JULIANA DE MORAES FERREIRA O TRABALHO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: PROMOÇÃO NO USO CORRETO DE MEDICAMENTOS NA TERCEIRA IDADE CAMPO GRANDE - MS 2011 1 JULIANA DE MORAES FERREIRA O TRABALHO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: PROMOÇÃO NO USO CORRETO DE MEDICAMENTOS NA TERCEIRA IDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Pós-graduação em Atenção Básica em Saúde da Família, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito a obtenção do titulo de Especialista. Orientador: Me. Edílson José Zafalon. CAMPO GRANDE - MS 2011 2 JULIANA DE MORAES FERREIRA O TRABALHO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: PROMOÇÃO NO USO CORRETO DE MEDICAMENTOS NA TERCEIRA IDADE Trabalho apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como requisito para conclusão do Curso de Pós-Graduação (nível de especialização) em Atenção Básica em Saúde da Família. Campo Grande, ____ de ________________ de ______. Comissão Examinadora _____________________________________________________ Tutor de Formação Edílson José Zafalon _____________________________________________________ Tutora Especialista Maisse Fernandes de Oliveira Rotta _____________________________________________________ Orientadora de Aprendizagem Jacinta de Fátima Franco Machado 3 RESUMO O agente comunitário de saúde é o principal elo de “ligação” da comunidade com os serviços de saúde, tornando-se um dos membros principais da Estratégia de Saúde da Família na conscientização à população idosa para o uso correto de medicamentos. Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi capacitar os agentes comunitários de saúde da Estratégia de Saúde da Família no município de Aquidauana de Mato Grosso do Sul, através de ações educativas para os ACS e para a população idosa, ressaltando que o envelhecimento predispõe a um consumo aumentado de medicamentos, dificultando assim a adesão à terapia medicamentosa. Deste modo buscou-se conscientizar a população e os ACS sobre seu verdadeiro papel na orientação quanto ao uso correto de medicamentos de acordo com as dificuldades encontradas. Palavras-chave: Agente comunitário de saúde; Uso correto de medicamentos; Idosos. 4 ABSTRACT The community health is the main link of "connection" with the community health services, becoming a core member of the Family Health Strategy in the elderly population awareness for the correct use of medicines. In this context, the objective was to train community health workers of the Family Health Strategy in the city of Aquidauana of Mato Grosso do Sul, through educational activities for the ACS and the elderly population, noting that aging predisposes to a increased consumption of drugs, thus preventing adherence to drug therapy. Thus we sought to educate the public and the ACS about his real role in the guidance on the correct use of medicines according to the difficulties encountered. Key -words: Community health agents; Correct use of medications; Elderly. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 06 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA .................................................................................... 07 2.1 O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde ....................................................... 08 3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 12 3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 12 3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 12 4 MATERIAL E MÉTODO ........................................................................................... 13 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 14 6 CONCLUSAO............................................................................................................... 17 7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 18 6 1 INTRODUÇÃO O agente comunitário de saúde (ACS) consiste numa nova categoria profissional que foi estruturada a partir da constituição do Agente Comunitário de Saúde no início da década de 90, em decorrência de algumas iniciativas exitosas de assistência social no Ceará. Esse tipo de atividade é considerado por alguns teóricos como sui generes, porque a ACS é uma trabalhadora proveniente do próprio local de trabalho e moradia, na qual deve desenvolver atividades nas áreas de saúde e educação. Atualmente, o PACS é um programa que faz parte das políticas de saúde publica e está vinculado ao Sistema Único de Saúde (THEISEN, 2004). Segundo o mesmo autor, as normas e diretrizes deste programa têm como objetivo incorporar ao Sistema Único de Saúde, agentes comunitários de saúde para desenvolver ações básicas de saúde; identificar os fatores determinantes do processo saúde/doença; desencadear ações de promoção à saúde e prevenção de doença; funcionar como ligação entre comunidade e unidade de saúde no processo de aprender e ensinar a cuidar da sua própria saúde. A criação do Programa do Agente