medida em que
Para doses moderadas, pelo contrário, parece verificar-se
pode levar a uma sensação de maior duração deste e da
um aumento da função sexual (BUFFUM, 1982).
própria experiência orgástica;
Segundo HOLLISTER (1975), a desinibição e as expec-
• uma desinibição generalizada do comportamento,
tativas desempenham o papel principal no consumo de
devida a alterações do estado de consciência, e que
doses pequenas, enquanto na utilização de doses maiores
transposta para a área sexual pode permitir não só uma
a diminuição de libido e da capacidade de desempenho
maior receptividade sexual como o próprio envolvimento
podem ter a ver com uma maior centração do sujeito no seu
em actividades que, de outro modo, provocariam inibição
interior, levando ao negligenciar do relacionamento inter-
ou sentimentos de culpa em estado normal;
pessoal que o sexo, enquanto relação a dois, requer.
• aumento da ligação afectiva diádica, por perda dos
A cannabis parece assim combinar os efeitos desinibidores
constrangimentos emocionais devido à intoxicação e que
do álcool com os efeitos moderadamente estimulante de
podem levar a sentimentos de maior empatia e fusão; o
outras drogas (KAPLAN, 1977; POWELL & FULLER, 1983).
aumento da dose consumida pode levar mesmo a
Contudo, não parece ser muito claro se o aumento do
estados de auto-transcendência, em que a difusão do
desejo que muitas vezes é relatado se deve à acção farma-
ego pode ocorrer, contribuindo ainda mais para a expe-
cológica ou às expectativas, sendo possível que as mudan-
riência de fusão com o parceiro;
ças na percepção do desejo sexual e do prazer estejam
• a existência de fantasias sexualizadas de algum modo
mais relacionadas com mudanças de nível perceptivo indu-
aumentadas devido ao factor intoxicação, que podem
zidas pelo consumo mais do que com efeitos específicos
contribuir indirectamente para um aumento da sensação
deste na libido (SEGRAVES, 1988b). Neste sentido os
de desejo e prazer sexual;
efeitos obtidos podem ser mais desinibitórios que excita-
• o seu uso tende quase sempre a ocorrer em situações
tórios, particularmente quando se diferencia entre prazer
e circunstâncias relaxantes, o que pode facilitar a expres-
subjectivo e prazer físico (POWELL & FULLER, 1982).
são e o comportamento sexual;
Parecem existir alguns factores explicativos para a
• o próprio aumento de determinados parâmetros do
associação entre o consumo de cannabis e um aumento
comportamento sexual e o uso da cannabis podem ser
do desejo ou prazer sexual (ROSEN & BECK, 1988;
vistos como fazendo parte de um estilo de vida mais
COHEN, 1982; JARVIK & BRECHER, 1977
(13)):
orientado para a procura de sensações (BRILL &
• as expectativas, as características que envolvem o con-
CHRISTIE, 1974) e prazer físico, e não como uma relação
sumo e a situação em que este ocorre são factores
de causa-efeito, já que, segundo GOODE (1972)(14),
determinantes mais importantes que os efeitos fisiológi-
ambos são indicadores de envolvimento numa subcultura
cos: as crenças veiculadas socialmente sobre o que a
que é provavelmente mais tolerante face a todo um
cannabis pode fazer para alterar a libido, o desempenho
conjunto de valores não tradicionais, ao mesmo tempo
e a gratificação sexual são certamente um componente
que o consumo de cannabis pode representar um acto de
significativo desta relação e que podem assim explicar o
rebeldia e de ruptura com os padrões de moral dominante
paradoxo de poder actuar simultaneamente como
(SOLER INSA et al., 1981); neste sentido a “marijuana
afrodisíaco e anafrodisíaco;
does not create anew; it only activates what is latent”
• alterações sensoriais que, transpostas para o campo da
(GOODE, 1969)(15);
actividade sexual, podem agir como factores contributivos
• a possibilidade de alguns componentes da cannabis
47
terem um efeito estimulador directo em centros cerebrais que
ou indutores do sono, podendo classificar-se, em termos
controlam a actividade sexual (WELLER & HALIKAS, 1984).
de abuso, em três grupos (CIRAULO & GREENBLATT,
• a existência de um efeito placebo, dada a sua reputa-
1995): benzodiazepinas; barbitúricos; sedativos-hipnóticos
ção afrodisíaca.
com uso clínico limitado.
