Química Orgânica II Docente: Prof. Diana Cláudia Gouveia Pinto Ano Lectivo: 2006/07 Curso(s): Licenciaturas Química, Bioquímica e Química Alimentar e Química Industrial e Gestão Escolaridade: 3h T - 1h TP - 0h P Unidades de Crédito: 3.5 OBJECTIVOS De acordo com o programa da disciplina, pretende-se dos alunos uma compreensão clara das propriedades e aplicações de aminas, ácidos carboxílicos e derivados e ainda dos conceitos de geometria das moléculas no espaço associados ao estudo da estereoquímica. No capítulo das biomoléculas pretende-se que os alunos apreendam um conjunto de conceitos associados ao estudo das propriedades, métodos de síntese e aplicações dos açúcares, aminoácidos, proteínas e lípidos. Pretende-se ainda que os alunos adquiram alguns conceitos básicos sobre reacções pericíclicas. METODOLOGIA Esta disciplina é constituída por aulas teóricas (um total de 3 horas por semana) e uma aula teórico-prática por semana. As aulas teóricas são destinadas à apresentação dos conceitos referidos no programa. Essa apresentação será efectuada com o auxílio de transparências e/ou apresentações em PowerPoint. As aulas teórico-práticas são destinadas à resolução de exercícios ilustrativos da matéria abordada nas aulas teóricas. A disciplina terá um site na plataforma Blackboard Learning onde serão disponibilizados, em formato electrónico, o material usado nas aulas teóricas e exercícios para serem resolvidos nas aulas teórico-práticas. O site serve, ainda, como meio de divulgação de notas de testes e outras informações relevantes ao longo do semestre. AVALIAÇÃO A avaliação de conhecimentos na disciplina de Química Orgânica I é efectuada por avaliação mista ou por avaliação final de acordo com o “Regulamento dos Estudos de Licenciatura” em vigor na Universidade de Aveiro, cabendo aos alunos a escolha do tipo de avaliação pretendida. Avaliação mista A escolha deste tipo de avaliação (AM) requer inscrição prévia. Esta avaliação é composta por cinco testes de curta duração (no máximo 1 hora) efectuados a meio do semestre e de acordo com um calendário apresentado no início do semestre. E por um teste sobre toda a matéria (duração máxima de 1 hora e 30 minutos) a realizar no dia do exame de avaliação final. A nota final da disciplina (ND) será calculada pela seguinte fórmula: ND = 0,5 T1 + 0,5 T2 onde T1 é a média aritmética dos testes de curta duração e T2 é a nota obtida no teste sobre toda a matéria Avaliação final A escolha deste tipo de avaliação (AF) está disponibilizada para todos os alunos inscritos na disciplina e é composto por um teste final (TF) e a nota final na disciplina (ND) será calculada pela seguinte fórmula: ND = TF Observações i) Os alunos que tenham optado pela avaliação mista, caso desistam no primeiro teste, são automaticamente transferidos para o sistema de avaliação final; ii) A classificação final é a classificação obtida em ND, por qualquer dos métodos de avaliação, desde que inferior ou igual a 16 valores iii) Os alunos cuja classificação seja superior a 16 valores e que pretendam candidatar-se a uma classificação final superior à nota de 16 valores sujeitar-se-ão a uma prova oral; iv) De acordo com o calendário escolar haverá lugar a uma época de recurso à qual são admitidos todos os alunos inscritos à disciplina. O exame de recurso será complementado com uma prova oral para defesa das classificações obtidas superiores a 16 valores. Química Orgânica II Ano Lectivo: 2006/07 Pág. 1 de 3 PROGRAMA 1 Estereoquímica Centros quirais: conceito de "carbono quiral". Estruturas resultantes da ligação de quatro átomos ou grupos de átomos diferentes a um carbono sp3. Distinção entre "estrutura quiral" e "par de estruturas quirais". Relação objecto/imagem em