Pró-Reitoria de Graduação Curso de Psicologia Trabalho de Conclusão de Curso A RELIGIOSIDADE COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO DO IDOSO FRENTE AO ADOECIMENTO CRÔNICO E A SUA INFLUÊNCIA NA ADESÃO AO TRATAMENTO Autor (a): Valdirene da Cruz Santana Nascimento Orientador (a): Prof.ª. Dra. Lilian Maria Borges Gonzalez Brasília - DF 2013 VALDIRENE DA CRUZ SANTANA NASCIMENTO A RELIGIOSIDADE COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO DO IDOSO FRENTE AO ADOECIMENTO CRÔNICO E A SUA INFLUÊNCIA NA ADESÃO AO TRATAMENTO Artigo apresentado ao curso de graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Psicologia Orientador: Prof.ª. Dra. Gonzalez Brasília 2013 Lilian Maria Borges 3 A RELIGIOSIDADE COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO DO IDOSO FRENTE AO ADOECIMENTO CRÔNICO E A SUA INFLUÊNCIA NA ADESÃO AO TRATAMENTO VALDIRENE DA CRUZ SANTANA NASCIMENTO Resumo: O estudo tem por objetivo investigar o emprego de estratégias de coping religioso por idosos enquanto forma de lidar com os eventos estressores relacionados à vivência de doença crônica e analisar como estas estratégias influenciam na adesão ao tratamento. Participaram da pesquisa oito idosos, com idades entre 60 e 78 anos, em sua maioria mulheres, com diagnóstico de diabetes, hipertensão arterial e/ou doença cardiovascular, de diferentes credos religiosos e que participavam de atividades socioeducativas oferecidas por uma associação para convivência de idosos na cidade do Gama – Distrito Federal. Na coleta de dados, foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas e aplicados dois instrumentos: Escala de Frequência e Tipos de Práticas Religiosas Privadas e Sociais e Escala de Coping Religioso Espiritual (CRE). Os relatos obtidos na entrevista demonstraram que a religiosidade/espiritualidade constituía um aspecto importante ao longo da vida dos entrevistados e que ganhou um valor ainda mais expressivo com a chegada da velhice. Os dados dos instrumentos apontaram que os idosos possuíam diversas práticas religiosas e que utilizavam mais estratégias de coping religioso/espiritual de dimensão positiva, o que pareceu contribuir para o enfrentamento da doença crônica e para a adesão ao(s) tratamento (s). Conclui-se que as estratégias de coping religioso/espiritual são utilizadas pelos idosos diante da vivência de uma doença crônica e, sobretudo, no que se refere à adesão às prescrições e orientações recebidas por profissionais da equipe de saúde. Palavra-chave: Religiosidade. Adesão aos tratamentos. Idosos. Adoecimento crônico. Coping religioso. Abstract: The current study aims investigate the use of religious coping strategies for seniors as a way to get along with stressors events associated to experiences of chronic disease and analyze how these strategies influence in the treatment adherence. Eight seniors participated of research, between sixty and seventy eighty years old mostly women, 4 with diagnostics from diabetes, arterial hypertension and cardiovascular diseases with different religious persuasions and that participated in activities of social education offered by an association for coexistence seniors in Gama City – Distrito Federal. In gather information it was realized semi structured individual interviews and application of two instruments: Frequency Range and Types of private religious practices and social and scale coping spiritual religious (CRE). The report acquired in the interview evidenced that the religiosity/spirituality composed an important aspect in lifelong of the respondents and that won a value more expressive with coming of age. The information of instruments show us that the seniors had several religious practices and that used to more coping religiosity/spirituality strategies of positive dimension – what seemed contribute to cope with chronic disease coping with the and treatment adherence. It was conclude that coping religiosity/spirituality strategies are used to seniors on the experiences of a chronic disease and especially with respect to adherence to the requirements and guideline received for professional team of health. Keywords: Religiosity. Treatment. Adherence. Seniors. Chronic. Disease. Religious Coping. INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é hoje uma realidade a nível mundial. O que era no passado uma marca de alguns países passou a ser uma experiência crescente em todo o mundo (VERAS, 1988) e, por isso, mesmo nos países em desenvolvimento, envelhecer não é mais privilégio de poucos. O aumento da expectativa de vida deve-se, principalmente, aos avanços da medicina nas últimas décadas, a melhoria da qualidade de vida, às medidas preventivas desenvolvidas e à compreensão da importância da prática de exercícios físicos, de uma alimentação saudável e de atividades sociais. Esse aumento é ainda mais acelerado nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, onde “estima-se que o número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, que era de 7 milhões em 1980, passe para 15 milhões em 2025” (STOPPE JUNIOR 2004, p 07). Em menos de 40 anos, o Brasil passou de um cenário de mortalidade característico de uma população jovem para um quadro de enfermidades complexas e onerosas, típica dos países longevos. Isso acarretou a importância de se pensar em Políticas Públicas destinadas aos idosos, com uma gestão que atenda a essa população que, em geral, apresenta maior prevalência de enfermidades complexas e dispendiosas, caracterizadas como doenças crônicas e múltiplas, algumas delas degenerativas, que perduram por anos e exigem cuidados constantes, medicação contínua e exames periódicos (VERAS 2009). 5 O desenvolvimento de doenças crônicas e incapacidades na vida adulta estão associados à deterioração física e neurológica e podem acarretar a redução de competências, o aumento da necessidade de ajuda, a dor física e transtornos emocionais. Ou seja, podem resultar no comprometimento da independência e, portanto, no aumento da necessidade de assistência familiar, médico-hospitalar e social ao idoso (GIGNAC & COTT, 1998). Embora a população idosa cresça significativamente no Brasil, o estudo do envelhecimento no domínio das ciências humanas é recente no país. Apenas nos últimos anos começou a surgir um maior número de trabalhos científicos sobre este tema em áreas como a Psicologia e a Sociologia. Portanto, novas pesquisas científicas têm surgido no sentido de melhor compreender e atender às características e às demandas deste segmento populacional na busca de respostas às questões relacionadas à como promover o envelhecimento ativo e o enfrentamento de doenças prevalentes neste período da vida. O Envelhecimento e sua Vulnerabilidade ao Adoecimento Crônico O envelhecimento, característica inerente ao homem, é entendido como um fenômeno que se insere num processo de desenvolvimento, de crescimento, de aprendizagem, de amadurecimento e de aperfeiçoamento humano. Conforme Santos (1990), o envelhecimento humano é, antes de tudo, um processo biológico, natural e universal. O homem, assim como os demais animais, passa por um contínuo processo de envelhecimento, e este, o conduz, inevitavelmente, à velhice e à morte. No entanto, o ser humano se diferencia dos outros animais por várias razões, entre as quais se pode destacar o fato de que ele tem a consciência de si enquanto ser finito, isto é, ele tem consciência de seu processo de envelhecimento e da sua própria morte. De acordo com as convenções sociodemográficas atuais, define-se como idoso o sujeito cuja idade cronológica seja igual ou superior a 65 anos, em países desenvolvidos, ou a 60 anos, em países em desenvolvimento (NERI, 2008). Nessa fase, o indivíduo vê-se obrigado a lidar com várias perdas, incluindo o declínio gradual de suas funções físicas e cognitivas, que o torna cada vez mais vulnerável a doenças com complicações físicas e a desordens psicológicas, as quais interferem no seu cotidiano e podem afetar sua capacidade funcional. Além das perdas físicas, Neri (p.15) explica que a velhice “é delimitada por eventos de natureza múltipla, incluindo, por exemplo, perdas 6 psicomotoras, afastamento social, restrição em papéis sociais e especialização cognitiva”. Com o aumento da expectativa de vida, consequentemente, mais pessoas estão chegando à velhice e, com isso, muitas delas terão que lidar com o possível surgimento de doenças crônico - degenerativas. Tais doenças não põem a vida em risco num prazo curto, logo não são emergências médicas, mas podem comprometer a qualidade de vida e as atividades rotineiras da pessoa, já que incluem condições em que a disfunção orgânica e seus sintomas permanecem durante longo período de tempo e exigem tratamento contínuo. Todavia, os problemas de saúde oriundos dos anos já vividos podem ser administrados e a velhice pode ser vivida com qualidade (VERAS, 1988). Conforme pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatístico (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, divulgada em maio de 2005, quase 53 milhões de brasileiros (30% da população) são portadores de diabetes, hipertensão, reumatismo, tendinite, dor muscular, dor na coluna ou problemas respiratórios. As mulheres são as maiores vítimas (33,9%) das chamadas doenças crônicas; os homens são 25,7% do total. A pesquisa mostra, ainda, que o número de pessoas com doenças crônicas é maior nas classes com rendimento familiar mais alto e, também, a partir dos 40 anos de idade (LINCK et al, 2008). Viver com uma doença crônica e incurável é viver num estado de incerteza constante. O desafio do ajustamento a uma doença crônica é mais do que uma simples adaptação biofísica ao processo de doença, é uma experiência vivida que requer múltiplas adaptações. Compreende-se, então, que o adoecimento pode gerar sentimentos de apreensão e ameaça, dependendo da doença e de como a pessoa encara esse processo. Pode produzir desequilíbrio e desconforto que a leva a deparar-se com o limite de sua própria condição humana, a questionar a vulnerabilidade, a finitude e a imprevisibilidade da vida (APÓSTOLO et al, 2007). A doença e seu processo de tratamento podem, portanto, sofrer interferências de aspectos psicológicos e sociais. Por isso, observa-se que cada indivíduo reage de maneira singular ao adoecimento, dependendo, por exemplo, do conhecimento prévio que o mesmo tem sobre a doença e de sua rede de apoio. Para que a pessoa idosa com doença crônica consiga um melhor controle do seu quadro clínico é importante que ela compreenda