Do ponto de vista endocrinológico a cannabis introduz
Raramente se verifica o seu uso como drogas recreativas,
também algumas alterações que podem ter implicações
estando a maior parte das vezes associadas a outros tipos
directas e significativas do ponto de vista do funciona-
de drogas, nomeadamente heroína, cocaína e álcool, com
mento sexual. Assim, inibe a produção de FSH/LH e da
o objectivo de potenciar efeitos ou obter outros.
prolactina, alterando também os níveis de testosterona,
Contudo, a sua utilização em pequenas doses pode visar
ao mesmo tempo que parece diminuir a espermatogé-
o atingir de objectivos específicos, nomeadamente inten-
nese e acompanhar-se de perturbações do ciclo ovulató-
sificar a actividade sexual (pela indução de relaxamento e
rio (NAHAS et al., 1988; RICHARD & SENON, 1995). Num
de uma certa sensação moderada de euforia) e aumentar
estudo efectuado com 17 homens sem história de uso de
a “responsividade” e a função sexual, nomeadamente em
drogas, de problemas hormonais ou patologia hepática,
indivíduos com uma componente inibitória de fundo an-
KOLODNY et al.
(1974)(16)
verificaram que após 5 sema-
sioso (MASTERS et al., 1992; SADOCK, 1995; CIRAULO &
nas de consumo diário 44% dos sujeitos apresentavam
GREENBLATT, 1995), o que os torna sexualmente “irres-
uma redução dos níveis de testosterona e 12% apre-
ponsivos”, seja do ponto de vista excitatório seja do ponto
sentavam-se como clinicamente estéreis, com 20% do
de vista orgástico, ou sexualmente aversivos. O facto de
total da amostra a apresentar uma impotência temporária.
poderem também induzir alterações de consciência pode
O consumo de altas doses a longo prazo parece também
contribuir também para a sua associação com um au-
ser responsável por uma diminuição do tamanho dos tes-
mento do prazer sexual (SADOCK, 1995).
tículos e da próstata, situação que se acredita ser reversível
De qualquer modo, a sua actuação vai mais no sentido de
com a manutenção da abstinência (WOODY & MAC-
diminuir a capacidade de desempenho do que no sentido
FADDEN, 1995), e pela possibilidade de aparecimento de
de aumentá-la (HOLLISTER, 1975), podendo ser a causa de
um quadro de ginecomastia (RICHARD & SENON, 1995).
disfunções erécteis, anorgasmia e baixa do desejo sexual
Nas mulheres o consumo pode também induzir alterações do
(MASTERS et al., 1992; NEVID et al., 1995). O uso de algu-
ciclo menstrual, com a supressão da hormona luteínica
mas benzodiazepinas parece estar também associado a
(progesterona) durante esta fase do ciclo (para o que parece
problemas de ejaculação retardada no homem e a orgasmo
bastar um simples cigarro de marijuana) (WOODY &
retardado na mulher (SEGRAVES & SEGRAVES, 1992), bem
MACFADDEN, 1995) e a possibilidade de existência de ciclos
como a uma inibição da excitabilidade e das sensações
anovulatórios, e produzir esterilidade temporária, sobretudo
orgásticas na mulher (SEGRAVES, 1988a).
em consumidoras crónicas, o que segundo POWELL e
O processo de intoxicação aguda pode contudo desenca-
FULLER (1983) coloca questões importantes sobretudo ao
dear um processo de desinibição comportamental, que
nível da adolescência, dada a instabilidade dos padrões
pode surgir com uma expressão sexualizada, muitas vezes
menstruais e ovulatórios características desta faixa etária.
associada também a conteúdos agressivos ou hostis.
Quanto à reversibilidade dos seus efeitos, ao nível da sexualidade, parece estar contingente, segundo POWELL e FULLER (1983), à relação do factor dose/duração do consumo.
