Integra a edição 1637 Quarta-feira, 08 de Fevereiro de 2012 Cigarro e gravidez: a problemática em números Pág. 03 2 Quarta-feira, 08 de Fevereiro de 2012 ‘Andropausa' atinge um em cada quatro homens acima dos 50 anos Alterações no humor, perda da massa muscular e diminuição da libido são os sintomas mais comuns, alertam especialistas Ilustração/SXC.hu População mais afetada pela andropausa está acima dos 50 anos Me sinto cansado, mal humorado e minha potência sexual não é mais a mesma". Este depoimento é relatado por um em cada quatro homens com mais de 50 anos atendidos por urologistas no Centro de Referência em Saúde do Homem, órgão da Secretaria de Estado da Saúde, na zona sul da capital paulista. A chamada Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino, popularmente chamada de "andropausa", é a queda na produção de testosterona, principal hormônio masculino, e atinge 25% da população masculina, a partir dos 50 anos. Fadiga, alterações no sono e no humor, redução de massa muscular e óssea, além de diminuição da libido (desejo sexual) são os sintomas apresentados pelo distúrbio, e relatados pelos pacientes. "Para o corpo da mulher, a menopausa representa a interrupção total da produção de hormônios. No homem as taxas são reduzidas a cada ano, mas quando esta queda é mais acelerada o corpo responde com os sintomas de descompasso", explica o médico responsável pelo serviço de urologia, Cláudio Murta. Os homens que apresentam a deficiência podem desenvolver osteoporose, problemas cardiovasculares e disfunção erétil. O tratamento baseado em reposição hormonal oferece qualidade de vida e bem estar aos pacientes. Entretanto, o uso indiscriminado de hormônios como a testosterona traz danos graves à saúde. "É importante ressaltar que " somente um especialista pode indicar esta reposição. Tomar hormônios de forma errada causa apneia, alterações na micção e doenças no fígado", destaca o coordenador do Centro de Referência em Saúde do Homem, Joaquim Claro. A alimentação saudável, aliada à prática de exercícios físicos, pode ajudar a combater o distúrbio. Os homens devem restringir refeições ricas em colesterol e açúcar e optar pelos pratos ricos em vitaminas, fibras e antioxidantes, como hortaliças, peixes e frutas oleaginosas (castanhas e nozes, por exemplo). A Testosterona Essa substância é o principal hormônio androgênico. Presente 30 vezes mais no homem, ela é produzida pelos testículos. Sua função no organismo humano é diretamente no comportamento sexual, tendo seu ápice geralmente aos 17 anos. Após os 30 anos, seu índice começa a cair, gradativamente, entre 0,5% e 1% ao ano, reduzindo também seus efeitos. Ela também está relacionada com a agressividade humana e com o armazenamento de gordura. 3 Quarta-feira, 08 de Fevereiro de 2012 Risco: Em cada 10 mulheres grávidas, uma consome cigarro Levantamento da Saúde aponta que pelo menos uma mulher fumante dá a luz por dia em maternidade estadual da zona sul de São Paulo Rosana Souza/Folha Moradora de Ribeirão Pires confirma uso de cigarro durante gestação Levantamento inédito realizado pelo serviço de neurocirurgia do Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo (antigo Hospital Estadual Brigadeiro), unidade da Secretaria de Estado da Saúde na capital paulista, mostra que nos últimos dois anos, 62% dos usuários que tiveram aneurismas cerebrais fumavam regularmente. A pesquisa também aponta que 80% dos pacientes submetidos à microcirurgia são do sexo femini- no e têm entre 40 e 60 anos. No total foram analisados 250 casos. A unidade atende, em média, mil pessoas por ano com a doença. O cigarro é capaz de "destruir" a proteína fibrosa e elástica, chamada de elastina, encontrada na parede dos vasos sanguíneos. Por isso, facilita a ocorrência de um aneurisma, que ocorre quando há dilatação anormal de uma artéria do cérebro. É o sangramento causado pelo rompimento deste vaso que pode levar o paciente à morte. O “Minha mãe também fumou na gravidez, e eu nasci com bronquite asmática. Penso bastante nisso, mas quando bate a vontade é complicado”, confirma. No entanto, a jovem diz não deixar de lado os exames de rotina, onde todos até agora não apontaram anormalidades. Para especialistas, o uso da nicotina pode ter sérias consequências. “O cigarro é um dos principais elementos ligados à má formação fetal. O uso dele durante a gestação pode levar a uma série de consequências para mãe e filho”, diz Marcelo Arid, especialista em ginecologia e obstetrícia da Santa Casa de Ribeirão Pires. Entre as reações que podem acontecer estão o Pequeno para Idade Gestacional (PIG), Sequela Neurológica Fetal, que compromete o desenvolvimento motor da criança, além da Doença Hipertensiva Específica da Gravidez, esta afetando a gestante. Para interromper o fumo ao menos durante a gravidez, o médico ressalta que não é permitido o uso de medicamentos, assim Armando Lima/Folha 2/3 dos casos de aneurisma estão ligados ao tabagismo consumo de cigarro por mulheres durante a gravidez ainda é presente, e em números alarmantes. É o que aponta levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo na Maternidade Estadual Interlagos. Uma mulher fumante dá à luz por dia, em média, em uma das maiores maternidades públicas de São Paulo. Entre fevereiro e novembro do ano passado, 436 gestantes fumantes deram à luz na unidade. O número representa 10% do atendimento no período, ou seja, uma em cada 10 mulheres grávidas. Mas o problema não é só na capital. “Eu tentei, mas não consegui”, afirma uma gestante de 19 anos, fumante desde os 15, moradora da Estância e que preferiu não se identificar. Ela está no nono mês de gestação, e continua fumando. “Sabia que não podia fumar. Nas duas primeiras semanas eu parei, aí comecei a comer muito. Nessa hora voltei a fumar pouco, mas logo retornei ao habitual. É difícil”, analisa. Quanto aos impactos, a jovem aparenta preocupação. Especialistas da Santa Casa explicam motivos e consequências do fumo como na amamentação. Para isso, se faz uso da psicologia. "Devido às limitações do emprego de medicamentos no controle do tabagismo durante a gestação, os aspectos psicológicos da dependência da futura mãe, devem ser explorados e amplamente abordados por meio da psicoterapia. Variando de acordo com o grau de motivação da gestante, várias técnicas podem ser empregadas com sucesso e aplicadas individualmente ou em grupo. Fazemos um trabalho para descobrir o que levou a pessoa a começar a fumar. Com o levantamento em mãos, podemos trabalhar a parte motivacional da gestante”, diz Andreia da Silva Costa, psicóloga da Santa Casa da Estância. Segundo ela , a dependência do cigarro, além da parte química no organismo, acontece por vários fatores. Ansiedade, grupo de amigos, influências e até traumas podem levar uma pessoa a fumar. No caso da adolescente desta reportagem, ela analisa. “Possivelmente ela tentou substituir o uso do cigarro pelo alimento, na busca de suprir uma ansiedade, ou outras necessidades também ligadas a questões emocionais. Além disso, o fato da mãe ser fumante pode ter influência, pois os pais são norteadores de comportamento. Por isso a importância do acompanhamento psicológico”, diz a especialista. A dificuldade em largar o vício, e os seus malefícios para mãe e bebê, são confirmadas por ambos especialistas. Por isso, vale lembrar: procure sempre seu ginecologista. E, se caso for, confirme o uso, para que a questão seja trabalhada da melhor forma possível. 4 Quarta-feira, 08 de Fevereiro de 2012 Depressão e ansiedade lideram emergência psiquiátrica em São Paulo Dependência química representa 13% dos atendimentos em pronto socorro público especializado em saúde mental na zona norte SXC.hu/Ilustração Estudo feito pela Saúde de São Paulo aponta números elevados de casos rises de depressão e ansiedade lideram o atendimento de emergências psiquiátricas no maior pronto socorro especializado em psiquiatria da capital paulista. É o que aponta levantamento da Secretaria de Estado da Saúde com base nos dados do PAI (Polo de Atenção Intensiva) em Saúde Mental, unidade da pasta localizada na zona norte. Do total de pacientes atendidos no serviço, 25% têm diagnóstico primário de depressão ou de transtorno de ansiedade. Problemas com dependência química são responsáveis por 13% dos casos. Já os surtos psicóticos representam 12% dos atendimentos, enquanto os transtornos bipolares respondem por 7% e outros transtornos ansiosos, 6%. Para a gerente médica do PAI, Célia Gallo, o nível alto de estresse da vida moderna em uma grande capital, como São Paulo, pode ser considerado uma possí- C vel causa para os quadros prevalentes de depressão e ansiedade atendidos no local, mas não a única. A médica explica que os mesmos diagnósticos são encontrados também no meio rural, onde a vida é mais tranquila, por exemplo. Ela também analisa que apesar de serem o principal motivo da busca do serviço para 13% dos pacientes, as drogas podem ter influência indireta junto a um número muito maior de casos. "Os diagnósticos (do levantamento) são os primários, os que levaram aquele paciente ao pronto socorro. Mas, é preciso entender que alguns destes pacientes podem ter comorbidades combinadas com a dependência química", afirma Célia. Dos 20,7 mil pacientes atendidos pelo PAI em 2010, 51% estavam em idade produtiva e tinham entre 19 e 40 anos. O PAI da Zona Norte é uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Associação Congregação de Santa Catarina. Instalado na área do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, possui 30 leitos de internação, 13 de observação e um ambulatório para acolher os pacientes. Seu foco é o atendimento em psiquiatria. A demanda espontânea (pacientes que procuram o serviço) representa 88% dos atendimentos. Também mantém projetos diferenciados para seus pacientes e familiares, como a da Cozinha Experimental, que ocorre duas vezes por mês e visa fortalecer os vínculos entre as equipes e os pacientes, trabalhando habilidades como a organização e autonomia. Outro projeto inovador é o Casulo, que abre espaço para discussão e informação dos pacientes, familiares e dos profissionais, desmistificando o termo "loucura" e proporcionando um trabalho de reflexão sobre o tema.