a doença, adquira estratégias eficientes para enfrentar seus sintomas e esteja disposta a aderir aos diversos tratamentos recomendados. De acordo com Gusmão e Mion (2006), a Organização Mundial da Saúde 7 (OMS) adota como definição de adesão a tratamentos crônicos a junção de duas definições de Haynes e Rand, que conceituam a adesão como o nível de comprometimento da pessoa ao tratamento, o que é representado pelo uso da medicação no horário e dosagem prescritos, pelo seguimento da dieta, pelas mudanças no estilo de vida e/ou pela sujeição a outras recomendações de profissionais de saúde. Miller et al. definem adesão ao tratamento como um meio, medicamentoso ou não, de se reduzir os sinais e sintomas da doença, com vistas a manutenção ou melhora da saúde, tendo, necessariamente, o envolvimento e a vontade do indivíduo em participar e colaborar com seu tratamento. Cunha (2000) menciona que os profissionais da área da saúde tem um grande desafio ao intervir junto aos pacientes com doenças crônicas, pois é importante que eles convençam os pacientes de que tais doenças, quando não tratadas, podem levar a sérios prejuízos à saúde ou até à morte, principalmente por se tratarem de doenças com grande risco de complicações. Segundo Vieira et al. (1996), uma pessoa idosa que apresenta uma doença crônica, mas segue o tratamento e cuida da sua saúde, não perde sua capacidade funcional nem deixa de ser saudável por apresentar algumas limitações ou dificuldades. Nesse sentido, Silveira e Ribeiro (2005) destacam o valor de incluir intervenções terapêuticas e educacionais à vida de quem tem uma doença crônica, que sejam relacionadas ao reconhecimento e à aceitação de suas condições de saúde, de sua adaptação à nova realidade de vida, da identificação dos fatores de risco, do cultivo de hábitos e atitudes que promovam maior qualidade de vida e a consciência da importância do autocuidado. De acordo com Marques (2003), a espiritualidade pode surgir como um recurso interno que favorece a aceitação e o enfrentamento da doença e, dessa forma, pode constituir uma estratégia favorável para a adesão ao tratamento a fim de se restabelecer a saúde. Essa ideia remete ao pressuposto de que a espiritualidade pode ser um fator importante nos processos de prevenção de doenças, manutenção da saúde, reabilitação e cura. Igualmente, Kurtz et al afirmam que há maior probabilidade de se encontrar bons hábitos de saúde e bem estar psicológico em pessoas que mantém um olhar espiritual positivo diante da vida. Segundo Panzini e Bandeira (2007), a maioria das pesquisas indica que crenças e práticas religiosas colaboram para uma boa saúde física e mental, na medida em que estão associadas com a maneira da pessoa lidar com a dor, a debilidade física e a morte. 8 A religiosidade pode proporcionar maiores níveis de satisfação, de bem-estar, de senso de propósito e significado da vida, de esperança, de otimismo e de estabilidade nos casamentos, bem como menores índices de ansiedade, depressão e abuso de substâncias. A Religião e a Espiritualidade na Velhice Há uma falta de concordância na literatura científica em relação à conceituação dos termos religião e espiritualidade. Este estudo baseia-se nas definições de que a religião é um sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos destinados a facilitar a aproximação do indivíduo com o sagrado ou o transcendente, enquanto espiritualidade tem a ver com a reflexão, com a busca do significado da vida e a relação com o sagrado ou com o transcendente. A espiritualidade pode ou não estar vinculada a uma religião (KOENIG e cols, 2001 apud DUARTE, F.M. & WANDERLEY, K.S., 2011). Para Allport e Ross (1967), o indivíduo pode viver sua religião de duas maneiras: extrínseca ou intrínseca. A maneira extrínseca refere-se a utilizar a religião como meio de obter benefícios. Neste caso, a religião ocupa um lugar superficial em sua vida; suas crenças religiosas são herdadas, sem uma reflexão sobre a escolha da filosofia religiosa (DRUCKER, 2005 apud DUARTE, F.M. & WANDERLEY, K.S., 2011). Vivenciar a religião de maneira intrínseca significa colocar suas crenças religiosas em primeiro lugar; é viver de acordo com seus preceitos, numa atitude de comprometimento e busca de sentido da vida. Até bem pouco tempo, o tema religiosidade/espiritualidade era pouco valorizado no meio científico. O crescente aumento de interesse em pesquisas sobre o papel da religião e da espiritualidade tem demonstrado o reconhecimento de sua influência no estado de saúde. Tanto é verdade que a Organização Mundial da Saúde (OMS) despertou o interesse em aprofundar as investigações nessa área, com a inclusão do aspecto espiritual no conceito multidimensional de saúde (WHO, 1998). Passou-se, portanto, a reconhecer a importância de elementos como fé, esperança e compaixão no processo de adoecimento e tratamento (YAO, 2008). O reconhecimento científico da dimensão espiritual na vida humana talvez seja, segundo Boff (2002, p. 117), “uma das transformações culturais mais importantes do século XXI”. Mas isto só aconteceu depois de muitas desconfianças e suspeitas. Esse contexto era uma avalanche provocada pela convergência de todas as ciências para 9 tentar reduzir a religião ao silêncio e manter Deus distanciado da realidade humana. O interesse pela religiosidade na velhice acontece por um movimento natural, já que a morte está mais próxima nesse estágio da vida e faz com que idosos se deparem com temas relacionados com a própria existência ou com o transcendente por meio de crenças no sagrado. Outra possibilidade é que a religiosidade se apresenta como um fenômeno cultural, que se manifesta de formas diferentes nas distintas etapas de vida (MALDAUN et al., 2008 apud DENDENA et al, 2011). O censo do IBGE (2010) vem confirmando a tendência de maior religiosidade entre os mais velhos quando afirma ser notória a importância que cada faixa etária dá à presença da religiosidade em suas vidas. A proporção de católicos foi maior entre as pessoas com idade superior a 40 anos, admitindo a predominância da religião católica na formação dessa geração. Os espíritas também apresentaram maiores proporções em idades mais avançadas. No entanto, entre os evangélicos pentecostais e os evangélicos do grupamento não determinado o fenômeno acontece de maneira inversa, suas maiores dimensões aparecem entre as crianças e adolescentes. No grupo de pessoas ditas sem religião, observa-se maior irregularidade nas médias de acordo com as faixas etárias, sendo mais frequente essa opção entre jovens e adultos jovens, com idade compreendida entre 15 e 29 anos e fica bem mais reduzida nos idosos. Goldstein e Sommerhalder (2002) defendem que a religião, para a Psicologia, é um recurso de enfrentamento que pode proporcionar respostas às exigências próprias da velhice, pois os valores religiosos podem facilitar a aceitação das perdas ligadas ao processo de envelhecimento. Nesse sentido, pode dá um novo sentido à vida, que transcende ao sofrimento, às perdas e à percepção da morte, oferecendo ferramentas psicológicas para lidar com tais situações estressantes, sem deixar que o indivíduo se desequilibre emocionalmente, e para que compreenda e aceite as dificuldades da vida. Confirmando a ideia de que a religiosidade pode auxiliar a pessoa idosa frente ao adoecimento crônico, Maldaun et al. (2008, p. 73) afirmam: “Entre idosos, a religiosidade pode desempenhar importante papel amortecedor no enfrentamento de eventos de vida estressantes, de aborrecimentos cotidianos, de estresse crônico associado a doenças, e de estresse associado a desempenho de papéis, como, por exemplo, o de cuidador de outro idoso. A interveniência do enfrentamento religioso pode dar-se por meio de mecanismos cognitivos, como, por exemplo, acreditar que Deus tudo resolverá, que o sofrimento tem um sentido e purifica o espírito, e que se deve rezar para pedir perdão ou para pedir ajuda. Todos eles podem auxiliar a adaptação, à medida que aliviarem a ansiedade e ajudarem a evitar sentimentos negativos. O enfrentamento religioso pode 10 também ser ajudado pelo aumento do suporte social propiciado pela frequência a rituais coletivos e a práticas públicas, pela ajuda instrumental ou emocional dos outros membros da comunidade e por mecanismos cognitivos exemplificados pelo senso de pertencimento propiciado com um grupo religioso”. Um estudo conduzido por Duarte e Wanderley (2011) com o objetivo de avaliar de que maneira religião e espiritualidade influenciam no enfrentamento da doença e da hospitalização em pacientes idosos mostrou a importância da religião e da espiritualidade como recursos de enfrentamento em idosos internados numa enfermaria geriátrica. Contou-se com a participação de 30 pacientes idosos, com idade igual ou acima de 65 anos, lúcidos e sem qualquer déficit cognitivo ou síndrome demencial, que foram selecionados mediante dados de prontuário médico. Foi aplicado um formulário sócio demográfico e a Escala de Religiosidade DUREL (Duke Religious Index). Mediante os dados deste trabalho foi possível concluir a importância da religião e da espiritualidade como recurso de enfrentamento desses idosos hospitalizados, dada à importância que os mesmos atribuíram às práticas religiosas privadas e a frequência com que recorriam às mesmas. Justificaram sua busca pela religião e espiritualidade como apoio na expectativa de preencher a distância da família, de sentirem-se acolhidos e sustentados para suportar as instabilidades impostas pela rotina hospitalar. Outra pesquisa importante foi realizada por Barbosa e Freitas (2009), cujo os participantes foram três idosos, com idade entre 61 e 72 anos, portadores de câncer no estágio final, hospitalizados na ala de cuidados paliativos de um hospital da rede pública de saúde do Distrito Federal. O estudo se propôs a verificar o papel da religiosidade e as atitudes dos idosos diante da morte. A experiência de escuta das vivências sobre a doença, a hospitalização, a expectativa da finitude e o papel da religiosidade na vida dos idosos possibilitou constatar que o fenômeno religioso é importante para o ser humano, pois ajuda a desenvolver a tolerância e a aceitação dos momentos de aflição, oferecendo explicação e sentido para os diferentes acontecimentos da vida, seja a velhice, a enfermidade ou a própria morte. Os resultados obtidos nesses estudos conduzem à reflexão de que os profissionais da saúde que desejam prestar um atendimento humanizado devem levar em consideração toda a história de vida, hábitos, costumes, cultura, espiritualidade e religião dos pacientes. 