3. Sedativos, Hipnóticos e Ansiolíticos
Este tipo de drogas cobre um amplo espectro de agentes
farmacológicos cuja acção se situa num continuum entre
48
os efeitos sedativos ou calmantes e os efeitos hipnóticos
Paulo Alexandre Lorga
Psicólogo Clínico
CAT-Cedofeita/Porto
Rua de Álvares Cabral, 328
4050 PORTO
Telefs.: 2074990/1/2/3/4
E-mail: [email protected]
Notas
(*) Artigo adaptado e reelaborado a partir da tese de Mestrado do autor
"Estudo Exploratório das Problemáticas Sexuais Numa População
Toxicodependente". (2000), Dissertação de mestrado, Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho.
(1) Referimo-nos aqui concretamente, por exemplo, à utilização dos
conceitos de "impotência" e "frigidez", clinicamente inadequados mas
ainda muito utilizados, mesmo entre os técnicos e os terapeutas ligados à
sexologia e à terapia sexual.
(2) Como o desejo, a excitação e o orgasmo, os quais por sua vez se
podem perspectivar de um ponto de vista fisiológico e psicológico (na
medida em que o comportamento sexual inclui não só mudanças do ponto
de vista biológico mas também sentimentos subjectivos relacionados com
cada um dos componentes da resposta sexual), a que se deve
acrescentar igualmente a percepção geral de satisfação do sujeito face à
sua resposta sexual.
(3) Assim, a aparecerem perturbações ou dificuldades num dos componentes da resposta sexual, elas acabarão certamente por se repercutir,
directa ou indirectamente, em cada um dos outros componentes, dada a
sua integração e o impacto que as percepções do sujeito têm sobre o seu
desempenho e o grau de satisfação sexual. Por outro lado, esta integração
e interacção entre os diferentes componentes da resposta sexual pode vir
a acabar ela própria por se revelar como mais uma dificuldade no
momento da avaliação das causas e consequências primárias dessas
mesmas causas, já que uma determinada disfunção vivenciada na
actualidade pode ser vista e interpretada como uma reacção a outra
disfunção primária e uma resposta do indivíduo a todo um conjunto de
sentimentos e percepções suscitados por esta.
(4) Talvez por tudo isto não seja assim de estranhar o encontrar de
resultados por vezes díspares, senão mesmo contraditórios, ao menos na
aparência.
(5) Apesar de nos últimos anos os estudos sobre os comportamentos
sexuais dos toxicodependentes se terem multiplicado, a maioria dos
estudos está sobretudo virada para o estudo dos comportamentos de
risco face ao HIV e não tanto para o estudo da sexualidade enquanto tal.
(6) Ainda que discordando de alguma da terminologia empregue na
literatura consultada (nomeadamente do conceito de impotência),
optamos por a manter, quer por referência aos estudos consultados, quer
pela não explicitação, a maior parte das vezes, do que com ela querem os
autores significar.
(7) Op.cit. BUFFUM (1982).
(8) Op.cit. COHEN (1982).
(9) Os próprios técnicos acabam também, eles próprios, por conferir um
certo cariz afrodisíaco à cannabis. Senão, veja-se o inquérito levado a
cabo junto de psiquiatras pela revista Medical Aspects of Human Sexuality,
em 1978, e onde à questão “the use of marijuana prior to lovemaking tends
to”, 52% respondiam que o seu efeito ia no sentido de um aumento do
prazer ou do desempenho sexual.
(10) Op.cit. BUFFUM (1982).
(11) Op.cit. COHEN (1982).
(12) Op. cit. MASTERS et al. (1992).
(13) Op.cit. WELLER & HALIKAS (1984).
(14) Op. cit. COHEN (1982).
(15) Op.cit. WALTERS et al. (1972).
(16) Op.cit. POWELL & FULLER (1983) e KATCHADOURIAN & LUNDE
(1980).
Referências Bibliográficas
BILLS, S. A. & DUNCAN, D. F. (1991). "Drugs and Sex:
A Survey of College Students' Beliefs". Perceptual and
Motor Skills, 72, 1293-1294.
BRILL, N. Q. & CHRISTIE, R. L. (1974). "Marihuana Use
and Psychosocial Adaptation". Archives of General
Psychiatry, 31, 713-719.
BUFFUM, J. (1982). "Pharmacosexology: The Effects of
Drugs on Sexual Function. A Review". Journal of
Psychoactive Drugs, 14 (1-2), 5-44.
CIRAULO, D. A. & GREENBLATT, D. J. (1995). "Sedative,
Hypnotic, or Anxiolytic Related Disorders", in KAPLAN, H.
