Macroeconomia II 2006/2007

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Macroeconomia II
2006/2007
A Restrição Orçamental Intertemporal da
Nação, Balança Corrente Externa e Taxa
de Câmbio Real
Equipa docente:
Aurora Teixeira
Sandra Silva
i
ÍNDICE DE CONTEÚDOS
ÍNDICE DE CONTEÚDOS..............................................................................................................................I
ÍNDICE DE QUADROS ................................................................................................................................. II
ÍNDICE DE GRÁFICOS ................................................................................................................................ II
1.
ESTRUTURA DA SEBENTA ................................................................................................................. 1
2. RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL INTERTEMPORAL (ROI) DA NAÇÃO E A BALANÇA
CORRENTE EXTERNA................................................................................................................................. 1
2.1.
2.1.1.
A ROI PÚBLICA................................................................................................................................................................1
2.1.2.
A ROI CONSOLIDADA DO SECTOR PÚBLICO E PRIVADO ....................................................................................................4
2.2.
3.
A CONTA CORRENTE/BTC E A ROI DA NAÇÃO ................................................................................... 5
2.2.1.
A CONTA CORRENTE/BTC ...............................................................................................................................................5
2.2.2.
A GARANTIA DO CUMPRIMENTO DOS CONTRATOS DE CRÉDITO E A DÍVIDA SOBERANA ....................................................6
TAXA DE CÂMBIO REAL (TCR) ........................................................................................................ 7
3.1.
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 7
3.2.
A TCR E A FUNÇÃO DA BTC PRIMÁRIA ............................................................................................... 7
3.2.1.
DEFINIÇÃO DE TCR .........................................................................................................................................................7
3.2.2.
MEDINDO A TCR (σ) NA PRÁTICA....................................................................................................................................9
3.2.3.
COMO É QUE A TCR AFECTA A BTC PRIMÁRIA ..............................................................................................................10
3.3.
A TCR COMO O PREÇO RELATIVO DOS BENS NÃO TRANSACCIONÁVEIS ............................................. 11
3.3.1.
BENS TRANSACCIONÁVEIS VS. NÃO TRANSACCIONÁVEIS...............................................................................................11
3.3.2.
A FRONTEIRA POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO ...............................................................................................................11
3.3.3.
O CASO DA BTC PRIMÁRIA EQUILIBRADA......................................................................................................................14
3.3.4.
O CASO DE UMA BTC PRIMÁRIA NÃO NULA. O PAPEL DA TCR......................................................................................15
3.4.
3.4.1.
4.
A ROI DA NAÇÃO ............................................................................................................................... 1
A RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL INTERTEMPORAL (ROI) DA NAÇÃO E A TCR DE EQUILÍBRIO ................ 17
O LONGO PRAZO E A BTC: UMA REVISÃO ......................................................................................................................17
3.4.2.
A TCR DE EQUILÍBRIO E A BTC PRIMÁRIA NO LONGO PRAZO ........................................................................................17
3.4.3.
AS DETERMINANTES FUNDAMENTAIS DA TCR...............................................................................................................18
SELECÇÃO DE QUESTÕES DE TESTES E EXAMES DE ANOS LECTIVOS ANTERIORES 23
ANEXO 1: “HOW MUCH IS THAT? COMPARING THE COSTS OF GOODS & SERVICES
WORLDWIDE” (RUNZHEIMER INTERNATIONAL, 1998) ................................................................. 26
ANEXO 2: SOLUÇÕES................................................................................................................................. 28
i
Índice de quadros
Quadro 1: Câmbios do dia: 2007/05/14, para compra e venda do cliente (valores para 1 euro) ........................ 8
Quadro 2: Comparação dos níveis de preço do PIB, 2000 (EUA=100) ........................................................... 22
Índice de gráficos
Gráfico 1: Linha orçamental do governo............................................................................................................ 3
Gráfico 2: Défices e superávits primários – evolução em alguns países europeus ............................................. 4
Gráfico 3: Taxa de câmbio nominal (TCN) e taxa de câmbio real (TCR) em quatro áreas, 1975-2002 ............ 9
Gráfico 4: Função da balança de transacções corrente primária (BTCp) ......................................................... 10
Gráfico 5: Fronteira de possibilidades de produção ......................................................................................... 12
Gráfico 6: Linha de Preços ............................................................................................................................... 13
Gráfico 7: Produção óptima.............................................................................................................................. 13
Gráfico 8: Curvas de Indiferença...................................................................................................................... 14
Gráfico 9: Produção e consumo óptimos.......................................................................................................... 14
Gráfico 10: Produção e consumo óptimo com desequilíbrio na BTC primária - défice................................... 15
Gráfico 11: Produção e consumo óptimo com desequilíbrio na BTC primária - superávite ............................ 15
Gráfico 12: Taxa de câmbio real (TCR) de equilíbrio...................................................................................... 18
Gráfico 13: Posição externa líquida e a TCR – o caso da Suécia 1986-1998................................................... 19
Gráfico 14: A TCR de equilíbrio e a produtividade no sector dos BTs............................................................ 20
ii
1. Estrutura da sebenta
Esta terceira sebenta pretende fornecer aos alunos uma síntese sobre as temáticas de
Restrição Orçamental Intertemporal da Nação e a Balança Corrente Externa (Ponto 2), a
Taxa de Câmbio Real (Ponto 3) e, adicionalmente, disponibilizar as questões incluídas em
testes e exames dos anos lectivos 2000/2001-2005/2006 que focaram aspectos relacionadas
com as matérias em causa (Ponto 4). Em anexo apresenta-se um texto relativo à taxa de
câmbio real.
Bom estudo!
2. Restrição Orçamental Intertemporal (ROI) da Nação e a Balança
Corrente Externa
2.1. A ROI da Nação
2.1.1. A ROI pública
No caso de uma dívida pública inicial nula. Os impostos do período seguinte devem ser
suficientes para pagar o gasto do governo e o serviço da dívida deste período de recurso ao
crédito.
