Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe [email protected] MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco [email protected] RESUMO O trabalho ora apresentado pretende trazer algumas reflexões e contribuir para o pensamento crítico acerca de qual tem sido o papel e a contribuição dos movimentos sociais brasileiros frente aos desafios impostos por uma conjuntura de crise do capital e de ofensiva contra os direitos da classe trabalhadora no Brasil, em particular, no que tange à política de previdência social e as constantes tensões entre os interesses dos blocos do poder e dos segmentos mais organizados da sociedade civil, na disputa pelos recursos financeiros e pelo destino da previdência no Brasil. Aqui, um elemento a mais enriquece este cenário político-econômico adverso: a luta pela preservação e fortalecimento da previdência social ocorre, desta vez, durante a gestão de governos cuja trajetória histórica de sua fundação até a chegada ao "planalto central" guardam estreita relação com os movimentos sociais mais progressistas e que, de certa forma, tiveram uma contribuição direta para construir suas vitórias eleitorais e, em certa medida, viabilizar a manutenção dos mesmos no poder. Palavras-chave: movimentos sociais, governos do PT, previdência, conflito ABSTRACT The work presented here aims to bring some reflections and contribute to critical thinking about what has been the role and contribution of Brazilian social movements face the challenges imposed by a situation of crisis of capital and offensive against the rights of the working class in Brazil in particular with regard to social security policy and the constant tension between the interests of power blocks and the more organized segments of civil society, the competition for financial resources and the destination of the social security in Brazil. Here, one more element enriches this adverse political and economic scene: the struggle for the preservation and strengthening of social security is, in this time, during the administration of governments whose historical trajectory from its foundation until the arrival at the "planalto central" closely related to the most progressive social movements and that, in a shape, had a direct contribution to build their election victories and, to some extent, make possible to maintain them in power. Key-words: social movements, PT governments, social security, conflict MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 98 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 INTRODUÇÃO O presente artigo busca estabelecer uma análise teórica acerca da contribuição dos chamados "movimentos sociais" no Brasil na tentativa de formar uma frente de oposição e resistência aos projetos contra-reformistas de desmonte do Estado, inspirados na ortodoxia neoliberal e que possuem como um dos seus principais e mais frequentes alvos a a política de previdência social pública brasileira. Em particular, esta análise será realizada levando-se em consideração o período compreendido entre os anos de 2003 e 2014, ou seja, na vigência dos chamados "governos petistas", iniciados após a expressiva e simbólica vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), nas eleições presidenciais de outubro de 2002 e que se mantém no poder com a reeleição de sua sucessora, Dilma Rousseff, em outubro de 2014. Sabe-se que a maior parte dos candidatos que venceram as eleições na América Latina nos anos 2000 apresentava uma tragetória de militância política vinculada aos movimentos mais à esquerda, sendo defensores da soberania nacional e a favor da ampliação de direitos às populações historicamente marginalizadas em seus países (principalmente aos segmentos mais empobrecidos de suas populações). Suas vitórias, de certa forma, contaram com um amplo apoio de vários setores progressistas desses países, dentre os quais se encontram os movimentos sociais. Assim, compreender os desafios destes movimentos sociais, a partir da conjuntura aberta pelos governos de esquerda e centro-esquerda em seus países, e que romperam com parte significativa do projeto societário que defenderam durante as primeiras eleições em que chegaram ao poder e no transcorrer de seus governos, torna-se algo ainda mais desafiador e uma tarefa permanente dos pesquisadores das áreas vinculadas às Ciências Sociais e Aplicadas. 