GRUPO PARLAMENTAR DO MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA O PRESIDENTE DISCURSO DE ABERTURA DO DEBATE SOBRE O ESTADO DA NAÇÃO 2016 A Nação Cabo-verdiana confia no futuro. Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Senhor Primeiro-Ministro, Senhoras e Senhores Membros do Governo, Colegas Deputadas e Deputados, Neste momento ímpar de exercício do mandato conferido pelo povo aos seus legítimos representantes, cumpre-nos, enquanto líder da bancada do Movimento para Democracia (MpD), contribuir para este debate sobre o estado da Nação. Impõe-se, nesta singela ocasião, fazer um retrato, que se pretenda o mais fiel possível, do estado da alma da Nação cabo-verdiana. Desta feita, fazemo-lo num contexto especial, pois ocorre poucos meses depois de o povo cabo-verdiano, chamado às urnas, ter assinado mais uma página indelével na sua história, protagonizando, deste modo, a terceira alternância do poder em democracia. Do mesmo passo, trata-se do primeiro estado da Nação que marca o regresso do MpD ao poder, após quinze anos na Oposição. 1 de 7 GRUPO PARLAMENTAR DO MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA O PRESIDENTE Um regresso que inaugura um novo ciclo de políticas públicas, cujo escopo é o de resolver os problemas das pessoas, que há muito ansiavam por novas soluções. Um regresso que anuncia novas esperanças, novos tempos e novos horizontes. Um regresso que resulta do jogo democrático, próprio de eleições livres e transparentes. Na mesma linha, hoje, o estado da Nação é de sonhos e de ingentes expetativas. Sonhos e expetativas que estão em concordância com os compromissos assumidos pelo MpD no decurso da campanha eleitoral. A importante parcela da Nação cabo-verdiana na Diáspora confia numa nova atitude necessária e premente na relação com os nossos conterrâneos residentes fora das ilhas. A Nação na terra longe confia nesta nova era, em que os cabo-verdianos não são discriminados em razão das suas preferências partidárias. Confia na criação de um ambiente favorável para a efetiva participação das comunidades emigradas no processo de desenvolvimento do País, com uma abordagem pró-ativa, sem paternalismo. Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Senhor Primeiro-Ministro, Senhoras e Senhores Membros do Governo, Colegas Deputadas e Deputados, 2 de 7 GRUPO PARLAMENTAR DO MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA O PRESIDENTE O estado da Nação, hoje, interpela-nos, a todos, sem exceção, a uma profunda reflexão. Reflexão que não se estriba na ligeireza de análises, bastas vezes produzidas sob o calor de emoções partidárias e, vezes sem conta, irrealistas, mas sim na realidade, nua e crua do país. O estado da Nação é, hoje, de esperança. Esperança na nova liderança governamental, em particular, na do senhor Primeiro-Ministro, Dr. Ulisses Correia e Silva, sobre cujos ombros recaem importantes responsabilidades políticas para encetar medidas que vão ao encontro das aspirações e das justas expectativas dos cidadãos. O estado da Nação é, hoje, de confiança. Confiança no futuro. Confiança nos homens e nas mulheres que dirigem o país; confiança nas ideias, nas políticas e no programa do governo; em suma, confiança neste valoroso povo que temos. Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Senhor Primeiro-Ministro, Senhoras e Senhores Membros do Governo, Colegas Deputadas e Deputados, Governar Cabo Verde não se afigura, a qualquer título, uma tarefa fácil. Sabemo-lo bem. A herança que os sucessivos governos do PAICV legaram ao MpD é pesada, mas interpela-nos, a todos a procurar soluções para os graves problemas que se deparam a Cabo Verde. O país atravessa uma difícil e complicada situação económico-financeira. A modo de exemplo, o stock da sua dívida pública tem tido um comportamento crescente, repercutindo-se sobremaneira no Produto Interno Bruto (PIB). A 3 de 7 GRUPO PARLAMENTAR DO MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA O PRESIDENTE julgar pelos dados de que dispomos, de 2011 a 2015, o rácio da dívida pública aumentou em cerca de 44 pontos percentuais, passando de 77,2% em 2011, para 121,2% em 2015. Isto só vem reconfirmar um facto conhecido de todos: Cabo Verde é um dos dez países com maior peso