I. & SADOCK, B. J. (ed.). Comprehensive Textbook of
Psychiatry/VI, 6ª ed., vol. 1, cap. 13, 872-887. Baltimore:
Williams & Wilkins.
COCORES, J. A., MILLER, N., POTTASH, C. & GOLD, M.
(1988). "Sexual Dysfunction in Abuse of Cocaine and
Alcohol". American Journal of Drug and Alcohol Abuse, 14
(2), 169-173.
COHEN, S. (1982). "Cannabis and Sex: Multifaceted
Paradoxes". Journal of Psychoactive Drugs, 14 (1-2), 55-58.
COOPER, A. J. (1994). "The Effects of Intoxication Levels
of Ethanol on Nocturnal Penile Tumescence". Journal of
Sex and Marital Therapy, 20 (1), 14-23.
CROWE, L. C. & GEORGE, W. H. (1989). "Alcohol and
Human Sexuality: Review and Integration". Psychological
Bulletin, 105 (3), 374-386.
ESCOHOTADO, A. (1996). Aprendiendo de las Drogas.
Usos y abusos, prejuicios y desafíos, col. "Compactos
Anagrama", nº 111. Barcelona: Editorial Anagrama.
FAGAN, P. J., SCHMIDT, C. W. Jr., WISE, T. N. & DEROGATIS,
L. R. (1988). "Alcoholism in Patients With Sexual Disorder".
Journal of Sex and Marital Therapy, 14 (4), 245-252.
GAY, G. R., NEWMEYER, J. A., ELION, R. A. & WIEDER, S.
(1977-78). "The Sensuous Hippie Part I: Drug/Sex Practice
in the Height". Ashbury: Drug Forum, 6 (1), 27-47.
HOLLISTER, L. E. (1975). "Drugs and Sexual Behavior in
Man". Life Sciences, 17, 661-668.
KAPLAN, H. S. (1977). A Nova Terapia do Sexo. Rio de
Janeiro: Ed. Nova Fronteira.
KATCHADOURIAN, H. A. & LUNDE, D. T. (1980).
Fundamentals of Human Sexuality, 3ª ed. New York: Holt,
Rinchart & Winston.
LEIGH, B. C. (1990). "The Relationship of Sex - Related
Alcohol Expectancies to Alcohol Consumption and Sexual
Behavior". British Journal of Addiction, 85, 919-928.
49
LEIGH, B. C. (1993). "Alcohol Consumption and Sexual
Activity as Reported With a Diary Technique". Journal of
Abnormal Psychology, 102 (3), 490-493.
MASTERS, W. H., JOHNSON, V. E. & KOLODNY, R. C.
(1992). Human Sexuality, 4ª ed. New York: Harper Collins
Publishers.
NAHAS, G., TROUVÉ, R., RUDLER, M., ALBRAND, L. &
BEJEROT, N. (1988). Toxicomanie. Pharmacodépendence.
Paris: Masson.
NEVID, J. S., FICHNER-RATHUS, L. & RATHUS, S. A.
(1995). Human Sexuality in a World of Diversity, 2ª ed..
Boston: Allyn and Bacon.
NEWCOMB, M. D. (1994). "Drug Use and Intimate
Relationships Among Women and Men: Separating
Specific From General Effects in Prospective Data Using
Structural Equation Models". Journal of Consulting and
Clinical Psychology, 62 (3), 463-476.
PLANT, M. PLANT, M. (1992). Risk-Takers. Alcohol, Drugs,
Sex and Youth. London: Routledge.
POWELL, D. J. & FULLER, R. W. (1983). "Marijuana and
Sex: Strange Bed - Partners". Journal of Psychoactive
Drugs, 15 (4), 269-280.
RICHARD, D. & SENON, J. L. (1995). "A Cannabis.
Revisão Bibliográfica Geral". Toxicodependências, 1 (3),
61-87.
ROSEN, R. C. & BECK, J. (1988). Patterns of Sexual
Arousal. Psychophysiological Process and Clinical
Applications. New York: The Guilford Press.
ROUX, J. M., TOUZEAU, D. & HANTZBERG, P. (1983).
"Toxicomanies Autres que l'Alcoolisme", Encyclopédie Médico
- Chirurgicale, Psychiatrie, 37396 A10, 7-1983, 1-28. Paris.