1. MOVIMENTOS SOCIAIS: SUA DEFINIÇÃO E ATUAÇÃO NA CENA PÚBLICA Ao enveredarmos por uma discussão que envolve o tema “movimentos sociais”, devese ter claro os desafios que tal debate nos impõe para a atual conjuntura, onde, a princípio, identifica-se um conjunto de perspectivas teóricas variadas, dentre as quais algumas advogam pelo fim dos movimentos sociais no atual estágio de desenvolvimento das ditas “sociedades pós-industriais”, e outras, ao contrário, reafirmam a sua existência e atuação dentro da perspectiva clássica (com raízes fincadas na teoria crítica marxista), a partir do recorte de classe social, sem deixar de registrar e considerar as mudanças e impactos que tais MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 99 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 movimentos vêm passando ao longo dos anos/décadas e na atual fase de nossas sociedades. Em todas estas perspectivas, parece haver certo consenso entre elas: o de que há um claro refluxo no processo organizativo no mundo do trabalho nos últimos 40 anos, muito decorrente, em seu princípio, da aguda crise econômica mundial, ocorrida nos anos 70 do século XX e que ainda manifesta os seus reflexos, a partir da reconfiguração do papel/função do Estado (padrões mínimos de intervenção), do mercado (regulador, flexível etc.) e da mudança ocorrida no modo de produção capitalista, do modelo fordista-taylorista que deu base de sustentação para o chamado Estado Keynesiano, para um modelo de "acumulação flexível", conforme defende Harvey (2014), tendo como uma de suas consequências os desastrosos impactos para a classe trabalhadora. Contudo, mesmo reconhecendo a importância do debate conceitual acerca dos movimentos sociais, advertimos que não centraremos fôlego no aprofundamento de sua noção teórica, por acreditar que esta discussão tomaria um espaço considerável neste artigo e por não ser este o principal objetivo de nossa discussão. Para o momento, acreditamos ser suficiente definir que a perspectiva teórica que utilizamos para trabalhar com a categoria "movimentos sociais" é a do materialismo histórico-dialético proposto por Karl Marx e Friederich Engels, onde tais movimentos surgem a partir do desenvolvimento das relações sociais capitalistas, em razão de interesses antagônicos de classes sociais distintas, da tensão capital x trabalho e da luta por reconhecimento de demandas, direitos e necessidades sociais históricas, seja de sobrevivência seja pela disputa, manutenção e/ou superação do poder, do status quo vigente. Assim, concordamos com a afirmação de Glória Ghon que define os movimentos sociais como uma "[...] ação dos homens na histórica" (GHON, 2004, p. 247). Uma ação que "envolve um fazer – por meio de um conjunto de procedimentos – e um pensar – por meio de um conjunto de ideias que motiva ou dá fundamento à ação. Trata-se de uma práxis portanto" (GHON, 2004, p. 247). Esta "práxis" destacada por Ghon reafirma um traço marcante dos movimentos sociais, ou seja, a ideia de que a reflexão e o pensamento críticos que os norteiam influenciam diretamente nas suas ações, dão sentido e direção às suas práticas sociais e reafirmam a disposição para a luta de classes em defesa dos seus objetivos. Alguns autores, a exemplo de Alain Tourraine e Boa Ventura de Souza Santos, advogam o fim dos movimentos sociais no que eles chamam de sociedades pós-industriais, reduzindo, de certa forma, a importância destes movimentos nas atuais sociedades e, dessa maneira, dão margem para a dificuldade empírico-conceitual de se considerá-los, dentro da MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 100 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 perspectiva e dos estudos aos quais se filiam, nos dias atuais. Todavia, de forma contrária ao pensamento dos autores citados, concordamos mais uma vez com Ghon (2012) quando, sobre este assunto, a mesma afirma que, O que a maioria das novas análises não tem considerado é a questão das classes sociais, pois elas filiam-se a modelos pós-modernos de explicação da realidade social, desconsideram as explicações estruturais do materialismo histórico. Em nome de um debate “renovado” desqualificam veios interpretativos relevantes, ignoram a política e a conjuntura econômica, tentando criar novas leituras da realidade como “corretas”, em nome das diferenças e diversidades. (GHON, 2012, p. 32). A posição de Ghon encontra fundamento na tradição crítica marxista que vê no sujeito histórico, ou seja, na "classe trabalhadora", a mola fundamental para fazer a engrenagem da luta de classes girar, a partir do estabelecimento de um "conflito", historicamente presente na relação capital x trabalho. O conflito passa a se intensificar em contextos de crises cíclicas do capital, fazendo com que a importância dos movimentos sociais – que congregam forças antagônicas aos interesses do capital – seja ainda mais relevante para o enfrentamento de medidas conservadoras e antidemocráticas, seja de governos tradicionalmente vinvulados à direita seja de governos de esquerda e centro-esquerda que ocasionalmente estejam no poder. Ao que nos parece, a noção de "conflito" é outro conceito que, em certa medida, aparece como algo de consenso presente entre distintos e, muitas vezes opostos, autores e suas