O fim do túnel Acontecimentos marcantes na sociedade do nosso tempo como o desemprego, empresas que desaparecem, modos de produção que passam para a obsolescência rapidamente permeiam nosso pensamento e assustam pelo impacto que podem ter em nossas vidas. Com certeza, todos nós podemos ser protagonistas destes fatos que afetam a sobrevivência no modo de vida de hoje, em nossa sociedade. Rapidamente podemos apontar responsáveis, entre eles a tecnologia com a automação, a modernização de processos e como não poderia ficar de lado, o governo. O aumento na produtividade, sem duvida, conta com a ajuda destes fatores, ou seja, pretende-se produzir mais com menos recursos. No século XVIII, este dilema era apontado pelo economista e sacerdote britânico Thomas Malthus. Na visão de Malthus, a população cresceria numa velocidade muito superior à capacidade de se produzir alimentos e portanto, estaria a sociedade fadada ao apocalipse da fome. A solução, segundo ele, para se evitar guerras, epidemias e a fome seria restringir os programas assistências públicos de caráter caritativo e um rigoroso controle de natalidade (através da abstinência sexual dos mais pobres). Em outras palavras o sacerdote achava que era preciso que alguns morressem mais rapidamente para que a produção de alimentos fosse suficiente para aqueles que ficassem. Outra solução, não apontada por Malthus, era o aumento da produção de alimentos através do aumento de produtividade. Nesta ótica, o governo inglês exigiu que se cercasse as terras com lavouras, para que os animais não destruíssem a produção. Aqueles que não tivessem condições de cercar as terras deveriam vendê-las àqueles que pudessem. Com isso, por um lado aumentou-se a produção de alimentos, por outro gerou-se desocupação (ou desemprego), obrigando esses agricultores a virem para as cidades ou para a América. A profecia de Malthus não se concretizou. A esse fato histórico se poderia somar inúmeros outros que relacionam produtividade com desemprego e tecnologia. Ainda assim, o nosso modo de vida se justifica pelo uso da tecnologia que possibilita a inclusão de milhares de pessoas no mercado de consumo. Deste a produção em massa do “FORD T preto” até o celular high tech. É fato, mas não fato novo, que se produzirá cada vez mais bens e serviços com menos trabalho e que os fantasmas continuarão a nos açoitar. Também continuará a haver previsões pessimistas que preconizarão o fim. Contudo, muitas profissões desapareceram e no seu lugar surgiram outras, nesta esteira da evolução da sociedade. A chave da sobrevivência continua na insaciabilidade do ser humano que sempre precisa de novos bens e serviços para satisfazer necessidades que nem imaginam. Instigar e criar essas necessidades renova e perpetua a nossa sobrevivência . Assim como a concorrência estimula as empresas a melhorem seus produtos e serviços, a incerteza quanto ao futuro nos move e não permite que nos acomodemos. Portanto, para aqueles que acham que não há nem mesmo o túnel, olhem bem, porque há luz no fim do túnel. Paulo André de Oliveira Economista