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EXTRAÇÃO POR MACERAÇÃO DO FRUTO DE Dillenia indica L.
(Dilleniaceae) REVELA CONSTITUIÇÃO MAJORITÁRIA FEITA DE
SUBSTÂNCIAS POLARES
Morgana Miranda Clarinda1,2(IC); Amanda Fernandes Freitas 1,2(IC); Dr. Maicon
Roberto Kviecinski1,3 (orientador)
INTRODUÇÃO
A psoríase é uma doença crônica inflamatória que requer acompanhamento
médico por toda a vida. É uma dermatose escamosa prurítica e incômoda que
desaparece em um período, mas depois reincide. Aparecem lesões nos cotovelos,
joelhos, couro cabeludo, virilha, pênis, etc (AYALA, 2007) e mudanças na aparência
das unhas. Pessoas de todas as idades e ambos os sexos podem ser acometidas, às vezes,
está associada com a artrite reumatoide, miopatia, doença cardíaca ou AIDS. Cerca de
3% da população mundial é portadora da doença e, destes, 20 a 40% apresentam
comprometimento articular grave (CHRISTOPHERS, 2001; AYALA, 2007). No geral,
o tratamento da psoríase conta com substâncias de uso tópico e uso de medicações
sistêmicas. A fototerapia é auxiliar, porém, devido à falta de uma solução definitiva e ao
número de indivíduos acometidos, aos desconfortos e riscos, inclusive do ponto de vista
estético e emocional, considera-se que a investigação sobre novos fármacos, com
melhor eficácia e menos efeitos colaterais deva motivar o desenvolvimento de pesquisas
nesta área (CARNEIRO, 2007).
Dillenia indica L. é uma espécie arbórea da família Dilleniaceae. Possui
denominação popular variada, dependendo do local, é mais conhecida como maçã-deelefante. Possui fruto marcante, sendo uma cápsula globosa, pêndula, de pericarpo duro
e carnoso (LORENZI, 2003; APU et al., 2010). Pode ser facilmente encontrada em
Santa Catarina. As partes aéreas são utilizadas pela medicina popular. Na Ìndia, o suco
de todas as partes é administrado por via oral para o tratamento do câncer e diarréia
(SHARMA; CHHANGTE; DOLUI, 2001). Extratos do fruto em diferentes solventes
são utilizados para o tratamento do diabetes (KUMAR et al., 2010). No Brasil e
------------------------------------------------Grupo de Desenvolvimento em Tecnologia Farmacêutica (TECFARMA), Unisul – Tubarão, SC
Acadêmicas de Farmácia da Unisul campus Tubarão. Bolsista Art. 170 e PIBIC, respectivamente
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Professor de Bioquímica e Farmacologia. Centro de Ciências da Saúde e Bem Estar Social da Unisul
campus Tubarão. E-mail: [email protected]
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notavelmente em Santa Catarina, o fruto é utilizado em garrafadas, extratos
hidroetanólicos para o tratamento de inflamações e existem relatos de melhora
significativa no tratamento de lesões psoriáticas. Foi considerando estas alegações do
uso popular que surgiu o interesse para iniciar este estudo.
Embora, D. indica seja muito utilizada popularmente, a literatura carece de
relatórios de sua atividade anti-inflamatória. Aparentemente, um único estudo
preliminar já relatou que o extrato metanólico das folhas apresenta atividade em
camundongos (YESHWANTE et al., 2009), mas nada é relatado quanto ao potencial
antipsoriático. Foi também considerando a presença abundante do ácido betulínico nos
frutos (KUMAR et al., 2010) e, dado que este composto está presente também em
outras espécies e já foi associado à atividade anti-inflamatória e imunomoduladora
(WANG et al., 2012) que neste projeto foi iniciada uma avaliação da atividade
antipsoriática de alguns extratos, relacionando os achados com o conteúdo de ácido
betulínico, em busca por substâncias bioativas e/ou moléculas protótipos para o
desenvolvimento de novos fármacos antipsoriáticos.
O desenvolvimento de um novo fármaco envolve várias etapas e, em se tratando
da avaliação da atividade biológica de extratos de vegetais, há de se considerar que estes
produtos são misturas complexas de substâncias químicas e que nelas estão presentes os
princípios ativos entre outras substâncias com efeito farmacológico ou não. Este tipo de
investigação cumpre seu objetivo somente depois de identificado os reais princípios
ativos, em procedimentos que vão desde a coleta e análise de dados etnofarmacológicos
à elucidação das estruturas das substâncias ativas isoladas e/ou obtenção de derivados
(ELISABETSKY, 1987). Cabe explicar que neste momento, somente a etapa de
extração a partir de D.indica foi concluída e por isso a sequência deste relatório inclui
somente os métodos e resultados desta etapa: extração e caracterização química.
