Cultura, Poder e Subjetivação: Representações de Doença Mental nos CAPS de Araraquara Luiz Ricardo de Souza Prado, Orientadora: Renata Medeiros Paolliello. Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Faculdade de Ciências e Letras, Ciências Sociais, [email protected] Bolsista BAAE-I Palavras Chave: Doença mental, representações sociais, loucura Introdução Tema contemporâneo e pertinente, nossa pesquisa visa realizar uma análise antropológica das ideias sobre loucura e desordem mental em nossa sociedade brasileira, objetivando compreender como se formam as diversas representações sociais sobre doença e saúde mental, as quais dão base para o preconceito contra adoecidos mentalmente e diversas outras práticas de exclusão ou tratamento. Objetivos A pesquisa aqui proposta visa contribuir para os estudos sobre a relação entre adoecimento psíquico e sociedade a partir do foco nas relações entre políticas e instituições públicas de saúde mental e a população de baixa renda que é alvo deste atendimento. Objetiva fazer esta contribuição por meio de uma abordagem etnográfica do contexto institucional dos Centros de Atenção Psicossocial, na medida em que estes se constituem como resultantes de mudanças na orientação das terapêuticas promovidas pelo Estado no sentido da não internação, contudo reforçando a perspectiva psiquiátrica hoje pautada pelo DSM. Como nosso objetivo principal, procuramos estudar como se formam as representações sociais sobre doença mental, sendo os sujeitos de nossa pesquisa os familiares de usuários dos Centros de Atenção Psicossocial, procurando compreender como os diversos registros da experiência da desrazão e do descontrole são interpretados por aqueles que estão de fora desta. em seu tratamento e com os profissionais do Caps, em particular psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. Resultados e Discussão A desordem mental, como já nos mostrou Foucault¹, não pode ser pensada fora de um contexto sociocultural propício a interpretar uma forma de ser, agir e sentir como doença ou desordem. Assim, é impossível entender doença mental em uma perspectiva puramente naturalística, como se a mesma compartilhasse de uma metapatologia junto às doenças anatômicas e fisiológicas. Deste modo, é necessário interpretar (para as Ciências Sociais) a desordem mental e a “loucura” como um conjunto de experiências as quais são socialmente interpretadas enquanto anormais ou não, estando ligadas a representações sobre o que são ou o que não são. Conclusões Ainda não temos resultados definitivos, porém, nossos dados de campo indicam para um por uma possível apropriação das categorias de doença mental científica (como depressão) por parte dos familiares de usuários do CAPS, de modo que a ideia de doença mental seja incorporada por essa população, ainda que de um modo particular, mais próprio de suas percepções de corpo e saúde. Material e Métodos A base teórica nos utilizamos dos conceitos de habitus de Pierre Bourdieu e mediação cultural de Paula Montero. Enquanto técnicas de pesquisa, iremos nos utilizar: - Um levantamento dos dados coletados pela Secretária de Saúde do município sobre os usuários dos CAPS para traçar o perfil socioeconômico dos usuários. - Observação do cotidiano de funcionamento da instituição - Entrevistas semi-estruturadas com os familiares responsáveis pelo acompanhamento das pessoas XXVI Congresso de Iniciação Científica Agradecimentos ____________________ 1 Foucault, M. História da Loucura na Idade Clássica. 1972