estruturas quirais. Enantiómeros: atribuição das designações R e S para distinguir um par de enantiómeros. Regras de Cahn, Ingold e Prelog. Projecções de Fischer: regras para operar com este tipo de projecção. Conversão das representações tridimensionais em projecções de Fischer. Moléculas com vários centros quirais: número máximo de estereoisómeros. Representação tridimensional e em projecção de Fischer. Enantiómeros e diastereómeros. Formas mesógiras Racematos e resolução de um racemato. Propriedades físicas e químicas de enantiómeros. Quiralidade e centros quirais: exemplos de moléculas quirais sem centros quirais e de moléculas aquirais com centros quirais. Actividade Óptica Natureza da luz: luz monocromática e luz polarizada. Substâncias opticamente activas: as experiências de Biot e de Pasteur. O polarímetro. Substâncias dextrógiras e levógiras. Rotação específica. Pureza química e pureza óptica. Interpretação da actividade óptica em substâncias quirais. Características quirais da luz polarizada. Importância da quiralidade molecular em processos biológicos. Origem da quiralidade na matéria viva: especulações. 2. Aminas Breve revisão sobre estrutura e propriedades físicas: Forças intermoleculares; pontes de hidrogénio; influência nos pontos de ebulição e solubilidade em água. Aminas primárias, secundárias e terciárias; aminas cíclicas. Preparação de aminas a partir de haletos de alquilo; redução de compostos nitrados; redução de nitrilos, oximas e amidas. Síntese de Gabriel. Reacções das aminas. Reacções com ácidos; formação de sais. Alquilação; metilação exaustiva e degradação de Hoffmann. Oxidação de aminas terciárias; eliminação de Cope Substituição aromática electrofílica em aminas aromáticas: efeito activante e orientador do grupo amino. O ácido sulfanílico. Importância das respectivas sulfonamidas. Reacção com ácido nitroso: natureza instável do ácido nitroso. Uso dos respectivos sais. Comportamento das aminas primárias, secundárias e terciárias, aromáticas ou alifáticas, na presença do ácido nitroso. Formação dos sais de diazónio. Sais de diazónio: estrutura e reacções. Sais de diazónio como intermediários na preparação de haletos de arilo, fenóis, ácidos carboxílicos e compostos azóicos. Importância e aplicações de alguns compostos azóicos. 3. Ácidos Carboxílicos e Derivados Breve revisão sobre estrutura e propriedades físicas: Estrutura electrónica do grupo funcional; formas de ressonância Ponto de fusão e solubilidade em água. Solubilidade dos sais de ácidos carboxílicos. Sais de ácidos de cadeia longa. Acidez de ácidos carboxílicos. Estabilização do anião carboxilato por ressonância. Efeito dos grupos R (ou Ar). Síntese de ácidos carboxílicos: oxidação de alcenos com permanganato ou ozono; oxidação de álcoois primários e aldeídos; oxidação de alquilbenzenos; oxidação de metilcetonas; hidrólise de alquil- e arilnitrilos; carbonatação de reagentes de Grignard. Reacções dos ácidos carboxílicos: formação de sais; halogenação do carbono α; substituição acílica e mecanismo da reacção. Comparação do comportamento de ácidos carboxílicos e de aldeídos (ou cetonas) em reacções com espécies nucleofílicas. Formação de cloretos de acilo, amidas, anidridos e ésteres. Descarboxilação de β-cetoácidos. Reacção de esterificação directa; mecanismo da reacção. Triglicerídeos: estrutura; ácidos gordos e saponificação. Emulsão de gorduras. Forma e actuação de sabões e detergentes sintéticos. Reacções de derivados de ácidos carboxílicos Reacções de cloretos de acilo: conversão em ésteres e amidas; acilação de Friedel-Crafts; hidrólise. Reacções de amidas: hidrólise Reacções de ésteres: amonólise (conversão em amidas); transesterificação; reacção com reagentes de Grignard; redução