11 Coping religioso Acontecimentos e circunstâncias ameaçadores ou provocadores de danos podem exercer grande influência na vida de um indivíduo e que, como tal, são denominados fatores estressores. No estudo de Fortes (2005), mais da metade dos idosos consideraram como evento mais estressante os problemas de saúde deles mesmos ou de pessoas próximas, a morte de entes queridos ou situações que remetem o indivíduo à experiência da própria finitude. Todos esses eventos são comuns na etapa evolutiva da velhice, conforme encontrado na literatura sobre o desenvolvimento humano (BEE,1997; FORTES; NERI, 2004; PAPALIA; OLDS, 2000). O estudo de Wathier et al (2007), com idosos socialmente ativos, permitiu verificar quais os eventos estressores e quais as estratégias de coping utilizadas por eles para enfrentar tais situações. As situações difíceis relatadas por eles foram a morte dos pais, do cônjuge e de outros parentes, além de doenças graves pessoais ou de pessoas próximas. Os eventos estressores identificados nestas e em outras pesquisas (FORTES; NERI, 2004; ROKACH; AGE NETO, 2006; SANTOS JÚNIOR, 2005) mostram, portanto, que as questões sobre: sentir-se sozinho, envelhecer e desejar voltar ao passado ficam em segundo plano, ao passo que a morte do cônjuge ou de familiares, bem como doença própria ou de pessoas queridas sobressaem-se na eleição das principais fontes de estresse nesta fase da vida. Goldestein e Sommerhalder (2002) afirmam que os diferentes tipos de estressores impõem variados desafios e criam necessidades específicas e particulares que levam a pessoa a utilizar diferentes tipos de resposta no esforço para enfrentá-los. Lazarus e Folkman (1984) definem coping como sendo um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais que é utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com demandas específicas, internas ou externas, que surgem em situações de estresse e que são avaliadas como algo subjetivo que ultrapassa a capacidade ou os recursos pessoais do indivíduo para lidar com eventos estressores sem desequilibrar seu bemestar. Então, quando alguém está diante de um evento estressor e realiza uma ação para lidar com tal situação, diz-se que ela utiliza estratégias de coping ou de enfrentamento. (FOLKMAN & LAZARUS, 1984, apud ANTONIAZZI et al,1998). Segundo Antoniazzi et al. (1998), utiliza-se a palavra coping, do verbo “to cope”, em inglês, por esta não ter uma tradução adequada para o português. O termo que mais se aproxima é “enfrentamento”. 12 Vale ressaltar que o coping tem a função de administração da situação estressora e não do controle ou domínio da mesma. Também é importante perceber que a situação estressante está sempre mudando e, por isso, o processo de coping é dinâmico e está em constante desenvolvimento. Sendo assim, o ajuste da pessoa a uma situação pode permanecer estável ou mudar no decorrer do tempo. O episódio de coping faz parte de um processo que sofre influências de inúmeras variáveis. Para Rudolph, Denning e Weisz (1995), essas variáveis podem ser das características da pessoa (nível de desenvolvimento, gênero, experiência prévia, temperamento), do estressor (tipo, nível de controle), do contexto (influência paterna, suporte social), bem como da interação entre esses fatores. De acordo com Monat e Lazarus (2007 apud TALARICO, 2009), as estratégias de coping podem ser classificadas em dois tipos, dependendo de sua função. O coping focado no problema define-se como esforços despendidos para atuar na situação que deu origem ao estressor, na tentativa de mudá-lo. A função desta estratégia é alterar o problema existente na relação entre a pessoa e o ambiente causador de tensão. O coping focado na emoção é definido como uma tentativa de equilibrar o estado emocional que está associado ao problema. A função do coping focado na emoção é a de reduzir a sensação física desagradável do estresse. O coping focado na emoção pode facilitar o coping focado no problema por remover a tensão e, igualmente, o coping focado no problema pode diminuir a ameaça, reduzindo a ameaça emocional. Segundo Pargament (1997) existem três motivos para a religião estar envolvida com estudos de coping. Primeiro, porque a religiosidade pode contribuir ou ser resultado do processo de coping. Em segundo, pode-se compreender que as pessoas se voltam para a religião como uma representação abstrata da fé por meio de rituais, símbolos, sentimentos e experiências transcendentes que podem ser estratégias utilizadas para lidar com as situações estressantes. O terceiro motivo propõe que o sagrado, em virtude de não se subordinar a nenhuma finalidade psicológica ou social, confere à pessoa religiosa um entendimento e uma capacidade de reação peculiar frente aos acontecimentos que fogem ao seu controle. Assim, pode-se considerar que a religião e/ou a espiritualidade constituem-se como formas de coping diante de eventos estressores. Pargament (1997) definiu coping religioso como o uso da fé, religião ou espiritualidade na maneira de lidar com as situações estressantes ou com os momentos de crise que podem acontecer durante a vida. Segundo Koenig (2008), frequentemente, 13 as pessoas pendem para suas crenças e práticas religiosas para lidar com as dificuldades da vida, sendo que estas podem promover um senso de domínio e de ajuda que encoraja a tomada de decisões e facilita o processo de coping. De acordo com Panzini e Bandeira (2007), as estratégias de Coping Religioso /Espiritual, podem ser classificadas como positivas ou negativas, conforme as consequências que elas ocasionam para quem as utilizam, estando geralmente associadas, respectivamente, a melhora ou a piora da saúde física/mental e na qualidade de vida. As estratégias Coping Religioso/Espiritual positivo se definem a partir dos efeitos benéficos que elas proporcionam ao paciente, como, por exemplo, procurar amor e proteção de Deus, promover maior conexão com forças transcendentais, buscar ajuda e conforto na literatura religiosa, perdoar e ser perdoado, orar pelo bem-estar de outros, resolver os problemas em colaboração com Deus, redefinir o estressor como algo favorável para si mesmo. As estratégias Coping Religioso/ Espiritual negativo podem ser determinadas a partir das implicações danosas que elas podem acarretar ao paciente, como, por exemplo, questionar a existência, o amor ou os atos de Deus, delegar a Deus a resolução dos problemas, sentir-se insatisfeito e descontente em relação a Deus ou aos membros de sua instituição religiosa, redefinir o estressor como um ato punitivo de Deus ou como uma ação de forças do mal. Os estudos de Pargament et al. (1998) com diferentes amostras em situações estressantes distintas, assinalam o uso, consideravelmente maior, de estratégias de Coping Religioso/Espiritual positivo em relação ao negativo. Outras evidências apontam para o fato de que as pessoas utilizam estratégias de Coping Religioso/Espiritual em situações de crise (CARVER et al.,1989), diante de problemas relacionados a saúde e doença, envelhecimento e morte (KOENIG et al., 1995; SIEGEL et al., 2001; TIX e FRAZIER, 1998), mediante a perda de entes queridos (McINTOSH et al., 1993) e em momentos de guerra. Pargament et al. (1988) sugeriram três estilos de coping religioso/espiritual. Um deles é o estilo autodirigido que consiste em um comportamento ativo da pessoa e passivo de Deus na resolução dos problemas. Esse estilo baseia-se na premissa de que Deus dá às pessoas liberdade e recursos para dirigirem suas próprias vidas. No estilo delegante, a pessoa apresenta um comportamento passivo e espera que Deus irá resolver os problemas, concedendo-lhe total responsabilidade. No estilo cooperativo, a pessoa adota um comportamento ativo, acreditando que ela e Deus trabalham juntos, 14 havendo corresponsabilidade e parceria na resolução dos problemas. Mais tarde, Pargament (1997) propôs a existência de outras abordagens religiosas quanto ao controle/responsabilidade na solução de problemas, sugerindo um quarto estilo de coping religioso: a suplicante. Nesse estilo a pessoa tenta de qualquer maneira influenciar a vontade de Deus mediante petições, orações ou rezas. Posteriormente, Wong-McDonald e Gorsuch (2000) propôs o estilo renúncia. Nesse estilo, o indivíduo escolhe ativamente renunciar à sua vontade em favor da vontade de Deus. Esse se assemelha ao estilo cooperativo, pois a pessoa e Deus são ativos na resolução dos problemas, mas difere-se no aspecto sacrifical de submissão da vontade individual. O estilo de renúncia é diferente do estilo de delegante no aspecto ativo da escolha e da atitude de suplicante pelo caráter de render-se à vontade de Deus, em vez da tentativa de influenciá-la. Diante do panorama exposto, o presente estudo buscou contribuir na compreensão de como os idosos lidam com as adversidades e perdas advindas da vivencia de uma enfermidade crônica e quais estratégias de coping utilizam frente a essa realidade. O propósito foi verificar se e como a religiosidade influencia as ações cognitivas e comportamentais dos idosos diante do adoecimento e se a utilização deste tipo de estratégia interfere na adesão destes aos seus planos de tratamento. Levando em consideração a hipótese de que a religiosidade constitui uma das principais estratégias de coping utilizadas pelos idosos ao se depararem com estressores comuns ao processo de adoecimento, espera-se que estudos como este possa oferecer aos psicólogos e profissionais de áreas afins, na prestação de seus serviços, maior embasamento para as intervenções clínicas ou psicoeducativas junto aos idosos e seus familiares. MÉTODO Participantes Oito idosos de ambos os sexos (sete mulheres e um homem) e de diferentes credos religiosos aceitaram, voluntariamente, integrar este estudo. Todos eles frequentavam as atividades socioeducativas oferecidas por uma associação de idosos localizada na cidade do Gama – Distrito Federal. A associação – ASMAC - foi fundada em 03 de setembro de 1990, é mantida por voluntários e desenvolve várias atividades de lazer e terapias para o público idoso. 