apostila novas tendências na educação no século xxi

Propaganda
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA
APOSTILA
NOVAS TENDÊNCIAS NA
EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI
MINAS GERAIS
2
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
O ato conjunto de planejar propicia um encontro no qual quem participa
exerce o que é mais humano no homem: a condição de dialogar, de expor idéias e
ideais, de tratar do presente, como ato que se desenvolve e do futuro, como
projeção do que se deseja. Essa é, de fato, a contingência que destaca o ser
humano do âmbito zoológico, hipótese por meio da qual instaura-se a possibilidade
de relacionamento entre os iguais e os diferentes, “no simples gozo da convivência
humana”, sem as pesadas características do labor ou do trabalho.
Particularmente, é correto dizer que o Planejamento Escolar pode ser
entendido como um processo contínuo e sistemático de reflexão, decisão, ação e
revisão, realizado pela comunidade de uma escola. Ele existe para fazer frente aos
problemas que a realidade educacional apresenta, orientado pelas crenças e valores
adotados por quem se compromete nessa empreitada.
Este modelo de planejamento envolve a fase anterior ao início das aulas, o
durante e o depois, significando o exercício da ação – reflexão – ação, que exprime
a sua especificidade renovadora, seu caráter inovador e recorrente. Como processo
dinâmico, deve expressar uma natureza coletiva e participativa, isto é, a comunidade
escolar identifica os problemas de ensino, de aprendizagem, de relacionamentos,
etc., pesquisa suas raízes e propõe formas para a superação dos mesmos.
3
Em uma análise crítica e pertinente, Vianna (1994, p.8) constata que “o
planejamento escolar está quase sempre desvinculado da realidade pessoal e social
da escola, sem nenhum tipo de pesquisa prévia, de sondagem de aptidões ou
necessidades”. Partindo de uma visão pragmática, pode-se entender que o processo
de planejamento nas escolas tem como objetivos principais: evitar a rotina e a
improvisação; economizar tempo, recursos financeiros e esforços; favorecer a
coerência do trabalho educativo; promover a participação de todos os interessados –
diretos e/ou indiretos – no processo educativo/escolar; propiciar a execução, o
acompanhamento e a avaliação do trabalho desenvolvido.
Do processo de planejamento nas
escolas
deve
resultar
uma
proposta
educacional a ser operacionalizada no
Plano Escolar, que consolida o programa
anual de trabalho da instituição em todas
as suas dimensões e é fruto desse
processo de planejamento da unidade, em
função
das
reflexões
críticas
e
permanentes da comunidade na qual está
inserida, tendo em vista um novo padrão
de qualidade e de utilização dos recursos disponíveis.
Portanto, enquanto o Planejamento caracteriza-se pela reflexão contínua
sobre a prática pedagógica do cotidiano, o Plano Escolar deve constituir-se na
formalização dos diferentes momentos desse processo. E, se o Planejamento exige
alguma formação dos envolvidos para se ter claro o significado técnico-político da
educação escolar, além do papel de cada um no bojo desse sistema, a elaboração e
a execução do Plano Escolar exige competência técnica, um “saber técnico”, que
implica em acompanhamento e avaliação das ações previstas e determinadas, em
harmonia com a legislação e decisões que estruturam e determinam a organização e
o funcionamento das escolas, bem como sua legítima aspiração por uma autonomia
institucional.
Estabelecendo-se o Planejamento como a etapa inicial de um processo de
discussões, debates, propostas e tomada de decisões sobre o cotidiano e a
realidade da escola, o Plano Escolar estrutura-se como um documento resultante
dessa reflexão sobre a realidade definida.
4
O Plano Escolar constitui-se, basicamente, na expressão objetiva das
intenções e decisões da comunidade escolar, com vistas ao que se pretende
realizar, com que finalidade, num determinado período de tempo. Em decorrência, a
importância do Plano Escolar na produção de uma educação de qualidade torna-se
evidente e esperada.
A IMPORTÂNCIA DE SE ENTENDER O QUE É
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
O ato de planejar acompanha o homem desde os primórdios da evolução
humana. Todas as pessoas planejam suas ações desde as mais simples até as mais
complexas, na tentativa de transformar e melhorar suas vidas ou as das pessoas
que as rodeiam.
Mas não é só na vida pessoal que as pessoas planejam suas ações, o
planejamento atinge vários setores da vida social. Se o ato de planejar é tão
importante, porque algumas pessoas ainda resistem em aceitar este fato,
principalmente no contexto escolar? Diante desse questionamento objetivou-se
identificar os motivos pelos quais os professores resistem em preparar suas aulas e
conscientizá-los da importância de utilizar o plano de aula como um norteador da
ação pedagógica.
5
“O planejar é uma realidade que acompanhou a trajetória histórica da
humanidade. O homem sempre sonhou, pensou e imaginou algo na sua vida.”
(MENGOLLA, SAN’TANNA, 2001, p.15).
Segundo Moretto (207, P. 100), percebe-se que o planejamento é
fundamental na vida do homem, porém no contexto escolar ele não tem tanta
importância assim “o planejamento no contexto escolar não parece ter a importância
que deveria ter”.
Hoje vivemos a segunda grande onda do planejamento. A primeira entra em
crise na década de 70. A década de 80, embora, na prática, se apresente como uma
grande resistência ao planejamento, contém os mais efetivos anos em termos da
compreensão da necessidade, do estudo, do esclarecimento e da confirmação desta
ferramenta. (GANDIN, 2008)
A citação demonstra a dimensão da necessidade de se compreender a
importância do ato de planejar, não apenas no nosso dia-a-dia, mas principalmente,
no dia-a-dia de sala de aula.
Para
Moretto
(2007),
planejar é organizar ações. Essa é
uma definição simples mas que
mostra
uma
dimensão
da
importância do ato de planejar,
uma vez que o planejamento deve
existir para facilitar o trabalho tanto
do professor como do aluno. O
planejamento deve ser uma organização das ideias e informações.
Gandin (2008) sugere que se pense no planejamento como uma ferramenta
para dar eficiência à ação humana, ou seja, deve ser utilizado para a organização na
tomada de decisões e para melhor entender isto precisa-se compreender alguns
conceitos, tais como: planejar, planejamento e planos que segundo Menegolla &
Sant’Anna (2001, p.38) “são palavras sofisticadamente pedagógicas e que “rolam”
de boca em boca, no dia-a-dia da vida escolar.”
Porém, para Padilha (2003, p. 29), estes termos têm sido compreendidos de
muitas maneiras. Dentre elas destaca-se:

Planejamento: É um instrumento direcional de todo o processo educacional,
pois estabelece e determina as grandes urgências, indica as prioridades
6
básicas, ordena e determina todos os recursos e meios necessários para a
consecução de grandes finalidades, metas e objetivos da educação.
(MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001)

Plano Nacional de Educação: Nele se reflete a política educacional de um
povo, num determinado momento histórico do país. É o de maior abrangência
porque interfere nos planejamentos feitos no nível nacional, estadual e
municipal. (MEC, 2006)

Plano de Curso: O plano de curso é a sistematização da proposta geral de
trabalho do professor naquela determinada disciplina ou área de estudo,
numa dada realidade. Pode ser anual ou semestral, dependendo da
modalidade em que a disciplina é oferecida.(VASCONCELLOS, 1995, p.117
in Padilha, 2003)

Plano de Aula: É a sequência de
tudo o que vai ser desenvolvido em
um
dia
letivo.
sistematização
de
(“...)
É
todas
a
as
atividades que se desenvolvem no
período
de
tempo
em
que
o
professor e o aluno interagem,
numa
dinâmica
de
ensino-
aprendizagem.” (PILETTI, 2001, p.73)

Plano de Ensino: É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docente
para um ano ou um semestre; é um documento mais elaborado, no qual
aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológico.
(LIBÂNEO, 1994)

Projeto Político Pedagógico: É o planejamento geral que envolve o
processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a
proposta pedagógica da instituição. É um processo de organização e
coordenação da ação dos professores. Ele articula a atividade escolar e o
contexto social da escola. É o planejamento que define os fins do trabalho
pedagógico. (MEC, 2006)
Os conceitos apresentados têm por objetivo mostrar para o professor a
importância, a funcionalidade e principalmente a relação íntima existente entre essas
7
tipologias. Segundo Fusari (2008, p.45), “Apesar de os educadores em geral
utilizarem, no cotidiano do trabalho, os termos “planejamento” e “plano” como
sinônimos, estes não o são.”
Outro aspecto importante, segundo Schmitz (2000, p.108) é que “as
denominações variam muito. Basta que fique claro o que se entende por cada um
desses planos e como se caracterizam.” O que se faz necessário é estar consciente
que: “Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser planejada. O planejamento
é uma espécie de garantia dos resultados. E sendo a educação, especialmente a
educação escolar, uma atividade sistemática, uma organização da situação de
aprendizagem, ela necessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se
pode improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível.” (SCHMITZ, 2000, p.101)
A educação, a escola e o ensino são os grandes meios que o homem busca
para poder realizar o seu projeto de vida. Portanto, cabe à escola e aos professores
o dever de planejar a sua ação educativa para construir o seu bem viver
(MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001).
A citação acima deixa clara a importância tanto da escola como dos
professores na formação humana; por este motivo todas as ações educativas devem
ter como perspectiva a construção de uma sociedade consciente de seus direitos e
obrigações, sejam eles individuais ou coletivos.
Infelizmente, apesar do planejamento da ação educativa ser de suma
importância, existem professores que são negligentes na sua prática educativa,
improvisando suas atividades. Em conseqüência, não conseguem alcançar os
objetivos quanto à formação do cidadão.
A ausência de um processo de planejamento de ensino nas escolas, aliado
às demais dificuldades enfrentadas pelos docentes do seu trabalho, tem
levado a uma contínua improvisação pedagógica das aulas. Em outras
palavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma
“regra”, prejudicando, assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio
trabalho escolar como um todo. (FUSARI, 2008, p.47).
Para Moretto (2007, p.100) “Há, ainda, quem pense que sua experiência
como professor seja suficiente para ministrar suas aulas com competência.”
Professores com este tipo de pensamento desconhecem a função do planejamento
bem como sua importância. Simplesmente estão preocupados em ministrar
8
conteúdos, desconsiderando a realidade e a herança cultural existente em cada
comunidade escolar bem como suas necessidades.
Outro
aspecto
que
vem
influenciando o ato de planejar dos
professores
didáticos
são
ou
os
as
materiais
instruções
metodológicas para os professores
que acompanham estes materiais.
Na
presente
pesquisa
não
se
pretende discutir se eles são bons
ou ruins e sim a forma com a qual
estão sendo utilizados pelos professores. O que acontece é que o professor faz um
apanhado geral dos conteúdos dispostos no material e confronta com o tempo que
tem disponível para ensinar esses conteúdos aos alunos e a partir desses dados
divide-os atribuindo a este ato erroneamente o nome de plano de aula.
Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu planejamento pela
escolha de um livro didático. Infelizmente, quando isso acontece, na maioria
das vezes, esses professores acabam se tornando simples administradores
do livro escolhido. Deixam de planejar seu trabalho a partir da realidade de
seus alunos para seguir o que o autor do livro considerou como mais
indicado. (MEC, 2006, p. 40)
Outra situação muito comum em relação à elaboração do plano de aula é que
“em muitos casos, os professores copiam ou fazem cópia do plano do ano anterior e
o entregam a secretaria da escola, com a sensação de mais uma atividade
burocrática” (FUSARI, 2008, p. 45).
Luckesi (2001) afirma que o ato de planejar, em nosso país, principalmente na
educação, tem sido considerada como uma atividade sem significado, ou seja, os
professores estão muito preocupados com os roteiros bem elaborados e esquecem
do aperfeiçoamento do ato político do planejamento. Os professores precisam
quebrar o paradigma de que o planejamento é um ato simplesmente técnico e
passar a se questionarem sobre o tipo de cidadão que pretendem formar, analisando
a sociedade na qual ele está inserido, bem como suas necessidades para se tornar
atuante nesta sociedade.
Para Luckesi (2001, p.108):
9
O planejamento não será nem exclusivamente um ato político-filosófico,
nem exclusivamente um ato técnico; será sim um ato ao mesmo tempo
político-social, científico e técnico: político-social, na medida em que está
comprometido com as finalidades sociais e políticas; científicas na medida
em que não pode planejar sem um conhecimento da realidade; técnico, na
medida em que o planejamento exige uma definição de meios eficientes
para se obter resultados.
O ato de planejar não pode priorizar o lado técnico em detrimento do lado
político social ou vice-versa, ambos são importantes. Por este motivo, devem ser
muito bem pensados ao serem formulados visando à transformação da sociedade.
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL, DE CURRÍCULO E DE
ENSINO
Na área da educação temos os seguintes tipos de planejamento:
Planejamento educacional
Consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do
desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a
proposição de objetivos em longo prazo que definam uma política da educação. É o
realizado pelo Governo Federal, através do Plano Nacional de Educação e da
legislação vigente.
10
Planejamento de currículo
O problema central do planejamento curricular é formular objetivos
educacionais a partir daqueles expressos nos guias curriculares oficiais. Nesse
sentido, a escola não deve simplesmente executar o que é prescrito pelos órgãos
oficiais. Embora o currículo seja mais ou menos determinado em linhas gerais, cabe
à escola interpretar e operacionalizar estes currículos. A escola deve procurar
adaptá-los às situações concretas, selecionando aquelas experiências que mais
poderão contribuir para alcançar os objetivos dos alunos, das suas famílias e da
comunidade.
Planejamento de ensino
Podemos dizer que o planejamento de ensino é a especificação do
planejamento de currículo. Consiste em traduzir em termos mais concretos e
operacionais o que o professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a
alcançar os objetivos educacionais propostos. Um planejamento de ensino deverá
prever:

Objetivos específicos estabelecidos a partir dos objetivos educacionais.

Conhecimentos a serem aprendidos pelos alunos no sentido determinado
pelos objetivos.

Procedimentos e recursos de ensino que estimulam, orientam e promovem as
atividades de aprendizagem.

Procedimentos de avaliação que possibilitem a verificação, a qualificação e a
apreciação qualitativa dos objetivos propostos, cumprindo pelo menos a
função pedagógico-didática, de diagnóstico e de controle no processo
educacional.
11
IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR E DA
ESCOLHA DO CURRÍCULO
O trabalho docente é uma atividade consciente e sistemática, em cujo centro
está a aprendizagem ou o estudo dos alunos sob a direção do professor. O
planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação
docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social.
A escola, os professores e os alunos são integrantes da dinâmica das
relações sociais; tudo o que acontece no meio escolar está atravessado por
influências econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de
classes. Isso significa que os elementos do planejamento escolar – objetivos,
conteúdos, métodos – estão recheados de implicações sociais, têm um significado
genuinamente político. Por essa razão, o planejamento é uma atividade de reflexão
acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o ruma
que devemos dar ano nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos
pelos interesses dominantes na sociedade.
A ação de planejar é uma atividade consciente de previsão das ações
docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo como referência
permanente situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica,
política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a
comunidade, que interagem no processo de ensino).
O planejamento escolar tem, assim, as seguintes funções:
12

Explicitar princípios, diretrizes e procedimentos de trabalho docente que
assegurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências do
contexto social e do processo de participação democrática.

Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-pedagógico e
profissional, as ações efetivas que o professor irá realizar em sala de aula,
através de objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas de ensino.

Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho docente,
de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao professor a
realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e rotina.

Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir da consideração das
exigências propostas pela realidade social, do nível de preparo e das
condições sócio-culturais e individuais dos alunos.

Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma vez que torna
possível inter-relacionar, num plano, os elementos que compõem o processo
de ensino: os objetivos (para que ensinar), os conteúdos (o que ensinar), os
alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os métodos e técnicas (como
ensinar) e a avaliação, que está intimamente relacionada aos demais.

Atualizar o conteúdo do plano sempre que é revisto, aperfeiçoando-o em
relação aos progressos feitos no campo de conhecimentos, adequando-os às
condições de aprendizagem dos alunos, aos métodos, técnicas e recursos de
ensino que vão sendo incorporados na experiência cotidiana.

Facilitar a preparação das aulas: selecionar o material didático em tempo
hábil, saber que tarefas professor e alunos devem executar, replanejar o
trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer das aulas.
Para que os planos sejam efetivamente instrumentos para a ação, devem ser
como um guia de orientação de devem apresentar ordem seqüencial, objetividade,
coerência, flexibilidade.
13
ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO
Conhecimento da realidade
Para poder planejar adequadamente a tarefa de ensino e atender às
necessidades do aluno é preciso, antes de qualquer coisa, saber para quem se vai
planejar. Por isso, conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo
de planejamento. É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e
possibilidades dos alunos. Fazendo isso, estaremos fazendo uma Sondagem, isto é,
buscando dados.
Uma vez realizada a sondagem, deve-se estudar cuidadosamente os dados
coletados. A conclusão a que chegamos, após o estudo dos dados coletados,
constitui o Diagnóstico.
Sem a sondagem e o diagnóstico corre-se o risco de propor o que é
impossível alcançar ou o que não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado.
Requisitos para o planejamento

Objetivos e tarefas da escola democrática: estão ligados às necessidades de
desenvolvimento cultural do povo, de modo a preparar as crianças e jovens
para a vida e para o trabalho.

Exigências dos planos e programas oficiais: são as diretrizes gerais, são
documentos de referência, a partir dos quais são elaborados os planos
didáticos específicos.

Condições prévias para a aprendizagem: está condicionado pelo nível de
14
preparo em que os alunos se encontram em relação ás tarefas de
aprendizagem
Elaboração do plano
A partir dos dados fornecidos pela sondagem e interpretados pelo
diagnóstico, temos condições de estabelecer o que é possível alcançarem o que
julgamos possíveis e como avaliar os resultados. Por isso, passamos a elaborar o
plano através dos seguintes passos:

Determinação dos objetivos.

Seleção e organização dos conteúdos.

Análise da metodologia de ensino e dos
procedimentos adequados.

Seleção de recursos tecnológicos.

Organização das formas de avaliação.