perspectivas teóricas (Tourraine, 2006; Santos, 2001; Melucci, 2001; Ghon, 2012; et. ali) ao se referir aos movimentos sociais. Sem dúvidas, os movimentos sociais (sejam eles do campo ou das cidades), ao longo da história, têm apresentado uma significativa capacidade de mobilizar forças, influenciar e direcionar a agenda pública, pressionando o Estado capitalista, mesmo sob forte influência das correntes neoliberais, a reduzir a sua atual vocação para distribuir riquezas às classes dominantes1, possibilitando assim um avanço menos voraz do sistema capitalista sob o conjunto de direitos e garantias fundamentais conquistados pela classe trabalhadora ao longo das décadas. Seus atos, pautas e manifestações, mesmo que em determinados momentos se 1 A partir de práticas como a privatização, leilões e concessões públicas, ou mesmo, através da diminuição dos investimentos em políticas sociais como saúde, educação, habitação, transporte etc. para pagamentos de juros e amortização da crescente dívida pública, aumento de impostos e demais tributos, ou ainda, sob a forte pressão do mercado e do sistema parasitário-financeiro para realizar reformas conservadoras, a exemplo da administrativa e da previdência social, garantindo assim uma generosa "fatia do bolo" para banqueiros e demais setores empresariais apostam na quebra da previdência pública e investem pesado no crescente mercado da previdência privada e dos fundos de pensão. MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 101 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 aprsentem de maneira dispersa e fragmentada, ainda conseguem provocar a opinião pública e, a depender de sua intensidade e tamanho, permitem alterar as correlações de forças desiguais e estabelecer contra-hegemonias, ao menos, até determinado tempo, até que a capacidade organizativa do movimento se enfraqueça e/ou que as forças dominantes se reagrupem e contra-ataquem novamente. Porém, sob o contexto de governos marcados por uma trajetória história de atuação junto a movimentos sociais progressistas e de defesa da classe trabalhadora, como se dá a atuação destes movimentos sob a égede dos governos petistas, em particular, sobre o tema previdência social? De que forma as divergências entre o governo do PT e os movimentos sociais expressão consensos e dissensos entre ambos? 2. A ASCENSÃO DO PT AO PODER, AS CONTRARREFORMAS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E O POSICIONAMENTO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS No Brasil, ainda no regime militar e, após a sua queda, com o lento processo de redemocratização do país, registra-se um maior interesse e engajamento de vários setores e movimentos populares da sociedade civil, e que passam a participar mais dos debates acerca de temas ligados ao cotidiano da população, na luta por melhores condições de moradia, saneamento, educação, saúde etc. (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011). Aos fins da década de 1980, o processo participativo se amplia bastante no país, tendo como espaços privilegiados desta discussão as associações de bairros, as igrejas, os sindicatos e os partidos políticos, levando inclusive, aos embates que fundamentaram os compromissos firmados entorno de alguns direitos sociais mínimos, estabelecidos a partir da Constituição Federal de 1988 na qual, pela primeira vez, aparece a seguridade social (saúde, assistência e previdência social) como direito. Contudo, estes direitos e conquistas constitucionais foram rapidamente solapados na década seguinte, onde os governos comprometidos com o projeto neoliberal, com a redução do papel do Estado e o com fortalecimento do mercado e da desregulamentação do trabalho, contribuíram para o esvaziamento da seguridade social, conforme havia sido proposto inicialmente na Constituição, apresentando assim um grande desafio para os trabalhadores brasileiros. No início dos anos 2000, após mais de uma década de experiências catastróficas impostas por governos neoliberais, houve uma nítida sinalização por parte da população brasileira de que tal modelo político-econômico já havia se esgotado no país, levando a MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 102 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 população a optar por um projeto, até aquele momento, visto como alternativo e contrário ao modelo anterior, o que contribuiu para a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro de 2002, onde, conforme afirma Marcelo Braz, tal fato configurou-se "[...] como um marco político na história do Brasil” (BRAZ, 2004, p. 49). Em suas análises acerca do significado político dessa eleição, Braz (2004) identifica que a vitória de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT) teve uma importância considerável para o momento histórico em que vivia