UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERMAGEM JÚLIA CARNEIRO GODOY DE SOUSA USO DO CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL NA REGIÃO CENTRO-OESTE GOIÂNIA, 2010 2 Termo de Ciência e de Autorização para Publicação de Teses e Dissertações Eletrônicas (TEDE) na Biblioteca Digital da UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo à Universidade Federal de Goiás – UFG a disponibilizar gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação Autor(a): Júlia Carneiro Godoy de Sousa E-mail: [email protected] Título: USO DO CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL NA REGIÃO CENTRO-OESTE Palavras-chave: Cateterismo venoso central, Recém-nascido, Terapia intensiva neonatal, enfermagem Título em outra língua: The use of peripherally inserted central catheter in a neonatal intensive care unit in the west central region Palavras-chave em outra Central venous catheterization, Newborn, Neonatal intensive care, Nursing língua: Área de concentração: A Enfermagem no cuidado à saúde humana. Número de páginas: 125 Data defesa: 22/04/2010 Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Orientador(a): Profª Drª Ana Lúcia Queiroz Bezerra CPF: E-mail: [email protected] Co-orientador(a): CPF: E-mail: Agência de fomento: CNPQ Sigla: País: Brasil UF: CNPJ: 3. Informações de acesso ao documento: Liberação para publicação? 1 [ X ] total [ ] parcial Em caso de publicação parcial, assinale as permissões: [ ] Capítulos. Especifique: _____________________________________________________ [ ] Outras restrições: _________________________________________________________ Havendo concordância com a publicação eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF desbloqueado da tese ou dissertação, o qual será bloqueado antes de ser inserido na Biblioteca Digital. O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contento eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua publicação serão bloqueados através dos procedimentos de segurança (criptografia e para não permitir cópia e extração de conteúdo) usando o padrão do Acrobat Writer. ____________________________ Data: ____/_____/_____. Assinatura do(a) autor(a) 1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre disponibilizados. 3 JÚLIA CARNEIRO GODOY DE SOUSA USO DO CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL NA REGIÃO CENTRO-OESTE Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: A Enfermagem no Cuidado à Saúde Humana. Linha de pesquisa: Fundamentação teórica e desenvolvimento de tecnologias para a produção do conhecimento e para o cuidar em Saúde e Enfermagem. Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Queiroz Bezerra. GOIÂNIA, 2010 4 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP) GPT/BC/UFG S725u Sousa, Júlia Carneiro Godoy de. Uso do cateter central de inserção periférica em uma unidade de terapia intensiva neonatal na região centro-oeste [manuscrito] / Júlia Carneiro Godoy de Sousa. - 2010. xv, 125 f. : il., figs, tabs. Orientadora: Profª. Drª. Ana Lúcia Queiroz Bezerra. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Enfermagem, 2010. Bibliografia. Inclui lista de figuras, abreviaturas, siglas e tabelas. Apêndices. 1. Cateterismo venoso central.2. Recém-nascido. 3. Terapia intensiva neonatal. 4. Enfermagem. I. Título. CDU: 616-083-053.31 5 FOLHA DE APROVAÇÃO JÚLIA CARNEIRO GODOY DE SOUSA USO DO CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL NA REGIÃO CENTRO-OESTE Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Aprovada em 22 de Abril de 2010. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Profa. Dra. Ana Lúcia Queiroz Bezerra – Presidente Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás __________________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Angélica Sorgini Peterlini – Membro Efetivo Externo Escola Paulista de Enfermagem – Universidade Federal de São Paulo _________________________________________________________ Profa. Dra. Ana Elisa Bauer de Camargo Silva – Membro Efetivo Interno Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás ___________________________________________________________ Profa. Dra. Carmem Silva Gabriel – Membro Suplente Externo Escola de Enfermagem – Universidade de São Paulo __________________________________________________________ Profa. Dra. Ruth Minimisawa – Membro Suplente Interno Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás 6 DEDICATÓRIA A todos os bebês prematuros que passaram pelas minhas mãos e me despertaram a paixão pela Neonatologia. Ao Rafael que, mesmo ainda tão pequeno no meu ventre, já mudou completamente a minha vida, me trazendo a felicidade da maternidade. 7 AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Agradeço imensamente a meu marido, Marcus, sempre ao meu lado, paciente, amoroso, contribuindo e colaborando de todas as formas possíveis para a realização do mestrado e desta pesquisa. Não sei o que seria de mim sem você! A meus pais, Luci e Heleno, pelo amor, carinho e preocupação constante. Vocês são exemplos na minha vida! A minha irmã, Mariana, pelo amor, carinho e paciência em aguardar o tão esperado sobrinho, postergado em prol do mestrado. Ao anjinho que reza por mim aqui da Terra: vovó Elza! Aos anjinhos que cuidam de mim lá do céu: vovô Bernardino, vovó Luzia e vovô Vadico! Vocês fazem falta em nossas vidas! 8 AGRADECIMENTOS A todos os recém-nascidos que participaram desta pesquisa e a seus pais por autorizarem essa participação. A Profa. Dra. Ana Lúcia Queiroz Bezerra pela orientação que tanto enriqueceu a minha pesquisa e pela oportunidade de trabalhar este tema. Agradeço ao destino, por tão sabiamente, colocá-la em meu caminho. Às Profas. Dra. Ana Elisa Bauer de Camargo Silva pelas contribuições indispensáveis dadas em Seminários de Pesquisa II, exame de qualificação e banca de defesa e Dra. Maria Angélica Sorgini Peterlini, pela valiosa participação na banca de defesa. À Profa. Dra. Ruth Minimisawa, pelas ricas correções realizadas no exame de qualificação. Às Profas. Dra. Sheila de Araújo Teles e Dra. Anaclara Tipple, pelos ensinamentos e contribuições dados em Seminários de Pesquisa II. Ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da UFG, representado pela coordenadora, Dra. Maria Márcia Bachion, pelo carinho que me fez sentir em casa. À Profa. Dra. Ana Karina Marques Salge, pelo acolhimento e colaboração indispensáveis durante o processo seletivo do mestrado. Às Profas. e amigas queridas Fernanda Ferreira, Karina Suzuki e Karina Machado, pela amizade, por acreditarem em mim e por apoiarem a minha pesquisa. Jamais esquecerei a ajuda que me deram. A todos os docentes do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, pelos ensinamentos e crescimento profissional proporcionados pelas disciplinas. A todas as colegas do Mestrado (turma 2008), por me acolherem e pela verdadeira família que construímos juntas. Em especial, pelo apoio, incentivo e amizade: Ana Lúcia, Gelda, Giulena, Heliny, Katiane e Wágna. À Enfa. Maria Alice Coelho, Diretora de Enfermagem do Hospital das Clínicas da UFG, pela oportunidade de realização da pesquisa e por acreditar no meu potencial. À Enfa. Valdenes Dourado, Gerente de Enfermagem da UTIN do Hospital das Clínicas da UFG, pelo exemplo de profissional e por tudo que fez e faz por mim. 9 Palavras não conseguiriam expressar o tamanho da admiração, carinho e respeito que tenho por você. Com orgulho digo que cresci muito como enfermeira, a partir do momento em que comecei a trabalhar com você. À Dra. Fernanda Peixoto, Coordenadora Médica da UTIN do Hospital das Clínicas da UFG, pela oportunidade de realizar a pesquisa na unidade e pelo apoio à utilização do PICC na população neonatal. A todos os profissionais que trabalham ou trabalharam na UTIN do Hospital das Clínicas da UFG, por contribuírem na pesquisa, em especial às enfermeiras: Lana, Mônica Angélica, Lílian, Neuza, Eldi, Gelda, Marcela, Mônica Batista, Zuleika, Luciana, Sílvia e Heliana. Muito obrigada pela participação, paciência e atenção dispensadas à coleta de dados da pesquisa! A melhor equipe de plantão do mundo, com a qual aprendi, me diverti e cresci profissionalmente: Cláudia, Cleonice, Francelina, Heliana, Valquíria Gonçalves e Valquíria Vicente. Vocês fazem parte da minha vida e são verdadeiros exemplos de profissionais! Cada noite que passamos juntas ficará guardada na minha memória. A três grandes amigas, Enfa. Lina Messias, Dra. Sibely Maia e Enfa. Jaciane Lopes por defenderem, com “unhas e dentes”, o PICC na população neonatal, por transporem comigo os obstáculos do início da utilização do PICC em Goiânia e pelas conquistas de sua divulgação juntos aos profissionais de outras UTINs, que atualmente também adotam o PICC. Aprendi muito com vocês! A uma grande e especial amiga, Alexandra Assis, que tanto me ensinou sobre os recém-nascidos e pela verdadeira doação aos prematuros e crianças. Nossa amizade vale ouro na minha vida! A toda equipe de profissionais da UTI Infantil do Hospital Materno Infantil de Goiânia, pela compreensão pelas minhas ausências nesses dois últimos anos e pela contribuição indireta à minha pesquisa. 10 Declaração Universal dos Direitos do Bebê Prematuro Artigo I - Todos os prematuros nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência. Possuem vida anterior ao nascimento, bem como memória, aprendizado, emoção e capacidade de resposta e interação com o mundo em sua volta. Artigo II - Todo prematuro tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. Artigo III - Nenhum prematuro será arbitrariamente exilado de seu contexto familiar de modo brusco ou por tempo prolongado. A preservação deste vínculo, ainda quando silenciosa e discreta, é parte fundamental de sua vida. Artigo IV - Todo prematuro tem direito ao tratamento estabelecido pela ciência, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Sendo assim, todo prematuro tem o direito de ser cuidado por uma equipe multidisciplinar capacitada a compreendê-lo, interagir com ele e a tomar decisões harmônicas em seu beneficio e em prol de seu desenvolvimento. Artigo V - Todo prematuro tem direito à liberdade de opinião e expressão, portanto deverá ter seus sinais de aproximação e afastamento identificados, compreendidos, valorizados e respeitados pela equipe de cuidadores. Nenhum procedimento será considerado ético quando não levar em conta para sua execução as necessidades individuais de contato ou recolhimento do bebê prematuro. Artigo VI - Nenhum prematuro será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Sua dor deverá ser sempre considerada, prevenida e tratada através dos processos disponibilizados pela ciência atual. Nenhum novo procedimento doloroso poderá ser iniciado até que o bebê se reorganize e se restabeleça da intervenção 11 anterior. Negar-lhe esse direito é crime de tortura contra a vida humana. Artigo VII - Todo prematuro tem direito ao repouso, devendo por isso ter respeitados seus períodos de sono superficial e profundo que doravante serão tomados como essenciais para seu desenvolvimento psíquico adequado e sua regulação biológica. Interromper de forma aleatória e irresponsável sem motivo justificado o sono de um prematuro é indicativo de maus tratos. Artigo VIII - Todo prematuro tem o direito inalienável ao silêncio que o permita sentir-se o mais próximo possível do ambiente sonoro intra-uterino, em respeito a seus limiares e à sua sensibilidade. Qualquer fonte sonora que desrespeite esse direito será considerada criminosa, hedionda e repugnante. Artigo IX - Nenhum prematuro deverá, sob qualquer justificativa, ser submetido a procedimento estressante aplicado de forma displicente e injustificada pela Equipe de Saúde, sob pena da mesma ser considerada negligente, desumana e irresponsável. Artigo X - Todo prematuro tem direito a perceber a alternância entre a claridade e a penumbra, que passarão a representar para ele a noite e o dia. Nenhuma luz intensa permanecerá o tempo inteiro acesa e nenhuma sombra será impedida de existir sob a alegação de monitorização contínua sem que os responsáveis por estes comportamentos deixem de ser considerados displicentes, agressores e de atitude dolosa. Artigo XI - Todo prematuro tem o direito, uma vez atingidas as condições básicas de equilíbrio e vitalidade, ao amor materno, ao calor materno e ao leite materno que lhe são oferecidos através do Método Mãe Canguru. Caberá à Equipe de Saúde prover as condições estruturais mínimas necessárias a esse vínculo essencial e transformador do ambiente prematuro. Nenhum profissional ou cargo de comando em nenhuma esfera tem a prerrogativa de impedir ou negar a 12 possibilidade desse vínculo que é símbolo da ciência tecnocrata redimida. Artigo XII - Todo prematuro tem o direito de ser alimentado com o leite de sua própria mãe ou, na falta deste, com o de outra mulher, tão logo suas condições clínicas assim o permitirem. Deverá ter sua sucção corretamente trabalhada desde o início da vida e caberá à equipe de saúde garantir-lhe esse direito, afastando de seu entorno bicos de chupetas, chucas ou de qualquer outro elemento que venha interferir negativamente em sua sucção saudável, bem como assegurando seu acompanhamento por profissionais capacitados a facilitarem esse processo. Nenhum custo financeiro será considerado demasiadamente grande quando aplicado com esse fim. Nenhuma fórmula láctea será displicentemente prescrita e nenhum zelo será descuidadamente aplicado sem que isso signifique desatenção e desamparo. O leite