Estruturação do plano de ensino.
Execução do plano
Ao elaborarmos o plano de ensino, antecipamos, de forma organizada, todas
as etapas do trabalho escolar. A execução do plano consiste no desenvolvimento
das atividades previstas.
Na execução, sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às vezes,
a reação dos alunos ou as circunstâncias do ambiente dispensa o planejamento,
pois, uma das características de um bom planejamento deve ser a flexibilidade.
15
Avaliação e aperfeiçoamento do plano
Ao término da execução do que foi
planejado, passamos a avaliar o próprio plano
com vistas ao replanejamento.
Nessa etapa, a avaliação adquire um
sentido diferente da avaliação do ensinoaprendizagem e um significado mais amplo.
Isso porque, além de avaliar os resultados do
ensino-aprendizagem, procuramos avaliar a
qualidade do nosso plano, a nossa eficiência
como professor e a eficiência do sistema escolar.
O PLANO DA ESCOLA
O plano da escola é o plano pedagógico e administrativo da unidade, onde se
explicita a concepção pedagógica do corpo docente, as bases teórico-metodológicas
da organização didática, a contextualização social, econômica, política e cultural da
escola, a caracterização da clientela escolar, os objetivos educacionais gerais, a
estrutura curricular, diretrizes metodológicas gerais, o sistema de avaliação do
plano, a estrutura organizacional e administrativa.
O plano da escola é um guia de orientação para o planejamento do processo
de ensino. Os professores precisam ter em mãos esse plano abrangente, não só
para uma orientação do seu trabalho, mas para garantir a unidade teóricometodológica das atividades escolares.
Roteiro para elaboração do plano da escola

Posicionamento sobre as finalidades da educação escolar na sociedade e na
nossa escola

Bases teórico-metodológicas da organização didática e administrativa: tipo de
16
homem que queremos formar, tarefas da educação, o significado pedagógicodidático do trabalho docente, relações entre o ensino e o desenvolvimento
das capacidades intelectuais dos alunos, o sistema de organização e
administração da escola.

Caracterização econômica, social, política e cultural do contexto em que está
inserida a nossa escola.

Características sócio-culturais dos alunos

Objetivos educacionais gerais da escola

Diretrizes gerais para elaboração do plano de ensino da escola: sistema de
matérias – estrutura curricular; critérios de seleção de objetivos e conteúdos;
diretrizes metodológicas gerais e formas de organização do ensino e
sistemática de avaliação.

Diretrizes quanto à organização e a à administração: estrutura organizacional
da escola; atividades coletivas do corpo docente; calendário e horário escolar;
sistema de organização de classes, de acompanhamento e aconselhamento
de alunos, de trabalho com os pais; atividades extra-classe; sistema de
aperfeiçoamento profissional do pessoal docente e administrativo e normas
gerais de funcionamento da vida coletiva.
COMPONENTES BÁSICOS DO PLANEJAMENTO DE
ENSINO
O plano de ensino é um roteiro organizado das unidades didáticas para um
ano ou semestre. É denominado também de plano de curso, plano anual, plano de
17
unidades didáticas e contém os seguintes componentes: ementa da disciplina,
justificativa da disciplina em relação ao objetivos gerais da escola e do curso;
objetivos gerais; objetivos específicos, conteúdo (com a divisão temática de cada
unidade); tempo provável (número de aulas do período de abrangência do plano);
desenvolvimento metodológico (métodos e técnicas pedagógicas específicas da
disciplina); recursos tecnológicos; formas de avaliação e referencial teórico (livros,
documentos, sites, etc). Exemplo:
Ementa: É uma descrição discursiva que resume o conteúdo conceitual ou
conceitual/procedimental de uma disciplina.
Justificativa: A justificativa deverá responder a três questões básicas do
processo didático: o por quê?, o para quê e o como.
Objetivos: É a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado
da nossa atividade. Os objetivos nascem da própria situação: da comunidade, da
família, da escola, da disciplina, do professor e principalmente do aluno. Os
objetivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno.
Os objetivos educacionais ou gerais são as metas e os valores mais amplos
que a escola procura atingir a longo prazo, e os objetivos instrucionais, também
chamados de específicos, são proposições mais específicas referentes às
mudanças comportamentais esperadas para um determinado grupo-classe.
Para manter a coerência interna do trabalho de uma escola, o primeiro
cuidado será o de selecionar os objetivos específicos que tenham correspondência
com os objetivos gerais das áreas de estudo que, por sua vez, devem estar
coerentes com os objetivos educacionais do planejamento de currículo. E os
objetivos educacionais, conseqüentemente, devem estar coerentes com a linha de
pensamento da entidade à qual o plano se destina.
Conteúdo: Refere-se à organização do conhecimento em si, com base nas
suas próprias regras. Abrange também as experiências educativas no campo do
conhecimento, devidamente selecionadas e organizadas pela escola. O conteúdo é
um instrumento básico para poder atingir os objetivos.
Em geral, os guias curriculares oficiais oferecem uma relação de conteúdos
das várias áreas que podem ser desenvolvidos em cada série. Pode-se selecionar o
conteúdo com base nesses guias. Não devemos esquecer, no entanto, de levar em
conta a realidade da classe. Outros cuidados que devem ser observados na seleção
dos conteúdos:
18

Devemos delimitar os conteúdos por unidades didáticas, com a divisão temática
de cada uma. Unidade didática são o conjunto de temas inter-relacionados que
compõem o plano de ensino para uma série ou módulo. Cada unidade didática
contém um tema central do programa, detalhado em tópicos.

Conteúdo selecionado precisa estar relacionado com os objetivos definidos.
Devemos escolher os conhecimentos indispensáveis para que os alunos
adquiram os comportamentos fixados.

Um bom critério de seleção é a escolha feita em torno de conteúdos mais
importantes, mais centrais e mais atuais, com base no programa oficial da
matéria, no livro didático adotado pela instituição.

É importante é o fato de o mestre estar apto a levantar a idéia central do
conhecimento que deseja trabalhar. Para que tal ocorrência se verifique, é
indispensável
que
o
professor
conheça
em
profundidade
natureza
do
fenômeno
pretende
que
seus
a
que
alunos
conheçam.

Conteúdo
precisa
ir
do
mais
simples para o mais complexo, do
mais
concreto
para
o
mais
abstrato.
Finalmente faça uma última
checagem para verificar:

As unidades formam um todo
homogêneo e lógico.

As unidades realmente contêm o conteúdo básico essencial.

O tempo para desenvolver cada unidade é realista.

Os tópicos de cada unidade possibilitam o entendimento da idéia central.