da dívida pública no PIB. Preocupante para nos fazer refletir sobre os caminhos a seguir, na senda dos quais, com o nosso suporte parlamentar, o Governo não se coibirá de tomar as medidas para abrir novos caminhos de confiança. Disso estamos seguros. É sabido que a elevada taxa de endividamento do país reduziu o espaço fiscal do Governo e aumentou, desde 2014, o risco da dívida pública cabo-verdiana para números elevados. Desde 2014, o valor atual da dívida externa em percentagem do PIB é superior a 50% (valor limite), tendo-se fixado em 51,9% e 58,4%, respetivamente, em 2014 e 2015. A esta luz, bem se vê que a economia cabo-verdiana se acha claramente em estado de arrefecimento, como o provam, em acréscimo, os agentes económicos, e o demonstram a quebra do nível de confiança em largos setores de atividade, o clima económico frágil e os próprios indicadores deste. Para o ilustrar, basta que se diga que, de 2013 a 2015, o indicador de clima económico passou de -5,3 em 2013, para -13,3 em 2015, depois de ter atingido -9,8 em 2014. A somar a este quadro, a situação macroeconómica do país está longe, muito longe mesmo de ser boa. Nos derradeiros anos, o crescimento do PIB não atingiu a fasquia dos 2%, o que levou à falta de criação do emprego na economia. A testemunhá-lo, a taxa do desemprego manteve-se relativamente 4 de 7 GRUPO PARLAMENTAR DO MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA O PRESIDENTE alta, embora tenha conhecido alguma redução nos últimos anos, a qual não foi motivada pela criação do emprego, mas pela diminuição da população ativa. Não espanta, pois, que a população desempregada ande à roda de 28 mil, correspondente a uma taxa de desemprego de quase 13%, além da elevada percentagem de subemprego. De mais a mais, os dados do mercado de trabalho, de 2012 a 2014, mostram, de maneira inequívoca, que houve mesmo destruição do emprego no país. Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Senhor Primeiro-Ministro, Senhoras e Senhores Membros do Governo, Colegas Deputadas e Deputados, A realidade é esta, acabada de descrever. Não há outra. E tudo isso resulta de um quadro macroeconómico muito difícil, ancorado numa política orçamental desajustada, que, em nada, ajudou a economia a crescer. Mau grado a real situação do país, nós acreditamos na capacidade do Governo do MpD em responder aos enormes e gigantescos desafios que se lhe apresentam pela frente. De igual modo, estamos convencidos de que as medidas inscritas no Programa do Governo, atinentes ao emprego, ao rendimento, à segurança e ao desenvolvimento das nossas batalhadoras ilhas, darão cabal resposta às presentes dificuldades que atravessamos. 5 de 7 GRUPO PARLAMENTAR DO MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA O PRESIDENTE O Programa de Governo é um documento ambicioso, coerente e sólido, orientado para criar empregos, reduzir a pobreza, assegurar a inclusão social e económica e tornar as nossas cidades seguras. Ademais, comporta ainda uma visão clara e real da situação do país, suportada por uma gama de objetivos, metas e políticas cujo único fito é o de fazer crescer a economia. Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Senhor Primeiro-Ministro, Senhoras e Senhores Membros do Governo, Colegas Deputadas e Deputados, A terminar, quero, desta tribuna, dizer que a Nação, hoje, quer tirar partido das oportunidades e das vantagens que a economia mundial globalizada lhe oferece. Quer ver crescer o emprego, através da economia das ilhas. Quer reduzir de forma significativa a pobreza. A Nação, hoje, exige que todos os cabo-verdianos tenham um rendimento que lhes permita viver com dignidade. Exige inclusão social e equidade de género, de molde a reduzir significativamente as desigualdades de oportunidades que atingem as mulheres e as pessoas com deficiência. Exige combate efetivo à criminalidade, ao alcoolismo, ao consumo de drogas e à proliferação de armas. 6 de 7 GRUPO PARLAMENTAR DO MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA O PRESIDENTE Reivindica a inclusão de todas as ilhas, com a inadiável regionalização, tão esperada. Em suma, a Nação, hoje, confia num futuro de felicidade para todos os caboverdianos. Muito obrigado. Praia, 29 de julho de 2016. 7 de 7