infarto agudo do miocárdio: assistência de enfermagem na

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INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA
EMERGÊNCIA
Roselaine Dourado dos Santos*
Cristiane Maria Carvalho Costa Dias**
RESUMO
Considerando que as graves consequências do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) poderiam
ser evitadas, se o infartado recebesse os primeiros socorros de maneira adequada, geralmente
na unidade de emergência, o presente artigo teve por objetivo identificar nas produções
científicas a assistência de enfermagem ao paciente com IAM na unidade de emergência.
Quanto à metodologia, trata-se de uma análise literária, com análise quanti-qualitativa. A
pesquisa foi operacionalizada através da busca de artigos eletrônicos indexados nas bases de
dados da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde): LILACS (Literatura Latino Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Eletronic Library Online), Medline
(National Library of Medicine) BDENF. Foram incluídos artigos nacionais publicados no
período de junho de 2008 a junho de 2013. Para a busca, que resultou em 08 artigos na
íntegra, foram empregadas as seguintes palavras-chaves: infarto agudo do miocárdio;
assistência de enfermagem; emergência. A análise foi procedida mediante a técnica da
Análise de Conteúdo, da qual emergiram três categorias: perfil da população assistida e
sintomatologia associada; tempo de chegada do paciente no serviço de Emergência e
assistência ao IAM na Emergência. A análise dos artigos salientou a importância do tempo de
chegada ao serviço de emergência e da educação em saúde. O desenvolvimento deste estudo
pretendeu enriquecer as discussões acerca da assistência de enfermagem ao IAM na
emergência, no entanto não cessa e nem pretende ser conclusivo, demandando a realização de
novos estudos.
PALAVRAS-CHAVE: Infarto Agudo Miocárdio. Assistência de Enfermagem. Emergência.
* Enfermeira pós-graduada em Enfermagem em Emergência pela Atualiza. E-mail: [email protected]
** Professora orientadora Mestre em Medicina e Saúde Publica pela escola Bahiana de Medicina e Saúde
Publica. Professora de Metodologia da pesquisa – Atualiza.
2
1 INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morbidade, incapacidade e morte
no mundo e no Brasil. Dentre elas, o infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma das principais
causas de morte no país; 25 a 35% dos infartados morrem antes de receber cuidados médicos.
Considerando que muitos casos de infarto não são internados ou são internados pelo sistema
suplementar de saúde, estima-se em 300 a 400 mil o número de infarto ao ano no país e que a
cada cinco a sete casos ocorra um óbito (BRASIL, 2011).
O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma emergência decorrente da necrose de parte
do músculo cardíaco causada pela ausência de irrigação sanguínea devido a uma obstrução
coronariana aguda. Essa obstrução quase sempre decorre da ruptura de uma placa ateromatosa
de uma artéria coronária, levando a uma trombose e vasoconstricção com oclusão do vaso,
causando isquemia com morte do músculo cardíaco da área irrigada se a obstrução não for
revertida imediatamente. (PEDROSO; OLIVEIRA, 2008).
De acordo com Martins (2013) um grande número de pacientes morrem antes de
chegar ao hospital, especialmente na primeira hora do início dos sintomas, sobretudo por
arritmias, como a fibrilação ventricular. Sendo de extrema importância a assistência imediata
de pacientes com dor torácica, sobretudo a facilidade de acesso a desfibriladores. O paciente
que apresenta uma síndrome coronariana aguda tem as seguintes características: dor torácica
ou isquêmica; ECG com elevação do segmento ST; aumento significante de troponina
(mionecrose).
As graves consequências do IAM poderiam ser evitadas, se o infartado recebesse os
primeiros socorros de maneira adequada, geralmente na unidade de emergência. O enfermeiro
freqüentemente é o primeiro contato desses pacientes com o serviço de saúde, assim eles
podem distinguir os sinais e sintomas do IAM e de outras emergências cardiovasculares. O
sucesso no atendimento ao paciente infartado depende do tempo entre a ocorrência e o início
do tratamento e da capacitação dos profissionais envolvidos. O papel do enfermeiro é de
extrema importância, cabendo a ele iniciar uma assistência eficaz e segura para obter sucesso
no atendimento.
