discurso_sua_excelncia_pr

Propaganda
República deCaboVerde
Presidência da República
Gabinete do Presidente da República
DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE CABO VERDE,
COMANDANTE PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES,
NA CERIMÓNIA DE
CUMPRIMENTOS DE ANO NOVO DO GOVERNO
“É uma atitude de parceria e de co-responsabilidade na batalha por um futuro
melhor que vale a pena estimular em permanência!”
Salão Nobre do Palácio da Presidência da República, na Praia,
aos 07 de Janeiro de 2010
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhoras e Senhores Ministros,
Estimadas Amigas e caros Amigos,
Apraz-me saudar Vossas Excelências neste dealbar de 2010. Auguro que venha a
ser um tempo gerador de maior segurança, de mais oportunidades e maiores
capacidades produtivas nacionais ao serviço do nosso bem-estar colectivo e, logo,
de menos perturbações e de menores incertezas na caminhada que vamos
fazendo.
Devo agradecer-lhe, Senhor Primeiro-Ministro, pelas suas palavras amáveis, as
quais tenho o prazer de retribuir com igual sentimento de apreço e de
solidariedade. Tenho igual agrado em cumprimentar os ilustres Membros do seu
Governo que, ao longo do ano findo, souberam encontrar respostas oportunas aos
desafios das áreas das suas funções e na execução dos respectivos programas de
governação.
Neste acto, sem pretensão de uma análise profunda, vale a pena lançar um breve
olhar retrospectivo sobre o ano que findou. Estou convencido de que o pior já
passou, pois, são perceptíveis os sinais de retoma nas economias mais fortes,
particularmente entre as economias emergentes, o que acabará por ter reflexos
positivos na nossa economia. Embora, de forma tímida, parece que os ventos
passaram a soprar de feição. Porém, a este optimismo moderado é preciso juntar
uma boa dose de realismo, de rigor e de pragmatismo nas opções. Pois, ainda que
o futuro permaneça de confiança e de esperança, o bom senso recomenda sempre
prudência e realismo nas atitudes.
Penso que, para além das dificuldades encontradas, o ano de 2009 trouxe ganhos
ao nosso país. A economia cabo-verdiana resistiu e cresceu. A modernização e
expansão das infra-estruturas vêm prosseguindo e, de igual forma, os esforços de
expansão da electrificação rural, de abastecimento de água às populações rurais e
de reordenamento rural, concorrendo para o aumento de recursos disponíveis e
para melhorias significativas de condições de vida no campo. O alargamento da
cobertura da previdência social irá concorrer para a progressiva edificação da tão
ambicionada sociedade mais inclusiva. No campo da história e da cultura, Cabo
Verde ganhou um património mundial da humanidade: a Cidade Velha.
Outrossim, julgo valer a pena ressaltar que, se numa conjuntura de crise, que é
sempre uma situação muito complicada, cabe aos Governos a responsabilidade
primeira de tomar medidas para a moderação dos efeitos e prevenção das
consequências e para, conjuntamente, estimular a retoma económica, revelam-se
igualmente indispensáveis a responsabilização e comparticipação da sociedade
civil, dos agentes económicos e sociais nacionais, em especial, no esforço
colectivo de construção de uma solução progressista e viável. É esta atitude de
parceria e de co-responsabilidade na batalha por um futuro melhor que vale a pena
estimular em permanência e procurar transformar em comportamento habitual no
seio da sociedade cabo-verdiana.
2
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhoras e Senhores Ministros,
É bem visível nas diversas facetas da vida nacional os resultados do esforço de
modernização em curso, a partir da qual a sociedade cabo-verdiana tem vindo a
acumular mais conhecimento e apropriar-se de novos saberes e tecnologias que
lhe permitirão dar mais um salto qualitativo na sua marcha em prol do
desenvolvimento. Assim, as infra-estruturas das TIC se ampliam e se consolidam;
a Educação e a Formação alargam a sua extensão e abrangência social. Logo,
estão sendo criados os fundamentos para a busca e o domínio da qualidade e da
excelência, ingredientes essenciais para vencer a concorrência na economia
global. Igualmente, dá-me muita satisfação saber que, em diversos aspectos da
informatização dos serviços públicos, a experiência cabo-verdiana é vista como
uma referência, em África.