a classe trabalhadora brasileira e mundial, “fraturada em seu ser” e visivelmente colocada “numa postura defensiva frente à ofensividade do capital” (BRAZ, 2004, p. 51), principalmente diante dos danosos resultados que mais de uma década de políticas neoliberais haviam causado ao Brasil. Passado o período eleitoral e, após mais de um ano de gestão do governo Lula, o que se observou foi não uma reversão, mas sim, um dramático aprofundamento do projeto neoliberal, capitaneado pelo seu antecessor e levado a cabo pelo governo petista, mantendo com isso os compromissos e interesses do grande capital parasitário-financeiro (NETTO, 2004). Tais compromissos, ainda estreitamente ligados ao Consenso de Washington, também ficaram explícitos a partir do esforço dantesco do governo em atingir o superávit primário para, com isso, poder pagar os juros e amortizações da dívida e, na contramão, secundarizar os investimentos em políticas sociais, com a completa estagnação de investimentos em outras áreas, a exemplo das políticas de habitação e saneamento, as quais tiveram investimento zero em pouco mais de um ano do governo Lula, além do drástico contingenciamento de recursos para políticas fundamentais como a saúde e a educação, onde o governo só investiu, respectivamente, 3,5% e 5,5% do previsto, ou ainda, com a trágica contrarreforma da previdência dos servidores públicos federais, em 2003, estabelecendo um teto, aumentando a idade para o recebimento das aposentadorias, taxando aposentados e pensionistas e, incentivando o vultoso mercado da previdência complementar privada (BRAZ, 2004; MOTA, 2008). No contexto da crise econômica mundial, deflagrada no início dos anos 1970 e que atingiu fortemente o Brasil na década seguinte, a previdência social brasileira – recém-alçada ao status de política de seguridade social, a partir da promulgação da Constituição de 1988 – torna-se alvo da ofensiva neoliberal que passou a assolar o mundo capitalista no processo de internacionalização da economia e a exigir do Estado uma redefinição (redução) drástica do seu papel, principalmente nos países emergentes e na América Latina. É sobre este cenário MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 103 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 que Mota (2011) demonstra como os governos (representantes do grande capital) se utilizaram do chamado discurso de crise para justificar a necessidade dos ajustes fiscais e da ofensiva contrarreforma do Estado brasileiro no início da década de 1990. Assim, os governos comprometidos com a reprodução do capital buscaram a construção de uma “cultura da crise” (MOTA, 2011), tentando convencer a sociedade (principalmente os trabalhadores e suas organizações) da insustentabilidade das despesas do Estado, buscando estabelecer um consenso entre as classes antagônicas com o claro intuito de arrefecer a resistência da classe trabalhadora (através de suas entidades sindicais) e, com isso, solapar as conquistas históricas alcançadas por eles, principalmente em relação à previdência social. Sobre este aspecto, as medidas neoliberais iniciadas no governo Collor, aprofundadas por Fernando Henrique Cardoso e continuadas pelos governos Lula e Dilma, elegeram a previdência pública como uma das principais vilãs do déficit público e do desequilíbrio das contas do Estado brasileiro, o que serviu de munição para iniciar as contrarreformas da previdência em seus governos, valendo-se do discurso e da cultura da crise, subvertendo assim as conquistas adquiridas a partir das lutas sociais dos trabalhadores brasileiros e garantidas posteriormente pela Constituição de 1988, reduzindo o sentido da previdência enquanto uma política de seguridade social e reiterando a perspectiva de um "seguro" social (benefícios e prestações de serviços acessados a partir de prévias contribuições), deixando claro a quais interesses estas reformas vêm a atender, como afirma Mota (2008), [...] os governos das classes dominantes conseguiram operar um giro sem precedentes nos princípios que ancoram a Previdência Social como política de proteção, transformando-a numa modalidade de seguro social. Do meu posto de vista, esta reversão permitiu que as necessidades do grande capital prevalecessem sobre as dos trabalhadores. (MOTA, 2008, p. 137-138). Dessa forma, tem-se que a reforma da previdência dos servidores públicos federais, operada por Lula em 2003, bem como, a aprovação do Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federal (FUNPRESP), em 2012, e da recente edição da Medida Provisória nº 664 (esta última restringindo e retirando direitos previdenciários para todos os trabalhadores, tanto do setor público – RPPS – quanto da iniciativa privada – RGPS) logo após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, em outubro de 2014, consubstanciam-se