A equipe de enfermagem nem sempre se apresenta preparada frente ao paciente com
IAM, sendo necessária uma capacitação profissional, já que os enfermeiros diante de tais
situações devem ter habilidades técnicas, nas quais se inclui um maior conhecimento sobre os
procedimentos necessários e versatilidade na atuação para o reconhecimento de possíveis
alterações hemodinâmicas ou complicações. Dessa forma, é fundamental que o enfermeiro
3
com atividade em unidades de emergência possua conhecimentos científicos e habilidades
técnicas suficientes para realizar os primeiros cuidados na assistência ao paciente com IAM.
Considerando-se a relevância do tema proposto e, principalmente, a necessidade
constante de atualização dos profissionais de enfermagem e da utilização de protocolos para a
melhoria da assistência a ser prestada na unidade de emergência, esta pesquisa tem por
objetivo identificar nas produções científicas a assistência de enfermagem ao paciente com
IAM na unidade de emergência.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma análise literária, com análise quanti-qualitativa com a finalidade de
englobar informações de publicações científicas acerca da assistência de enfermagem ao
paciente com IAM na unidade de emergência, bem como o papel da enfermagem no
atendimento básico e este paciente.
Para Gil (2010), a análise literária, se caracteriza por suprimir dúvidas a partir de
pesquisas em documentos, de forma a esclarecer as pressuposições teóricas que fundamentam
a pesquisa, como também através das contribuições proporcionadas por estudos já realizados
com uma discussão crítica.
A abordagem qualitativa, segundo Minayo (2001), enfoca o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores, e atitudes, dando ênfase à subjetividade e ao mundo dos
significados entre as relações humanas, permitindo maior aprofundamento das experiências
vivenciadas no cotidiano do conhecimento da realidade social. O aspecto quantitativo do
presente artigo deve-se ao fato de serem abordadas frequências em alusão aos artigos
selecionados.
A pesquisa foi operacionalizada através da busca de artigos eletrônicos indexados nas
bases de dados da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde): LILACS (Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Eletronic Library Online), Medline
(National Library of Medicine) BDENF. Foram incluídos os artigos nacionais publicados no
período de junho de 2008 a junho de 2013. As palavras-chaves utilizadas para a busca foram:
infarto agudo do miocárdio; assistência de enfermagem; emergência.
Os critérios de inclusão foram: artigos de acordo com o objetivo do estudo, publicados
na íntegra no período entre 2008 a 2013, no idioma português; que continham um dos
descritores selecionados. A busca pelos artigos resultou em um total de 110 produções
científicas, encontrados por meio dos descritores, sendo avaliados primeiramente através de
4
seus títulos. Destes, 23 foram excluídos por não terem ano de publicação dentro dos critérios
de inclusão, sendo lidos os resumos de 87 artigos, dos quais posteriormente mais 79 foram
excluídos por não se adequarem. Totalizando 08 artigos na íntegra. Os artigos foram
selecionados na base de dados SciELO, não resultando em artigos nas outras bases de dados
(os artigos selecionados estão dispostos no quadro A em apêndice).
Em relação à análise de dados, Minayo (2001) afirma que compreende três
finalidades: estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os
pressupostos da pesquisa e/ou responder as questões formuladas e ampliar o conhecimento
sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural do qual faz parte.
Para a organização do material após a seleção dos artigos foram realizados
fichamentos, organização lógica do assunto e redação do texto. Para a análise procedeu-se à
técnica de análise de conteúdo, que segundo Bardin (1977), pode ser entendida como "um
conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos,
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos
ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”.
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Após a seleção dos artigos, procedeu-se a análise mediante a técnica da Análise de
Conteúdo, para alcançar este propósito, o tratamento de dados ocorreu conforme os seguintes
passos propostos por Minayo (2001): ordenação dos dados em que é feito mapeamento de
todos os dados; classificação dos dados após leitura exaustiva e repetida dos textos são
estabelecidas categorias com base no que é relevante nos textos; análise final, quando são
estabelecidas relações entre os dados e o referencial teórico, respondendo às questões da
pesquisa com base em seus objetivos.
Desta maneira, foram estabelecidas três categorias: perfil da população assistida e
sintomatologia associada; tempo de chegada do paciente no serviço de Emergência e
assistência ao IAM na Emergência.