Comunitário de Saúde (PACS) foi uma das primeiras estratégias para se começar a mudar o modelo de assistência à saúde, sendo que, a meta deste programa se consubstancia na contribuição para reorganização dos serviços municipais de saúde e na integração às ações entre os diversos profissionais, com vistas à ligação efetiva entre a comunidade e as unidades de saúde. Os princípios que geram a idéia do Programa de Agentes Comunitários de Saúde são: ampliar a capacidade da população de cuidar da sua saúde, visando à melhoria na qualidade de vida das famílias. Assim, a estratégia do programa reafirma e incorpora os princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS): universalização, descentralização, integralidade e participação da comunidade. Para que a reorganização das ações de saúde realmente aconteçam, seria fundamental que esses princípios básicos sejam observados e seguidos, ainda que sua operacionalização apresente diferenças devido às realidades regionais e municipais (BORNSTEIN; STOTZ, 2008). Sendo assim, visando o importante trabalho do ACS na saúde da família, buscamos mostrar à população, o papel dos mesmos dentro da comunidade, dessa forma mostrando também aos ACSs a importância na orientação à população selecionada na tomada correta dos medicamentos. 7 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), o PACS representa um dos maiores avanços na história da Saúde Pública no Brasil, sendo inovador quando estimula e ativa participação de agentes sociais na execução das políticas públicas de saúde. O desenvolvimento das principais ações deste programa se dá por meio dos ACSs, que são pessoas escolhidas dentro da própria comunidade para atuarem junto à população. O ACS deve atender entre 400 e 750 pessoas, dependendo da realidade e das necessidades locais, como também, desenvolver atividades de prevenção de doenças e promover saúde por meio de ações educativas individuais e coletivas, nos domicílios e na comunidade. O trabalho do Agente Comunitário de Saúde é considerado muito importante, porque ele é a ligação entre a comunidade e os serviços de saúde. É a ponte que liga as pessoas de sua comunidade com os profissionais especializados da área da saúde (BRASIL, 2002). Através de documentos do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), constata-se que o Decreto Federal nº 3.189, de 4 de outubro de 1999, “fixa diretrizes para o exercício da atividade do Agente Comunitário de Saúde (ACS), e dá outras providências”. No artigo 2º desse decreto, estão arroladas as atividades do ACS, sendo que, em síntese, constata-se que as atividades atribuídas aos ACS em sua micro-área de atuação são: - Cadastramento/diagnóstico – é a primeira etapa do trabalho junto à comunidade. Consiste em registrar na ficha de cadastro do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) informações sobre cada membro da família assistida a respeito de variáveis que influenciam a qualidade da saúde, como situação de moradia, condições de saúde. Essas informações, uma vez consolidadas e analisadas, serão divulgadas e discutidas junto às comunidades e posteriormente encaminhadas à Secretaria Municipal de Saúde, que por sua vez enviará cópia para a Secretaria Estadual de Saúde. Uma vez reunidas e processadas no Estado, darão origem a um relatório a ser encaminhado ao Ministério da saúde. - Mapeamento – esta fase consiste no registro em um mapa da localização de residências das áreas de risco para a comunidade, assim como dos pontos de referência no dia-a-dia da comunidade, com o objetivo de facilitar o planejamento e o desenvolvimento do trabalho do agente. 8 - Identificação de micro-áreas de risco – uma vez realizado o mapeamento, o ACS identifica setores no território da comunidade que representam áreas de risco. Ou seja, locais que apresentam algum tipo de perigo para a saúde das pessoas que moram ali como inexistência ou precariedade do sistema de tratamento de esgoto sanitário, de abastecimento de água, entre outros. - Realização de visitas domiciliares – este é o principal instrumento de trabalho dos ACS e consiste de, no mínimo, uma visita mensal a cada família residente na área de atuação do agente. A quantidade de visitas por residência varia em função das condições de saúde de seus habitantes e da existência de crianças e gestantes, as quais recebem atenção especial por comporem grupos prioritários. - Ações coletivas – com vistas a mobilizar a comunidade o ACS promove reuniões e encontros com grupos diferenciados – gestantes, mães, pais, adolescentes, idosos, grupos de situações de risco ou de portadores de doenças comuns – e incentiva a participação das famílias na discussão do diagnóstico comunitário de saúde, no planejamento de ações e na definição de prioridades. - Ações intersetoriais – além de ações específicas na área de saúde, o agente poderá atuar em outras áreas como: Educação – identificação de crianças em idade escolar que não estão freqüentando a sala de aula; Cidadania/direitos humanos – ações humanitárias e solidárias que interfiram de forma positiva na melhoria da qualidade de vida (reforço a iniciativas já existentes de combate à violência e criação de comissões em defesa das famílias expostas à fome e a desastres naturais como secas e enchentes). De acordo com Sousa (2001) apud OLIVEIRA et al. (2003), o ACS tem uma missão social bem clara, pois é alguém inteiramente identificado com sua própria comunidade, com os mesmos valores, costumes e linguagem, cuja capacidade de liderança se reverte em ação comunitária em prol da melhoria das condições de vida e saúde, apoiada pela ação governamental. 