numa repetição do ocorrido em governos passados, reafirmando o compromisso destes governos com o perverso projeto neoliberal, de mundialização da economia, desregulamentação do mercado, fragilização da cobertura previdenciária numa perspectiva de universalização de MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 104 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 direitos, trazida pela seguridade social, reeditando desta forma a afirmação feita por Marx de que os grandes fatos ou personagens históricos acontecem pelo menos duas vezes na vida, sendo a primeira como tragédia e a segunda como farsa (MARX, 2011). A "tragédia" neoliberal, que eclode mundialmente a partir da crise de 1973 e que se aprofundada nos países latinoamericanos entre as décadas de 1980 e 1990 (principalmente neste último), dá lugar a uma "farsa" neodesenvolvimentista2, que tenda combinar um pseudo crescimento econômico sustentável e desenvolvimento industrial, associado ao combate às desigualdades sociais com algum nível de intervenção por parte do Estado, através de políticas sociais e de transferência de renda, a partir dos anos 2000. Tão trágica quanto falsa, a promessa dos governos petistas em superar as desigualdades sociais, a partir de um modelo desenvolvimentista, inspirado em períodos históricos como os governos Vargas (substituição das importações e industrialização de base), Juscelino Kubitschek ("cinquenta anos em cinco") e do regime militar ("milagre econômico", que chegou a um crescimento do PIB em torno de 14% ao ano, em 1968 e teve média no período de mais de 6% a.a.) não conseguiu ser cumprida. Estudos realizados por Boschetti (2013) dão conta de que a desigualdade social no país persiste. Os dados do IDH no Brasil apontam que a pequena redução das desigualdades no país nos levaram a patamares equivalentes aos encontrados no ano de 1960, há mais de 50 anos (devido ao fosso social e econômico causado nas décadas de 70 e 80). Se compararmos o Brasil a outros países do mundo, o seu IDH é o de número 85º, atrás de países da América do Sul como o Chile (40º), Argentina (45º), Uruguai (51º) e Peru (77º). Na celebrada “Década Inclusiva” 3 (2001/2011) o IDH ficou MENOR do que nas décadas anteriores, com respectivas médias anuais de crescimento: 1980-1990 (1,23%); 1990-2000 (1,26%) e 2000-2010 (0,82%) e entre 2010 a 2012 (0,73%), segundo dados do PNUD (2013). Assim, conforme analisa Boschetti, “Nos parece, portanto, insustentável afirmar que o Brasil esteja vivendo uma 'década inclusiva' ou um novo padrão de desenvolvimento social” (BOSCHETTI, 2013, p. 363). Dessa forma, diante do nítido retrocesso e guinada à direita dos governos petistas e, a partir da ofensiva neoliberal contra a seguridade social (em particular, contra a previdência 2 Para um melhor esclarecimento acerca do conceito "neodesenvolvimentista" e suas principais características recomendamos o importante trabalho de Mota; Amaral; Peruzzo (2012). 3 Aqui Ivanete Boschetti se refere a um documento do IPEA, denominado de "A década Inclusiva" (2012) e que, em tom celebrativo, exaltava os resultados dos governos petistas em direção à superação das desigualdades sociais no país. Claramente, a autora questiona tais resultados apontados pelos pesquisadores do IPEA. MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 105 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 social), observamos que os movimentos sociais adotaram posturas distintas. Enquanto alguns setores mantiveram claramente o apoio ao Governo, assumindo o discurso criado "pelos de cima", fortalecendo a chamada "cultura da crise" (MOTA, 2011), com iniciativas pragmáticas, principalmente no campo sindical [com destaque para a Central Única dos Trabalhadores CUT4] e seu sindicalismo de parceria, de envolvimento (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011), ou ainda, num sindicalismo estadista, governistas, como defende Abramides (2014), outros setores passam a romper com o governo e a desenvolver oposições programáticas contrárias ao caminho adotado pelos governos do PT, bem como, pelos movimentos sociais que lhes dão sustentação, sendo este o caso, por exemplo, da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), fundada oficialmente em 2006 como uma cisão da CUT, sendo o seu surgimento "diretamente ligado à crise vivenciada pelo movimento sindical com o alinhamento político, financeiro e ideológico realizado pela CUT com o Governo Lula, a partir de 2003" (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 245). A institucionalidade de parte significativa dos movimentos sociais que, ao longo do tempo, colocaram-se ao lado dos governos petistas, ocasionou um arrefecimento de parte das lutas e demandas coletivas que os mesmos defendiam. Isto foi largamente observado nos governos do PT, a nível