SADOCK, V. A. (1995). "Normal Human Sexuality and
Sexual Dysfunctions", in KAPLAN, H. I. & SADOCK, B. J.
(ed.). Comprehensive Textbook of Psychiatry/VI, 6ª ed., vol.
1, cap. 21, (pp.1295-1321). Baltimore: Williams & Wilkins.
SCHIAVI, R. C. (1990). "Chronic Alcoholism and Male
Sexual Dysfunction". Journal of Sex and Marital Therapy, 16
(1), 23-33.
SEGRAVES, R. T. (1988a). "Psychiatric Drugs and Inhibited
Female Orgasm". Journal of Sex & Marital Therapy, 14 (3),
202-207.
SEGRAVES, R. T. (1988b). "Drugs and Desire", in LEIBLUM,
S. & ROSEN, R.. Sexual Desire Disorders, cap. 12, (pp. 313347). New York: The Guilford Press.
SEGRAVES, R. T. & SEGRAVES, K. B. (1992). “Aging and
Drug Effects on Male Sexuality” in ROSEN, R. & LEIBLUM,
S. (eds). Erectile Disorders. Assessment and Treatment,
50
cap. 5, 96-138. New York: The Guilford Press.
SILVESTRE, J., BOUCHEZ, J. & BEAUVERIE, P. (1997).
"Sexualité et Toxicomanies: Connaitre les Pratiques
Sexuelles Pour Réduire les Risques", in TOUZEAU, D. &
JACQUOT, C.. Les Traitements de Substitution Pour les
Usagers de Drogues, Deuxiéme Partie: La Substitution:
Mode d'Emploi, cap. 2, 120-124. Paris: Arnette
SOLER INSA, P. A., SOLE PUIG, J. R., SAN MOLINA, LL. &
BERNARDO, M. (1981). "Cannabis", in FREIXA, F. &
SOLER INSA, P. A.. Toxicomanias. Un enfoque
multidisciplinario, cap. 7 (pp. 187-209). Barcelona: Ed.
Fontanella.
TOUZEAU, D. (1988). "Le Point de Vue Pharmachologique", in BERGERET, J. & LEBLANC, J.. Précis des
Toxicomanies, 2ª ed., (pp. 7-31). Paris: Masson.
WAKEFIELD, P. J., WILLIAMS, R. E., YOST, E. B. &
PATTERSON, K. M. (1996). Couple Therapy for Alcoholism.
A Cognitive-Behavioral Treatment Manual. New York: The
Guilford Press.
WELLER, R. A. & HALIKAS, J. A. (1984). "Marijuana Use
and Sexual Behavior". The Journal of Sex Research, 20 (2),
186-193.
WOODY, G. E. & MACFADDEN, W. (1955). "CannabisRelated Disorders", in KAPLAN, H. I. & SADOCK, B. J. (ed.).
Comprehensive Textbook of Psychiatry/VI, 6ª ed., vol. 1, cap.
13, 810-817. Baltimore: Williams & Wilkins.
Bibliografia Complementar
BELL, D. S. & TRETHOWAN, W. H. (1961). “Amphetamine
Addiction and Disturbed Sexuality”. Archives of General
Psychiatry, 4, 100-104.
CALAFAT, A., STOCCO, P., MENDES, F., SIMON, J.,
WIJNGAART, G., SUREDA, M. P., PALMER, A., MAALSTÉ,
N. & ZAVATTI, P. (1998). Characteristics and Social
Representation of Ecstasy in Europe. Palma de Mallorca:
IREFREA & European Commission.
CAREY, M. P., WINCZE, J. P. & MEISLER, A. W. (1993).
“Sexual Dysfunction: Male Erectile Disorder” in BARLOW,
D. H. (ed.). Clinical Handbook of Psychological Disorders,
2ª ed., cap. 11, 442-480. New York: The Guilford Press.
CHESSICK, R. D. (1960). “The "Pharmacogenic Orgasm" in
the Drug Addict”. Archives of General Psychiatry, 3, 117-128.
COLEMAN, E. (ed.) (1987). Chemical Dependency and
Intimacy Dysfunction. New York: The Haworth Press.
COOPER, M. L. & ORCUTT, H. K. (1997). “Drinking and
Sexual Experience on First Dates Among Adolescents”.
Journal of Abnormal Psychology, 106 (2), 191-202.