T1 + D1 = G1
T2 = G 2 + D1 (1 + rG )
Actualizando
T1 + D1 +
T1 +
D (1 + rG )
T2
G2
= G1 +
+ 1
1 + rG
1 + rG
1 + rG
T2
G2
= G1 +
1 + rG
1 + rG
T2 = G 2 + (G1 − T1 )(1 + rG )
Re-arranjando, constatamos a semelhança básica com a ROI das famílias.
T1 +
1
1
T2 = G1 +
G2
1 + rG
1 + rG
1
Se agora acrescentarmos uma dívida ‘herdada’, significando que adicionalmente aos gastos
do governo em bens e serviços finais temos ainda o pagamento dos juros sobre a dívida
‘herdada’, a dedução da ROI do governo bem:
T1 + D1 = G1 + D0 (1 + rG )
T2 = G 2 + D1 (1 + rG )
Actualizando
T1 + D1 +
D (1 + rG )
T2
G2
= G1 + D0 (1 + rG ) +
+ 1
1 + rG
1 + rG
1 + rG
T1 +
T2
G2
= G1 +
+ D0 (1 + rG )
1 + rG
1 + rG
T1 +
T2
G2
= G1 +
+ D0 + rG D0
1 + rG
1 + rG
T2 = G 2 + ( G1 − T + rG D0 )(1 + rG ) + D0 (1 + rG )
défice
primário
défice
total
período _ 1
principal
e _ juros
pagos _ período2
Re-escrevendo:
0=
G2 − T2
(1 + rG )
2
+
( G1 − T1 ) + D
0
(1 + rG )
que estabelece que, o valor da dívida do último período iguala o valor presente de todos os
défices primários futuros.
O gráfico apresenta a representação geométrica para a restrição orçamental do governo para
o caso de 2 períodos sem dívida ‘herdada’. Um défice orçamental hoje exige um superávite
(défice negativo) amanhã.
2
Gráfico 1: Linha orçamental do governo
O caso de um governo que não paga a sua dívida nacional é digno de notícia pois tal é um
sintoma de um caso patológico em termos de finanças públicas (e.g., o caso da Argentina).
Para um entendimento do normal funcionamento da macroeconomia, uma RO pública com
significado (efectiva) capta as ligações intertemporais entre os défices presente e futuro. O
Gráfico 2 mostra a evolução do défice primário para diversos países para dar uma indicação
do tempo que leva uma RO pública a ser efectiva.
Ao longo do tempo, os saldos orçamentais primários tem que somar, em termos presentes, a
dívida pública inicial. O gráfico seguinte mostra que alguns países (o RU) evidenciam uma
sucessão de défices e superávits primários moderados. Noutros casos (Irlanda e Itália) os
défices mantiveram-se durante longos períodos, entretanto a RO prevaleceu e os défices
orçamentais primários foram corrigidos, em alguns casos alterando-se para superávits
espectaculares.
3
Gráfico 2: Défices e superávits primários – evolução em alguns países europeus
2.1.2. A ROI consolidada do sector público e privado
Se o sector privado antecipar a carga fiscal do próximo período ‘adivinhando’ a ROI que
enfrenta, será que também não antecipa o gasto público e a carga fiscal futuros tal como
consta na RO do governo?
Caso mais simples: inexistência de dívida inicial e inexistência de investimento (e
empresas), a mesma taxa de juro para o governo e para as famílias.
ROI do governo:
G1 +
G2
T
= T1 + 2
1+ r
1+ r
ROI famílias:
Y1 = C1 + T1 + S1
Y2 + S1 (1 + r ) = C 2 + T2
Actualizando
Y1 +
Y2
S (1 + r )
C
T
+ 1
= C1 + T1 + S1 + 2 + 2
1+ r
1+ r
1+ r 1+ r
Y − T2
C
Y1 − T1 + 2
= C1 + 2
1+ r
1+ r
4
Consolidando as ROI significa que o valor presente dos impostos (que constatamos estar a
ser subtraído no lado esquerdo da ROI das famílias) são substituídos pelo valor presente
dos gastos públicos em bens e serviços (o lado esquerdo da ROI do governo).
Consolidando as ROI privada e do governo tem-se:
C1 +
C2
Y − G2
= Y1 − G1 + 2
1+ r
1+ r
Re-escrevendo:
C1 + G1 +
C 2 + G2
Y
= Y1 + 2
1+ r
1+ r
valor _ presente
do _ gasto
int erno
valor _ presente
do _ ren dim ento
int erno
(nota: implicitamente considera-se que o país pode livremente emprestar ou pedir
emprestado ao exterior)
2.2. A conta corrente/BTC e a ROI da Nação
2.2.1. A conta corrente/BTC
Recorde-se a ROI obtida pela consolidação dos sectores privado e público, que representa a
ROI da Nação.
C1 + G1 +
C2
G
Y
+ 2 = Y1 + 2
1+ r 1+ r
1+ r
Uma BTC positiva (negativa) no 1º período significa emprestar (pedir emprestado) ao resto
do mundo e é a forma de permitir a utilização nacional de bens e serviços se desviar do
perfil temporal da produção nacional.
BTC=BTCprimário+rF ou, utilizando a simbologia de Burda, CA=PCA+rF [Conta
Corrente= Conta Corrente Primária + Juros sobre activos externos]
As expressões distinguem o saldo primário da BTC do rendimento líquido derivado da
posse de activos externos (negativo se for o pagamento de juros sobre responsabilidades
líquidas).
Se a nação começa com activos líquidos sobre o exterior F, a ROI da nação vem:
5
PCA1 +
PCA2
= − F0
1+ r
Nota: Por simplicidade de exposição, F0 representa aqui o principal e os juros herdados do
passado.
Se um país tem uma riqueza líquida no início do período 1 (F0 é positivo), pode incorrer em
défices da BTC (avaliados em termos presentes). Se existe uma dívida inicial (F0 é
negativo), o valor presente dos saldos da BTC tem que ser positivo por um montante
suficientemente grande para pagar a dívida externa.
2.2.2. A garantia do cumprimento dos contratos de crédito e a dívida soberana
Existem duas formas de imaginar uma ROI que não é cumprida. A primeira é simplesmente
pedir emprestado e fugir. A segunda é utilizar o dinheiro do crédito mais recente para pagar
dívidas e juros antigos com a dívida a acumular-se sem limites.