Os tópicos de cada unidade podem ser transformados em tarefas de estudo
para os alunos e em objetivos e habilidades.
Desenvolvimento
metodológico
ou
metodologia
de
ensino:
Procedimentos de ensino são ações, processos ou comportamentos planejados pelo
professor para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenômenos
que lhes possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos
19
(TURRA apud PILETTI, 2003, p. 67).
Indica o que o professor e os alunos farão no desenrolar de uma aula ou
conjunto de aulas. Sua função é articularem objetivos e conteúdos com métodos e
procedimentos de ensino que provoquem a atividade mental e prática dos alunos
(resolução de situações problemas, trabalhos de elaboração mental, discussões,
resolução de exercícios, aplicação de conhecimentos e habilidades em situações
distintas das trabalhadas em classe, etc.)
O professor, ao organizar as condições externas favoráveis à aprendizagem,
utiliza meio ou modos organizados de ação, conhecidos como técnicas de ensino.
As técnicas de ensino são maneiras particulares de organizar a atividade dos alunos
no processo de aprendizagem.
O desenvolvimento metodológico de objetivos e conteúdos estabelece a linha
que deve ser seguida no ensino (atividade do professor) e na assimilação (atividade
do aluno) da matéria de ensino.
Ao planejar os procedimentos de ensino, não é suficiente fazer uma listagem
de técnicas que serão utilizadas, como aula expositiva, trabalho dirigido, excursão,
trabalho em grupo, etc. Devemos prever como utilizar o conteúdo selecionado para
atingir os objetivos propostos. As técnicas estão incluídas nessa descrição. Os
procedimentos têm uma abrangência bem mais ampla, pois envolvem todos os
passos do desenvolvimento da atividade de ensino propriamente dita. Os
procedimentos de ensino selecionados pelo professor devem:

Ser diversificados;

Estar coerentes com os objetivos propostos e com o tipo de aprendizagem
previsto nos objetivos;

Adequar-se às necessidades dos alunos;

Servir de estímulo à participação do aluno no que se refere às descobertas;

Apresentar desafios.
Recursos tecnológicos (didáticos, audiovisuais ou de ensino): As
tecnologias merecem estar presentes no cotidiano escolar primeiramente porque
estão presentes na vida, mas também para:

Diversificar as formas de produzir e apropriar-se do conhecimento.

Serem estudadas, como objeto e como meio de se chegar ao conhecimento,
já que trazem embutidas em si mensagens e um papel social importante.
20

Permitir ao alunos, através da utilização
da diversidade de meios, familiarizaremse com a gama de tecnologias existentes
na sociedade.

Serem desmistificadas e democratizadas.

Dinamizar o trabalho pedagógico.

Desenvolver a leitura crítica.

Ser parte integrante do processo que
permite
a
expressão
e
troca
dos
diferentes saberes.
Avaliação: Avaliação é o processo pelo qual se determina o grau e a
quantidade de resultados alcançados em relação aos objetivos, considerando o
contexto das condições em que o trabalho foi desenvolvido.
No planejamento da avaliação é importante considerar a necessidade de:

Avaliar continuamente o desenvolvimento do aluno.

Selecionar situações de avaliação diversificadas, coerentes com os objetivos
propostos.

Selecionar e/ou montar instrumentos de avaliação.

Registrar os dados da avaliação.

Aplicar critérios aos dados da avaliação.

Interpretar resultados da avaliação.

Comparar os resultados com os critérios estabelecidos (feed-back).

Utilizar dados da avaliação no planejamento.
O feedback deve ser encarado como retroinformação para o professor sobre
o andamento de sua atuação. Dessa forma, a avaliação desloca-se do plano da
competição entre professor e aluno, para significar a medida real do conhecimento,
tornando-se assim menos arbitrária.
21
PLANO BIMESTRAL
O planejamento do bimestre pode conter uma unidade didática ou mais. É
uma especificação maior do plano de curso. Uma unidade de ensino é formada de
assuntos inter-relacionados. O planejamento bimestral das unidades didáticas
também inclui objetivos, conteúdos, etc. Em princípio, deve ser planejado ao final do
bimestre, ou período que o antecede, pois esta lhe servirá de base ou apoio. Isto
significa que os bimestres ou unidades serão planejadas ou replanejadas ao longo
do curso.
22
EXEMPLO DE PLANO BIMESTRAL
PROGRAMA 1º BIMESTRE
CURSO:
DISCIPLINA:
PROFESSORA:
TURNO:
CARGA HORÁRIA:
SÉRIE:
TURMA:
horas/aula
ANO:
OBJETIVOS
PROGRAMA
CONTEÚDOS
Nº
ENCAMINHAMENTO
AULAS
METODOLÓGICO
RECURSOS TECNOLÓGICOS
REFERENCIAL TEÓRICO
INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR
AVALIAÇÃO
23
PLANEJAMENTO DE AULA OU PLANO DE AULA
A aula é a forma predominante de organização didática do processo de
ensino. É na aula que organizamos ou criamos as situações docentes, isto é, as
condições e meios necessários para que os alunos assimilem ativamente
conhecimentos, habilidades e desenvolvam suas capacidades cognoscitivas.
O plano de aula é o detalhamento do plano de ensino. As unidades didáticas
e subunidades (tópicos) que foram previstas em linhas gerais são agora
especificadas e sistematizadas para uma situação didática real. A preparação da
aula é uma tarefa indispensável e, assim como o plano de ensino, deve resultar num
documento escrito que servirá não só para orientar as ações do professor como
também para possibilitar constantes revisões e aprimoramentos de ano para ano.
Em todas as profissões o aprimoramento profissional depende da acumulação de
experiências conjugando a prática e a reflexão criteriosa sobre a ação e na ação,
tendo em vista uma prática constantemente transformadora para melhor.
Na elaboração do plano de aula, deve-se levar em consideração, em primeiro
lugar, que a aula é um período de tempo variável. Dificilmente completamos numa
só aula o desenvolvimento de uma unidade didática ou tópico de unidade, pois o
processo de ensino e aprendizagem se compõe de uma seqüência articulada de
fases:

Preparação e apresentação dos objetivos, conteúdos e tarefas.

Desenvolvimento da matéria nova.
24

Consolidação (fixação, exercícios, recapitulação, sistematização).

Síntese integradora e aplicação.