3.1 PERFIL DA POPULAÇÃO ASSISTIDA E SINTOMATOLOGIA ASSOCIADA
Com a finalidade de atuar de forma mais incisiva no desenvolvimento de programas
capazes de reduzir a morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares, Lemos et al
5
(2010) salienta que a enfermagem deve conhecer os fatores de risco implicados no
desencadeamento de síndromes coronarianas agudas, e quais os mais presentes na sua área de
atuação. Entende-se fator de risco, como qualquer elemento clínico ou laboratorial associado
à probabilidade da doença e sua progressão durante um período de tempo variável. Entretanto,
os fatores de risco para IAM não tem sido investigados adequadamente no Brasil.
Neste sentido, estudo realizado por Lemos et al (2010) com amostra constituída por
152 pacientes com quadro clínico estável, de ambos os sexos, idade ≥ 18 anos, com
diagnóstico confirmado de síndrome coronariana aguda (SCA), demonstrou que o
sedentarismo foi o fator de risco mais prevalente para SCA, com 132 (86,8%) pacientes que
não realizavam nenhuma atividade física regular. O sobrepeso e a obesidade também foram
expressivos, estando presente em 117 (77%). O consumo de álcool ≥ três vezes/semana foi
referido por uma pequena parcela da amostra 22 (14,4%).
A obesidade centrada no abdome foi considerado o segundo fator de risco mais
relevante no estudo de Lemos et al (2010), sugerindo que a medida da circunferência
abdominal deve ser a medida preferencial, quando comparada ao Índice de Massa Corporal
(IMC). No estudo, as médias para circunferência da cintura para mulheres e homens foram 97
cm e 101 cm, respectivamente. O terceiro fator de risco mais presente foi a HAS, com uma
prevalência de 75,7%. Tais dados corroboram para a importância da HAS como fator de risco
na incidência de IAM.
Em relação aos sintomas, os resultados do Bastos et al (2012) demonstraram que
59,62% da amostra analisada apresentou associação de dor no tórax ou desconforto torácico,
dor irradiada para o membro superior esquerdo (MSE) e dispneia e/ou sudorese súbita, ao
passo que 36,54% referiu dor no tórax, MSE, região epigástrica ou desconforto torácico e
apenas 3,85% apresentou dispneia e/ou sudorese súbita. Um percentual de 61,54%
permaneceu com os sintomas por mais de 20 minutos, o que os motivou a procurar
atendimento médico, sendo que 70,59% foram conduzidos por ambulância e 29,41% com o
carro de familiares.
Tais resultados apontam para a necessidade de se empreender esforços no sentido de
realizar estudos com vistas a elucidar os fatores de risco no Brasil, haja vista os estudos que
existem em outros países não expressam as peculiaridades e condições e hábitos de vida
inerentes à realidade brasileira, destarte não é adequado adotar as medidas de prevenção
recomendadas naqueles estudos como forma efetiva para a prevenção a nível primário e
também a nível hospitalar, como medida preventiva de novas hospitalizações.
6
O reconhecimento do perfil da população assistida com IAM permite a elaboração de
um protocolo de alta programada, a fim de esclarecer dúvidas sobre a doença, tratamento e
medidas de auto-cuidado no domicílio e reduzir as taxas de reinternação, morbi-mortalidade e
os elevados custos em saúde (LEMOS et al, 2010). Deve-se salientar que a alta do paciente
que sofreu IAM, bem como o processo de reabilitação perpassa por uma modificação em seu
estilo de vida, onde é necessário adequar a alimentação, a questão do sedentarismo e dos
hábitos de fumar e ingerir bebidas alcoólicas.
Para tanto, é necessário conhecer o perfil da população com IAM, se fazendo
necessário realizar registros completos e fidedignos em prontuários, o que infelizmente não é
seguido de forma rigorosa em unidades de emergência, pela própria característica de alta
demanda e rotatividade, peculiar da mesma. Assim, pode-se observar que o atendimento que
se inicia na emergência e prossegue com transferências para outras unidades de internação até
chegar à alta hospitalar deve ser interligado, pois a qualidade do atendimento e a
sistematização da assistência de enfermagem, incluindo o plano de alta depende de uma
anamnese minuciosa em todas as unidades, de forma a evitar novas hospitalizações, mediante
o incentivo do auto-cuidado.