materno, doravante, será considerado e tratado como parte fundamental de sua vida. (Dr. Luís Alberto Mussa Tavares – Médico Pediatra) 13 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS RESUMO ABSTRACT RESUMEN APRESENTAÇÃO 25 1. INTRODUÇÃO 29 2. OBJETIVOS 33 2.1.Geral 33 2.2. Específicos 33 3. REVISÃO DA LITERATURA 35 3.1. O início da terapia intravenosa 35 3.2. Os cateteres intravenosos e a neonatologia 38 3.3. O cateter central de inserção periférica 40 3.3.1. Indicações e contra-indicações 42 3.3.2. Descrição e manejo 43 3.3.3. A inserção do PICC 47 3.3.4. A manutenção do PICC 48 3.3.5. A remoção do PICC 50 3.3.6. As complicações relacionadas ao uso do PICC 51 3.4. O papel do enfermeiro no manejo do PICC 52 3.5. O movimento pela qualidade do cuidado 54 4. METODOLOGIA 59 4.1. Tipo de estudo 59 4.2. Local do estudo 59 4.3. Estrutura organizacional da UTIN e o uso do PICC 60 4.3.1. Processo de trabalho dos profissionais 62 4.4. População 70 4.5. Coleta de dados 71 4.5.1. Instrumento 71 14 4.6. Procedimento para a coleta de dados 76 4.7. Aspectos éticos 77 4.8. Análise dos dados 77 5. RESULTADOS 80 5.1. Caracterização dos recém-nascidos 80 5.2. Estrutura organizacional da UTIN e o uso do PICC 83 5.3. O trabalho dos profissionais e o PICC 85 5.4. Os indicativos de resultados no uso do PICC 87 5.5. Complicações na inserção, manutenção e remoção do PICC 89 6. DISCUSSÃO 94 7. CONCLUSÕES 106 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 109 REFERÊNCIAS ANEXO APÊNDICES 15 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Fluxograma de simbologias 66 Figura 2. Diagrama-fluxo do Processo de Inserção do PICC 67 Figura 3. Diagrama-fluxo do Processo de Manutenção do PICC 68 Figura 4. Diagrama-fluxo do Processo de Remoção do PICC 69 Figura 5. Fluxograma da seleção dos procedimentos na pesquisa 71 16 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Características dos recém-nascidos submetidos ao procedimento de inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=56) Tabela 2. 81 Distribuição das medidas descritivas das variáveis de caracterização dos recém-nascidos submetidos à inserção de PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=56) 83 Tabela 3. Distribuição das variáveis de estrutura para a inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) 84 Tabela 4. Distribuição das variáveis de processo para a inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) 86 Tabela 5. Medidas descritivas das variáveis de processo para a inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) 87 Tabela 6. Distribuição das variáveis de resultado no uso do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) 88 Tabela 7. Medidas descritivas da variável de resultado na inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) 89 Tabela 8. Distribuição das complicações, durante a inserção, manutenção e remoção de PICC em recém-nascidos na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) 90 Tabela 9. Distribuição dos procedimentos de inserção de PICC, segundo resultados laboratoriais de investigação diagnóstica de ICSRC** na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, GO, 2009. (N=19) 92 17 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEN – Associação Brasileira de Enfermagem ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária ATB – Antibiótico CCIP – Cateter Central de Inserção Periférica CDC – Centers for Disease Control and Prevention CID - 10 – Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (décima versão) CME – Central de Material e Esterilização COREN – Conselho Regional de Enfermagem COFEN – Conselho Federal de Enfermagem CVC – Cateter Venoso Central DML – Depósito de Material de Limpeza Fr – French (unidade de medida de diâmetro) ICSRC – Infecção de Corrente Sanguínea Relacionada a Cateter INS – Infusion Nurses Society MS – Ministério da Saúde NPT – Nutrição Parenteral Total pH – Potencial Hidrogeniônico PICC – Peripherally Inserted Central Catheter POP – Procedimento Operacional Padrão RN – Recém-nascido SF0,9% - Solução Fisiológica a 0,9% de concentração SOBETI – Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Terapia Intensiva SUS – Sistema Único de Saúde UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal WHO – World Health Organization 18 RESUMO SOUSA, J. C. G. de USO DO CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL NA REGIÃO CENTROOESTE. 2010. 125f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010. O cateter central de inserção periférica (PICC) tem sido cada vez mais utilizado em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais, particularmente no tratamento de recémnascidos prematuros que necessitam de acesso venoso por tempo prolongado, pela segurança na terapia parenteral e pela qualidade da assistência, evitando o desconforto de repetidas punções. O objetivo geral foi analisar os resultados do uso do PICC em recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de um Hospital Universitário do município de Goiânia, Goiás. Os objetivos específicos foram: caracterizar a população de recém-nascidos que foram submetidos a inserção de PICC durante suas internações, caracterizar os aspectos relacionados a inserção, manutenção e remoção do PICC e descrever as complicações ocorridas com os recém-nascidos durante seu uso. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, de delineamento longitudinal e coleta prospectiva de dados, realizado durante os meses de maio de 2008 a maio de 2009. Foram incluídos 64 procedimentos de inserção de PICC em 56 recém-nascidos, realizados por enfermeiros e médicos da unidade. Os dados foram obtidos nos registros dos prontuários, registros de enfermagem e em formulário próprio, pelos enfermeiros da unidade e pela pesquisadora, respeitando os princípios éticos de pesquisa em seres humanos e animais e aprovação pelo Comitê de Ética. Os dados foram processados pelo programa estatístico Epi-Info® for Windows, versão 3.5.1. e apresentados em forma de tabelas com seus valores absolutos, relativos e medidas de tendência central, dispersão e amplitude. Pelos resultados, 53,6% dos recém-nascidos eram do sexo masculino, 85,7% prematuros, com idade gestacional média ao nascimento de 32,9 semanas, 37,5% de baixo peso ao nascimento, sendo o peso médio ao nascimento de 1814,2g. A maioria (83,9%) recebeu o 1º PICC ainda na primeira semana de vida, com 6,5 dias de vida, em média. Os distúrbios relacionados à duração da gestação e desenvolvimento fetal foram os mais diagnosticados (175%). O uso de medicamentos vesicantes apareceu em 100% das indicações pelo PICC, destacando-se o uso de antibióticos (98,2%) e nutrição parenteral total (83,9%). A maioria dos procedimentos (39,1%) foi precedida da utilização de sedativos