15 Para participar da pesquisa, os idosos precisavam atender aos seguintes critérios: ter idade mínima de 60 anos e diagnóstico de diabetes, hipertensão arterial e/ou doença cardiovascular a pelo menos três anos. Instrumentos Na coleta de dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e a aplicação de dois instrumentos: Escala de Frequência e Tipos de Práticas Religiosas Privadas e Sociais e Escala de Coping Religioso Espiritual (CRE), o que aconteceu em horários e dias diferentes e de modo individual. Na entrevista, os dados foram obtidos a partir de um roteiro dividido em quatro partes com questões elaboradas para levantamento de informações sobre dados sócios demográficos, histórico religioso, histórico clínico e enfrentamento da doença. Os dados sobre a religiosidade foram obtidos, primeiramente, pela Escala de Frequência de Práticas Religiosas Sociais e Privadas, que foi formulada e adaptada para o português por Neri e Goldstein (1993 citado em Drucker, 2005). É uma escala que aborda a religiosidade intrínseca e extrínseca (ALLPORT & ROSS, 1967) em termos da frequência dos comportamentos religiosos, das práticas e dos rituais religiosos estabelecidos pelas crenças religiosas. Segundo as diretrizes de Mcfadden (1996), tratase do modelo de avaliação mais indicada à população idosa. Esse instrumento contém dez itens que avalia os aspectos da religiosidade que podem ser compreendidos pelo tipo de atividade religiosa, a frequência das práticas religiosas sociais e privadas e o nível de compromisso do indivíduo para com ela. Para a obtenção de dados específicos sobre o coping, aplicou-se ainda a Escala de Coping Religioso Espiritual - CRE. Esta Escala contém 87 itens, foi traduzida, adaptada e elaborada por Panzini (2004) a partir de vários instrumentos construídos para medir coping religioso, tais como o instrumento norte-americano de Spiritual/Religious Coping Scale - RCOPE (PARGAMENT & COLS., 2000). Este instrumento busca avaliar as diferentes estratégias e estilos de coping religioso que levam em consideração as estratégias ou métodos, positivos e negativos, que parecem importantes para solucionar ambiguidades com relação à saúde e religião. 16 Procedimentos de Coleta de Dados O processo da coleta de dados foi realizado durante os meses de setembro e outubro de 2013, logo após a aprovação do projeto de pesquisa por um Comitê de Ética em Pesquisa. O levantamento de informações ocorreu em dois encontros com cada idoso (a), em dias e horários individuais, discriminados a seguir: No primeiro encontro, explicou-se ao idoso (a) os procedimentos da pesquisa e abriu-se espaço para possíveis dúvidas. Após o (a) idoso (a) confirmar seu interesse em participar do estudo, o (a) mesmo (a) assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, respondeu às questões do roteiro da entrevista semi-estruturada e submeteu-se a aplicação do instrumento de Escala de Frequência de Práticas Religiosas Sociais e Privadas. Suas respostas foram gravadas para posterior transcrição de frases relacionadas ao construto pesquisado. No segundo encontro, explicou-se do que se tratava a Escala de Coping Religioso Espiritual – CRE e esta foi aplicada com o auxílio de um cartão com fonte de letra ampliada constando os itens dentre os quais o (a) idoso (a) deveria escolher aquele que melhor representava sua resposta para cada uma das questões apresentadas. Procedimentos de Análise de Dados Tendo em vista os objetivos da pesquisa, a metodologia de análise de dados utilizada teve aspectos tanto qualitativos como quantitativos. A elaboração de categorias relativas aos relatos obtidos nas entrevistas foi realizada segundo a Análise de Conteúdo de Bardin, e, posteriormente, foram quantificadas. Os dados obtidos mediante a utilização de instrumentos estruturados e padronizados foram submetidos à análise estatística descritiva, tais como: variável numérica e categórica, com a finalidade de se obter resultados válidos e coerentes que foram apresentados e sintetizados na forma de tabelas. RESULTADOS Visando à compreensão do perfil dos idosos que integraram a pesquisa, serão apresentados primeiramente seus dados sociodemográficos, histórico-religiosos e clínicos. A amostra da pesquisa, como apresentado na Tabela 1, foi de oito participantes com idades entre 60 e 85 anos (M=72, DP= 9,05), sendo sete do sexo feminino e um do sexo masculino. A maioria tratava-se de viúvos (n=7), com escolaridade entre 1º grau 17 incompleto a 2º grau completo. Apenas um deles ainda trabalhava, enquanto os demais estavam aposentados (as). Seis declaram coabitar com algum familiar e dois deles moravam sozinhos (as). TABELA 1. Dados Pessoais dos participantes (N=8) IDOSO(A) SEXO IDAD E ESCOLARIDA DE ESTADO CIVIL OCUPAÇÃO PRÉVIA APOSENTA DO (A) COABITAÇ ÃO P1 Feminino 60 2º incompleto Divorciad a Auxiliar de Fisioterapia Sim Sim P2 Feminino 73 1º completo Viúva Costureira Sim Não P3 Feminino 72 Sim Não P4 Feminino 85 Sim Sim P5 Feminino 60 P6 Feminino 77 P7 Masculin o 81 P8 Feminino 69 1º incompleto 1º incompleto 1º incompleto 1º incompleto 1º incompleto 1º incompleto Viúva Viúva Serviços Gerais Dona de casa Viúva Diarista Não Sim Viúva Dona de casa Sim Sim Viúvo Lavrador Sim Sim Viúva Comerciant e Sim Sim Conforme mostra a Tabela 2, os oito participantes declararam crer em Deus e sete deles frequentavam a mesma instituição religiosa há pelo menos dez anos, sendo cinco adeptos da religião Católica e dois da Evangélica. Outros segmentos religiosos não foram referidos. Apenas uma idosa afirmou não possuir uma religião específica, porém disse crer muito em Deus. Os participantes Católicos se consideraram religiosos desde o nascimento e ressaltaram que, apesar de visitarem e conhecerem outras manifestações religiosas, nunca cogitaram a possibilidade de mudança de religião. As duas idosas que se declararam evangélicas eram, antes, Católicas. TABELA 2. Dados histórico-religiosos dos participantes (N=8) Variável Itens Crer em Deus Religião Declarada Mudança de Religião Sim Não Católica Evangélica Outras Sem religião Sim Não f 8 5 2 1 2 5 18 De acordo com os dados clínicos obtidos, exibidos na Tabela 3, cinco dos oito participantes apresentavam o diagnóstico de Hipertensão, dois de doenças cardiovasculares e apenas um referiu ter Diabetes Mellitus. A comorbidade foi uma característica presente nos cinco participantes que possuíam também outros agravos a saúde, tais como hérnia de disco, artrite, dor na coluna, gastrite, osteoporose, dores no joelho e gordura no fígado. Os demais idosos disseram não apresentar nenhuma outra enfermidade além das já declaradas. Na avaliação que os idosos fizeram acerca da própria saúde, predominou uma auto apreciação positiva, com cinco deles avaliando a saúde pessoal como muito boa (n=3) ou boa (n=2). Apesar de terem algumas restrições devido à doença, eles se declararam satisfeitos com a própria condição atual de saúde. Três outros consideraram sua saúde como moderada, ou seja, como nem ruim, nem boa. Nenhum deles mostrou insatisfação a ponto de referir a sua saúde como muito ruim ou fraca. TABELA 3. Dados Clínicos dos participantes (N=8) Variável Itens Diagnóstico Comorbidade Autoavaliação da Saúde Hipertensão Diabetes Doenças Cardiovasculares Sim Não Muito ruim Fraca Nem ruim, nem boa Boa Muito boa f 5 1 2 5 3 3 2 3 Práticas Religiosas Conforme o que se observa na Tabela 4, que representa os dados adquirido pelo instrumento de Escala de Frequência de Práticas Religiosas Privadas e Sociais, pode-se verificar que os oito idosos frequentavam instituição religiosa no mínimo uma vez por semana para participarem de atividades religiosas como orações, cultos ou missas, coral, visitas nos lares e hospitais ou em atividades sociais como festas de aniversários e casamentos, passeios e viagens. Todos os participantes costumavam rezar, fazer orações ou conversar com Deus na sua intimidade no mínimo uma vez por dia. Os motivos das orações consistiam em louvar, agradecer, pedir perdão e, principalmente, orar para pedir proteção ou ajuda em 19 situações difíceis. O acompanhamento de programas religiosos ocorria semanalmente mediante o uso de rádio, televisão ou internet. Por outro lado, a leitura da bíblia ou de outras literaturas religiosas ocorria de forma mais esporádica devido, em grande parte, a dificuldade de leitura relacionada à déficits visuais, à baixa escolaridade ou mesmo ao analfabetismo. Os oito participantes declararam ter amigos que também eram membros da mesma igreja ou instituição religiosa que frequentavam. Dos cinco idosos que consideraram que sua religiosidade aumentou nos últimos dez anos, dois atribuíram tal mudança a um acontecimento marcante em sua vida, relativo à problemas de saúde ou morte de algum membro da família. Por exemplo: “Por causa da morte do meu esposo” (P8). Também foi mencionada por dois idosos a maior disponibilidade para as atividades religiosas. Por exemplo: “Hoje posso participar mais das atividades da igreja” (P5). Outro motivo, citado por um dos participantes, foi relativo ao seu desenvolvimento como pessoa:“ (...) é por mim mesmo. Hoje eu frequento mais a igreja, porque tenho mais tempo e acho que preciso mais de Deus” (P7). Por outro lado, os três participantes que declararam que sua religiosidade não aumentou nos últimos dez anos justificaram sua resposta por se considerarem pessoas religiosas desde muito tempo e entenderem que os acontecimentos da vida não mudaram em nada a sua relação com Deus. Adesão aos tratamentos Em relação aos dados sobre a adesão ao tratamento e os estressores relacionados, pôde-se notar que sete dos participantes apontaram não encontrar dificuldades em seguir as prescrições e orientações dadas pelo médico ou outros profissionais da saúde. Ao contrário, eles afirmaram atender tais orientações em várias modalidades de tratamento: tomada da medicação, mudanças na alimentação, prática regular de atividades ou exercícios físicos e participação em grupos da terceira idade. De um modo geral, justificaram que tais cuidados contribuíam para que eles tivessem uma melhor qualidade de vida. Nas palavras de dois deles: “Não tenho nenhuma dificuldade em seguir o que o médico mandou. Eu achei foi melhor para mim porque eu parei de fumar, de beber. Hoje eu tenho é mais saúde” (P7);“Não tenho nenhuma dificuldade porque muitas coisas que o médico pediu pra eu fazer eu já procurava fazer, só melhorei” (P8). 20 TABELA 4. Escala de Frequência de Práticas Religiosas Privadas e Sociais (N=8) Variável Itens Frequência à igreja, templo ou associação religiosa para orar ou participar de atividade religiosa. f Todos os dias Uma vez por semana De vez em quando Nunca Sim Não Sim Não Para louvar Para agradecer Para pedir perdão Para pedir proteção ou ajuda em situações difíceis Todos os dias Uma vez por semana ou mais De vez em quando Nunca Todos os dias Uma vez por semana ou mais De vez em quando Nunca 3 5 6 2 8 1 4 3 8 Participação de amigos próximos na mesma igreja ou associação religiosa que frequenta. Sim 8 Não - Aumento da religiosidade nos últimos dez anos. Sim Não 5 3 Participação em outra atividade ligada a própria igreja ou religião. Hábito de rezar, fazer orações ou conversar com Deus na intimidade. Motivos das orações. Acompanhamento de programas religioso pelo rádio, TV ou Internet. Leitura da bíblia ou de outras literaturas religiosas. 