nacional, onde várias lideranças de movimentos sociais diversos (movimento negro, movimento feminista, movimento estudantil, movimento pela liberdade e orientação sexual, movimentos indígenas e campesinos etc. ) foram coptados e passaram a compor a estrutura do governo/poder, conforme analisa Duriguetto (2014) a partir de alguns dados da pesquisa trazida por Leal (2005)5, Como o campo sindical, também aqui temos militantes de movimentos sociais ocupando cargos no governo e/ou estão na representação e/ou gestão em conselhos setoriais de políticas públicas. A ascensão de militantes aos quadros institucionais é também evidenciada pela mediação do poder legislativo. Na relação do PT com os movimentos sociais, pesquisa revela que seus deputados não exercem seus mandatos a partir da sua relação com 4 Em um dos trabalhos desenvolvidos por Mattos (2014), percebe-se o gigantismo da CUT em números, sendo esta a maior central sindical do Brasil, composta por, pelo menos, 2.239 entidades sindicais em todo o país, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2013, com cerca de 7 milhões e meio de trabalhadores sindicalizados e cerca de 22 milhões de trabalhadores em sua base. Assim, conclui Mattos (2014), "Com tantos sindicatos sob o controle de uma Central que hoje se propõe muito mais a apoiar um governo do que a atuar como instrumento de defesa da classe trabalhadora [...] era de se esperar que os sindicatos não tivessem capacidade para se apresentar, na atual conjuntura, como instrumentos efetivos de mobilização da classe". (MATTOS, 2014, p. 95). 5 LEAL, P. R. F. O PT e o dilema da representação política. Rio de Janeiro: FGV, 2005. MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 106 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 os movimentos sociais cujas bases os elegeram e sim com o partido. Apenas 14,89% dos deputados entrevistados afirmaram dever fidelidade aos movimentos sociais, enquanto para 63,82% a revelam ao partido. Para não contrariar suas bases eleitorais e perder votos, os deputados profissionalizam seus gabinetes com quadros oriundos dos movimentos sociais que lhes dão apoio eleitoral (DURIGUETTO, 2014, p. 181) De fato, no primeiro governo Lula da Silva, viu-se uma redução significativa do número de greves em todo o país, fruto, dentre outras questões, da postura adotada por parte dos movimentos sociais e de suas principais lideranças em reconhecer o governo do PT como sendo o "seu governo". Contudo, mesmo com a aliança estabelecida entre os governos petistas e parte considerável dos movimentos sociais brasileiros, o aprofundamento do ideário neoliberal no país, nos últimos anos, demandou uma mobilização da base social destes movimentos, impulsionando-o a reiniciar um conflito contra o governo na defesa de seus direitos e que passaram a ser ameaçados pela ofensiva do capital e pela adesão dos governos petistas a este receituário político-econômico, o que culminou com o progressivo aumento do número de atos, manifestações, protestos e demais formas de resistência contra as medidas de ajuste fiscal adotadas pelos governos petistas, como observa Mattos (2014): Depois de 446 greves contabilizadas em 2010 e 554 em 2011, no ano de 2012 aconteceram 873 greves no Brasil, segundo os estudos do Dieese. Foi o maior número registrado desde 1996, revelando um crescimento significativo nos últimos anos do recurso à paralisação do trabalho como arma para enfrentar os baixos salários, a perda de direitos dos trabalhadores e as péssimas condições de trabalho [...]. (MATTOS, 2014, p. 98). Especificamente sobre a previdência social, destacamos os atos ocorridos em 2015, durante o governo Dilma. Após algumas investidas do governo sob a previdência dos servidores públicos federais, com a criação do FUNPRESP em 2012, deixando de garantir a integralidade dos proventos destes servidores ao se aposentarem, ao criar um teto de responsabilidade da União, igualando o teto do pagamento da aposentadoria dos novos servidores públicos federais (a partir de 13 de fevereiro de 2013) ao teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), após a reeleição de Dilma para a presidência da República, o que se viu foi uma nova ofensiva do governo petista contra a previdência social, desta vez, não apenas em relação aos servidores públicos federais, mas também, contra os trabalhadores vinculados ao INSS. A partir das Medidas Provisórias nº 664 e 665, o governo buscou mexer principalmente nos direitos previdenciários, a exemplo da pensão por morte (estabelecimento de prazos para recebimento de benefícios, acabando com a vitalicidade para muitos casos; MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 107 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 redução dos valores das pensões para até 50% do seu valor integral, acrescido