Avaliação.
Isto significa que não devemos preparar uma aula, mas um conjunto de aulas.
Modelo de José Carlos Libâneo (Pedagogia crítico-social dos conteúdos):
Escola:
Disciplina:
Série:
Professor:
Data:
Unidade didática:
Objetivos
Específicos
Conteúdos
Nº aulas
Desenvolvimento
Metodológico
Preparação:
Introdução do assunto:
Desenvolvimento e estudo
ativo do assunto:
Sistematização e aplicação:
25
Tarefas para casa:
Avaliação:
Referencial teórico:
Modelo de Nelson Piletti:
Tema central:
Objetivos:
Conteúdo:
Procedimentos de ensino
Recursos
Procedimentos de avaliação
26
O CU RRICULO ESCOLAR
O Currículo Escolar é um elemento importante para o planejamento do
professor, pois pode organizar os conteúdos e as atividades, contudo ele é um
recurso para o educador e não uma lei rígida ou um mandamento a ser seguido
metodologicamente, ele pode ser usado como um norte para a práxis pedagógica,
com flexibilidade de ajustes para melhor atender as necessidades dos educandos.
Sendo que, cada instituição pode construir o seu currículo, ou este fazer parte da
rede escolar, podendo usar os livros didáticos no auxilio desta construção.
A origem da palavra currículo – currere (do latim) – significa carreira, por isso
ele é uma caminhada dentro do processo ensino e aprendizagem, que vai ajustando
os conteúdos a realidade dos educandos. Ele não é único no nosso país, mas os
Parâmetros Curriculares Nacionais oferecem uma sugestão, uma forma de definição
das disciplinas e distribuição dos conteúdos entre os componentes curriculares
propostos. Devido à dimensão territorial e à diversidade cultural, política e social do
país, nem sempre os Parâmetros Curriculares chegam às salas de aula.
Não se separa conteúdos de processo de instrução, ou seja, ação em desenvolvê-lo
em consonância com atividades práticas.
Segundo Sacristàn (1998), sem conteúdo não há ensino qualquer projeto
educativo acaba se concretizando na aspiração de conseguir alguns efeitos nos
sujeitos que se educam (...) quando há ensino é porque se ensinam algo ou se
27
ordena o ambiente para que alguém aprenda algo (...) a técnica de ensinar não pode
preencher todo o discurso didático evitando problemas para o conteúdo colocado.
Assim, a educação pode ser compreendida como sendo uma atividade
expressa de formas distintas onde tanto o conteúdo programático e a didática usada
possam transformar o currículo em uma ação que produza a aprendizagem.
Defini-lo não é uma tarefa muito fácil, mas é importante na produção de novas
subjetividades no mundo contemporâneo. Daí o entendimento do currículo escolar
como um caminho, um curso ou uma listagem de conteúdos que devem ser
seguidos (GOODSON, 2005).
Nessa perspectiva, o termo está intimamente vinculado à idéia de
seqüencialidade e de prescrição. Em relação à idéia de transitoriedade Silva (2005)
diz que: Uma história do currículo tem que ser uma história social do currículo,
centrada numa epistemologia social do conhecimento escolar, preocupada com os
determinantes sociais e políticos do conhecimento educacionalmente organizado.
Enfim, tem que descobrir quais conhecimentos, valores e habilidades eram
considerados
verdadeiros
e
legítimos
numa
determinada
época,
assim
como determinar de que forma essa validade e legitimidade foram estabelecidas.
(SILVA 2005, p.10-11)
Em Silva (2005) encontra-se a idéia de vários currículos constroem sujeitos
também diferentes sendo diferenças sociais: Diferentes currículos produzem
diferentes pessoas, mas naturalmente essas diferenças não são meras diferenças
individuais, mas diferenças sociais, ligadas à classe, à raça, ao gênero. Dessa
forma, uma história do currículo não deve ser focalizada apenas no currículo em si,
mas também no currículo como fator de produção de sujeitos dotados de classe,
raça, gênero. Nessa perspectiva, o currículo deve ser visto não apenas como a
expressão ou a representação ou o reflexo de interesses sociais determinados, mas
também como produzindo identidades e subjetividades sociais determinadas. O
currículo não apenas representa, ele faz. É preciso reconhecer que a inclusão ou a
exclusão no currículo tem conexões com a inclusão ou exclusão na sociedade.
(SILVA, 2005, p.10)
28
CURRÍCULO ESCOLAR: LIMITES E POSSIBILIDADES
Podemos dizer que ensinar, uma das funções essenciais da escola, é
promover a “transposição didática” de conhecimentos, um processo que torna os
saberes “ensináveis,exercitáveis e passíveis de avaliação” e em que é possível
distinguir três fases de transformação:
1ª - da cultura extra-escolar para o currículo formal;
2ª - do currículo formal para o currículo real;
3ª - do currículo real para a aprendizagem efetiva (PERRENOUD, 1993, p. 25).
E para que isso se realize, a escola precisa construir um currículo que:
- concilie os conhecimentos científicos que presidem a produção moderna e o
exercício da cidadania plena, a formação ética e a autonomia intelectual, as
competências cognitivas e as sociais, o humanismo e a tecnologia;
- considere as múltiplas interações entre os conteúdos das disciplinas e a abertura e
a sensibilidade para identificar as relações entre escola e vida pessoal e social, entre
o aprendido e o observado, entre o aluno e o objeto do conhecimento e entre a
teoria e suas conseqüências e aplicações práticas como pressupostos decisivos de
sua organização;
- reconheça a linguagem como elemento primordial para a constituição dos
conceitos, relações, condutas e valores, o conhecimento como construção coletiva
29
e a aprendizagem como mobilizadora de afetos, emoções e relações humanas
(COLL, 1997);
- selecione o que de fato é relevante e consistente no conjunto extraordinário de
conhecimentos hoje disponível, o que impõe à escola o compromisso de propiciar ao
professor o desenvolvimento da capacidade de ‘mapear’ os conhecimentos
relevantes na escala adequada às necessidades e possibilidades dos alunos.
Ora, essa tarefa reconhecidamente não é fácil. E uma das maiores
dificuldades para a sua realização está na prescrição, na maioria das escolas, de
um currículo legal e formal que reproduz uma colcha de retalhos de informações
descontextualizadas e fragmentadas, moldada por uma tradição pedagógica
anacrônica e inócua, para dizer o mínimo.
É como se desejássemos ajudar uma pessoa a visitar algum lugar
maravilhoso que conhecemos há muito tempo. Para orientá-la, desenhamos um
mapa. Porém, nosso mapa se baseia em informações ultrapassadas e desfocadas,
engavetadas em algum canto poeirento da memória. É pouco provável que este