4 1 2 1 3 1 2 2 Apenas duas idosas afirmaram ter dificuldades para aderir ao tratamento. Uma delas foi (P1), que apresenta diagnóstico de doença cardiovascular e mencionou ter dificuldades para seguir algumas orientações de restrição alimentar recebidas: “Acho ruim não poder mais tomar café”, e tem muito é receio de ter uma parada cardíaca estando sozinha em casa. A outra idosa foi (P5), que afirmou: “A minha dificuldade é a de não ter dinheiro para comprar os alimentos saudáveis que o médico disse que eu tenho que comer”. Os participantes que conviviam mais próximo de parentes (n=6) disseram poder contar com o apoio social e instrumental destes nos seus tratamentos, o que incluía levar ao médico, ajudar na compra de medicamentos, incentivar e garantir a continuidade das orientações recebidas. Eles avaliaram esse apoio como muito importante para o tratamento. Os que responderam não contar com a ajuda de outras pessoas para lidar com a doença justificaram sua resposta dizendo não ter outra pessoa próxima, senão os 21 profissionais de saúde, ou disseram não sentir a necessidade de auxílio. Estratégias de enfrentamento não religioso Conforme se observa na Tabela 5, os idosos, diante do quadro clínico de doença crônica, utilizavam estratégias variadas, internas e externas, focalizadas no problema e focalizadas na emoção, como maneiras de lidar com o adoecimento. As estratégias mais mencionadas nas entrevistas foram categorizadas em: medidas de redução da dor e outros sintomas, distração, vigilância e prática de exercícios ou atividades físicas. Dessa forma, procuravam aliviar os sintomas físicos e emocionais provenientes da doença. TABELA 5. Enfrentamento não religioso Categorias Relatos Ilustrativos f Atividade e exercício físico P6: “Procuro sempre estar ativa” P3: “Faço os exercícios físicos daqui, mas conforme eu dou conta por causa do meu joelho”. 5 Distração P4: “Procuro fazer trabalhos manuais (ex: fuxico)”. P1: “Procuro não pensar na dor e saio de casa para me distrair”. 2 Medidas de redução da dor e dos sintomas Vigilância P1: “Passo gel para aliviar a dor”. 1 P2: “Durmo com a porta do quarto aberta e uma outra chave da minha casa fica com a minha filha para o caso de uma emergência”. 1 Estratégias de Enfrentamento religioso De acordo com os relatos obtidos nas entrevistas, as estratégias de enfrentamento religioso mostraram-se pouco variadas e foram categorizadas conforme é apresentado na Tabela 6. A estratégia mais utilizada pelos idosos foi a de fazer orações, em casa ou na igreja, seguida por participar de atividades na igreja e, por fim, pela leitura de literatura religiosa. 22 TABELA 6. Enfrentamento Religioso dos participantes (n=8) Categorias Relatos Ilustrativos Fazer orações Participa de atividades na igreja Ler livros religiosos P3: “Eu moro sozinha, então eu só tenho Deus para conversar, por isso toda hora eu tô rezando”. P2: “Não vou à igreja, mas em casa gosto de fazer minhas orações”. P5: “Faço as campanhas de oração que tem na minha igreja”. P4: “Hoje, eu não consigo mais ir sozinha pra igreja, mas quando eu quero ir minhas filhas sempre me levam pra Escola Bíblica, culto ou festas”. P1: “Gosto de ler a bíblia e alguns livros do Padre Marcelo”. f 8 4 1 Todos os participantes destacaram o valor que a religião/espiritualidade tem no enfrentamento ou na aceitação da doença, bem como na adesão às prescrições e orientações médicas. As justificativas dadas estão apresentadas na Tabela 7, conforme foram categorizadas a partir de seus relatos de que por meio da religião/espiritualidade conseguiam aceitar mais naturalmente a doença e seus efeitos, sentiam maior confiança de que o tratamento iria dar certo e de que iriam melhorar, ficavam mais tranquilos emocionalmente frente ao adoecimento. TABELA 7. Valor da religião/espiritualidade na percepção dos participantes (n=8) Categorias Relatos Ilustrativos Religião como aliada ao P2: “Sinto que Deus me dá orientações para tratamento buscar os recursos necessários para eu melhorar”. Religião como segurança P6: “A religião me dá a certeza de que Deus está emocional ao meu lado e isso me dá muita tranquilidade”. P1: “Deus me dá paciência para eu me relacionar comigo mesma e com a minha família e amigos, porque a doença, às vezes, deixa a gente muito estressada”. Religião como esperança de P3: “A fé me dá a certeza que eu irei vencer as cura dificuldades da doença”. f 7 6 2 Estratégias de Coping Religioso/ Espiritual – Positivo e Negativo Pargament et al. (1998a, 2000, 2001b) classifica as estratégias de coping em dimensões positivas e negativas. O CRE positivo é formado por 66 itens e é definido por abranger estratégias que proporcionem efeito benéfico e positivo para quem pratica, como a busca de amor e proteção de Deus, ou por maior conexão com forças transcendentais, procura de ajuda e conforto na literatura religiosa, busca ser perdoado e 23 perdoar, fazer orações pelo bem-estar do outro, procura resolver os problemas em colaboração com Deus, estabelece um significado positivo ao estressor. De acordo com os dados obtidos mediante a aplicação da Escala de Coping Religioso/Espiritual, as médias de cada fator são apresentadas na Tabela 8 e permitem concluir que os idosos aplicam mais estratégias de CRE de fator P8 (M= 4,48, DP= 0,31), que aponta para as atitudes de afastamento do problema ou da situação de estresse com o objetivo de focar a atenção nos aspectos religioso/espirituais. Das estratégias de CRE positivo, a menos utilizada pelos idosos está configurada em P7 (M= 2,8, DP= 0,23), que indica que as atitudes de busca pessoal de conhecimento espiritual são utilizadas como um modo de compreender a situação vivida mediante a leitura da Bíblia, livros religiosos e acesso a mídia religiosa/espiritual. O resultado de menor média para P7 pode ser analisado e compreendido com base na realidade sócio/educacional da maioria dos idosos entrevistados, que apresentavam características de baixa escolaridade e analfabetismo. O CRE de dimensão negativo é formado por 21 itens e é definido por escolhas de estratégias que causam consequências prejudiciais e negativas ao praticante, como questionar o amor, as ações e a existência de Deus, entregar a Deus total responsabilidade na solução dos problemas, sentir-se insatisfeito e descontente em relação a Deus ou a outros membros da instituição religiosa que frequenta e entender o estressor como uma punição. O resultado das soma do total das médias de cada fator apresentados na Tabela 9, admite-se concluir que os idosos cultivam mais estratégias de CRE de fator N2, em que a média foi de M=3,72, DP=0,16. Este resultado diz respeito ao posicionamento negativo frente a Deus, no entanto esse índice deve ser analisado de maneira inversamente proporcional, significando que a escolha de enfrentar a doença não seja a de esperar e delegar apenas a Deus o controle e a solução do problema, e sim, tomar suas próprias iniciativa, acreditam que Deus poder contribuir, também, para bom resultado do tratamento e melhora da saúde. O resultado da soma do total das médias do grupo no fator N1 foi de M=1,30 (DP=0,38), que equivale a menor média entre os fatores, representando a estratégia negativa menos praticada pelos idosos. Essa estratégia é descrita como sendo uma reavaliação negativa de Deus, denotando que os idosos não questionam, ou questionam acerca dos atributos, ações e desígnios de Deus e que não consideram a doença como uma forma de punição divina. 24 Tabela 8. Escala de Coping Religioso/Espiritual – Estratégia de Coping Positiva Fatores Definição Média Fator P1 Mudar de direção, objetivos e/ou circunstâncias que (14 itens) pode acontecer devido a uma revisão das atitudes, dos Transformação comportamentos pra que os estejam mais de acordo com 3,60 de si e/ou de sua os valores morais e religiosos em que a pessoa julga vida importantes que gera transformação da percepção de si, dos outros e/ou do mundo, Fator P2 Procurar pelo outro, individual, institucional, familiar ou (8 itens) social, na busca de tratamentos espirituais, de orientação, 3,27 Ações em busca de energia ou de ações que alcance uma maior conexão de ajuda espiritual. espiritual Fator P3 Ajudar ao outro, individual, institucional, familiar ou (7itens) social, por meio de orações, apoio e/ou orientação 3,70 Oferta de ajuda espiritual, atos de caridade, trabalho voluntário e/ou ao outro modificações internas afetivo-cognitivas em benefício de outras pessoas. Fator P4 (11itens) Posicionamento positivo frente a Deus Fator P5 (5 itens) Busca pessoal de crescimento espiritual Fator P6 (10 itens) Ações de busca do outro Institucional Fator P7 (5 itens) Busca pessoal de conhecimento espiritual Fator P8 (6 itens) Afastamento através de Deus; da religião/ espiritualidade DP 0,33 0,20 0,16 Buscar o relacionamento e o apoio em Deus, que se manifesta em atitudes de colaborar, suplicar, aproximar e/ou de se apoiar em Deus, ou de ações individuais independentes da ajuda de Deus. 3,72 0,34 Busca de Deus e/ou da espiritualidade por meio de reavaliações positivas, práticas não institucionais, na tentativa de estabelecer conexão profunda consigo ou com forças transcendentes. 