3.2 TEMPO DE CHEGADA DO PACIENTE NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA
Dois terços das mortes súbitas por doenças do coração acontecem fora do ambiente
hospitalar e apenas 20% das pessoas com relato de dor torácica aguda chegam à emergência
antes de duas horas do início desses sinais (FRANCO et al, 2012), corroborando com
resultados apresentados em outros estudos (FRANCO et al, 2008). Franco et al (2008)
salientam que o ponto chave para o tratamento do IAM com supra ST está relacionado ao
tempo de instituição da terapia de reperfusão. A recanalização arterial em tempo hábil traz
inúmeros benefícios para a preservação da função ventricular e aumento da sobrevida.
Em relação ao tempo de início do tratamento, o maior benefício foi observado
naqueles indivíduos tratados o mais precocemente possível, seja com a terapia
fibrinolítica, seja com intervenções mecânicas. Entretanto, o sucesso dessas técnicas
de reperfusão coronariana é dependente do tempo, ou seja, quanto mais
precocemente o fluxo coronário for restabelecido maior o benefício obtido pelo
paciente. Portanto, diversas ações que objetivem a diminuição do retardo préhospitalar (período decorrido entre o início dos sintomas e a chegada do paciente a
um serviço médico de emergência) são imprescindíveis no sentido de reduzir a perda
de vidas fora do hospital como também a mortalidade hospitalar (SAMPAIO;
MUSSE, 2009, p.442).
7
O tempo de chegada dos pacientes na unidade de emergência está estritamente
relacionado à capacidade de reconhecimento dos sinais e sintomas. Além disso, destaca-se
que a busca imediata por este tipo de serviço está diretamente associado à redução da
morbimortalidade entre estes pacientes. Franco et al (2008) apontam que o retardo em
procurar atendimento pode estar relacionado ao não reconhecimento por parte dos pacientes
como sendo um evento cardíaco. Dentre esses fatores estão o baixo nível socioeconômico, o
sexo feminino, além da automedicação utilizada por alguns pacientes.
Outros fatores que interferem na busca imediata dos serviços de saúde são elencados
por Bastos et al (2012), que atribuem este retardo devido ao não reconhecimento de seus
sintomas, como também por não haver serviços especializados de primeiros socorros e, até
mesmo, por um transporte público deficitário, dificultando a chegada dessas pessoas ao
hospital. Verifica-se, que outros problemas setoriais que demandam a elaboração de políticas
públicas mais eficazes, interferem no tempo de chegada ao serviço de emergência, apontando
para a necessidade de interligação setorial.
A importância do tempo decorrido entre os primeiros sintomas do IAM até o seu
atendimento em um serviço de emergência, justifica-se pela necessidade de intervenções
imediatas de reperfusão, visando à restauração do fluxo sanguíneo coronário, colaborando
assim para aumento da sobrevida desses pacientes (BASTOS et al, 2012). Desta forma, a
equipe de enfermagem precisa ser rápida e precisa no atendimento a pacientes vítimas de
IAM, melhorando a sobrevida dos mesmos e diminuindo a morbimortalidade associada, além
de encorajar estes pacientes para evitar novos episódios de IAM e, na vigência de novos
casos, reconhecer prontamente e dirigir-se imediatamente para um serviço de emergência.
Considerando que o retardo pré-hospitalar está associado a fatores relacionados à
pessoa que sofre IAM, Sampaio e Mussi (2009) afirmam que tem sido preconizado um
trabalho de informação e educação comunitária para o pronto e correto reconhecimento inicial
dos sintomas do ataque cardíaco. A população precisa conhecer e reconhecer os
sinais/sintomas de IAM, a importância de acionar um telefone de emergência à menor
suspeita (SAMU-192) e agir prontamente nesse sentido. Além disso, precisa saber prestar
outras medidas de sobrevida no momento da situação de risco.
3.3 ASSISTÊNCIA AO IAM NA EMERGÊNCIA
Segundo Franco et al (2008), dentre as funções da enfermagem, a prática educativa
desponta como principal estratégia de promoção da saúde, na qual o foco deve estar voltado
8
não só para o paciente, mas também para sua família. Considerando que o indivíduo doente,
geralmente, enfrenta essa etapa da vida com a presença de algum familiar, estes também
devem ser envolvidos nos aspectos relacionados à educação em saúde. Em uma perspectiva
moderna de educação em saúde, o educador tem o papel de facilitador das descobertas e
reflexões dos sujeitos sobre a realidade, sendo que os indivíduos têm o poder e a autonomia
de escolher as alternativas.