9 O ACS vem representando um papel muito importante na organização dos serviços de saúde, na promoção do auto cuidado e é o elemento principal para conscientizar a população sobre a importância do uso correto e racional de medicamentos. A promoção do uso racional de medicamentos cabe a todos os profissionais de saúde um papel de grande importância na saúde da população. Cada membro da equipe desenvolve ações relacionadas aos medicamentos, e o ACS, precisa assumir um papel ativo nessas ações em sua comunidade: orientar quanto aos cuidados com a utilização dos medicamentos e seu armazenamento, adesão ao tratamento, no combate a automedicação. Os profissionais de saúde precisam informar não só quanto aos fatores relacionados ao seu uso como também planejar intervenções educativas que visem evitar o uso excessivo de medicamentos, tarefa bastante árdua e contra-hegemônica, já que a propaganda de medicamentos atua fortemente no Brasil e influencia os hábitos de prescrição e as expectativas populares (BRASIL, 2006). O tipo de ação mais sugerido pelos autores é o da disponibilização de informações ou orientação direta aos usuários de medicamentos. Não há dúvidas de que os riscos associados à terapêutica podem ser minimizados se houver consciência de todos os profissionais da saúde no sentido de melhorar a qualidade das informações ou discutir alternativas de tratamento para resolver de forma definitiva a queixa do paciente, evitando transtornos tanto para o paciente quanto ao sistema de saúde (LEITE; VIEIRA; VEBER, 2008). Segundo Secoli (2010), o uso de medicamentos constitui-se, hoje, em uma epidemia entre idosos, cuja ocorrência tem como cenário o aumento exponencial da prevalência de doenças crônicas e das sequelas que acompanham o avançar da idade. O poder da indústria farmacêutica e do marketing dos medicamentos e a medicalização estão presentes na formação de parte expressiva dos profissionais da saúde. O envelhecimento populacional é um fenômeno natural, irreversível e mundial. A população idosa brasileira tem crescido de forma rápida e em termos proporcionais. Dentro desse grupo, os denominados “mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice avançada” (acima de 80 anos) também vêm aumentando proporcionalmente e de maneira mais acelerada, constituindo o segmento populacional que mais cresce nos últimos tempos, sendo hoje mais de 12% da população idosa (BRASIL, 2006a). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem no Brasil, aproximadamente, 20 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa pelo menos 10% da população brasileira. Segundo projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), no período de 1950 a 2025, o grupo de idosos no país deverá ter aumentado em quinze vezes, enquanto a população total, em cinco. 10 Assim, o Brasil ocupará o sexto lugar quanto ao contingente de idosos, alcançando, em 2025, cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais (BRASIL, 2006a). Acrescenta-se que os idosos constituem 50% das pessoas que utilizam múltiplos medicamentos. Além disso, é comum encontrar, em suas prescrições, doses e indicações inadequadas, interações medicamentosas, associações e redundância, além do uso de medicamentos sem valor terapêutico (CHAIMOWICZ et al., 2005). A “avaliação funcional” torna-se essencial para o estabelecimento de um diagnóstico, um prognóstico e um julgamento clínico adequados, que servirão de base para decisões sobre os tratamentos e cuidados necessários às pessoas idosas. É um parâmetro que associado a outros indicadores de saúde, pode ser utilizado para determinar a efetividade e a eficiência das intervenções propostas. A avaliação funcional busca verificar, de forma sistematizada, as doenças e agravos que impedem o desempenho de forma autônoma e independente, das atividades cotidianas ou atividades da vida diária das pessoas idosas permitindo o desenvolvimento de um planejamento assistencial mais adequado (BRASIL, 2006b). No Brasil, estudos populacionais sobre o consumo de medicamentos evidenciam o uso crescente com a idade. Assim como o número de indivíduos idosos vem aumentando, o consumo de medicamentos por esta população acompanha esta tendência. Os idosos são, possivelmente, o grupo etário mais medicalizado na