e hidrólise. Reacção de anidridos: conversão em ésteres e amidas; hidrólise. Lactonas, lactamas e imidas. Química Orgânica II Ano Lectivo: 2006/07 Pág. 2 de 3 4. Aminoácidos e Peptídeos Estrutura e propriedades físicas: Os α-aminoácidos. Pontos de fusão e solubilidades em água. Formas diiónicas. Características anfotéricas. pKa e pKb de um aminoácido. Ponto isoeléctrico. Curva de titulação de um aminoácido. Relação entre pI e pK1 e pK2. Relação entre pK1, pK2 e pKa, pKb. Electroforese; Princípios gerais. Relação entre a configuração dos aminoácidos naturais e o gliceraldeído; L-aminoácidos. Ligação peptídica: peptídeos, polipeptídeos e proteínas. Síntese de aminoácidos: amonólise de ácidos carboxílicos α-halogenados; método da ftalimida potássica; método do éster malónico; síntese de Strecker Análise de peptídeos: estrutura primária de um peptídeo; método de Sanger; degradação de Edman; estrutura secundária e terciária de um peptídeo; hidrólise e desnaturação. Síntese de peptídeos: protecção de terminais amínico e carboxílico; activação e acoplamento; Síntese em fase sólida. 5. Hidratos de Carbono Conceito de hidrato de carbono: características gerais dos hidratos de carbono. Os monossacarídeos. Séries D e L. O gliceraldeído. Classificação dos monossacarídeos em aldoses e cetoses. Representação dos monossacarídeos em projecções de Fischer. "Construção" das estruturas das aldotetroses, aldopentoses e aldo-hexoses a partir do gliceraldeído. Nomenclatura respectiva. Estrutura da glucose: a forma aberta e fechada. Anómeros e carbono anomérico. Formas alfa e beta glucose. Diferentes representações da glucose. Fórmulas de Haworth e conformações em cadeira. Reacções de monossacarídeos: com álcoois em meio ácido - formação de glicosídeos. Isomerização e fragmentação em meio alcalino, epímeros e epimerização. Metilação com iodeto de metilo e sulfato de metilo. Acetilação com anidrido acético. Oxidação: oxidação com reagente de Tollens e Fehling; açúcares redutores e não redutores; oxidação com Br2/H2O e com HNO3. Ácidos aldónicos, aldáricos e aldurónicos. Oxidação com HIO4 (clivagem da cadeia carbonada). Redução: formação de alditóis. Adição de CN-/H+. Adição de derivados de amoníaco: hidroxilamina; fenil-hidrazina (formação de osazonas e osonas). Interesse da reacção na caracterização e identificação de monossacarídeos. Reacções que permitem a extensão da cadeia carbonada: Adição de cianeto e redução dos correspondentes ácidos aldónicos. Dissacarídeos: a ligação glicosídica, α e β glicosídeos. Dissacarídeos redutores e não redutores. Exemplos: sacarose, maltose e lactose. Polissacarídeos: o amido e a celulose. Principais diferenças. Determinação do número de terminais numa cadeia de celulose através da oxidação com ácido periódico. 6. Reacções pericíclicas Reacções de cicloadição [2+2] e [4+2]. Conceito de dieno e dienófilo. Conceito de reacção concertada. Versatilidade das reacções de cicloadição. Efeito dos substituintes nas reacções de Diels-Alder: na reactividade, na regiosselectividade e na estereosselectividade. Conceito de aducto endo e exo. Reacções electrocíclicas: definições e exemplos. BIBLIOGRAFIA Francis A. Carey, Organic Chemistry, 4rd ed., McGraw-Hill, 2000 R. Morrison & R. Boyd, Química Orgânica, Fundação Calouste Gulbenkian T. W. G. Solomons, Organic Chemistry, 6th ed., John Wiley & Sons Inc., 1996 L. G. Wade, Jr., Organic Chemistry, 3rd ed., Prentice-Hall, 1995 K. Peter C. Vollhardt & Neil E. Schore, Organic Chemistry, 3rd ed., W.H. Freeman and Company, 1999 Jonathan Clayden, Nick Greeves, Stuart Warren & Peter Wothers, Organic Chemistry, 1rd ed., Oxford University Press, 2001 O Regente da Disciplina Química Orgânica II Ano Lectivo: 2006/07 Pág. 3 de 3