de um valor de 10% por dependentes, limitado a 5 dependentes; estabelecimento de mínimo de 02 anos de contribuições e de tempo de casamento ou união estável por parte do segurado e seu/sua dependente para ter direito ao benefício), auxílio-doença e aposentadorias. Estas medidas repercutiram bastante nos meios de comunicação e provocaram revolta em muitos movimentos sociais (inclusive naqueles historicamente ligados ao governo), principalmente no movimento sindical, causando uma reação contrária às medidas propostas pelo governo. Figura 1 e 2 – Manifestantes pró e contra o governo cobram mudanças na política econômica Fonte: sites tribuna do norte e poioca, respectivamente Os protestos públicos tomaram as ruas de várias cidades do país. Nestes atos, os protestos contra as medidas contrareformistas se misturaram a demonstrações de apoio ao governo – mas, com claro sinal de desaprovação em relação às propostas apresentadas – e, do outro lado, manifestações de movimentos sociais que também não aceitavam a retirada de direitos e, ao mesmo tempo, defendiam a queda do governo, através do impeachment da presidente Dilma. Apesar de se colocarem em lados opostos (os que apoiam e os que são contrários ao governo), os movimentos sociais conseguiram frear a ofensividade mais deletéria das medidas, a partir das pressões que se fizeram sentir no Poder Legislativo e, mesmo com as propostas aprovadas e que não conseguiram ser contidas, reduziram o impacto das medidas iniciais, fazendo com que a reforma previdenciária fosse parcialmente realizada. Assim, a luta dos movimentos sociais na defesa da previdência social, dentro da perspectiva da seguridade social e de rompimento com a lógica imposta pelo sistea capitalista, MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 108 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 em contextos adversos e dentro das particularidades históricas trazidas pela emergência dos governos petistas ao poder central no Brasil, coloca-nos alguns desafios importantes e que podem ser compreendidos a partir das contribuições feitas por Duriguetto, Um dos grandes desafios hoje postos para o projeto socialista é estabelecer vínculos e conexões entre as várias reivindicações, as diversas lutas sociais, assim como entre essas e o movimento operário. Ou seja, o desafio se posta em construir projetos que busquem uma integração das necessidades, interesses, reivindicações e ações prático-políticas advindas das lutas, incorporândo-as em suas dimensões classistas e orientando-as para a construção de processos contra-hegemônicos à ordem do capital (DURIGUETTO, 2014, p. 181) CONSIDERAÇÔES FINAIS Os movimentos sociais no Brasil continuam a se apresentar como uma frente de maioria progressista e em defesa de direitos sociais, civis e políticos da população brasileira, em que pese uma parte destes movimentos ter arrefecido ou se colocado "ao lado" dos governos petistas os quais ajudaram a eleger, demonstrando alguma dificuldade em romper político e ideologicamente com o mesmo. Em meio às derrotas sofridas pelos trabalhadores, em relação às sucessivas investidas contra a previdência social pública, a pressão, o confronto e os debates feitos por estes movimentos vêm possibilitando reduzir estas perdas e, em alguns casos, favorecer algumas derrotas para o governo e seus projetos contrarreformistas. Parte dos movimentos sociais brasileiros passaram a apoiar o governo, seja pela histórica vinculação com estes, seja por meio da institucionalidade e copitação dos líderes dos movimentos ou mesmo, pela defesa de ações de redução da pobreza, mesmo a partir da assistencialização das políticas sociais e dos prograsmas de transferência de renda, de caráter focalista e seletivistas, repletos de condicionalidades e que seguem à risca as orientações de organismos multilaterais, a exemplo do Banco Mundial e do FMI, contribuindo para reduzir a possibilidade de estruturação e fortalecimento de políticas de caráter universal, a exemplo da previdência social, saúde, educação, emprego etc. Por fim, compreende-se que, mesmo num contexto de crise econômica e de fragilização da organização de parte dos movimentos sociais e dos trabalhadores brasileiros, as lutas sociais travadas estes movimentos sociais, em seu processo de enfrentamento e resistência à ofensiva do capital e do neoliberalismo, ainda têm conseguido fazer frente a MOVIMENTOS SOCIAIS E A CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: CONFLITOS E CONSENSOS NOS GOVERNOS PETISTAS JESUS, Júlio César Lopes de, MELO LOPES, Flávia Augusta Santos de 109 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 políticas conservadoras e que visam garantir a tranquila expansão, consolidação e concentração da acumulação capitalista no Brasil. 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