CROWLEY, T. J. (1995). “Hallucinogen-Related Disorders” in
KAPLAN, H. I. & SADOCK, B. J. (ed.). Comprehensive
Textbook of Psychiatry/VI, 6ª ed., vol. 1, cap. 13, 831-838.
Baltimore: Williams & Wilkins,
Amphetamine: A Marker for HIV Risk Behaviour Among
Male Intravenous Amphetamine Users in Stockolm”, AIDS
Care, 7 (2), 171-188.
CUSHMAN, P. (1972). “Sexual Behavior in Heroin
Addiction and Methadone Maintenance”. New York State
Journal of Medicine, 1261-1265.
KANE, S. (1991). “HIV, Heroin and Heterosexual
Relations”. Soc. Sci. Med., 32 (9), 1037-1050.
DEMYTTENAERE, K., DE FRUYT, J. & SIENAERT, P. (1998).
“Psychotropics and Sexuality”. International Clinical
Psychopharmacology, 13, suppl. 6, S35-S41.
EYLES, E. (1996). “La Mort au Bout de l'Extase”. Science
& Vie, 947, Aout, 104-107.
GALLANT, D. M. (1978). Sexual Survey # 14: Current
Thinking on "Recreational" Drugs And Sex, Medical
Aspects of Human Sexuality, September, 80-81.
GAWIN, F. H. & ELLINWOOD, E. H. (1988). “Cocaine and
Other Stimulants. Actions, Abuse, and Treatment”. The
New England Journal of Medicine, 318 (18), 1173-1182.
GOLDBERG, D., FRISCHER, M. & GREEN, S. (1993). “Sex
Surveys and Drug Use”. Nature, 361, 11 February, 504-505.
GOMES, F. A., BARRIAS, J. & CALADO, G. (1997). “O
Comportamento Sexual no Alcoolismo Crónico Masculino”. Acta Portuguesa de Sexologia, 1 (1), 61-66.
GOSSOP, M. R., STERN, R. & CONNELL, P.H. (1974). “Drug
Dependence and Sexual Dysfunction: A Comparison of
Intravenous Users of Narcotics and Oral Users of Amphetamines”. British Journal of Psychiatry, 124, 431-434.
HEALY, D. (1993). Psychiatric Drugs Explained. London:
Mosby - Year Book Europe Limited.
INCIARDDI, J. A. (1995). “Crack House Sex, and HIV
Risk”, Archives of Sexual Behavior, 24 (3), 249-269.
JAFFE, J. H. (1995a). “Amphetamine (or Ampheta-minelike)Related Disorders” in KAPLAN, H. I. & SADOCK, B. J. (ed.).
Comprehensive Textbook of Psychiatry/VI, 6ª ed., vol. 1, cap.
13, 791-799. Baltimore: Williams & Wilkins.
JAFFE, J. H. (1955b). “Cocaine-Related Disorders” in
KAPLAN, H. I. & SADOCK, B. J. (ed.). Comprehensive
Textbook of Psychiatry/VI, 6ª ed., vol. 1, cap. 13, 817-831.
Baltimore: Williams & Wilkins.
JAFFE, J. H. (1995c). “Opioid-Related Disorders” in
KAPLAN, H. I. & SADOCK, B. J. (ed.). Comprehensive
Textbook of Psychiatry/VI, 6ª ed., vol. 1, cap. 13, 842-864.
Baltimore: Williams & Wilkins.
JENSEN, S. B. (1984). “Sexual Function and Dysfunction
in Younger Married Alcoholics”. Acta Psychiatrica
Scandinavica, 69, 543-549.
KÄLL, K. & NILSONNE, Å. (1995). “Preference for Sex on
KAPLAN, H. S. (1979). O Desejo Sexual. Rio de Janeiro:
Ed. Nova Fronteira.
KLEE, H. (1992). “A New Target for Behavioural Research
- Amphetamine Misuse”. British Journal of Addiction, 87,
439-446.
KOLANSKY, H. & MOORE, W. (1972). “Toxic Effects of
Chronic Marihuana Use”. JAMA, 222 (1), 35-41.
LAMBERT, C. A. (1977-78). “The Sensuous Hippie Part III:
Alternate Sexual Life - Styles”. Drug Forum, 6 (1), 57-64.