A garantia do cumprimento dos contratos é uma importante parte do enquadramento
institucional de um sistema de mercado que funciona adequadamente. Donde fugir das
dívidas é na maioria das situações não compensador.
Existe uma distinção crítica entre dívida privada e dívida soberana nas relações económicas
internacionais. A única sanção contra um país que recusa honrar a sua dívida soberana é
que ele fica excluído de recorrer ao crédito (e a BTC tem que estar pelo menos equilibrada
a partir desse momento pois ninguém estará disposto a emprestar dinheiro). O processo de
construir um novo prazo de pagamento do serviço da dívida mutuamente aceitável pode
levar alguns anos.
O episódio de ‘insolvência’ da Argentina em 2001 é um bom exemplo da necessidade de
elaborar procedimentos respeitantes à garantia das dívidas soberanas (ver os artigos que
foram publicados em The Economist, 8 e 15 de Dezembro de 2001).
6
3. Taxa de câmbio real (TCR)
3.1. Introdução
Este é o segundo preço relativo que estudamos. No capítulo das ROI, estudamos a taxa de
juro real (bens futuros por unidade de bem presente). A TCR representa o número de bens
ou serviços externos que podemos receber ou que temos que pagar por uma unidade de
bens ou serviços internos.
•
A TCR é relevante para analisar a composição das escolhas de produção e consumo
entre bens internos e externos.
•
A TCR é parte do mecanismo que torna efectiva a ROI de uma nação.
3.2. A TCR e a função da BTC primária
3.2.1. Definição de TCR
As transacções internacionais são, normalmente, realizadas em diferentes moedas, o que
obriga a que os intervenientes comprem (ou vendam) a unidade monetária de que
necessitam para o seu negócio. A taxa de câmbio (nominal, S) mostra a relação entre
moedas de dois países diferentes e costuma ser definida segundo duas metodologias
diferentes. Com a cotação ao certo — como sucede com o euro —, indica a quantidade de
moeda estrangeira que um euro consegue comprar, enquanto com a cotação ao incerto —
como sucedia com o escudo — a taxa de câmbio nominal indica a quantidade de moeda
nacional necessária para adquirir uma unidade da outra divisa. Evidentemente, as
definições da taxa de câmbio representam o inverso uma da outra.
No caso concreto, da cotação do Euro face à Coroa Dinamarquesa (ver Quadro 1), constatase que 1 € compra 7,34 DKK.
Uma propriedade conveniente da convenção ao ‘certo’ é que exprime o valor da moeda,
quanto permite obter. Uma apreciação significa que a taxa de câmbio nominal (S) é mais
elevada.
No caso do Quadro 1, constata-se que o Euro, entre 10 de Abril e 12 de Abril, se depreciou
face às moedas seleccionadas (i.e., a taxa de câmbio nominal diminuiu).
7
Quadro 1: Câmbios do dia: 2007/05/14, para compra e venda do cliente (valores para 1 euro)
País
Sigla
Moeda
Compra
Notas*
2005/04/10
Compra
Notas**
2005/04/12
Fonte: * Fictício; ** Caixa Geral de Depósitos
Utilizando a taxa de câmbio nominal podemos tornar os preços dos bens externos e internos
(Taxa de Câmbio Real, σ)comparáveis de duas formas:
P
P*
σ=
=
S
ambos _ preços
moeda _ nacional
S⋅P
P*
ambos _ preços
moeda _ estrangeira
O significado económico dos rácios em causa é o mesmo em ambos os casos: unidades de
bens externos por unidade de bens internos.
Devido à relativa rigidez dos níveis de preços interno e externo comparado com as taxas de
câmbio nominais, constatamos que os movimentos de curto prazo das TCR acompanham os
movimentos das TCN. As TCR, no entanto, são mais estáveis no longo do que no curto
prazo. Assim, no longo prazo as determinantes das TCR parecem distintas das TCN, o que
justifica a sua análise em separado.
8
Gráfico 3: Taxa de câmbio nominal (TCN) e taxa de câmbio real (TCR) em quatro áreas,
1975-2002
3.2.2. Medindo a TCR (σ) na prática
Dois problemas técnicos:
•
Como agregar o resto do mundo num único grupo?
Existem N-1 taxas de câmbio bilaterais para cada uma das outras moedas. Uma
solução é efectuar uma média ponderada dessas mesmas taxas utilizando como
ponderadores a quota de cada um dos países nas nossas importações ou exportações.
•
Que grupos de bens comparamos?
o Alternativa 1: Termos de troca externos – rácio dos preços dos bens
exportados produzidos internamente relativamente aos preços dos bens
estrangeiros importados.
o Alternativa 2: Termos de troca internos – rácio dos preços dos bens não
transaccionáveis (BNT) relativamente ao preços dos bens transaccionáveis
(BT).
Relativamente ao primeiro problema, e em termos mais detalhados, a solução consiste m
calcular P* como uma média ponderada de preços de um número suficientemente elevado
de países parceiros comerciais (idealmente, todos os parceiros comerciais) e S como a
9
correspondente média ponderada das nossas taxas de câmbio nominais relativamente a cada
um desses países. Os ponderadores deverão reflectir a importância relativa de cada um
desses países no nosso comércio internacional – por exemplo, a quota de cada um dos
países nas nossas importações ou exportações (ou a média das importações e exportações).
P * = (P1)w1 (P 2)w 2 (P 3)w 3 ... (P n )w n
,
com
S = (S1)w1 (S 2 )w2 (S 3)w3 ... (S n )wn , com
σ=
S
.P
P*
=
S1 P
P1
w
1
S2P
P2
w
2
wi = 1
wi = 1
S3P
P3
w
3
...
Sn P
Pn
w
n
Os valores de S e σ calculados desta forma designam-se, respectivamente, taxas de câmbio
nominais e reais efectivas. Estas taxas deixam de estar expressas em termos de valor (€)
para passarem a serem índices (assumindo 1 ou 100 num determinado ano base).