Franco et al (2008) salientam, ainda, que esses momentos possibilitam aos
profissionais identificarem o que realmente está faltando, o que não foi compreendido e a
distância que existe entre o que é dito ou escrito e o que é entendido e como é entendido, em
termos de conhecimento sobre a saúde e hábitos saudáveis; das fantasias, dos tabus, das
dificuldades de ser paciente ou familiar e estar doente. Assim, destaca-se a importância da
atuação do enfermeiro - um dos principais mediadores do processo ensino-aprendizagem que
visa à promoção da saúde, focalizada na conscientização de sinais e sintomas de eventos
cardiovasculares eminentes e a valorização da procura imediata por atendimento
especializado.
Lima et al (2010) aponta para a necessidade de desenvolver estratégias para aumentar
a prática do autocuidado, com vistas a controlar os fatores de risco e favorecer a melhoria da
qualidade de vida dos pacientes. Entre as estratégias de trabalho, escolheu-se a consulta de
enfermagem, por ser estratégia eficaz para a detecção precoce de desvios de saúde e
acompanhamento de medidas instituídas, as quais são dirigidas ao bem-estar das pessoas
envolvidas.
O diagnóstico de enfermagem de “Troca de gases prejudicada” destacou-se em estudo
realizado entre portadores de cardiopatias (SOUSA et al, 2008). Pode-se inferir que este
diagnóstico possui relevância devido a sua ligação com o funcionamento cardiorrespiratório,
de forma que as características definidoras e fatores relacionados atribuídos a este diagnóstico
mantêm forte relação com este sistema. Alguns autores relacionam as alterações no padrão
respiratório a mecanismos patológicos do IAM, como quando há diminuição do oxigênio
circulante, principalmente quando o paciente apresenta um débito cardíaco diminuído,
necessitando de uma assistência ainda mais intensiva.
Rocha et al (2009) ressalta a importância do enfermeiro valorizar a expressão da dor,
explicando que a sensação de dor é um fato real sentido pelos pacientes, e como tal deve ser
considerada pelos profissionais, tendo caráter subjetivo, individual e emocional. O alívio da
dor possibilita redução do sofrimento e conforto para o paciente diante de uma necessidade
afetada.
9
Estudo realizado por Albuquerque et al (2009) analisou 274 pacientes submetidos a
angioplastia primária, divididos em dois grupos: os atendidos no período diurno e os
atendidos no período noturno. Foram analisados as características clínicas e angiográficas, o
tempo porta-balão, o sucesso angiográfico primário e a ocorrência de complicações. O tempo
porta-balão é o período entre a entrada no pronto-socorro e a reabertura do vaso ocluído, deve
ser o mais curto possível, pois quanto menor o tempo de sofrimento miocárdico, melhor o
prognóstico. Seu tempo ideal é menor ou igual a 90 minutos e depende de vários fatores,
desde a eficiência do diagnóstico no pronto-socorro até a rapidez com que o hemodinamicista
desobstrui o vaso.
As condições possibilitadas no período noturno supracitadas favoreceram que o tempo
porta-balão fosse menor à noite, sugerindo que a prontidão da equipe, bem como a
disponibilidade de salas e os equipamentos necessários, mais acessíveis pela baixa
rotatividade característica do período noturno, proporcionam melhor condição ao atendimento
do paciente com IAM que o período diurno (ALBUQUERQUE et al, 2009).
No mesmo estudo (ALBUQUERQUE et al, 2009), observou-se que o sucesso
angiográfico primário nos dois períodos analisados foi satisfatório (93%). A análise das
complicações demonstrou diferença na incidência de acidente vascular cerebral e na trombose
do stent, e suas consequências (reinfarto e revascularização de urgência da lesão-alvo), com
piores resultados para o período noturno.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que o estudo da assistência ao paciente de IAM nos serviços de
emergência é de suma importância, haja vista a doença se configure como um relevante
problema de Saúde Pública, cursando com elevados índices de morbimortalidade associados.