3,75 0,44 3,40 0,21 2,60 0,23 4,48 0,31 Busca por instituições, locais, membros ou representantes religiosos. Procura de fortalecimento, desenvolvimento intelectual e conhecimento religioso/espiritual, em relação ao problema, ao mundo e/ou as intenções de Deus, pelo aumento da prática religiosa ou de atitudes que auxilie na forma de lidar e/ou entender a situação. Afastar-se do problema ou da situação de estresse que para focar nos aspectos religiosos/espirituais. O coping afastamento se diferencia do coping esquiva, pois este último é considerado como negativo por configurar uma tentativa de fuga do problema, enquanto que o afastamento é positivo, pois a pessoa não nega o problema, nem tenta fugir, apenas encontra alívio temporário focando sua atenção em outro tema. Fonte: PANZINI. R. G., 2004 25 TABELA 9. Escala de coping Religioso/Espiritual – Negativa Fatores Descrição N1 Reavaliar, negativamente, os atributos, as ações e os (8 itens) desígnios de Deus questionando à existência, o poder, o Reavaliação amor, a proteção, a responsabilidade e a vontade de Deus negativa de Deus expressando sentimentos de revolta, de culpa, de desamparo, de mágoa e de que estar sendo punido por Deus. N2 Esperar que Deus, sozinho, controle e resolva a situação, (4 itens) tendo atitude de delegação ou de súplica negativa, Posicionamento quando a prece propõe mudar a vontade de Deus. negativo frente a Deus N3 Reavaliar, negativamente, o significado da situação (5 itens) vendo como resultado de ato e/ou consequência do Mal Reavaliação ou como uma punição aos próprios atos, estilo de vida, negativa do erros, pecados, etc. significado N4 Expressar sentimentos de insatisfação, desgosto ou (4 itens) mágoa com qualquer pessoa da instituição religiosa, seja Insatisfação com ela frequentadora, membro, representante ou líder, ou o outro mesmo simbolizada pelo conjunto de crenças religiosas institucional ou espirituais da pessoa. Média DP 1,30 0,38 3,72 0,16 1,88 0,25 1,31 0,32 Fonte: PANZINI, R.G.,2004 Estilos de Enfrentamento Religioso Conforme o embasamento teórico, estilo de coping tem conceito diferente de estratégia. Os estilos de coping são definidos segundo o modelo descrito por Pargament et al (1988, apud Panzini e Bandeira, 2004), e ocorrem a partir do posicionamento que a pessoa tem frente a Deus na resolução dos problemas. Com base nas definições, observações e relatos dos idosos, foi possível identificar quatro categorias de estilo de coping, descritas na Tabela 10, que são as seguintes: “cooperante”, “suplicante”, “ delegante” e “renúncia”. DISCUSSÃO Os resultados desta pesquisa permitiram verificar a presença, a valorização e a contribuição da religiosidade/espiritualidade na vida e na saúde física, mental e social dos idosos entrevistados, confirmando conclusões de outros pesquisadores que abordaram o mesmo tema (CALVETTI, 2006; DENDENA et al., 2011; DUARTE & WANDERLEY, 2011; GOLDSTEIN e SOMMERHALDER, 2002; SOUSA, 2011 e outros). Tais autores afirmam que os idosos religiosos possuem maior facilidade de socialização, integram-se em atividades de grupo, apresentam melhor capacidade de 26 TABELA 10. Estilos de enfrentamento religioso dos (as) participantes Categoria Cooperativo Descrição Relatos Ilustrativos f Ter um comportamento ativo na resolução dos problemas, mas crendo que a pessoa e Deus trabalham juntos, havendo corresponsabilidade e parceria. P1 “Eu peço a Deus para me dá muita saúde, mas eu também tenho que fazer a minha parte, não é?”. P2: “Eu faço minhas orações em casa, a todo o momento, pedindo a Deus que me oriente a buscar recursos para melhorar a minha saúde,”. P3: “Minha amiga eu faço tudo que posso, vou aonde precisa ir para resolver meu problema, mas sempre confiando Nele e pedindo a Ele pra me ajudar”. 8 Suplicante Tentar de qualquer maneira influenciar a vontade de Deus mediante petições, orações ou rezas. Delegante Ter um comportamento passivo e de esperar que Deus irá resolver os problemas, concedendo a Ele total responsabilidade. Renúncia Escolher ativamente renunciar à sua vontade em favor da vontade de Deus. P5: “Quando minha filha ficou doente eu orava muito por ela, fazia campanha na igreja. Minha vida era clamar a Deus por sua cura. Então, graças a Ele ela ficou boa”. P6: “Eu rezo todos os dias por todos da minha família pedindo a Deus pra não deixar que nada de mal aconteça com eles.” P4: “Minha filha! Com a idade que estou agora, tem coisa que só Deus pode fazer por mim”. P7: “Coloco toda a minha fé Nele porque sem Ele eu não sou nada”. P7: “Peço a Deus muita saúde e se for da vontade Dele, se Ele achar que eu mereço e que vai ser bom pra mim, ainda e quero uma companheira”. 3 2 1 Fonte: Panzini, R.G.; Bandeira, D.R.,2007 enfrentamento dos estressores, dão um sentido à vida, comprometem-se com o próprio bem estar e tratamento, cultivam sentimentos positivos e reduzem os hábitos prejudiciais à saúde. Com a religiosidade/espiritualidade presente na vida dos idosos, pode-se constatar que o coping religioso aparece como uma das principais estratégias 27 utilizadas por eles no enfrentamento dos estressores associados à vivência de doenças crônicas. Todos os idosos entrevistados afirmaram não somente crer em Deus, mas realizar diferentes práticas religiosas/espirituais, mesmo que nem sempre associadas a um segmento religioso específico. A maioria afirmou ser praticante de determinada religião desde a infância, evidenciando, assim, um apego à tradição e, não necessariamente, a escolha convicta da religião que pratica. A religiosidade/espiritualidade para estes idosos, portanto, mostrou-se arraigada à cultura e presente ao longo de toda a vida, sendo mais acentuada na velhice. No entanto, sendo esta escolha consciente ou não, pareceu, por seus relatos de vida, que a religiosidade/espiritualidade tem lhes servido de base de sustentação e apoio emocional em momentos de dificuldades, sejam elas relativas a perdas materiais ou humanas. Os resultados obtidos com a aplicação da Escala de Frequência de Práticas Religiosas privadas e sociais permitiu destacar que as práticas de rezar, fazer orações e conversar com Deus em casa eram hábitos de todos os idosos entrevistados e os objetivos de suas preces eram variados. A prática religiosa/espiritual institucionalizada era compartilha com outras pessoas que eles consideravam amigas, mostrando com isso que o contexto religioso institucional pode servir de rede de apoio social. Este aspecto foi apontado por Wathier et al (2007), que constataram a importância da rede e do apoio social para os idosos que entrevistaram, pois estes relataram que sentiam a necessidade de recorrer a alguma(s) pessoa(s) ou entidade(s) com a finalidade de solicitar auxílio ou apoio para lidarem com uma situação estressante ou para se sentirem melhor frente a ela. Essa busca envolvia pedidos de apoio espiritual aos que compartilhavam da mesma fé. O envelhecimento, o adoecer e a frequência das práticas religiosas parecem ter relação quando os idosos afirmam que a religiosidade/espiritualidade aumentou nos últimos dez anos e foi consolidando-se no decorrer do processo de envelhecimento por meio de práticas religiosas. Esta relação confirma os resultados de outras pesquisas, como a de Goldstein e Néri (1993), que verificaram que 70% dos idosos referiram o aumento de sua religiosidade no decorrer dos anos como sendo um reflexo de seu crescimento pessoal, de respostas aos acontecimentos marcantes na vida ou a mudança de religião. Os resultados obtidos com a aplicação da Escala de Coping Religioso/espiritual mostraram que a principal estratégia de coping religioso utilizada pelos idosos foi a de 28 dimensão positiva, que envolve os fatores de transformação de si e/ou de sua vida, ações em busca de ajuda espiritual, oferta de ajuda ao outro, posicionamento positivo frente a Deus, busca de crescimento espiritual, ações de busca do outro institucional, busca pessoal de conhecimento espiritual e afastamento do problema voltando a atenção para através de Deus ou para religião/espiritualidade. Estes dados reforçam pesquisas anteriores, como as de Macêdo (2008), em que as participantes apresentaram a estratégia de coping positivo, a fé em Deus, as práticas religiosas, a crença na existência e no poder de um Ser superior e/ou a emissão de comportamentos de cunho religioso como maneiras de lidar com estressores e propiciar alívio ao sofrimento. A estratégia de dimensão negativa que obteve o valor de média maior foi a do fator negativo que é descrita como sendo a atitude de esperar que Deus controle e resolva a situação sem a intervenção humana. Este dado pode ser analisado como um resultado inverso, pois quanto maior a média, menor é a prática desse tipo de estratégia. Por isso, a atitude de esperar somente em Deus o controle e a resolução dos problemas é pouco exercitada pelos idosos que preferem acreditar que são cooperadores de Deus na busca da solução ou do alívio a situação estressante. Quanto aos tipos de estilo de coping mais empregados pelos idosos, os relatos apresentados demostraram que o estilo de cooperativo era o mais empregado por eles, seguido pelo estilo suplicante, quando expressaram o quanto se sentiram acolhidos e ajudados por Deus em seus dilemas e situações estressantes e marcantes da vida. Nos relatos sobre a adesão ao tratamento, nota-se a relação entre enfrentamento, adesão e religiosidade/espiritualidade, pois os idosos encararam as orientações e prescrições recebidas pelos profissionais da saúde como uma perspectiva natural e sobrenatural. Natural, no sentido de que aceitavam a doença como um acontecimento natural da vida e do processo de envelhecimento e os cuidados e prescrições como meios necessários para manter uma boa saúde, apesar da doença. A dimensão sobrenatural pode ser compreendida como a ideia que os idosos transmitem de que essas orientações recebidas advêm de Deus, por isso eles as realizam apoiados na fé, crendo que vão melhorar e vencer as dificuldades físicas e emocionais que o adoecer causa. Essa discussão remete aos resultados de Macêdo (2008), que destacou como os idosos atribuem um significado religioso ao adoecimento, no sentido de que eles vêem a doença como forma de crescimento pessoal e espiritual, e o sofrimento como meio de aproximação de Deus. Nesse sentido, compreende-se que a religiosidade pode constituir um fenômeno 29 relevante, tal como afirmado por Duarte e Wanderley (2011) em pesquisa realizada no contexto de adoecimento crônico e hospitalização, cujos resultados demonstraram que práticas religiosas e espiritualidade oferecem aos pacientes idosos maior suporte social, melhor saúde psicológica e, em certa maneira, melhora saúde física. É possível que os idosos sintam a proximidade da finitude, busquem apoio emocional e espiritual nas relações e práticas relacionadas a este cenário. É importante sinalizar que esta se tratou de uma pesquisa exploratória, com amostra pequena e de conveniência. De início, tinha-se o propósito de realizar uma análise de gênero, mediante a participação de cinco homens e de cinco mulheres, com o objetivo de estabelecer uma comparação quanto à influência da religiosidade/espiritualidade enquanto ações cognitivas e comportamentais dos idosos diante do adoecimento. No entanto, isso não foi possível em razão da não voluntariedade dos homens idosos que foram contactados ou pela ausência do critério de diagnóstico pré-estabelecido para