3.2.3. Como é que a TCR afecta a BTC primária
Quando obtemos mais bens estrangeiros por unidade de bens internos via apreciação da
taxa de câmbio real (movemo-nos verticalmente no gráfico) o nosso gasto desloca-se para
os bens estrangeiros (as importações aumentam) e os estrangeiros constatam que os nossos
bens se tornaram mais caros donde o seu gasto desvia-se dos nossos bens. Com as
exportações a diminuir e as importações a aumentar o saldo da BTC primária diminui
(deslocamo-nos para a esquerda no gráfico). Também para este resultado contribui o facto
da nossa produção interna se desviar da produção dos bens substitutos das importações
(agora mais baratos) para a produção de bens internos (agora mais caros).
Gráfico 4: Função da balança de transacções corrente primária (BTCp)
10
3.3. A TCR como o preço relativo dos bens não transaccionáveis
A distinção entre bens importados e bens exportados é de longe mais importante no
comércio entre países desenvolvidos e menos desenvolvidos do que os países
desenvolvidos entre si dado que a maioria do comércio entre estes é relativo a bens muito
semelhantes.
A TCR é considerada como o preço relativo dos bens não transaccionados (i.e. relativo aos
bens transaccionados).
3.3.1. Bens transaccionáveis vs. não transaccionáveis
A fronteira entre BT e BNT encontra-se nos custos de transporte e também na diferente
regulamentação dos produtos e protecção ao comércio.
Porque é que a distinção é importante: não há concorrência externa directa para os BNT.
PN
σ= T
P
Espera-se que a lei de um único preço seja válida para os BTs
PT =
PT *
S
inserindo a expressão na definição de TCR enquanto preço relativo dos BNT:
σ=
S ⋅ PN
PT *
Com esta perspectiva da TCR, uma apreciação da TCR significa que os BNT tornaram-se
mais valiosos do que os BT.
3.3.2. A fronteira possibilidades de produção
Admitindo pleno emprego dos recursos, a produção de mais de um dado bem implica
necessariamente produzir menos de um outro. Este trade-off é representado pela Fronteira
de Possibilidades de Produção (FPP). A FPP descreve todas as combinações máximas
possíveis de BT (YT) e BNT (YNT) que podem ser produzidos em simultâneo, dados os
recursos existentes e a tecnologia.
11
Dada a tecnologia de um país e os seus recursos (e, mais rigorosamente, as suas instituições
e regulamentações), todos os pontos acima da fronteira não são atingíveis, todos os pontos
no interior da fronteira são atingíveis mas não eficientes. Eficiência entendida aqui como
“não existência de almoços grátis”. Em qualquer ponto ao longo da FPP não é possível terse mais de ambos os bens (BT e BNT). O melhor que se consegue é trocar um pelo outro.
A forma da FPP descreve como os recursos disponíveis de uma economia podem ser
utilizados para produzir diferentes combinações dos dois bens. À medida que nos
deslocamos para baixo e para a direita ao longo da FPP, a produção de BT diminui e a de
BNT aumenta.
De enorme importância em termos de interpretação económica é a inclinação (negativa) da
FPP num determinado ponto: é a “taxa marginal de transformação”, i.e., quanto do BT se
tem que prescindir para obter 1 unidade do BNT. Quanto mais inclinada for a FPP mais se
terá de prescindir de BT para obter 1 unidade produzida de BNT.
Curvatura: exprime a ideia económica de que a facilidade em se transformar BT em BNT
diminui à medida que aumentamos a produção de BNTs (e vice-versa). Razões para tal
facto englobam: existência de factores de produção fixos (stock de capital num determinado
momento do tempo; qualificações de gestão; terra; recursos naturais);1 especialização do
factor trabalho (determinados trabalhadores têm vantagens comparativas na produção de
determinados bens); existência de custos na alteração dos padrões de produção; tecnologias
diferentes entre sectores.
Deslocação da FPP: alteração tecnológica, alteração nos recursos (capital e trabalho)
Gráfico 5: Fronteira de possibilidades de produção
1
Dado o stock de capital, à medida que o trabalho se desloca do sector dos BT para o dos BNT, a PMgL
diminui no sector dos BNT e aumenta nos BT – a deslocação dos trabalhadores é cada vez mais onerosa em
termos da produção perdida no sector dos BT, e cada vez menos efectiva na produção de mais BNT.
12
PIB nominal(em €)=PTYT+PNYN
Deflacionando ambos os lados pelo preço dos BTs (numerário) obtemos a expressão do
PIB real (Y)
Y =YT +
PN N
Y = Y T + σ ⋅Y N
PT
Um valor particular do PIB pode corresponder a um número diferente de combinações de
BT e BNT, dependendo da TCR, σ .
Gráfico 6: Linha de Preços
Gráfico 7: Produção óptima
A inclinação da linha de preços (-σ) é dada pela TCR. A intersecção com o eixo dos yy
representa o valor do PIB em termos do numerário (BT). Se a TCR se apreciar (o preço dos
BNT aumenta relativamente aos BT), um dado PIB real (medido por OA em termos dos
BT) corresponde a menos dos bens mais valiosos (BNT) – de OB para OC. A nova linha de
preços é assim mais inclinada. Uma linha como A’B’ representa um PIB real mais elevado
por uma mesma TCR, σ.
O óptimo de produção é encontrado quando se combina a FPP com a linha de preços. O
Gráfico 7 mostra que para um dado valor da TCR o resultado mais preferível é atingido no
ponto P onde a linha de preços é tangente à FPP. Neste ponto não há incentivos para
deslocar a produção em favor de qualquer um dos bens – dado o preço relativo σ, este mix
de produção maximiza o PIB real dados os recursos existentes. Se os preços relativos se
alterarem, o mix de produção óptima também se alterará. Se o preço relativo dos BNT
13
aumentar (apreciação da TCR), a linha de preços tornar-se-á mais inclinada e o ponto de
tangencia deslocar-se-á para P’. A produção desloca-se assim para os bens mais valioso
(BNT) afastando-se do bem agora mais barato (BT).
3.3.3. O caso da BTC primária equilibrada
O próximo passo é acrescentar as preferências INTRAtemporais por BNT e BT dadas pela
Curva de Indiferença (CI) (Gráfico 8).