A despeito disto, notou-se que são escassos os artigos que tratem a respeito da assistência
propriamente dita de uma forma mais contundente no recorte temporal definido na
metodologia deste estudo.
Se por um lado a assistência não foi tão bem percebida nos estudos analisados, por
outro lado percebeu-se que os estudos estão muito voltados a elucidar a importância do tempo
de chegada ao serviço de Emergência, sugerindo a necessidade de incrementar a educação em
saúde frente à população, tendo-se em vista que o IAM acomete pessoas de várias idades e é
responsável por milhares de óbitos. Ressalta-se que a chegada precoce ao serviço de
emergência é crucial para o êxito do tratamento.
10
A questão da educação em saúde também se amplia ao se considerar que a atuação
junto aos pacientes que sofreram IAM deve ser pautada com vistas a evitar a reinternação, o
que indiscutivelmente perpassa pela assistência destes pacientes em uma assistência holística,
que deve considerar as questões sociais e psicológicas em que o mesmo está inserido, além de
oferecer apoio e orientações para a família.
Assim sendo, o desenvolvimento deste estudo pretendeu enriquecer as discussões
acerca da assistência de enfermagem ao IAM na emergência, no entanto não cessa e nem
pretende ser conclusivo, demandando a realização de novos estudos. Assim sendo, pretendese que através de seus resultados possibilitem e estimulem a busca da qualificação
profissional, visando diminuir o número de agravos e também de morte desses pacientes.
11
ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION: NURSING CARE IN EMERGENCY
ABSTRACT
Whereas that the serious consequences of Acute Myocardi Infarction (AMI) could be avoided
if the infarcted patient received first aid properly, usually in the emergency department, this
article aims to identify the scientific production in nursing care for patients with AMI in the
emergency. Regarding the methodology, it is a literary analysis with quantitative and
qualitative analyzes. The research was operationalized through the search of articles indexed
in electronic databases: VHL (Virtual Health Library): LILACS (Latin American and
Caribbean Health Sciences), SciELO (Scientific Electronic Library Online), Medline
(National Library of Medicine) BDENF. We included articles published nationally in the
period of June 2008 to June 2013. To the search, which resulted in 08 articles in their entirety,
were employed the following key words: acute myocardial infarction; nursing care;
emergency. The analysis was performed by the technique of content analysis, which emerged
three categories: profile of the population served and associated symptoms, time of arrival of
the patient in the emergency service and assistance to AMI in the emergency. The analysis of
the articles stressed the importance of the time of arrival at the emergency department and the
health education. The aim of the development of this study was to enrich the discussions
about the nursing care for AMI in the emergency, however, this study does not stop and does
not intend to be conclusive, demanding new studies.
KEYWORDS: Acute Myocardi Infarction. Nursing Care. Emergency.
12
REFERÊNCIAS
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Paciente com Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST nos
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miocárdio em unidade de emergência. Rev Bras Cir Cardiovasc, v.27, n.3, p.422-8, 2012.
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Vozes, 2001.
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PEDROSO, Ênio Roberto Pietra; OLIVEIRA, Reynaldo Gomes de. Infarto Agudo do
Miocárdio e Angina Instável In: Blackbook - Clínica Médica: medicamentos e rotinas
médicas, pag 282-296. Belo Horizonte: Blackbook Editora, 2008
ROCHA, D. H. et al. Troca de gases em pacientes com angina. Esc Anna Nery Rev Enferm,
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APÊNDICE A – Quadro de fichamento dos artigos nacionais, segundo título, autor, revista, ano, objetivos, resultados e conclusões
(continua)
TÍTULO
Troca
de
gases
prejudicada: análise
em pacientes com
infarto agudo do
miocárdio.
AUTOR
Vanessa Emille
Carvalho Sousa
et al
REVISTA
Rev. Enferm.
UERJ
ANO
2008
OBJETIVOS
Analisar a ocorrência do
diagnóstico “troca de
gases prejudicada” em
portadores de IAM,
caracterizando o grau de
comprometimento do seu
estado de saúde.
Troca de gases em
pacientes com angina.
Dayane Horta
Rocha et al
Esc
Anna
Nery
Rev
Enferm.