mapa seja eficaz. O terreno mudou. As referências são outras. Muitas indicações
não existem mais, enquanto outras surgiram alterando o panorama. Precisamos
estudar novamente a área e promover um levantamento atualizado antes de criar
um mapa útil, capaz de servir de orientação segura em um terreno que não apenas
pode ter mudado sua aparência externa, mas sua própria natureza.
O currículo escolar é um mapa ainda mais especial, pois, à parte essa função
cartográfica básica, deve fornecer orientações sobre um território desconhecido na
ocasião em que está sendo desenhado.
A escola não pode mais fixar sua
visão no dedo que
aponta, mas olhar
para
aquilo
que
o
dedo
aponta:
uma
constelação de novos conhecimentos
que, além de representar o recurso mais
importante do mundo contemporâneo, é
uma das instâncias em que a solidariedade se realiza como um dos elos mais fortes
entre os membros da espécie humana, o que exige a reflexão sobre o próprio
conhecimento, atitude que nos compromete e constitui,
fundamento de toda ética.
em última análise, o
30
Por isso, pensamos uma organização curricular orientada por:
(1) uma visão orgânica do conhecimento, coerente com essa metamorfose da
racionalidade, caracterizada por uma abordagem renovada e renovadora que trate
os conteúdos escolares e as situações de aprendizagem de modo a destacar as
múltiplas
interações
entre
as
disciplinas do currículo.
O
processo
de
reflexão,
conforme nos propõe Kemmis, implica
“a imersão consciente do homem no
mundo
de
carregado
sua
de
experiência
conotações
intercâmbios
[...]
valore,
simbólicos,
correspondências afetivas, interesses
sociais e cenários políticos.” Além
disso, a reflexão:
- expressa uma orientação para a ação e se refere às relações historicamente
situadas entre pensamento e a ação;
- pressupõe relações sociais;
- expressa e serve interesses particulares de natureza humana, política, cultural e
social;
- reproduz ou transforma ativamente práticas ideológicas;
- é uma prática que exprime o poder de reconstrução social (NÓVOA, 1992)
(2) uma abertura e uma sensibilidade capazes de reconhecer o nexo entre o
conhecimento e os contextos contemporâneos da vida social e pessoal.
O currículo é por natureza uma rede de sentidos capaz de estabelecer uma
relação ativa entre o aluno e o objeto do conhecimento e de relacionar,
dialeticamente, o aprendido com o observado, a teoria com suas conseqüências e
aplicações práticas.
Mas um grande obstáculo se interpõe: a realidade imediata, na medida em
que a educação escolar incorpora uma rotina metodológica conservadora muito
resistente que considera os objetos isolados e estáticos, plenamente construídos e
definitivos. Portanto, grande parte dos problemas decorre não apenas de eventuais
deficiências do conhecimento científico ou da sua organização histórica, mas,
sobretudo, da própria realidade (DEMO,1998).
31
BIBLIOGRAFIA
BORDENAVE, Juan Díaz; PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de ensinoaprendizagem. 11 ed. Petrópolis: Vozes, 1989. p. 117-118.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE / Ministério da
Educação. Brasília: INEP, 2001. Disponível em http://www.inep.gov.br/download/
cibec/2001/titulos_avulsos/miolo_PNE.pdf. Acesso em: 03/11/2008
COLL, C. Psicologia e Currículo. São Paulo: Ática, 1997, 2ª edição.
DEMO, P. Conhecimento Moderno: sobre a Ética e Intervenção do Conhecimento.
Petrópolis: Vozes, 1998.
DOLL JR., W. E. Currículo: uma perspectiva pós-moderna. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1997.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. Curitiba:
Positivo, 2004. p. 1575.
FERREIRA, Francisco Whitaker. Planejamento sim e não. 2ª. Edição. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1981.
32
FUSARI, José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas
indagações
e
tentativas
de
respostas.
Disponível
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p044-053_c.pdf.
em:
Acesso
em
27/11/2008.
GANDIN, Danilo. O planejamento como ferramenta de transformação da prática
educativa.
Disponível
em:
www.maxima.art.br/arq_palestras/planejamento_como_ferramenta_(completo).doc.
Acesso em: 29/04/2008.
GUTENBERG, Alex. O que eu pretendo com a aula de hoje? Profissão
Mestre,nº103, p.21-24, abr.2008.
HYPOLITTO, Dineia. A formação do professor em descompasso com a
realidade. Disponível em: http://br.geocities.com/dineia.hypolitto/arquivos/artigos.
KUENZER, Acácia Zeneida, CALAZANS, M. Julieta C., GARCIA, Walter.
Planejamento e educação no Brasil. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
LEAL,
Regina
Barros.
Planejamento
de
ensino.
Disponível
em:
ww.rieoei.org/deloslectores/1106Barros.pdf. Acesso em: 10/09/2008.
LEITE, Lígia Silva (coord) et all. Tecnologia Educacional: descubra suas
possibilidades na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2003
LIBÄNEO, José Carlos. Didática. 21ª. São Paulo: Cortez, 1994.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1991. p. 221-247
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e
preposições. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2001. (p.102 a 119)
MACETTO, COSTA, BARROS. Planejamento de ensino como elemento
articulador da relação da prática pedagógica: prática social. Disponível em:
33
http://www.aparecida.pro.br/alunos/textos/planejamento.htm.
Acesso
em:
20/11/2008.
MEC – Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em:
06/07/2008.
MEC – Ministério da Educação e Cultura. Trabalhando com a Educação de
Jovens e Adultos – Avaliação e Planejamento – Caderno 4 – SECAD – Secretaria
MENEGOLLA, Maximiliano. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como
planejar? 10ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o
desenvolvimento de competências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
NÉRICI, Imídeo G. Introdução a Didática Geral. Rio de Janeiro: Ed. Científica, s.d.,
149-157.
NÓVOA, A. Os Professores e a sua Formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992, p. 103.
PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto
político-pedagógico da escola. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2003. (p. 29 a 71).
PERRENOUD, P.
Práticas Pedagógicas, Profissão Docente e Formação.
Perspectivas Sociológicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993.
PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23 ed. rev. São Paulo: Ática, 2003. p. 60-85
SACRISTÁN, J.G. O Currículo: uma Reflexão sobre a Prática. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998, 3ª edição.