endovenosos e em 73,4% dos casos foram cateterizadas veias periféricas de membros superiores. A localização central do cateter foi alcançada em 34,4% dos procedimentos, entretanto, houve uma incidência de 50% dos cateteres em região intracardíaca, embora a maioria deles (85,9%) não tenha sido tracionada. O tempo de inserção do PICC foi, em média, 48,7 minutos e o principal motivo de insucesso nas tentativas de punção periférica foi a dificuldade de visualização da rede venosa (48,4%), resultando em uma média de quatro tentativas de punção por procedimento. A maioria dos cateteres apresentou uma média de 16,1 dias no tempo de permanência, sendo que 35,9% deles foram retirados por término de terapia, seguidos de 28,1% dos casos em que os cateteres foram removidos por rupturas. Em 30% dos casos, foram realizadas investigações quanto ao risco de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter, entretanto, em nenhuma delas, a infecção 19 pôde ser confirmada. A principal complicação durante o procedimento foi a dificuldade de progressão e refluxo de sangue no cateter (56,3%), enquanto, durante a manutenção do cateter, foi a obstrução (34,4%). Não houve intercorrências durante a remoção dos cateteres. Espera-se que os enfermeiros capacitados para a realização deste procedimento busquem a educação continuada para aquisição de conhecimento científico nessa área, que ofereça suporte à tomada de decisões clínicas e promova resultados favoráveis, melhorando a qualidade do cuidado intensivo em neonatos. Acredita-se também que este estudo poderá fornecer subsídios que favoreçam o desenvolvimento desta prática nos serviços de saúde e nas instituições formadoras. Descritores: Cateterismo Venoso Central, Recém-nascido, Terapia Intensiva Neonatal, Enfermagem. 20 ABSTRACT SOUSA, J. C. G. de THE USE OF PERIPHERALLY INSERTED CENTRAL CATHETER IN A NEONATAL INTENSIVE CARE UNIT IN THE WEST CENTRAL REGION. 2010. 125f. Dissertation (Master´s Degree). Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010. The peripherally inserted central catheter (PICC) has been increasingly used in the Neonatal Intensive Care Units (NICU), particularly in the treatment of premature neonates who require prolonged venous access, for security in parenteral therapy and for the quality of care, avoiding the discomfort of repeated punctures. The overall aim was to analyze the use of the PICC in neonates hospitalized in the Neonatal Intensive Care Unit of a university hospital in Goiânia, Goiás. The specific objectives were: to characterize the population of neonates who received PICC during their admissions, to characterize the aspects related to inserting, maintenance and removal of the PICC and describe the complications that arise with the neonates during its use.This is a descriptive exploratory longitudinal study, with a prospective data collection, conducted during the months of May, 2008 to May, 2009. Were included 64 procedures for insertion of PICC in 56 neonates, performed by nurses and doctors of the unit. Data were obtained from medical and nursing records and in proper form accomplished by the nurses of the unit and by the researcher, respecting the ethical principles. The data were processed using Epi-Info, version 3.5.1. and presented as tables with their values absolute, relative and central tendency, dispersion and amplitude measures. For the results, 53.6% of neonates were male, 85.7% premature, gestational age at birth of 32.9 weeks, 37.5% of low birth weight, and average weight at birth of 1814.2 g. The majority (83.9%) received the first PICC still in the first week of life, with 6.5 days of life, on average. Disturbances related to the duration of pregnancy and fetal development were the most commonly diagnosed (175%). The use of vesicant drugs appeared in 100% of the indications for the PICC, mainly the use of antibiotics (98.2%) and total parenteral nutrition (83.9%). Most procedures (39.1%) were preceded by the use of intravenous sedatives and in 73.4% of cases were catheterized peripheral veins of the upper limbs. The central location of the catheter was achieved in 34.4% of procedures, however, there was an incidence of 50% of catheters in intracardiac region, although, most of them (85.9%) has not been pulled. The time of insertion of the PICC was on average 48.7 minutes and the main reason of failure in attempts peripheral venipuncture was the difficulty of visualization of the venous network (48.4%), resulting in an average of four attempts needed by procedure. The majority of catheters had an average of 16.1 days in length of stay, and 35.9% were removed by the end of therapy, followed by 28.1% of cases in which catheters were removed for breaks. In 30% of cases, investigations were carried out on the risk of infection from catheter-related bloodstream; however, none of them, the infection can be confirmed. The main complication during the procedure was the difficulty of progression and blood reflux into catheter (56.3%), whereas during the maintenance of the catheter, was the obstruction (34.4%). There were no complications during the removal of catheters. It is expected that nurses trained to do this procedure seek continuing education to acquire scientific knowledge in this area, wich would support clinical decisions and promote favorable results, improving the quality of intensive care in neonates. It is 21 also believed that this study may provide subsidies to encourage the development of this practice in health services and education institutions. Keywords: Central venous catheterization, Newborn, Neonatal intensive care, Nursing 22 RESUMEN SOUSA, J. C. G. de EL USO DEL CATÉTER CENTRAL DE INSERCIÓN PERIFÉRICA EN UNA UNIDAD DE CUIDADOS INTENSIVOS NEONATALES EN LA REGIÓN CENTRO OESTE. 2010. 125f. Disertación (Maestría). Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010. El catéter central de inserción periférica (CCIP) ha sido cada vez más utilizado en la Unidad de cuidados Intensivos Neonatal (UCIN), en particular en el tratamiento de los bebés prematuros que requieren acceso venoso prolongado, por la seguridad en la terapia parenteral y la calidad de la atención, evitando las molestias de las punciones repetidas. El objetivo general fue analizar el uso de CCIP en recién nacidos hospitalizados en la Unidad de Cuidados Intensivos Neonatales de un hospital universitario de Goiânia, Goiás. Los objetivos específicos fueron caracterizar la población de recién nacidos que recibieron CCIP durante su hospitalización, caracterizar los aspectos de la inserción, mantenimiento y retirada del CCIP y describir las complicaciones em los recién nacidos durante su uso. Es un estudio longitudinal, descriptivo exploratorio, con colecta de los datos hecho de forma prospectiva, durante los meses de mayo de 2008 a mayo de 2009. Se incluyeron 64 procedimientos para la inserción de CCIP, en 56 recién nacidos, realizados por las enfermeras y los médicos de la unidad. Los datos se obtuvieron de los registros médicos, registros de enfermería y en debido impreso llenos por los enfermeros de la unidad y por el investigador, respetando los principios éticos. Los datos se procesaron mediante Epi Info, versión 3.5.1. y se presentan como tablas con sus valores absolutos y relativos, medidas de tendencia central, dispersión y amplitud. Por medio de los resultados, 53,6% de los recién nacidos eran varones, 85,7% tenían edad prematura, con edad gestacional al nacer de 32,9 semanas, 37,5% de bajo peso al nacer y el peso medio al nacer de 1814,2 g. La mayoría (83,9%) recibió el primer CCIP todavía en la primera semana de vida, con 6,5 días de vida, en media. Alteraciones relacionadas con la duración del embarazo y el desarrollo fetal es el más diagnosticado (175%). El uso de fármacos vesicantes apareció en el 100% de las indicaciones de CCIP, destacando el uso de antibióticos (98,2%) y nutrición parenteral total (83,9%). La mayoría de los procedimientos (39,1%) fue precedida por el uso de sedantes por vía intravenosa y en el 73,4% de los casos fueron cateterizados venas periféricas de las extremidades superiores. La localización central del catéter se logró en el 34,4% de los procedimientos, sin embargo, hubo una incidencia de 50% de los catéteres en la región intracardiaca, aunque la mayoría de ellos (85,9%) no ha sido retirado. El momento de la inserción del CCIP fue en media, 48,7 minutos y la razón principal del fracaso en los intentos de punción fue la dificultad en la visualización de red venosa periférica (48,4%), resultando en una media de cuatro intentos por procedimiento. La mayoría de los catéteres tiene una media de 16,1 días de duración de la estancia, y 35,9% fueron retirados en la final de la terapia, seguido de 28,1% de los casos en que los catéteres fueron retirados por rotura. En 30% de los casos, las investigaciones se llevaron a cabo sobre el riesgo de infección del torrente sanguíneo relacionada con el catéter, sin embargo, ninguno de ellos, la infección puede ser confirmada. La principal complicación durante el procedimiento fue la dificultad de progresión y el reflujo de sangre en el catéter (56,3%), mientras que durante el mantenimiento del catéter, fue la 23 obstrucción (34,4%). No hubo complicaciones durante la retirada de los catéteres. Se espera que las enfermeras capacitados para llevar a cabo este procedimiento buscan educación continua para adquirir los conocimientos científicos en este ámbito, que apoya las decisiones clínicas y promueve resultados favorables, mejora la calidad de cuidados intensivos en neonatos. También se cree que este estudio puede proporcionar subsidios para fomentar el desarrollo de esta práctica en los servicios de salud e instituciones formadoras. Palabras clave: Cateterización venosa central, Recién nacido, Cuidados Intensivos Neonatales, Enfermería 24 APRESENTAÇÃO 25 APRESENTAÇÃO O interesse em estudar e aprofundar o conhecimento sobre terapia intravenosa, mais especificamente direcionada a recém-nascidos, surgiu quando iniciei minha trajetória profissional em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de um hospital público universitário do município de Goiânia, no ano de 2005. A experiência com seres tão pequenos e frágeis, como são os recémnascidos, me ajudou a perceber que o estabelecimento de um acesso intravascular seguro é decisivo e primordial para o sucesso do tratamento intensivo desses pacientes que, pelo risco de vida a que estão expostos, dependem do aporte tecnológico e da habilidade da equipe de profissionais que lhe prestam assistência. Os avanços tecnológicos, por sua vez, têm possibilitado alternativas ao acesso venoso periférico em recém-nascidos e entre eles, despertou minha atenção um dispositivo que oferece segurança, conforto e tempo prolongado de uso em neonatos: o Peripherally Inserted Central Catheter (PICC), conhecido nacionalmente por Cateter Central de Inserção Periférica (CCIP). Em especial para a Neonatologia, o PICC tem se mostrado muito eficaz, já que reduz o número de punções venosas periféricas, diminuindo não só a dor e o desconforto, como também a manipulação do paciente, medida tão difundida em relação a prematuros extremos, minimizando complicações fisiológicas e a ruptura da barreira da pele. Com o propósito de ampliar meus conhecimentos a respeito desta tecnologia, em agosto de 2006, juntamente com vários profissionais que atuavam na mesma UTIN, tive a oportunidade de participar de um Curso de Capacitação em PICC para enfermeiros e médicos, através da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN/Seção Ceará). Desde então, o uso desta tecnologia tem sido meu objeto de trabalho e estudo. Após o Curso, foi elaborado pela equipe de Enfermeiros da UTIN do hospital onde atuo, um Protocolo Operacional Padrão (POP) para normatização do uso do PICC na unidade, além do planejamento de estratégias de educação continuada dos profissionais da equipe sobre o manuseio deste dispositivo. O processo de educação continuada, visando à capacitação dos profissionais e a melhoria da 26 qualidade do cuidado prestado, também passou a fazer parte do cotidiano da minha prática profissional, intra e extra instituição. A implantação do PICC na UTIN, campo desta investigação, foi em 2006 e até dezembro desse mesmo ano foram implantados cinco cateteres. No ano de 2007, foram utilizados 52 cateteres, enquanto em 2008, esse número já havia aumentado para 71. Vale ressaltar que o crescente uso do PICC como acesso venoso central na UTIN resultou no decréscimo gradativo dos outros tipos de acessos venosos centrais, como dissecções, cateteres umbilicais e cateteres de subclávia e/ou jugular interna, assim como no número de intercorrências decorrentes desses procedimentos. Após três anos de utilização sistemática do PICC na UTIN, julguei ser necessária uma avaliação sobre o uso deste dispositivo, tão bem estabelecido em outros grandes centros brasileiros, mas ainda novidade em hospitais do município de Goiânia. Por ser a UTIN uma unidade pertencente a um Hospital da Rede Sentinela, junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, aumenta a responsabilidade em se investigar sobre o uso desta tecnologia, seus benefícios e riscos frente à segurança dos pacientes e qualidade no desempenho dos profissionais. O ingresso no Programa de Pós-Graduação – Mestrado da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, assim como o contato com minha orientadora e outros docentes do Programa, me ofereceram ainda mais