participar da mesma. Porém, o participante do sexo masculino (P7) contribui muito com seus relatos, corroborando com as demais participantes acerca das estratégias e estilos de coping religioso/espiritual utilizados. Tomou-se o cuidado, nesta pesquisa, de recrutar os participantes em contexto não religioso ou que não remetesse diretamente a referências religiosas, de modo a evitar uma inclinação positiva ao tema abordado. A escolha de um ambiente comunitário foi importante para a veracidade dos resultados, os quais demonstraram que fenômeno religioso/espiritual não está atrelado ou limitado a um contexto religioso, mas que faz parte do ser humano e pode aparecer em qualquer situação ou lugar. Os idosos entrevistados avaliaram a própria saúde de moderada a muito boa, mesmo apresentando diagnóstico clínico desfavorável de doença crônica e outras comorbidades. Isso ocorreu conforme indica seus relatos, pelo fato de perceberem que apesar de terem uma doença ela não os impossibilitavam de realizar atividades habituais e de ter uma boa qualidade de vida. Pode-se presumir que a avaliação positiva da própria saúde deve-se ao fato de não se tratar de idosos acamados ou debilitados, mas ativos e conscientes da importância de manter-se ativo e alimenta-se de forma saudável. Sugere-se pesquisas que possam aprofundar mais nas experiências religiosas em condição de adoecimento e realizar análises de gênero, de modo a evidenciar possíveis diferenças entre homens e mulheres na forma de vivenciar e atribuir significado da religiosidade/espiritualidade na vivência do processo de adoecimento, enfrentamento e adesão ao(s) tratamento (s). 30 CONSIDERAÇOES FINAIS A partir do conjunto de dados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que o objetivo proposto foi alcançado, na medida em que se verificou que a religiosidade/espiritualidade influencia as estratégias utilizadas por idosos perante a necessidade de lidar com adversidades decorrentes da vivência de uma doença crônica e de outras perdas associadas ao processo de envelhecimento. Por conseguinte, presumese que as crenças religiosas/espirituais podem influenciar fortemente na forma como a pessoa idosa significa e age frente ao processo de adoecimento e às escolhas das diferentes e possíveis maneiras de se auto cuidar, sobretudo, no que se refere à adesão às prescrições e orientações recebidas na relação com a equipe de saúde. Nesse sentido, ressalta-se a importância dos profissionais de saúde reconhecerem que as estratégias de coping religioso/espiritual constituem poderosos recursos para auxiliar os usuários na aceitação e adaptação de uma doença crônica, de modo a fortalecê-los emocional e espiritualmente, com reflexos para a adesão ao tratamento. Defende-se, portanto, a realização de pesquisas como esta que possam ampliar a compreensão das manifestações e efeitos da religiosidade na relação com os danos, ameaças e desafios acarretados pela situação inesperada ou indesejável do adoecimento. Esta compreensão pode possibilitar novas práticas no cotidiano das instituições de saúde, permitindo que o fenômeno religioso/espiritual não seja subestimado enquanto fator de influência na percepção e na subjetividade do ser humano, sobretudo em situações de maior vulnerabilidade, mas, ao contrário, seja reconhecido que as convicções religiosas podem constituir-se como uma aliada do tratamento. É interessante aos psicólogos, principalmente, os que fazem parte de uma equipe multidisciplinar, que adquiram não apenas o conhecimento teórico sobre este tema, mas que desenvolvam a capacidade de dialogar com os demais profissionais de saúde acerca da temática com o objetivo de ajudá-los a identificar as estratégias de coping religioso/espiritual utilizada pelo paciente para que, na medida do possível, o profissional possa intervir ou usar essas estratégias como ferramenta que contribua para o bem-estar do usuário e para o êxito do seu tratamento. 31 REFERÊNCIAS ANTONIAZZI, A. S.; DELL’AGLIO, D. D.; BANDEIRA, D. R. O Conceito de Coping: uma Revisão Teórica. Estudos de Psicologia, Natal, v. 3, n. 2, p. 273-294, jul./dez. 1998. APÓSTOLO, J.L.A.; VIVEIROS, C. S. C.; NUNES, H. I. R.; DOMINGUES, H. R.F. Incerteza na doença e motivação para o tratamento em diabéticos tipo 2. Revista Latino-americana de Enfermagem, julho-agosto, 15(4), 2007. BARBOSA, K. A. & FREITAS, M. H., Religiosidade e atitude diante da morte em idosos sob cuidados paliativos. Revista Kairós, São Paulo, 12(1), jan., pp. 113-134, 2009. BARROS, M. B. de A.; CÉSAR, C. L. G.; CARANDINA, L. & TORRE, G. D. Desigualdades sociais na prevalência de doenças crônicas no Brasil, PNAD, p.912.2003, CALVETTI, P. U. Qualidade de Vida e Bem-estar Espiritual em Pessoas Vivendo com HIV/AIDS. Dissertação de Mestrado, PUC do Rio Grande do Sul, 2006. CUNHA S. Portador de Diabetes Tipo II: expectativas e atitudes no enfrentamento das complicações crônicas. [monografia]. Pelotas: UFPel;.60f , 2000. 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Revista Saúde Coletiva, 05 (24):173-77, 2008. 36 APÊNDICE ROTEIRO DE ENTREVISTA/UCB I – Dados Pessoais: Nome:_________________________________________________________________ Idade:_________ Sexo: ( )Masculino ( )Feminino Endereço:______________________________________________________________ Estado Civil:( )solteiro(a) ( )casado(a) ( )viúvo(a) ( )separado(a) ( )divorciado(a) Escolaridade: ( )1º inc. ( )1ºgrau ( )2º inc. ( )2ºgrau ( )3º inc. ( ) 3º grau Profissão:__________________________ Mora com alguém? ( ) sim ( ) não Com quem?_____________________________________________________________ II – Dados Histórico-religiosos: Acredita em Deus? ( )sim ( )não Sua religião: ( ) Católica ( ) Evangélico ( ) Espírita ( ) Afro-brasileira ( ) Judaica ( ) Oriental ( ) Mulçumana ( ) outros ( ) sem religião Há quanto tempo está nessa religião? ( ) menos de 1 ano ( ) mais de 1 ano ( ) há 5 anos ( ) há 10 anos ( ) mais de 10 anos ( )desde que nasci Alguma vez mudou de religião? ( ) não ( )sim, mudei de ___________________________para________________________________________ III – Dados Histórico-clínicos: Qual seu diagnóstico? ( )Hipertensão ( )Diabetes ( )Doença Cardiovascular Quando você ficou sabendo que tinha esse problema de saúde? ______________________________________________________________________ Quais os sintomas que você sentia que o levaram a procurar ajuda médica? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Como foi para você descobrir que tinha esse problema de saúde? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ O que mudou em sua vida desde então? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Há outros problemas de saúde além deste(s)? ( )sim ( )não Qual (is)? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Como você avalia a sua saúde atualmente? ( ) Muito ruim ( ) Fraca ( ) Nem ruim, nem boa ( ) Boa ( ) Muito boa Por que? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 37 IV – Enfrentamento: Quais as dificuldades que você tem encontrado para seguir as orientações recebidas pelos profissionais de saúde? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Para você o que tem sido mais difícil em relação ao fato de ter esta doença? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ O que tem feito para lidar com estas dificuldades? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ A religião ou sua espiritualidade lhe ajuda a lidar com os efeitos da doença e do tratamento na sua vida? ( ) sim ( ) não Em caso afirmativo, como? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Outras pessoas lhe ajudam a lidar com a doença? ( )sim ( )não Em caso afirmativo, quem e como? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 38 ANEXOS ESCALA DE FREQUÊNCIA DE PRÁTICAS RELIGIOSAS PRIVADAS E SOCIAIS (Neri & Goldstein, 1993) 1 – Frequenta alguma igreja, templo ou associação religiosa para orar ou participar de atividade religiosa? ( ) Todos os dias ( ) Uma vez por semana ( ) De vez em quando ( ) Nunca 2 – Participa de alguma outra atividade ligada à sua igreja ou religião? ( ) Sim Qual? ______________________________________________ ( ) Não 3 – Costuma rezar, fazer orações ou conversar com Deus na sua intimidade? ( ) Sim ( ) Não (passe para a questão nº 7) 4 – Se respondeu sim, com que frequência você reza? ( ) Uma vez por dia ou mais ( ) Uma vez por semana ou mais ( ) De vez em quando 5 – Por que motivo, ou motivos, você reza? ( ) Para louvar ( ) Para agradecer ( ) Para pedir perdão ( ) Para pedir proteção ou ajuda em situações difíceis 6 – Acompanha programa religioso pelo rádio, TV ou Internet? ( ) Todos os dias ( ) Uma vez por semana ou mais ( ) De vez em quando ( ) Nunca 7 – Lê a bíblia ou outras literaturas religiosas? ( )Todos os dias ( )Uma vez por semana ou mais ( ) De vez em quando ( ) Nunca 8- Tem amigos chegados que são membros da mesma igreja ou associação religiosa que frequenta? ( ) Sim Quantos?_________________________ ( ) Não 9 – Você considera que sua religiosidade aumentou nos últimos dez anos? ( ) Sim ( ) Não 10 – Caso sua resposta tenha sido afirmativa, a que você atribui esse aumento da religiosidade? ( ) Algum acontecimento que marcou sua vida Qual?_______________________ ( ) Ao seu desenvolvimento como pessoa ( ) A ter mudado de religião ( ) Outro __________________________________________________________________ 39 ESCALA DE COPING RELIGIOSO E ESPIRITUAL – CRE (PANZINI E BANDEIRA, 2005 - VERSÃO BRASILEIRA DE RCOPE SCALE ( PARGAMENT, KOENIG & PEREZ, 2000) Estamos interessados em saber se e o quanto você utiliza a religião e a espiritualidade para lidar com o estresse em sua vida. O estresse acontece quando você percebe que determinada situação é difícil ou problemática, porque vai além do que você julga poder suportar, ameaçando seu bem-estar. A situação pode envolver você, sua família, seu trabalho, seus amigos ou algo que é importante para você. Neste momento, pense na situação de maior estresse que você viveu nos últimos três anos. Por favor, descreva-a em poucas palavras: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ As frases abaixo descrevem atitudes que podem ser tomadas em situações de estresse. Circule o número que melhor representa o quanto VOCÊ fez ou não o que está escrito em cada frase para lidar com a situação estressante que você descreveu acima. Exemplo: Tentei dar sentido à situação através de Deus. (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo Se você não tentou, nem um pouco, dá sentido à situação através de Deus, faça um círculo no número (1); Se você tentou um pouco, circule o (2); Se você tentou mais ou menos, circule o (3); Se você tentou bastante, circule o (4); Se você tentou muitíssimo, circule o (5). Lembre-se: Não há opção certa ou errada Marque só uma alternativa em cada questão. Seja sincero(a) nas suas respostas e não deixe nenhuma questão em branco! 