Gráfico 8: Curvas de Indiferença
Gráfico 9: Produção e consumo óptimos
A TCR determina o mix de produção e é determinada pelos mecanismos de mercado
através do encontro entre tecnologia, recursos e preferências dos consumidores (cf. Gráfico
9). A partir do momento em que sabemos as preferências e as restrições orçamentais dos
consumidores, podemos determinar a TCR que equilibra a procura e oferta dos BT e BNT.
A livre escolha no mercado permite aos consumidores atingir a mais elevada utilidade
possível dados a tecnologia e dotações de recursos produtivos disponíveis. Tal ocorre no
ponto A do Gráfico 9 onde a FPP e a curva de indiferença são tangentes – a inclinação
comum a estas duas curvas dá o preço relativo (σ) que satisfaz produtores e consumidores.
Quando a inclinação da tangencia acontece ser igual à TCR, temos o caso de uma BTC
primária equilibrada (Gráfico 9).
14
3.3.4. O caso de uma BTC primária não nula. O papel da TCR
BTC primárias equilibradas são a excepção e não a regra. O ponto de produção sobre a FPP
não necessita coincidir com o ponto de absorção A. Um défice na BTC primária hoje é
possível mas tem que ser compensado com um superávite mais tarde.
Bens
transaccionáveis
Bens
transaccionáveis
C
A
P
P
C
YN1
YN1
Bensnãotransaccionáveis
Bensnãotransaccionáveis
Gráfico 10: Produção e consumo óptimo com
desequilíbrio na BTC primária - défice
A
Gráfico 11: Produção e consumo óptimo com desequilíbrio
na BTC primária - superávite
Como os BNT são produzidos e consumidos localmente, em equilíbrio a produção YN tem
que ser igual à absorção AN.
YN=AN
Para os BT, a produção e a absorção não precisam de ser iguais. Os BT são produzidos e
consumidos interna e externamente, donde o equilíbrio de mercado é obtido ao nível
mundial. Internamente é possível ter-se uma situação onde, por exemplo, o gasto excede a
produção. Neste caso, a diferença é satisfeita via importações (estas são pagas através de
um aumento na dívida externa ou uma diminuição nas posses de activos externos).
Analogamente, as exportações absorvem o excesso de produção local face ao respectivo
consumo. Assim a BTC primária é a diferença entre a produção YT e o gasto AT de BT.
BTCp=YT-AT
No Gráfico 10, ocorre um défice da BTCp porque a absorção excede a produção: a
produção tem lugar no ponto P, o consumo no ponto C. Como exigido, a produção de BNT
é igual ao respectivo consumo, que é traduzido pelo facto de P e C se situarem na mesma
linha vertical; a distância PC representa o défice primário. Comparativamente ao caso de
uma BTCp equilibrada (ponto A), duas diferenças a relevar:
15
1. A restrição orçamental, que corresponde ao rendimento ganho da produção, está a
abaixo da linha de preços que é tangente ao ponto C, que corresponde ao nível de
gastos. Isto simplesmente traduz que a absorção real CT+σCN excede o PIB real
Y=YT+σYN.
2. O preço relativo dos BNT (σ=PN/PT) é mais elevado – a linha orçamental
correspondente ao ponto C é mais inclinada do que aquela que passa pelo ponto A;
ou seja, a TCR está apreciada relativamente àquela que corresponde ao ponto A.
Desta descrição podemos retirar duas valiosas lições:
1. O Gráfico 10 descreve o efeito de uma apreciação real. A BTCp deteriora-se,
representando aqui a deslocação do ponto de equilíbrio A para o défice nos pontos P
e C. Tal ocorre por duas razões: 1) uma apreciação real aumenta a procura local
pelos BT relativamente mais baratos (C está acima de A); 2) fornece incentivos para
deslocar os recursos produtivos dos BT para os BNT agora com melhores preços (a
economia desloca-se para baixo e para a direita ao longo da FPP). No cômputo
geral, o país está melhor como atesta a posição relativa da CI mas está a viver de
empréstimos ou a gastar as suas poupanças acumuladas.
2. Pode-se também responder à seguinte questão: o que acontece se um país se torna
credor líquido de forma a poder incorrer num défice da BTCp? Sabe-se que a TCR
irá se apreciar. O Gráfico 10 informa que se a dimensão do défice permanente é PC,
a apreciação real da taxa de câmbio poderá ser lida como a alteração na inclinação
da tangente comum à FPP e à CI no ponto A para a inclinação da linha do
orçamento.
O Gráfico 11 apresenta o caso oposto, de um superávite na BTCp. O consumo ocorre
dentro da FPP, pois o superávite corresponde ao rendimento em excesso relativamente ao
gasto. Partindo de um ponto de equilíbrio A, tal seria consequência de uma depreciação real
na taxa de câmbio, i.e., o preço dos BNT diminui face aos BT. Os recursos produtivos são
deslocados para a produção de BT, enquanto o gasto destes declina.
16
3.4. A restrição orçamental intertemporal (ROI) da Nação e a TCR de equilíbrio
3.4.1. O longo prazo e a BTC: uma revisão
Recordemos que a ROI da nação é o valor presente dos saldos das BTC primárias igual ao
simétrico do valor presente da posição externa da nação herdada do passado.
BTCp1 +
BTCp 2
= − F0 (1 + r )
1+ r
Se se herdou uma dívida, então o lado direito é positivo (principal mais juros), significando
que precisamos ter, em termos presentes, um superávite primário da BTC.
O que efectivamente temos é um período de liberdade e não dois já que o período final está
associado aos activos acumulados até ao fim do 1º período, sendo estes gastos sob a forma
de défice da BTC primária no 2º período (alterando os sinais se acabamos o período 1 com
dívida externa).
BTCp 2 = −(1 + r ) F1
Nota: F1 = (1 + r ) F0 + BTCp1
3.4.2. A TCR de equilíbrio e a BTC primária no longo prazo
A TCR de longo prazo (i.e. período 2 que segue o período 1) é a TCR exigida para atingir o
saldo da BTCp que necessitamos para satisfazer a ROI no 2º período.