Palavras-chave: Fruto de D. indica. Maceração. Substâncias polares.
OBJETIVOS
Avaliar a extração e a constituição química de extratos do fruto de Dillenia
indica com atividade antipsoriática.
MÉTODOS
Material vegetal
Amostras da planta foram coletadas nas mediações da UNISUL em Tubarão (SC),
Brasil. Uma exsicata da planta foi autenticada taxonomicamente pelo Prof. Dr. Maicon
Roberto Kviecinski, sendo posteriormente depositada no Herbário Laelia purpurata, na
mesma Universidade. Os frutos de D. indica foram colhidos, limpos e posteriormente
moídos por moinho de facas, sendo protegidos do excesso de temperatura e empregados
ainda frescos nos procedimentos de extração.
Extração
Após a moagem, os frutos (1kg) serão submetidos separadamente à maceração em
temperatura ambiente (~ 25°C) por 3 dias, 3 vezes consecutivas, com solventes (1:1
w:v) em ordem crescente de polaridade, respectivamente, éter de petróleo, acetato de
etila e etanol (P.A.). Na sequência, os extratos serão filtrados e os solventes eliminados
sob pressão reduzida. Os rendimentos das extrações serão determinados em termos de
percentual em comparação à massa do material de partida, sendo registrados para
possibilitar comparação (YESHWANTE et al., 2009).
Análise estatística
No geral, os ensaios serão realizados em triplicata. Os dados, comparações e diferenças
estatísticas serão processados pelo software Graph Pad Prism (San Diego, EUA),
utilizando o teste ANOVA e o teste de Bonferroni. Valores de p<0,05 serão
considerados estatisticamente significativos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Algumas investigações apontam para a abundância do ácido betulínico no fruto
de Dillenia indica (KUMAR et al., 2010). Como já explicado este ácido está
relacionado à atividade anti-inflamatória e imunomoduladora e sendo associadas as
informações da utilidade popular de D. indica e seus relatórios de constituição química
da literatura, o ácido betulínico (Figura 1) tornou-se um alvo de nossa investigação.
Como é possível verificar na Figura 1, a estrutura química do ácido betulínico é feita de
5 aneis fusionados substituídos de grupos polares hidroxila no carbono 3 e carboxila no
carbono 16, estas substituições devem lhe conferir um caráter anfipático.
Figura 1 – Estrutura química do ácido betulínico presente no fruto de Dillenia indica
Fonte: Adaptado pelo autor
Considerando os resultados obtidos na fase de extração, pode-se afirmar que o
fruto de D.indica é rico sobretudo em substâncias polares. A quantidade de extrato
obtida a partir da extração utilizando 1 kg de fruto moído e o rendimento em relação ao
material de partida estão apresentados na Tabela 1. Pode-se perceber que o extrato
obtido com água-etanol P.A. (1:8) foi aquele que apresentou rendimento superior, sendo
seguido pelo extrato acetato de etila, onde seria esperado estar contido a maior
quantidade de ácido betulínico, uma vez que este solvente apresenta polaridade
intermediária. Finalmente, o rendimento considerando o extrato obtido pelo solvente
éter de petróleo foi extremamente baixo (<0,5%) o que permite concluir que substâncias
apolares são minoria na constituição química do fruto.
Tabela 1 – Resultados da extração a partir do fruto de Dillenia indica
Extrato
Estimativa da quantidade
Rendimento em relação
de extrato seco
ao material de partida
Hidroetanólico
50 g
5%
Acetato de etila
30 g
3%
Éter de petróleo
5g
0,5%
Fonte: Do Autor
CONCLUSÃO
Embora a literatura indique abundância de ácido betulínico no fruto de D.indica,
a extração feita por maceração utilizando solventes polares água-etanol apresenta um
rendimento bastante superior. Estes achados levam a especular que acompanhando o
ácido betulínico nesta constituição devem estar presentes outras substâncias de caráter
mais polar.
REFERÊNCIAS
FOMENTO
Morgana Miranda Clarinda é bolsista estudantil de acordo com o Art. 170 da UNISUL e
Amanda Fernandes Freitas está sendo inserida como bolsista do Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
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