2009
Analisar a ocorrência do
diagnóstico “troca de
gases prejudicada” em
pacientes internados em
um
hospital
especializado.
Análise
dos
Resultados
do
Atendimento
ao
Paciente com Infarto
Agudo do Miocárdio
com
Supradesnivelamento
do Segmento ST nos
Períodos Diurno e
Noturno.
Gustavo
Oliveira
de
Albuquerque et
al
Rev
Bras
Cardiol Invas.
2009
Avaliar os resultados dos
pacientes
com
IAMCSST submetidos a
angioplastia primária em
um hospital que dispõe
de serviço de intervenção
coronariana percutânea
primária 24 horas por
dia, com a finalidade de
comparar a eficácia do
atendimento
nos
períodos
diurno
e
noturno.
RESULTADOS
O diagnóstico “troca de gases prejudicada”
foi ausente na amostra analisada,
entretanto, as variáveis índice de massa
corpórea, porcentagens de massa gorda e
massa magra, relação cintura-quadril e
freqüência
respiratória
estiveram
comprometidas, indicando risco potencial
de agravamento.
O diagnóstico “troca de gases prejudicada”
foi ausente na amostra analisada;
entretanto, as variáveis profundidade da
respiração, pressão arterial sistólica,
sonolência e sódio sérico estiveram
comprometidas, o que indica risco de
agravamento.
Dos 274 pacientes analisados, 186 (67,8%)
foram atendidos no período diurno e 88
(32,2%), no período noturno. As
características clínicas e angiográficas
foram semelhantes em ambos os períodos.
O tempo portabalão alcançado no período
noturno (64,1 minutos) foi menor que o do
período diurno (72,5 minutos) (P = 0,02).
O sucesso angiográfico foi semelhante
(93%) em ambos os turnos. Houve maior
número de complicações no período
noturno, à custa de acidente vascular
cerebral, reinfarto e revascularização da
lesão-alvo.
CONCLUSÕES
Os
resultados
mantêm
alguma relação com o estilo
de vida dos pacientes
avaliados, o que indica a
importância da modificação
dos hábitos em prol de um
melhor prognóstico.
Observou-se relação entre os
resultados
obtidos
e
características do estilo de
vida dos pacientes avaliados,
o que reforça a importância
de medidas preventivas para
a obtenção de um melhor
prognóstico na assistência
aos pacientes com angina.
O atendimento realizado fora
do período diurno no serviço
investigado foi rápido e
eficaz, com índices de
sucesso
angiográfico
similares aos do atendimento
em horas regulares. As
complicações clínicas, no
entanto, foram maiores nos
pacientes
tratados
no
período
noturno,
possivelmente influenciado
por fatores não avaliados no
estudo.
(continua)
TÍTULO
Cuidado
de
enfermagem: evitando
o
retardo
préhospitalar face ao
infarto agudo do
miocárdio.
AUTOR
Elieusa Silva
Sampaio;
Fernanda
Carneiro Musse
REVISTA
Rev. Enferm.
UERJ
ANO
2009
OBJETIVOS
Discutir a educação em
saúde como integrante do
cuidar de enfermagem às
pessoas que sofrem
infarto
agudo
do
miocárdio
(IAM)
e
direcionar para a adoção
de medidas de sobrevida
face
aos
sintomas
prodrômicos da doença
RESULTADOS
O trabalho de educação para profissionais
de saúde, comunidade e indivíduos com
doença aterosclerótica e/ou com risco
potencial para IAM deve enfatizar a
importância da procura de atendimento
imediato após o início dos sintomas, os
problemas decorrentes dessa demora, o
reconhecimento dos sinais e sintomas e as
ações imediatas diante do quadro
coronariano.
Protocolo
de
consultas
de
enfermagem
ao
paciente
após
a
revascularização do
miocárdio: influência
na
ansiedade
e
depressão.
Francisca
Elisângela
Teixeira Lima
et al
Rev. LatinoAm.
Enfermagem
2010
A ansiedade teve média no GC de 5,41 e
mediana de 5 e, no GI, teve média de 5,21
e mediana de 4. A depressão predominou
no GC, com média 4,82 e mediana de 4,
enquanto o GI teve média de 3,79 e
mediana de 3.