A restrição orçamental do 2º período exige que a BTCp seja igual ao simétrico da posição
externa líquida em activos mais os juros: significa pagar a dívida (quando F1 é negativo)
através de um superávite, ou desgastar os activos acumulados (se F1 positivo) através de
défice.
A restrição é representada pela linha vertical –(1+r)F1 no Gráfico 12. se o país está
endividado, então F1<0, e a recta –(1+r)F1 localizar-se-á à direita no gráfico. Caso
contrário, quando F1>0, a recta –(1+r)F1 localizar-se-á à esquerda no gráfico. Para que a
restrição seja satisfeita no período 2, a economia tem que estar no ponto de intersecção da
BTC primária e a recta vertical.
17
No ponto A, a TCR equilíbrio pode ser lida no eixo das ordenadas. A recta negativamente
inclinada da BTCp mostra como a TCR afecta a BTC; a restrição orçamental de longo
prazo mostra como a BTCp exigida determina a TCR de equilíbrio.
TCR (σ=PN/PT)
A
σ
A’
σ’
BTCp(σ, ...)
0
-(1+r)F1
-(1+r)F’1
Gráfico 12: Taxa de câmbio real (TCR) de equilíbrio
Como representa o longo prazo, a TCR equilíbrio muito provavelmente não corresponde à
TCR observada em qualquer momento do tempo. Quando a TCR está acima do nível de
equilíbrio diz-se sobreavaliada (subavaliada no caso oposto). No longo prazo, no entanto,
terá que retornar ao seu nível de equilíbrio de forma assegurar que a RO não é violada.
3.4.3. As determinantes fundamentais da TCR
Posição externa líquida
Um aumento na dívida face ao resto do mundo exigirá superávites da BTCp, os quais
exigem uma depreciação na TCR de forma a promover os ajustamentos necessários para
que a economia passe a produzir mais BTs.
Quanto mais positiva for a posição líquida externa mais apreciada será a TCR equilíbrio.
18
A posição líquida externa de um país é determinada pela sua história e é dificil, senão
impossível, mudar essa mesma posição. Por vezes, no entanto, rápidas alterações nos
preços dos activos podem ocasionar uma alteração na posição externa. Um bom exemplo é
o da Suécia (Gráfico 13): no início dos anos 80 a Suécia usufruiu de um superávite
moderado da sua BTCp, e daí uma posição líquida externa quase estabilizada, com o grau
de endividamento de cerca de 20% do PIB. Posteriormente a TCR apreciou-se e tornou-se
sobreavaliada como testemunha a grande deterioração da BTCp e a associada escalada da
dívida externa líquida. No início dos anos 90 a TCR começou a depreciar-se e em meados
de 90 atingiu o seu nível de equilíbrio à medida que a dívida estabilizava.
Gráfico 13: Posição externa líquida e a TCR – o caso da Suécia 1986-1998
Produção: recursos e estrutura
A FPP resume as dotações em termos de recursos, as capacidades produtivas e a estrutura
sectorial de um país. Estas características diferem de país para país e, no seio de um mesmo
país, diferem ao longo do tempo. Uma tendência genérica é que quanto mais a estrutura
produtiva de um país é especializada na produção de BT, maior é a TCR de equilíbrio. A
explicação tem a ver com o seguinte: quanto mais um país produz BT à custa de BNT,
menos destes últimos estarão disponíveis para o consumo interno. Como o consumo interno
é satisfeito por produção interna, para induzir a economia a produzir e consumir desta
19
forma, ceteris paribus, o preço relativo dos BNT (a TCR) tem que aumentar para desviar o
gasto dos BNT.
Imaginemos o que aconteceria se existisse um aumento de 10% na produtividade dos BT
para qualquer nível de produção de BNT (Gráfico 14). Tal significaria que a inclinação em
B é 10% mais elevada do que a inclinação em A. Se o consumo de BNT se mantiver e
tivermos equilíbrio externo no período seguinte (com a absorção idêntica ao novo ponto de
produção B), o preço relativo dos BNT aumentará (inclinação de PPF=TMgT), significando
uma apreciação na TCR.
Gráfico 14: A TCR de equilíbrio e a produtividade no sector dos BTs
Um bom exemplo de apreciações na TCR é a descoberta de recursos naturais que são
altamente transaccionáveis. Quando foi descoberto petróleo na parte inglesa do Mar do
Norte em meados dos anos 70, a TCR apreciou-se em mais de 30%. O resultado foi um
deslocamento de recursos produtivos das indústrias tradicionais (outros BT que não
petróleo) em direcção aos serviços com levado número de encerramentos de fábricas e
desemprego já que os trabalhadores industriais não podiam ser imediatamente absorvidos
pela indústria do petróleo ou pelo sector dos BNT. Este processo espantoso de
desindustrialização é conhecido como a “Dutch disease”, cujo nome derivou de um
processo semelhante ocorrido desta feita nos anos 60 na Holanda. A palavra ‘disease’
(doença/praga) traduz o facto da apreciação da TCR gerar dificuldades (em termos de
competitividade) noutros sectores exportadores de BT.
20
Absorção: preferências e riqueza
Alterações nos padrões de consumo também alteram a TCR. Por exemplo, à medida que
enriquecemos passamos a gastar mais BNT, como serviços de lazer (cinema, restaurantes,
etc.), educação e serviços médicos. Como os BNT têm que ser produzidos internamente um
aumento na procura tem que ser acompanhado por um preço relativo mais elevado de forma
a incentivar maior produção. Qualquer coisa que faça aumentar a riqueza das famílias
residentes – boom do mercado de acções; ajuda externa, etc. – pode ter um efeito
semelhante.
A dimensão do governo, um grande consumidor, também pode afectar a TCR. Grande parte
dos orçamentos públicos são gastos em bens e serviços NT (serviços públicos, estradas
etc.). Como tais gastos são financiados por impostos tributados a pessoas que tendem a
gastar mais em BT, um aumento na dimensão do Estado tende a desviar a absorção interna
para os BNT e portanto fazer aumentar o respectivo preço relativo, i.e., a TCR.
Qualquer alteração que reflicta grandes mudanças estruturais é capaz de alterar a BTCp e
portanto a TCR equilíbrio. Na prática, contudo, alterações desta magnitude são raras.