sociedade, devido ao aumento da prevalência de doenças crônicas com a idade (FLORES; BENVEGNU, 2008). A Polifarmácia, termo usado para descrever a situação em que vários medicamentos são prescritos simultaneamente, é uma prática clínica muito comum em pessoas idosas. É um tipo de tratamento personalizado, em que os medicamentos prescritos podem ser controlados pelo próprio clínico. A ocorrência da polifarmácia pode ser explicada pelo número de doenças crônicas que acometem os idosos, elevada incidência de sintomas e a realização de consultas com especialistas (BRASIL, 2006b). De acordo com Nóbrega e Karnikowski (2005), a população idosa possui risco elevado de problemas relacionados a medicamentos devido às alterações fisiológicas naturais relacionadas ao envelhecimento associado à maior incidência de múltiplas doenças crônicas e ao grande número de medicamentos consumidos. Além de todas as dificuldades que os idosos apresentam ao fazer uso de medicamentos, eles podem também não aderir ao mesmo, o que torna a situação ainda mais complexa. A adesão é considerada um processo multifatorial que se estrutura em uma parceria entre quem cuida e quem é cuidado e diz respeito à frequência, à constância e à perseverança em relação aos cuidados necessários para quem vive com algum problema de saúde. Portanto, 11 o vínculo entre profissional e paciente é um fator estruturado e de consolidação do processo, razão pela qual deve ser considerado para que se efetive (SILVEIRA; RIBEIRO, 2005). A adesão fica mais comprometida em situações que requerem tratamentos longos que envolvam aspectos como reconhecimento e aceitação de suas condições de saúde. A adaptação ativa a essas condições e a identificação de fatores de risco em seu estilo de vida faz com que o profissional contribua na promoção da qualidade de vida e a consciência do auto cuidado. Grande parte das consultas realizadas no sistema de saúde gera prescrição de um ou mais medicamentos, porém, existe muita dificuldade em garantir a disponibilidade desses produtos nas unidades de saúde. Uma vez disponíveis, a preocupação passa a ser a utilização correta. Quando bem utilizado, o medicamento e o recurso terapêutico melhoram a relação custo efetividade. No entanto, seu uso inadequado é um importante problema de saúde publica mundial, com grandes consequências econômicas (OPAS, 2005). Na narrativa de Lima (2004) apud PEREZ (2008), as complexidades dos esquemas medicamentosos, juntamente com a falta de entendimento, esquecimento, diminuição da acuidade visual e destreza manual que ocorrem no idoso, contribuem para que haja grande quantidade de erros na administração de medicamentos. Além disso, acrescenta-se, em nossa realidade, alto índice de analfabetismo, o que pode comprometer o entendimento e levar ao uso incorreto do medicamento. O Ministério da Saúde tem se preocupado, há alguns anos, em transformar os ACS em fomentadores do uso racional de medicamentos em suas comunidades. Esta afirmação pode ser evidenciada na publicação da cartilha O trabalho dos ACS na promoção do uso correto de medicamentos (BRASIL, 2006). Entre os diversos problemas enfrentados pelas equipes de saúde da família, a promoção do uso adequado de medicamentos talvez seja uma prioridade, visto que pode contribuir para a resolução de diversos problemas, incluindo fatores que determinam a dificuldade de acesso (NUNES; AMADOR; HEINECK, 2008). Portanto, o ACS é um instrumento de grande valia, podendo exercer sua função transformadora com resolutividade e responsabilidade social e também tentando produzir alternativas que respondam aos desafios encontrados na promoção do uso correto de medicamentos na terceira idade. 12 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Buscar aprimorar o conhecimento de ensino e aprendizagem para os pacientes e agentes comunitários de saúde, em relação ao uso correto de medicamentos na terceira idade. 3.2 Objetivos Específicos - Sensibilizar e preparar o ACS para importância da orientação da população idosa a utilizar corretamente os medicamentos; - Mostrar o papel do ACS junto à comunidade na promoção do uso correto dos medicamentos; - Esclarecer dúvidas dos ACS e contribuir para que incorporem este tipo de cuidado à vida dos pacientes; - Discutir os resultados obtidos através do projeto de intervenção. 13 4 MATERIAL E MÉTODO Trata-se de um projeto de intervenção realizado com cinco ACS, no município de Aquidauana, Estado de Mato Grosso do Sul, por meio de duas capacitações propostas pelos ACSs de acordo com as dúvidas relatadas como: - O importante papel do ACS na orientação da população idosa sobre a adesão à terapia medicamentosa; - Adequação às orientações, sobre horário, tipo de medicamento de acordo com a necessidade de cada paciente. - Ações educativas com a própria população para orientá-los. Os temas abordados foram: - Adesão à terapia medicamentosa; - Cuidados com a utilização dos medicamentos, seu armazenamento, automedicação e polifarmácia. Dessa forma, podemos proporcionar um maior entendimento e orientar a população selecionada. 