Prevalência de fatores
de
risco
para
síndrome coronariana
aguda em pacientes
atendidos em uma
emergência.
Karine Franke
Lemos et al
Rev Gaúcha
Enferm.
2010
Verificar a influência do
protocolo de consultas de
enfermagem
nos
aspectos relacionados à
ansiedade e à depressão
em
pacientes
após
revascularização
miocárdica, utilizando a
escala de HAD (Hospital
Ansiety and Depression).
Caracterizar o perfil do
paciente portador de
Síndrome
Coronária
Aguda (SCA) atendido
em um serviço de
emergência de Porto
Alegre, Rio Grande do
Sul, no que se refere aos
fatores de risco.
Os fatores de risco foram: sedentarismo
(86,8%); sobrepeso e obesidade (77%);
hipertensão arterial sistêmica (75,7%);
história familiar (56,6%); estresse (52,6%);
dislipidemia (44,7%); diabetes mellitus
(40,1%); tabagismo (39,5%); e ingesta de
álcool (14,4%).
CONCLUSÕES
O
enfermeiro tem
a
responsabilidade
de
organizar a informação, a
educação e o treinamento do
público e de capacitar-se
para atuar com competência
técnico-científica, ética e
humanística no cuidado a
pessoas com IAM visando à
redução do retardo préhospitalar.
Constatou-se que as pessoas
acompanhadas de acordo
com
o
protocolo
de
consultas de enfermagem
tiveram menor percentual de
ansiedade e depressão, após
seis
meses
de
acompanhamento.
Constatou-se
uma
alta
prevalência de fatores de
risco
para
SCA,
necessitando de programas
de educação em saúde,
visando reduzir a morbimortalidade.
(conclusão)
TÍTULO
Tempo de chegada do
paciente com infarto
agudo do miocárdio
em
unidade
de
emergência.
AUTOR
Alessandra
Soler Bastos et
al
REVISTA
Rev Bras Cir
Cardiovasc
ANO
2012
OBJETIVOS
Caracterizar o perfil das
pessoas com infarto
agudo do miocárdio
(IAM) atendidas em um
serviço de emergência e
verificar o tempo de
chegada
(delta
T).
Identificar
como
o
paciente foi transportado
e correlacionar o delta T
com o tratamento e
prognóstico do mesmo.
Pacientes com infarto
agudo do miocárdio e
os
fatores
que
interferem na procura
por
serviço
de
emergência:
implicações para a
educação em saúde.
Betina Franco
et al
Rev Latinoam
Enfermagem
2008
Estimar
o
tempo
decorrido entre o início
dos sinais e sintomas do
infarto até a chegada ao
setor de emergência
cardiológica (delta T) e
os
fatores
que
influenciaram
esse
processo
RESULTADOS
A maioria dos pacientes era do gênero
masculino, com idade média de 62,35 ±
14,66 anos, casada, poucos anos de estudo,
histórico familiar de doença cardíaca,
hipertensão arterial, dislipidemia e
sedentarismo. Os sintomas apresentados
foram dor no tórax, região epigástrica ou
desconforto torácico associado à dispneia
e/ou sudorese súbita. A maioria dos
pacientes foi transportada por ambulância
e submetida a cateterismo cardíaco,
seguido de angioplastia. O delta T
encontrado foi 9h54min ± 18h9min. A
letalidade global do estudo foi de 3,85%.
O delta T foi, em média, de
3h59min±2h55min, sendo que 99(88%)
desses pacientes procuraram por serviço de
emergência uma hora após o início do
evento. Pacientes solteiros apresentaram
delta T menor em relação aos demais
(p=0,006), assim, como aqueles que
reconheceram os sintomas como evento
cardíaco; dor torácica em ardência foi
relatada por 25(24%) pacientes, sendo que
a primeira atitude tomada diante desses
sintomas foi a automedicação (37-33%).
CONCLUSÕES
O reconhecimento dos sinais
e sintomas do IAM pelo
paciente
foi
fator
determinante para a procura
de
atendimento
especializado e aqueles com
menor delta T apresentaram
melhor prognóstico.
Concluiu-se
que
o
reconhecimento dos sinais e
dos sintomas de infarto
agudo do miocárdio (IAM)
pelo paciente é fator
determinante para a procura
por
atendimento
especializado.
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