Assim, em regra, convenciona-se que a TCR equilíbrio permanece grosso modo constante.
Uma excepção consiste nos processos de catching-up através dos quais os países mais
pobres entram com sucesso numa fase de crescimento sustentado. À medida que acumulam
capital, importam tecnologias mais avançadas, e se tornam mais produtivos, as suas
economias entram em transformações relevantes. O resultado é uma apreciação contínua na
TCR. Isto ficou conhecido como o efeito de Balassa-Samuelson. Uma evidência empírica
traduzida por este efeito é o facto de frequentemente países mais ricos serem
sistematicamente mais caros que os países mais pobres (ver Anexo 1).
Se os preços dos BT tendem a ser idênticos inter países, então as diferenças nos níveis de preço
médios residem nos BNT (cabeleireiro, hotéis, transporte, etc). Como o
Quadro 2 mostra, os BNT tendem a ser mais baratos nos países mais pobres. Razões: 1) os
serviços, que constituem uma importante fracção dos BNT são bens de ‘luxo’; nos países
pobres, a procura por serviços é limitada e os seus preços correspondentemente mais
baixos; 2) os países pobres são caracterizados por baixos stocks de capital físico e/ou
humano, o que implica baixa produtividade no sector dos BT. Quando a produtividade é
21
baixa, para o sector ser competitivo nos mercados mundiais, os salários têm que ser baixos.
Os salários também serão baixos no sector dos BNT pois a mobilidades dos trabalhadores,
os hábitos e os sindicatos tendem a evitar muita diferenciação inter sectorial dos salários.
Com salários mais baixos, os preços no sector dos BNT tenderá a serem menos elevados
nos países mais pobres.
Quadro 2: Comparação dos níveis de preço do PIB, 2000 (EUA=100)
22
4. Selecção de questões de testes e exames de anos lectivos anteriores
1º Teste
Ano Lectivo 2000/2001
7-Fevereiro-2001
1. Para um dado perfil de rendimento intertemporal, uma nação está tanto mais restringida nas suas
possibilidades de despesa intertemporal quanto:
a) menor for a dívida externa
b) maior for a taxa de juro
c) maior for a taxa de crescimento do produto
d) nenhuma das anteriores
Exame
12-Setembro-2001
Ano Lectivo 2000/2001
GRUPO III (Adaptado)
Na economia ‘Tudo bem’ os cidadãos não sentiram, até hoje, necessidade de ver criado um
governo, pois, segundo estes, “Cada indivíduo realiza o seu consumo intertemporal, em 2 períodos,
maximizando a sua satisfação!”. Sabe-se que uma das decisões tomadas por qualquer cidadão
representativo nessa matéria é a seguinte:
Consumir, no período 2, 350 unidades acima do rendimento disponível nesse período.
A decisão referida é tomada tendo em conta determinados parâmetros:
A taxa de juro real é de 10%;
O rendimento no período 1 é de 1000 unidades, por habitante;
O consumo máximo que cada cidadão pode realizar no período 2 é de 3000 unidades;
A função de utilidade do cidadão representativo é U=C10,25C20,75.
Suponha que foi criada uma Comissão de Avaliação, tendo em vista decidir sobre as eventuais
vantagens da criação de um governo nesta economia. A hipótese em análise corresponde ao
seguinte cenário:
a despesa pública teria um valor nominal constante ao longo do tempo, ascendendo a
400 unidades, por habitante, no período 1;
seria concedido um subsídio no valor de 100 unidades a cada habitante, mas apenas no
período 1;
o governo enfrentaria uma taxa e juro de 7%;
a maximização da riqueza dos particulares seria um objectivo prioritário do Governo.
23
1. Quantifique, justificando adequadamente, o impacto sobre a riqueza de um cidadão
representativo, que surge na sequência da criação do Governo.
2. Calcule o valor aproximado do ganho/perda que resulta para cada cidadão, em termos de riqueza,
pelo facto do Governo usufruir de uma taxa de juro inferior à dos particulares.
2º Teste
2.
Ano Lectivo 2001/2002
26-Junho-2002
Para que a competitividade externa de uma economia melhore é condição suficiente que:
a)
os preços no país aumentam menos que no exterior
b)
a taxa de câmbio nominal se deprecia
c)
a taxa de câmbio real se aprecia
d)
nenhuma das anteriores
Exame
3.
Ano Lectivo 2001/2002
13 – Setembro - 2002
Tudo o resto constante, dá-se uma apreciação real do Euro face ao USD quando:
a)
o nível de preços na zona Euro cresce na mesma percentagem que o nível de preços nos EUA, em
regime de câmbios fixos, sabendo que a cotação do USD em Euros é de 1
b)
num determinado período, a taxa de inflação nos EUA é metade da taxa de inflação na zona Euro
c)
o índice de preços na zona Euro aumenta em 10 pontos e o índice de preços nos EUA aumenta em
5 pontos
d)
o índice de preços nos EUA diminui em 5 pontos e o índice de preços na zona Euro diminui em 10
pontos
2º Teste
8 – Janeiro - 2004
Ano Lectivo 2003/2004
4. Imagine uma economia, inicialmente (ponto A) em equilíbrio das suas contas externas, observou
a dinâmica (de A para P e C) evidenciada no gráfico seguinte. Da análise do gráfico concluímos
que:
a)
A economia em YN1 apresenta um défice da sua
BTC primária e a evolução da sua taxa de câmbio
real terá sido no sentido da apreciação real.
Bens
transaccionáveis
b) A economia em YN1 apresenta um superávite da sua
C
A
BTC primária e a evolução da sua taxa de câmbio
real terá sido no sentido da apreciação real.
P
c)
A economia em YN1 apresenta um défice da sua
BTC primária e a evolução da sua taxa de câmbio
real terá sido no sentido da depreciação real.
YN1
Bens não transaccionáveis
d) A economia em YN1 está em equilíbrio externo.
24
5. Com a integração das políticas monetárias entre os países que compõem a área do Euro, o
comportamento das taxas de câmbio reais desses países entre si:
a)
Só depende das respectivas taxas de inflação externas.
b)
Depende dos diferenciais de inflação entre esses países.
c)
Depende dos ritmos de crescimento económico dos países em questão.
d)
Nenhuma das afirmações anteriores é verdadeira.
