Silício na agricultura reduz pragas e doenças

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Silício na agricultura reduz pragas e doenças
(Diário da Região, 06/0699 e Folha de São Paulo, 31/03/99)
O silício ainda é um elemento
pouco conhecido na agricultura, mas
promete crescer muito em importância,
com os novos estudos de seu papel na
nutrição de algumas plantas comerciais,
como arroz e cana-de-açúcar. Absorvido
pelas raízes junto com a água, o silício
tende a acumular-se nas folhas de algumas
gramíneas,
formando
uma
barreira
protetora contra o ataque de insetos e
fungos e regulando a perda de água da
planta por evapo-transpiração. Em outras
palavras, a adubação complementar com
silício aumenta a produtividade e reduz
gastos com pesticidas. "A adubação com
silício ainda é desconhecida, no Brasil,
mas nossos estudos indicam um aumento
de produtividade de até 10 toneladas por
hectare, nos canaviais, e o aumento da
resistência de culturas de arroz contra
brusone, mancha parda e descoloração dos
grãos", conta Gaspar Korndörfer, da
Universidade Federal de Uberlândia, UFU,
a primeira a montar um laboratório
especializado na análise de solo, visando a
quantificação
do
silício.
Korndörfer
explica que o silício polimeriza na
superfície das folhas exatamente como o
silicone utilizado em próteses - formando
uma camada mais dura e mais difícil de
transpor para os insetos-praga e para os
fungos causadores de doenças. A diferença
em relação ao silicone é que esta
polimerização é reversível, regulada pela
quantidade de água disponível nas raízes
da planta (quanto menos água, mais
polimerizado fica o silício e vice-versa). A
disponibilidade
de
silício
também
determina a estrutura das plantas, que
ficam mais eretas, evitando o acamamento
(quando o pé de arroz ou cana deita no
solo, reduzindo a produtividade). E a
adubação à base de silicatos ainda serve
para a correção de acidez, substituindo o
uso do calcário, um elemento fundamental
em quase todos os solos brasileiros. A
equipe da UFU estendeu os estudos do
silício a plantas de cerrado e a outras
gramíneas, como o capim braquiária, para
verificar a capacidade de
acumular o
elemento em suas folhas. "As plantas do
cerrado também acumulam silício e estão
nos ajudando muito a entender os
mecanismos de absorção e retenção", conta
Korndörfer, que vem usando este
conhecimento
no
aprimoramento
da
adubação para culturas comerciais. O
laboratório que ele coordena desde 1994,
em Minas Gerais, tem uma Equipe de 5
pesquisadores,
2
pós-graduandos
e
diversos estudantes de graduação. A
equipe trabalha em convênio com a
University of Florida, dos Estados Unidos,
e conta com recursos da ordem de 200 mil
reais anuais, da Fundação Banco do Brasil,
FBB, da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais, FAPEMIG, e
de usinas privadas de açúcar e álcool. A
tradição na adubação de silício para
culturas de arroz vem da Ásia, com
destaque para pesquisas desenvolvidas no
Japão, Coréia e Filipinas. Os EUA já
incorporaram a adubação nas culturas de
cana-de-açúcar, utilizando, principalmente,
o silicato de cálcio, um resíduo da indústria
de fósforo elementar. No Brasil, ainda é
necessário identificar fontes baratas de
silício, pois o tipo mais abundante - um
resíduo de usinas siderúrgicas não é bem
absorvido pelas plantas, além de oferecer
riscos de contaminação por outros
produtos químicos. Existe pelo menos uma
marca comercial de adubo termofosfatado
que já contém silício, embora a empresa
explore pouco esta vantagem de seu
produto. Maiores informações com Gaspar
Korndörfer, através do endereço eletrônico
[email protected] ou pelo telefone
(034)212-5566.
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