14 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 1 – Foto da palestra oferecida ao grupo de Terceira Idade Figura 2 – Foto da palestra oferecida aos ACSs de Aquidauana (MS) 15 Figura 3 – Foto da palestra oferecida ao grupo de Terceira Idade Através das capacitações realizadas com os ACSs e a população, podemos destacar que um dos principais fatores que ocasionam o uso incorreto de medicamentos é a baixa escolaridade, que é um importante fator que interfere no uso correto de medicamentos, pois a maioria dos idosos é analfabeta ou tiveram pouco tempo de escolaridade. O envelhecimento envolve múltiplas doenças, assim, aumenta-se o número de consultas com vários especialistas, ocasionando um maior número de medicamentos prescritos, envolvendo, assim, a polifarmácia. Percebe-se também, de acordo com os relatos da população, que a grande maioria esquece-se de tomar a medicação, deixando claro que necessitam de apoio ou supervisão para seu uso adequado. A automedicação também foi bastante relatada entre os ACSs, que perceberam em suas visitas domiciliares que a maioria sempre faz uso de alguma medicação sem a prescrição médica. A maioria dos pacientes não conhece os efeitos adversos das medicações ingeridas sem necessidade, reforçando assim a grande importância da educação em saúde a respeito do uso correto de medicamentos. De acordo com a fala dos pacientes: “As palestras foram importantes, pois conseguimos compartilhar conhecimentos, dúvidas e aprender a lidar com determinadas situações que o outro já teve a oportunidade de vivenciar”. 16 Segundo os relatos dos ACS: “Percebemos, a grande importância, de que a população e o profissional devam ser capacitados juntos, para que possam mutuamente solucionar as dúvidas de acordo com a realidade de cada paciente”. Os ACS perceberam seu papel fundamental em uma simples orientação de como se deve tomar a medicação e os horários corretos, que pode fazer toda a diferença na vida desses idosos. Outra dificuldade encontrada pelos ACS: “A maioria dos idosos possui renda familiar mínima, onde encontram dificuldades em possuir a medicação, pois nem sempre estão disponíveis na rede básica, assim acabam gastando todo seu dinheiro em remédios”. O sucesso da adesão à terapia medicamentosa não depende apenas do ACS, depende também dos demais profissionais, enfim, da equipe multidisciplinar, bem como de ações e atividades que promovam a difícil tarefa de conscientizar acerca do uso correto dos medicamentos. A adesão, em grande parte, fica prejudicada também pelo acúmulo de medicamentos que esses idosos têm em seu domicílio. A falta de informação ficou muito clara pelos ACSs, na área da saúde pública muito tem se falado sobre cuidados básicos, mas pouco sobre a importância da promoção no uso correto de medicamentos. Após as palestras, os pacientes puderam perceber a falta de orientação e a dificuldade existente entre os agentes em questionar e orientar sobre os medicamentos utilizados. A partir dessas capacitações, as orientações são sempre muito bem detalhadas de acordo com as limitações de cada paciente. 17 6 CONCLUSÃO Os resultados obtidos permitiram verificar a importância do uso correto de medicamentos, envolvendo vários fatores como: automedicação, utilização inadequada dos medicamentos, adesão à terapia medicamentosa, polifarmácia e baixa escolaridade. As equipes de saúde devem se atentar para tais fatores, para que possamos garantir a qualidade de vida dessa população. A percepção dos ACSs em relação às orientações prestadas é positiva, pois através dessas capacitações perceberam que com simples ações, se adequando com a necessidade de cada paciente, podem ajudar a população na promoção do uso correto de medicamentos. Através das capacitações com os ACSs, esses profissionais podem estabelecer uma relação de confiança entre os envolvidos, que é fundamental na conscientização e na promoção do uso correto de medicamentos pela população idosa 18 7 REFERÊNCIAS BORNSTEIN, V.J.; STOTZ, E.N. Concepções que integram a formação e o processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: uma revisão da literatura. Ciênc. saúde coletiva, v. 13, n. 1, p. 259-268, fev. 2008. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Parcerias para diminuir o mau uso de medicamentos. Rev. Saúde Pública, v. 40, n. 1, p.191-194, 2006b. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SAÚDE DA FAMÍLIA. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, 2006b. (Cadernos de Atenção Básica, n. 19). BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE POLÍTICAS DE SAÚDE. Modalidade de contratação de agentes comunitários de saúde: um pacto tripartite. Brasília, 2002. (Programas e Relatórios, n. 69). BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. 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