subsídios acerca dos referenciais metodológicos mais adequados à análise das ações do cuidar em serviços de saúde e enfermagem, o que me conduziu no desenvolvimento deste estudo, que está sendo apresentado em capítulos. No Capítulo 1 consta a Introdução, com a descrição das razões que justificam a importância da pesquisa - objeto de estudo. No Capítulo 2, estão delineados os objetivos da investigação. O Capítulo 3 apresenta a contextualização do objeto de estudo e o referencial teórico que dá sustentabilidade à discussão sobre o uso do PICC. No Capítulo 4 – Metodologia, são descritos o instrumento e a trajetória da coleta de dados, tipo de estudo, local da pesquisa, população, aspectos éticos e etapas da análise de dados. Os Capítulos 5 e 6 disponibilizam os resultados e discussão do uso do PICC 27 na UTIN. Para facilitar a compressão dos leitores e subsidiar as discussões, foram inseridas tabelas com os resultados dos dados que foram, então, analisados e categorizados. Nos Capítulos 7 e 8 constam as conclusões e considerações finais do estudo, buscando atender aos objetivos propostos na investigação. 28 INTRODUÇÃO 29 1. INTRODUÇÃO Na atualidade, uma das ações do enfermeiro que têm sido foco de atenção por parte desses profissionais é a terapêutica intravenosa, principalmente o estabelecimento de acesso venoso periférico em recém-nascidos criticamente doentes (LOURENÇO e KAKEHASHI, 2003). Para esses autores, fatores dificultantes na prestação da assistência na terapêutica intravenosa em recémnascidos são, sem dúvida, a fragilidade capilar e o calibre diminuído dos vasos, ainda em fase de desenvolvimento, tornando o acesso venoso periférico, um dos procedimentos mais difíceis de se realizar nesse tipo de clientela (LOURENÇO e KAKEHASHI, 2003). Durante a Segunda Guerra Mundial, as ações do Enfermeiro mudaram, devido ao menor número de médicos na assistência hospitalar, passando a incorporar dessa forma, o que, geralmente, os médicos realizavam, como injeções, medição de pressão arterial sanguínea, coleta de sangue e administração da terapia intravenosa (VENDRAMIM, 2004). Vendramim (2005) ressalta que hoje, mais do que nunca, é responsabilidade do Enfermeiro estabelecer o acesso venoso periférico e que esse profissional deve sempre participar da escolha do tipo de acesso venoso central utilizado pelo paciente. Com relação ao PICC, os enfermeiros americanos foram pioneiros na utilização desta técnica já em meados de 1970, nos Estados Unidos, assim como na promoção de cursos de treinamentos e capacitação acerca do cateter, já nos anos 80 (MOREAU, 2006). Nos EUA, durante os anos 90, os procedimentos de instalação, manutenção e retirada do PICC, foram aceitos e reconhecidos como práticas de enfermagem por muitas Comissões de Enfermeiros (MOREAU, 2006). No Brasil, somente por volta da década de 1990 o PICC ganhou popularidade, principalmente na área de neonatologia (RODRIGUES et al., 2006). A Resolução no 258/2001, COFEN, art. 1o, considera lícito ao enfermeiro a inserção do PICC, sendo que o art. 2o descreve que o enfermeiro, para desempenhar tal atividade, deverá ter-se submetido à qualificação e/ou capacitação 30 profissional (COFEN, 2001). Entretanto, independente desta Resolução, o compartilhamento de conhecimentos específicos de cada profissional é vital para a excelência na indicação do dispositivo intravenoso mais apropriado. A comunicação entre estes profissionais, com o intuito de programar em conjunto a conduta terapêutica para o paciente, favorece o sucesso das ações do cuidar em saúde, que raramente seria alcançado por condutas isoladas ou sem colaboração multiprofissional (VENDRAMIM, 2005). Neste sentido, cabe ao enfermeiro zelar pela qualidade do cuidado sendo de sua responsabilidade a inserção, manutenção e remoção do PICC. Segundo Donabedian (1997), qualidade do cuidado é definida como o cuidado seguro, otimizado, efetivo, eficiente, igualitário e focado no paciente. A enfermagem há muitos anos se preocupa em definir e quantificar a qualidade do cuidado prestado aos pacientes. Florence Nightingale já analisava, em 1855, dados sobre a mortalidade entre as tropas do exército britânico, alcançando declínios consideráveis através de práticas organizacionais e higiênicas. Também se credita à Florence a criação das primeiras medidas de qualidade hospitalar, em 1859 (MITCHELL, 2000). A medição objetiva da qualidade do cuidado exige o conhecimento dos resultados da assistência prestada e a elaboração de estratégias de melhoria da assistência (NASCIMENTO et al., 2008). Curtis et al. (2006) destacam também a importância da validade dos resultados, assim como da confiabilidade por meio dos indicadores. Para Horbar et al. (2003), os indicadores acurados e confiáveis sobre os resultados do cuidado são necessários para a melhoria da qualidade, entretanto, isoladamente eles não são suficientes, pois há a necessidade de que as equipes multidisciplinares possuam conhecimento, habilidades e ferramentas especiais para promoverem a melhoria do cuidado em seus campos clínicos específicos. A melhoria da qualidade é uma atitude cultural que deveria ser desenvolvida em todos os ambientes de cuidados intensivos (CURTIS, 2006). Especialmente na terapia intensiva neonatal, avanços importantes têm sido alcançados através da avaliação da qualidade do cuidado prestado. Atualmente, a sobrevivência de neonatos no limite de viabilidade tem ocorrido com freqüência em muitas UTINs pelo mundo (WHITFIELD et al., 2001). 31 Moreau (2006) lembra que, junto com a responsabilidade de inserção do cateter, aparecem outras ainda maiores em relação à seleção dos pacientes que farão uso do PICC, além da supervisão e manutenção de toda a terapia intravenosa pelo enfermeiro. Considerando que a melhora na expectativa de sobrevivência tem feito com que a duração da internação hospitalar para a população neonatal exceda os cem dias, é de extrema importância a escolha pelo melhor acesso venoso central, com menor risco de complicações e, portanto, melhores indicadores de resultados (WHITFIELD et al., 2001). Nesse processo estão envolvidos: seleção dos pacientes, qualidade do procedimento e monitorização do paciente, representados em indicadores: indicações para o uso do cateter, taxa de sucesso na inserção e taxa de eventos adversos associados (LEWIS et al., 2003). Até o ano de 2008, foram estimados 2,5 milhões de PICCs inseridos anualmente nos EUA e 5 milhões em todo o mundo, mantendo ainda um crescimento de 10-20%. Atualmente, enfermeiros inserem, nos EUA, aproximadamente 60% de todos os PICCs, com uma média de 1800 “times de PICC” formados por enfermeiros em todo o país (MOREAU, 2006). Com tudo isso, é de fundamental importância o empenho dos profissinais enfermeiros do Brasil e, portanto, de Goiânia, para se capacitarem e aumentarem o conhecimento sobre uma tecnologia que tanta autonomia e responsabilidade dá a essa categoria. Na UTIN em estudo, o PICC foi introduzido em 2006 e, desde então, os enfermeiros manejam este tipo de tecnologia respaldados em um protocolo de atendimento, padronizado, com etapas do procedimento e condutas frente a intercorrências detectadas, visando garantir a qualidade da assistência prestada ao neonato. Com isso, esta investigação se torna oportuna, pois além de caracterizar as práticas profissionais adotadas em relação à inserção, manutenção e remoção do PICC na UTIN, fornecerá subsídios para a avaliação da qualidade do cuidado e propostas de melhorias nas ações do cuidar, visando a segurança do paciente, implicando diretamente na redução do tempo de sua internação e taxa de complicações. 