1. Orei pelo bem-estar de outros (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 2. Procurei o amor e a proteção de Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 3. Pedi a ajuda de Deus para perdoar outras pessoas (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 4. Revoltei-me contra Deus e seus desígnios (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 5. Procurei uma ligação maior com Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 6. Questionei o amor de Deus por mim (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 7. Não fiz muito, apenas esperei que Deus resolvesse meus problemas por mim (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 8. Procurei uma casa religiosa ou de oração 40 (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 9. Imaginei se o mal tinha algo a ver com essa situação (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 10. Procurei trabalhar pelo bem-estar social (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 11.Supliquei a Deus para fazer tudo dar certo (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 12. Busquei proteção e orientação de entidades espirituais (santos, espíritos, orixás, etc) (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 13. Procurei em Deus força, apoio e orientação (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 14. Tentei me juntar com outros que tivessem a mesma fé que eu (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 15. Senti insatisfação com os representantes religiosos de minha instituição (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 16. Li livros de ensinamentos espirituais/religiosos para entender e lidar com a situação (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 17. Pedi a Deus que me ajudasse a encontrar um novo propósito na vida (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 18. Tive dificuldades para receber conforto de minhas crenças religiosas (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 19. Procurei por amor e cuidado com os membros de minha instituição religiosa (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 20. Tentei parar de pensar em meus problemas, pensando em Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 21. Fui a um templo religioso (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 22. Fiz o melhor que pude e entreguei a situação a Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 23. Fiquei imaginando se Deus estava me castigando pela minha falta de fé (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 24. Pratiquei atos de caridade moral e/ou material (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 25. Senti que Deus estava atuando junto comigo (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 26. Roguei a Deus para que as coisas ficassem bem (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 27. Pensei em questões espirituais para desviar minha atenção dos meus problemas (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 28. Através da religião entendi porque sofria e procurei modificar meus atos para melhorar a situação (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 29. Procurei me aconselhar com meu guia espiritual superior (anjo da guarda, mentor, etc.) (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 30. Voltei-me a Deus para encontrar uma nova direção de vida (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 31. Tentei proporcionar conforto espiritual a outras pessoas (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 32. Fiquei imaginando se Deus tinha me abandonado 41 (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 33. Pedi para Deus me ajudar a ser melhor e errar menos (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 34. Pensei que o acontecido poderia me aproximar mais de Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 35. Não tentei lidar com a situação, apenas esperei que Deus levasse minhas preocupações embora (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 36 Senti que o mal estava tentando me afastar de Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 37. Entreguei a situação para Deus depois de fazer tudo que podia (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 38. Orei para descobrir o objetivo de minha vida (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 39. Realizei atos ou ritos espirituais (qualquer ação especificamente relacionada com sua crença: sinal da cruz, confissão, jejum, rituais de purificação, citação de provérbios, entoação de mantras, psicografia, etc.) (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 40. Agi em colaboração com Deus para resolver meus problemas (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 41. Imaginei se minha instituição religiosa tinha me abandonado (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 42. Focalizei meu pensamento na religião para parar de me preocupar com meus problemas (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 43. Procurei por um total redespertar espiritual (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 44. Procurei apoio espiritual com os dirigentes de minha comunidade religiosa (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 45. Rezei por um milagre (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 46. Segui conselhos espirituais com vistas a melhorar física ou psicologicamente (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 47. Confiei que Deus estava comigo (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 48. Busquei ajuda espiritual para superar meus ressentimentos e mágoas (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 49. Procurei a misericórdia de Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 50. Pensei que Deus não existia (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 51. Questionei se até Deus tem limites (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 52. Assisti a programas ou filmes religiosos ou dedicados à espiritualidade (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 53. Convenci-me que forças do mal atuaram para tudo isso acontecer (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 54. Busquei ajuda ou conforto na literatura religiosa (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 55. Ofereci apoio espiritual a minha família, amigos... 42 (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 56. Pedi perdão pelos meus erros (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 57. Participei de sessões de cura espiritual (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 58. Agi em parceria com Deus, colaborando com Ele (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 59. Imaginei se Deus permitiu que isso me acontecesse por causa dos meus erros (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 60. Assisti cultos ou sessões religiosas/espirituais (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 61. Tentei fazer o melhor que podia e deixei Deus fazer o resto (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 62. Envolvi-me voluntariamente em atividades pelo bem do próximo (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 63. Ouvi e/ou cantei músicas religiosas (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 64. Sabia que não poderia dar conta da situação, então apenas esperei que Deus assumisse o controle (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 65. Avaliei meus atos, pensamentos e sentimentos tentando melhorá-los segundo os ensinamentos religiosos (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 66. Recebi ajuda através de imposição das mãos (passes, rezas, bênçãos, magnetismo, reiki, etc.) (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 67. Procurei auxílio através da meditação (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 68. Procurei ou realizei tratamentos espirituais (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 69. Tentei lidar com a situação do meu jeito, sem a ajuda de Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 70. Tentei encontrar um ensinamento de Deus no que aconteceu (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 71. Tentei construir uma forte relação com um poder superior (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 72. Comprei ou assinei revistas periódicas que falavam sobre Deus e questões espirituais (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 73. Senti que meu grupo religioso parecia estar me rejeitando ou me ignorando (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 74. Participei de práticas, atividades ou festividades religiosas ou espirituais (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 75. Montei um local de oração em minha casa (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 76. Tentei lidar com meus sentimentos sem pedir a ajuda de Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 77. Procurei auxílio nos livros sagrados (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 78. Imaginei o que teria feito para Deus me punir 43 (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 79. Tentei mudar meu caminho de vida e seguir um novo – o caminho de Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 80. Procurei conversar com meu eu superior (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 81. Voltei-me para a espiritualidade (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 82. Busquei ajuda de Deus para livrar-me de meus sentimentos ruins/negativos (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 83. Culpei Deus pela situação, por ter deixado acontecer (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 84. Questionei se Deus realmente se importava (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 85. Orei individualmente e fiz aquilo com que mais me identificava espiritualmente (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 86. Refleti se não estava indo contra as leis de Deus e tentei modificar minha atitude (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo 87. Busquei uma casa de Deus (1) nem um pouco (2) um pouco (3) mais ou menos (4) bastante (5) muitíssimo OBRIGADO POR PARTICIPAR!