Estimo que o impulso modernizador deve estender-se a todo o tecido social, às
instituições privadas e aos diversos sectores de actividade social e económica do
país. Pois, para que os ganhos de modernização possam ser consistentes e
portadores de efeitos multiplicadores práticos, terão que se entranhar na sociedade
que, por sua vez, deve implicar-se plenamente e acertar o passo com o processo
de modernização, de igual modo que deve ambicionar alcançar padrões
internacionais de qualidade.
Na mesma intenção, fica-me a impressão de que a sociedade cabo-verdiana está
face a uma encruzilhada. Terá que discernir que o progresso não é a mesma coisa
que o consumismo. Ora, o consumismo estriba-se na opção de importar e gastar
mais e mais e o progresso assenta sobretudo na aquisição de mais conhecimento,
de mais know-how a fim de gerar mais riquezas localmente, acrescido do domínio
da capacidade gerencial, munindo-se para conceber e gerir, com sucesso, o
processo de desenvolvimento. Significa ainda estar a par das novidades do mundo
moderno, das suas exigências, desafios e oportunidades.
A par disso, estimo que a nossa sociedade necessita de mudar em termos de
civismo e de responsabilização. Entendo que se faz sentir a necessidade de
investigar e encontrar respostas para as graves disfunções reveladas pela
sociedade, no geral, e pela sua célula fundamental, a família, em particular.
Em igual medida, julgo indispensável encontrar respostas adequadas, porventura,
alternativas de referências positivas e aos modelos de socialização, para as
incivilidades e violências que se vêm registando no seio de certas franjas da nossa
juventude, engendradas pela cópia irreflectida de modelos comportamentais
estrangeiros perversos, por cima, em ambiente de profunda mutação social.
Senhor Primeiro Ministro,
Senhoras e Senhores Ministros,
3
Encontramo-nos no fim da primeira década do século XXI, que ao contrário do que
se esperava trouxe enormes desafios, incertezas e inquietações.
Nesse âmbito, para além da realização de numerosos fóruns para a busca de
saídas sustentáveis e coordenadas para a grave crise económico-financeira e de
suas consequências, acrescidas de sérias preocupações colocadas pela
segurança internacional, o ano findo terminou com um imenso conclave mundial,
que despertou muitas expectativas, mas, cujos resultados finais não correspondem
às esperanças de muitos participantes e, particularmente, das ONG que militam
pela causa do clima e da protecção do planeta. Refiro-me à Conferência da ONU
sobre as Alterações Climáticas.
Os resultados limitados e as resistências a quaisquer compromissos vinculativos,
tão propalados, chamam atenção para a necessidade de uma visão mais realista
dos factos. Ficou claro que o tema do meio ambiente não é uma mera questão de
valores morais ou de ética, mas é sobretudo um tema de política global. É como tal
deve ser equacionado. Aguardemos com paciência a próxima ronda que terá lugar
em Junho, em Berlim. Contudo, a atitude mais sábia é cada um fazer o pouco que
pode, sem esperar por imposições internacionais.
Contudo, estou em crer de que nada foi inútil. Pois, a compreensão científica do
clima que este processo gerou e o impulso global para a acção decorrente dos
confrontos de pontos de vista e de análises acabam sempre por ter efeitos
positivos e estimulantes. Outrossim, o mecanismo que a Conferência instituiu para
ajudar os países menos desenvolvidos a compensarem as suas emissões, se
aplicado, será de valor inestimável e trará novos recursos e perspectivas.
Mas, finalmente, qual é a marca que nos deixou esta primeira década do século
XXI? Creio que é a forte ascensão, na sociedade internacional, dos países
emergentes, cujas empresas multinacionais se ombreiam com as maiores
multinacionais ocidentais.
Ao terminar, tenho o prazer de lhe apresentar, Senhor Primeiro-Ministro, os votos
de muitas felicidades pessoais e de êxitos no exercício das suas altas funções
governamentais. De igual modo, reitero-lhe os seus sentimentos de muito apreço e
de simpatia pessoal.
Em igual medida, estendo o meu apreço e simpatia às Senhoras e Senhores
Ministros, a quem formulo votos de felicidades pessoais, de muita força anímica e
de novos sucessos no exercício dos respectivos cargos governamentais.
Vamos brindar por um 2010 de paz e sucesso para Cabo Verde!
Muito obrigado.
Praia, 7 de Janeiro de 2010.
4
Download