32 OBJETIVOS 33 2. OBJETIVOS 2.1. Geral 2.1.1. Analisar os resultados do uso do cateter central de inserção periférica (PICC) em recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de um Hospital Universitário do município de Goiânia, Goiás. 2.2. Específicos 2.2.1. Caracterizar os recém-nascidos que foram submetidos a inserção do PICC durante suas internações; 2.2.2. Caracterizar estrutura, processo e resultados relacionados a inserção, manutenção e remoção do PICC; 2.2.3. Descrever as complicações ocorridas com os recém-nascidos durante o uso do PICC. 34 REVISÃO DA LITERATURA 35 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1. O início da terapia intravenosa A história da terapia intravenosa tem seu início com a descoberta da circulação sanguínea feita por Sir William Harvey. Até o último período do Renascimento, sabia-se que artérias e veias continham sangue, mas acreditava-se que o sangue fluía e refluía em movimento similar ao da respiração humana. Harvey foi o primeiro a descobrir que o coração é tanto um músculo como uma bomba e que, portanto, o sangue circulava em decorrência da contração e do relaxamento cardíacos (PHILLIPS, 2001). Um famoso arquiteto da Catedral de Saint Paul, em Londres, Sir Christopher Wren, produziu a primeira agulha hipodérmica e, inserindo o caule de uma pena em um vaso sanguíneo de um cão, injetou vinho, ópio, cerveja e outras substâncias diretamente na corrente sanguínea do animal, estudando seus efeitos (PHILLIPS, 2001). O primeiro relato na literatura médica sobre cateterização intravascular data de 1733 e é atribuída ao reverendo Stephen Hales que realizou a medida direta das pressões arterial e venosa em animais, utilizando cânulas de latão. Em seres humanos, atribui-se a Faivre, em 1856, a primeira mensuração direta da pressão arterial, canulando a artéria de um membro amputado (ARAÚJO, 2004). Durante o século XIX, houve grandes avanços na medicina, como o primeiro relato de transfusão sanguínea homem a homem, realizada em 1834, pelo Dr. James Blundell, em Londres (PHILLIPS, 2001). O uso de gorduras, leite e cânfora usados via subcutânea e óleo e extratos de proteínas para tratamento de pacientes portadores de anorexia nervosa, marcam o início da terapia nutricional (ARAÚJO, 2004). Durante a segunda metade do século XIX, surgiram as primeiras idéias de assepsia, bactérias e complicações infecciosas (PEDREIRA; CHAUD, 2004). Um obstetra vienense, chamado Ignaz Semmelweis, observou que médicos que transitavam de autópsias para unidades obstétricas transmitiam substâncias altamente patogênicas entre as duas unidades. Ele passou a exigir a lavagem das 36 mãos com uma solução de cloro antes que os médicos examinassem as pacientes e, com isso, diminuiu em mais de 90% a taxa de mortalidade nas unidades obstétricas entre 1846 e 1848 (PHILLIPS, 2001). Segundo Phillips (2001), até a virada do século XIX, os medicamentos eram limitados principalmente a produtos do alcatrão e carvão, sendo que os dez compostos mais utilizados eram: éter, morfina, digitálicos, antitoxina de difteria, vacina contra varíola, ferro, quinina, iodo, álcool e mercúrio. No século XX, pode-se perceber um avanço na qualidade dos medicamentos, com a descoberta dos antibióticos e analgésicos e a infusão intravenosa controlada de nutrientes, através da Nutrição Parenteral Total (NPT). Em relação à evolução dos cateteres, Mayers popularizou a cateterização venosa profunda, em 1945, utilizando cateteres plásticos de polietileno, mantidos em posição por até cinco dias, para administração de penicilina e heparina (ARAÚJO, 2004). Seneff e Celinski (2008) relatam que Aubanic descreveu pela primeira vez uma punção infraclavicular de subclávia em humanos, no ano de 1952. Neste mesmo ano, também foi descrita a punção percutânea da veia subclávia, utilizando agulha longa e de grosso calibre, para ressuscitação volêmica de feridos de guerra (ARAÚJO, 2004). Entretanto, houve no ano seguinte um grande avanço na técnica de cateterização venosa, com a descrição de Seldinger da colocação de um cateter central com o auxílio de um fio-guia. Esta técnica, inclusive, leva o nome de Seldinger (SENEFF; CELINSK, 2008). A infusão de fluidos no sistema venoso central ficou então popularizada a partir da década de 50, pois se verificou que a veia cava promove rápida hemodiluição das infusões, prevenindo os riscos de resposta inflamatória química e trombose, que ocorrem em veias pequenas (BRAGA, 2006). Já as primeiras experiências com cateteres centrais inseridos de forma periférica datam de 1912, quando Bleichroder Unger e Loeb, da Hufeland Medical Society, em Berlim, na Alemanha, publicaram suas experiências em instalar um cateter uretral pela veia anticubital até a região axilar, em quatro pessoas, sem complicações. Forssmann repetiu o experimento nele mesmo, 17 anos depois, instalando um cateter similar até o coração e confirmando seu posicionamento com um exame radiológico (ALHIMYARY et al., 1996). 