Exame Setembro
9 – Setembro - 2004
Ano Lectivo 2003/2004
6. O efeito Balassa-Samuelson traduz o facto:
a)
dos salários serem mais elevados em países mais pobres.
b)
dos preços dos bens não transaccionáveis serem mais elevados nos países mais pobres.
c)
de com salários mais baixos, os preços dos bens não transaccionáveis serem mais baixos em
países mais pobres.(R)
d)
da produtividade ser mais elevada em países mais pobres.
2º teste Junho 2006
Junho - 2006
Ano Lectivo 2005/2006
7. Sendo que a taxa de câmbio real efectiva afere a competitividade externa de uma economia,
num regime de câmbios (nominais) fixos, para que a respectiva competitividade melhore é
necessário que:
a) os preços do exterior aumentem mais do que os da economia em causa.
b) a taxa de câmbio nominal se aprecie.
c) o conjunto dos mais importantes parceiros comerciais vejam a sua competitividade externa
melhorar.
d) nenhuma das anteriores.
Grupo II
“A taxa de câmbio real subjacente a uma economia pouco desenvolvida tenderá a apreciar-se tanto
mais quanto mais reservas de recursos naturais (e.g. petróleo, gás natural) forem encontradas no
seu subsolo.”
Concorda com a afirmação supra citada? Justifique devidamente e relacione essa mesma afirmação
com o fenómeno da Dutch Disease.
25
Anexo 1: “How Much is That? Comparing the Costs of Goods & Services
Worldwide” (Runzheimer International, 1998)
In http://www.relojournal.com/aug98/prices.htm [acedido em 05.04.12]
Expatriates and business travelers will find that the price of goods and services varies
considerably worldwide, depending upon the local economy and current foreign exchange
rates, according to the latest analysis from Runzheimer International.
A bottle of spring water that sells for $1.79 in Amsterdam is only 59 cents in Rome and just
50 cents in Paris. A typical fast food meal (cheeseburger, fries and a soda) that will cost
visiting Americans $8.00 in Copenhagen is just $3.94 in Lisbon.
"Whether traveling or living abroad, knowing beforehand what your costs will be can make
the difference between a pleasant stay or a disaster," notes Michael Ray, Runzheimer
consultant. "The strength of the US dollar against a particular foreign currency such as the
Japanese yen, French franc, or Mexican peso, plays a large role in determining how far you
can stretch your dollar."
The price of film for your camera can vary from $3.31 for a 24 exposure roll of color print
film in Frankfurt to $6.50 in London. A tube of toothpaste (6.4 oz.) costs just $1.51 in
Toronto, but $5.56 in Copenhagen.
If you'
re moving overseas, it is wise to obtain a goods and services index comparing your
host location to your current place of residence," advises Ray. "Too many transferees on
overseas assignments focus only on housing and tax differentials, ignoring the expense of
daily purchases that can really eat into your budget."
Corporations that transfer many employees, either domestically or internationally, typically
examine four major cost components when calculating cost differences between two
locations: housing, taxes, transportation, and goods & services.
If you'
re in London, England with friends and want to spend the afternoon in the park, a
six-pack of beer will cost you nearly $8.00. The cheapest places to imbibe? You can grab a
six-pack in Athens, Madrid and Warsaw for under $3.00.
26
The goods and services shown in the table are part of a marketbasket of 10 broad categories
and include food at home, food away from home, tobacco, alcohol, furnishings and
household operations, clothing, domestic service, medical care, personal care and
recreation.
1998 Global Price Comparison of Selected Goods & Services
Spring
Candy
Fast
Woman'
s
Camera
Movie
Water
Bar
Food*
pack)
oz.)
Haircut
Film
Theater
Amsterdam
$1.79
$ .46
$5.50
$3.82
$2.71
$27.19
$3.98
$6.14
Athens
$ .65
$ .59
$4.51
$2.79
$3.19
$N/A
$4.63
$N/A
Brussels
$ .73
$ .46
$6.28
$4.57
$3.25
$36.77
$4.38
$5.99
Copenhagen
$ .98
$1.17
$8.00
$4.83
$5.56
$38.31
$5.89
$8.84
Frankfurt
$1.20
$ .34
$5.59
$3.11
$3.64
$26.76
$3.31
$8.42
Geneva
$ .86
$ .56
$8.37
$6.44
$4.61
$46.59
$4.43
$10.13
Lisbon
$ .43
$ .42
$3.94
$4.31
$3.23
$16.44
$3.79
$4.11
London
$1.06
$ .68
$6.08
$7.89
$4.32
$44.40
$6.50
$10.59
Madrid
$ .61
$ .55
$5.09
$2.86
$2.62
$N/A
$3.52
$N/A
Paris
$ .50
$ .59
$5.61
$4.13
$2.86
$32.61
$5.27
$8.40
Rome
$ .59
$1.00
$5.81
$5.45
$3.57
$35.30
$4.36
$7.12
Toronto
$1.37
$ .54
$3.92
$5.91
$1.51
$19.56
$3.32
$5.84
Warsaw
$ .49
$ .36
$3.31
$2.68
$2.03
$18.56
$5.32
$4.20
Location
Beer (6- Toothpaste (6.4
* Cheeseburger, fries and soda
The goods and services shown represent average prices in US dollars in the countries
shown and include sales tax and value added tax where appropriate. May 1998 foreign
exchange rates are used.
The items shown are part of 10 goods & services categories and include food at home, food
away from home, tobacco, alcohol, furnishings and household operations, clothing,
domestic service, medical service, personal care and recreation.
All research is conducted by Runzheimer International.
27
Anexo 2: Soluções
Solução
B
D
B
A
B
C
A
1
2
3
4
5
6
7
Grupo III
1. ∆ =-750 [se o governo pretende maximizar a riqueza dos particulares e a taxa de juro do
governo é inferior à dos privados, então T1=0]
2. ∆ =(r-rG)/(1+r)(G1+Z1-T1)=13,64
28
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