VASCONCELOS, Celso dos S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e
projeto político-pedagógico. 5. ed. São Paulo: Libertad, 1999. p. 148-151.
34
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1- Ao coordenar o planejamento das atividades curriculares com a escola em
que trabalha, o pedagogo Francisco assumiu com os colegas a Pedagogia
da Autonomia, refletindo sobre as concepções que norteiam o ensino e a
aprendizagem nessa tendência pedagógica.Nesse sentido o planejamento
escolar passou a ser entendido por todos como uma atividade que orienta a
tomada de decisões da escola e dos professores em relação às situações do
ensino e da aprendizagem, tendo em vista alcançar os melhores resultados
possíveis. Nessa perspectiva os profissionais do ensino participam ativamente
das atividades de planejamento da escola que tem como uma de suas
funções:
A) exclusivamente o domínio dos conhecimentos básicos para os alunos
serem aprovados de um ano letivo para o outro
B) atender as exigências das secretarias de educação
C) atender as exigências burocráticas do sistema educacional
D) replanejar o trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer
das atividades educativas
35
2- Segundo José Carlos Libâneo o planejamento escolar – objetivos, conteúdos,
métodos – está recheado de implicações sociais e têm um significado
genuinamente político. Por essa razão o planejamento é uma atividade de:
A) Estabelecimento da dicotomia teoria e prática
B) Preenchimento de formulários para controle administrativo
C) Guia de orientação para a exclusão dos alunos desobedientes
D) Atendimento ao que foi elaborado pelos técnicos a ser executado pelo
professor
3- O currículo pode ser organizado elegendo atividades relacionadas e dirigidas
em projetos de trabalho que reconhecem a importância da criança vivenciar
experiências com objetos da cultura as quais devem favorecer:
A) apenas o desenvolvimento das capacidades cognitivas
B) a transmissão de conhecimentos por meio de aulas diretivas
C) a apropriação de conhecimentos por meio das relações afetivas, lógicas,
sensoriais, dentre outras.
D) a neutralidade científica nos conteúdos estudados
4- O desenvolvimento metodológico é o componente do plano de ensino que
dará vida aos objetivos, conteúdos e indica:
A) quais os resultados do ensino e da aprendizagem devem ser alcançados
B) a concepção e a formulação dos princípios e objetivos sociais
C) o que os alunos e o professor farão no desenrolar de uma aula ou no
conjunto de aulas
D) o levantamento dos temas que deverão ser operacionalizados no semestre
36
5- Segundo Jussara Hoffmann a cada etapa do processo de ensino convém
que o/a professor/a vá registrando, no plano de ensino e no plano de aulas,
os conhecimentos que os estudantes “ainda” necessitam aprender, os que
podem contribuir para o processo evolutivo dos mesmos, no sentido de
prepararem-se para enfrentar novos desafios, enriquecerem as suas práticas
e ampliarem o sentimento de segurança mútua. Agindo assim, o/a professor/a
utiliza o planejamento como:
A) mais um modismo na educação
B) oportunidade de competir com os colegas que atuam na visão tecnicista
C) uma forma de utilizar a visão behaviorista de ensino e de avaliação
diagnóstica
D) oportunidade de reflexão e de avaliação mediadora
6- “O processo e o exercício de planejar referem-se a uma antecipação da prática,
de modo a prever e programar as ações e os resultados desejados.” Numa escola,
onde o processo do Planejamento Escolar é participativo, pressupõe, EXCETO:
A) Competência técnica do coordenador para definir o planejamento e metas
finais.
B) Espaços de reflexão e construção coletiva.
C) Incorporação de propostas dos participantes do grupo, quando válidas
para o trabalho.
D) Valorização das experiências e vivências dos participantes do grupo.
7- Segundo Paulo Freire ensinar exige segurança, competência profissional e
generosidade. Assim o clima de respeito que nasce de relações justas, sérias,
humildes, generosas em que a autoridade docente e as liberdades dos alunos se
assumem eticamente deve contribuir para:
A) reforçar o autoritarismo na escola pública
B) reforçar o medo que os pais tem dos professores e os conduz a afastar-se
da escola
C) os alunos reagirem negativamente ao exercício do comando
D) fortalecer o caráter formador do espaço pedagógico
37
8- O entendimento acerca da avaliação dialógica leva o/a pedagogo/a a conceber o
conhecimento como apropriação do saber pelo/a aluno/a e pelo/a professor/a, como
ação/reflexão/ação que se passa na sala de aula em direção a um saber
aperfeiçoado, enriquecido, carregado de significados, de compreensão. Esse
entendimento caracteriza uma avaliação:
A) mediadora
B) classificatória
C) que requer provas marcadas antecipadamente
D) excludente
9- Conceber o processo de aprendizagem como propriedade do sujeito implica
valorizar o papel determinante da interação com o meio social e, particularmente,
com a escola. Assim o professor e demais profissionais do ensino devem
contemplar:
A) a representação do aluno sobre si mesmo como alguém que aprende
conforme a sua carga hereditária
B) o reforço negativo e a motivação, imprescindíveis no processo de ensino e
aprendizagem
C) os fatores hereditários determinantes no sucesso escolar
D) a atuação do próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os
conteúdos da aprendizagem
38
10- O quadrinho acima trata de uma crítica presente na sociedade acerca do papel
que tem sido desempenhado pela escola e conseqüentemente pelo currículo.
Segundo essa crítica, a escola tem contribuído principalmente para a:
(A) resistência das classes menos favorecidas, na medida em que não
favorece a aquisição mínima dos conteúdos prescritos.
(B) reprodução das desigualdades e das injustiças sociais, uma vez que não
promove a formação de sujeitos letrados.
(C) emancipação e libertação das pessoas, uma vez que sempre atraiu as
mais diversas faixas da população.
(D) conscientização das pessoas acerca de seu papel na sociedade, a fim de
torná-las cidadãs críticas.
39
GABARITO
Nome do Aluno:_____________________________________________________
Curso:_____________________________________________________________
Disciplina:__________________________________________________________
Data de envio: __________/____________/_________________.
Questão
Letra
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
________________________
Assinatura do Aluno
40
Download