LE CORRE, J. J. (1990). “Toxico - Hommes et Toxico Femmes: de l'Invariable Manque à l'Improbable Différence”. Nervure, III (9), 70-74.
LEIGH, B. C. (1995). “A Thing so Fallen, and so Vile:
Images of Drinking and Sexuality in Women”. Contemporary Drug Problems, 22, 415-434.
LEMAY, M. (1990). “Drogues et Sexe: Une Interaction
Complexe”. Psychotropes, 6 (1), 85-95.
MACDONALD, P. T., WALDORF, M., REINARMAN, C. &
MURPHY, S. (1988). “Heavy Cocaine Use and Sexual
Behavior”. The Journal of Drug Issues, 18 (3), 437-455.
MINTZ, J., O'HARE, K., O'BRIEN, C. & GOLDSCHMIDT, J.
(1974). “Sexual Problems of Heroin Addicts”. Archives of
General Psychiatry, 31, 700-703.
MIRIN, S. M., MEYER, R.E., MENDELSON, J.H. &
ELLINGBOE, J.E. (1980). “Opiate Use and Sexual Function”. American Journal of Psychiatry, 137 (8), 909-915.
PARR, D. (1976). “Sexual Aspects of Drug Abuse in
Narcotics Addicts”. British Journal of Addiction, 71, 261-268.
ROSEN, R. C. & ASHTON, A. K. (1993). “Proxesual Drugs:
Empirical Status of the New Aphrodisiacs”. Archives of
Sexual Behavior, 22 (6), 521-543.
SCHUCKIT, M. A. (1995). “Alcohol-Related Disorders” in
KAPLAN, H. I. & SADOCK, B. J. (ed.). Comprehensive
Textbook of Psychiatry/VI, 6ª ed., vol. 1, cap. 13, 775-791.
Baltimore: Williams & Wilkins.
SEGRAVES, R. T. (1989). “Effects of Psychotropic Drugs
on Human Erection and Ejaculation”. Archives of General
Psychiatry, 46, 275-284.
SEGRAVES, R. T., SHOENBERG, H. W. & IVANOFF, J. (1983).
“Serum Testosterone and Prolactin Levels in Erectile Dysfunc51
tion”. Journal of Sex & Marital Therapy, 9 (1), 19-26.
SMITH, D. E., MOSER, C., WESSON, D. R., APTER, M.,
BUXTON, M. E., DAVIDSON, J. V., ORGEL, M. & BUFFUM,
J. (1982. “A Clinical Guide to the Diagnosis and Treatment
of Heroin - Related Sexual Dysfunction”. Journal of
Psychoactive Drugs, 14 (1-2), 91-99.
SPRING, W. P., WILLENBRING, M. L. & MADDUX, T. L.
(1992). “Sexual Dysfunction and Psychological Distress in
Methadone Maintenance”. The International Journal of the
Addictions, 27 (11), 1325-1334.
TROCKI, K. F. & THOMPSON, A. (1998). “Alcohol and
Sexual Encounters in Recent American Cinema”.
Contemporary Drug Problems, Spring, 65-85.
VALLEUR, M. (1987). “Hédonisme. Ascèse. Ordalie” in
OLIEVENSTEIN, C., ANGEL, P., GÉRAUD, B., MÈGE, J. Y.,
PERPÈRE, A., PETIT, P. & VALLEUR, M.. La Clinique du
Toxicomane. Paris: Les Éditions Universitaires.
VINCENT, G. (1991). “Uma História do Segredo?” in
ARIÈS, P. & DUBY, G. (dir). História da Vida Privada, vol. 5,
cap. 2, 115-390. Círculo de Leitores.
WALDER, P. & AMENDT, G. (1999). Ecstasy & Cª., Porto,
Campo das Letras Editores. (col. "Campo da
Actualidade", nº 22.).
WELLS, E. A., CALSYN, D., SAXON, A. & GREENBERG, D.
(1993). “Using Drugs to Facilitate Sexual Behavior is
Associated With Sexual Variety Among Injection Drug
Users”. The Journal of Nervous and Mental Disorders, 181
(10), 626-631.
XIBERRAS, M. (1977). A Sociedade Intoxicada. Lisboa:
Instituto Piaget. (Col. "Epistemologia e Sociedade", nº 60.).
52
Download