37 No início da década de 1970, os PICCs começaram a ser inseridos por enfermeiros nos Estados Unidos. Esse tipo de cateter só ganhou popularidade a partir de 1980, quando apresentou uso crescente nos Estados Unidos, sendo muito utilizado em oncologia, pacientes portadores e doentes de HIV, na administração de nutrição parenteral total e em recém-nascidos (OAKLEY, 1997; TODD, 2004; BOWEGEDDES; NICHOLS, 2005). No Brasil, por sua vez, o PICC começou a ser utilizado a partir de 1990, principalmente em recém-nascidos, em Unidades de Terapia Intensiva e em unidades oncológicas. A partir daí, a utilização do PICC vem apresentando-se como uma alternativa cada vez mais adotada para a manutenção de acesso venoso profundo e prolongado, nos recém-nascidos de alto risco (RODRIGUES, 2002; LAMBLET et al., 2005; RODRIGUES et al., 2006). O PICC é um cateter inserido em veias periféricas ou profundas, geralmente da fossa anticubital dos membros superiores, que assume caráter de acesso venoso central quando chega à entrada do átrio direito através de um introdutor. Bowe-Geddes e Nichols (2005) salientam que o PICC pode ser usado para qualquer tipo de infusão, independente de sua osmolaridade, pH, ou qualquer outra característica química da solução ou medicamento. Com sua localização central, o fluxo sanguíneo no cateter é alto, o que garante a diluição imediata da infusão e ajuda a proteger as paredes do vaso de irritação química provocada pelas medicações. Outra vantagem é o fato de que o cateter pode ser, frequentemente, a via de acesso de escolha por sua baixa incidência de infecção comparada a cateteres percutâneos de subclávia ou jugular interna, além do baixo risco de pneumotórax durante sua inserção. A taxa de infecção relacionada ao PICC é de 0,75 por 1000 cateteres/dia, comparada com 2,75 por 1000 cateteres/dia relacionada aos outros tipos de cateteres (BOWE-GEDDES; NICHOLS, 2005). Todd (2004) explica que existe um menor número de unidades formadoras de colônias na flora bacteriana do braço em comparação com a do tórax, explicando a incidência de menos de 1% de infecção de corrente sanguínea relacionada ao PICC. A evolução dos acessos venosos centrais, portanto, foi indispensável para o surgimento das primeiras Unidades Coronarianas e de Terapia Intensiva, no início da década de 1960, paralelamente a outros avanços tecnológicos, como a monitorização de parâmetros fisiológicos, métodos diagnósticos e novas 38 modalidades terapêuticas, como o suporte ventilatório mecânico prolongado (ARAÚJO, 2004). Atualmente, a cateterização intravascular (venosa ou arterial), com finalidades de monitorização hemodinâmica, manutenção de uma via de infusão de soluções ou medicamentos, nutrição parenteral prolongada, hemodiálise, ou mesmo para coleta de amostras sanguíneas para análises laboratoriais, é um procedimento extremamente freqüente em Unidades de Terapia Intensiva. Araújo, Lima e Falbo (2007) destacam que, atualmente, são utilizados, nos Estados Unidos mais de cinco milhões de cateteres centrais a cada ano. Apesar de serem indispensáveis à terapia intravenosa, os cateteres centrais também são associados a numerosas complicações, como lembra Araújo (2004). É uma técnica invasiva, que, sem dúvidas, também acarreta altos riscos de morbimortalidade aos pacientes. O Centers of Disease Control and Prevention/CDC (2002) esclarece que, embora os cateteres centrais permitam um acesso vascular apropriado, eles colocam os pacientes sob risco de complicações infecciosas sistêmicas e locais, incluindo infecção de sítio de inserção, infecção de corrente sanguínea relacionada a cateteres, tromboflebites sépticas, endocardites e outras infecções metastáticas. A incidência dessas complicações, segundo o CDC (2002), varia consideravelmente de acordo com o tipo do cateter, freqüência de sua manipulação, e fatores relacionados ao paciente. 3.2. Os cateteres intravenosos e a neonatologia Muitos fatores prejudicam o uso de cateteres intravenosos na população neonatal, pois as qualidades inerentes às três camadas venosas não estão desenvolvidas. Por isso, a integridade muscular imatura do sistema vascular e os reduzidos diâmetro do vaso e volume sanguíneo podem levar ao dano endotelial durante a inserção do cateter, a idade gestacional ainda pode limitar o número de veias disponíveis para canulação e, finalmente, o recém-nascido criticamente doente pode ter risco aumentado de dano endotelial secundário à baixa perfusão ou sistema venoso frágil (JANES et al., 2000). Uma veia é formada por três camadas: túnica adventícia, túnica média e túnica íntima. A camada mais externa, túnica adventícia, é formada por pouco tecido 39 conectivo e uma rede de colágeno e fibras, permitindo com que a veia se afaste do trauma externo e proteja sua estrutura. A túnica média é uma fina camada de tecido conectivo, composta de elastina e fibras musculares, o que faz com que a veia se alongue e tolere mudanças de volume e pressão. Mais internamente está a chamada túnica íntima, composta por uma simples e bem fina camada de células endoteliais dispostas de tal forma que evitam o extravasamento do sangue para os tecidos subjacentes (PETTIT, 2003). Pettit (2003) descreve que o dano endotelial excessivo expõe a camada média da veia desencadeando um processo inflamatório e de coagulação que leva à flebite e trombose. Além disso, crianças apresentam aspectos específicos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção de drogas (PEDREIRA; CHAUD, 2004). Rodrigues et al. (2006) destacam que pelas peculiaridades anatômicas e fisiológicas, a punção venosa em recém-nascidos é um dos procedimentos mais difíceis. A perda do acesso venoso freqüentemente causa a interrupção na infusão de líquidos e eletrólitos, comprometendo a eficácia do tratamento. Além disso, as repetidas venopunções a que são submetidos comprometem ainda mais os vasos periféricos provocando complicações locais ou sistêmicas que podem muitas vezes culminar com a necessidade de uma dissecção venosa. A incidência de infecções nosocomiais associadas a cateteres se relaciona também com a idade, de maneira que a maior incidência ocorre em recém-nascidos e lactentes menores. Com isso, manter um acesso vascular periférico e minimizar complicações associadas a seu uso é um desafio para a enfermagem neonatal (BARRIA; SANTANDER, 2006). A infiltração é a complicação mais comum relacionada à terapia intravenosa periférica em bebês, sendo que a incidência reportada é de 23-78% e ainda com potenciais riscos de seqüelas (PETTIT, 2003). Barria e Santander (2006) também encontraram valores altos em seu estudo, relatando que o motivo mais freqüente de retirada de cateteres venosos periféricos foi o extravasamento, quase 75% dos casos, evidenciando-se assim um dos principais problemas do uso de cateteres intravenosos de curta duração. Neste mesmo estudo, de 828 acessos venosos instalados em recém-nascidos, oito resultaram em necrose tissular como complicação, índice relativamente baixo, mas de alto impacto, pois aumenta o tempo de internação do recém-nascido (BARRIA; 40 SANTANDER, 2006). Pettit (2003) salienta a importância de se conhecer o potencial impacto das soluções ou medicações que serão infundidas no sistema venoso do recém-nascido antes de qualquer infusão. A autora descreve que diferentes pHs, osmolaridades e propriedades químicas de cada medicação podem levar a flebite química do vaso, irritando a camada íntima da veia resultando em inflamação, infiltração, edema, trombose e perda celular. Sob este contexto, Pedreira e Chaud (2004) lembram que a administração de medicamentos por via intravenosa não se resume a simples execução de técnicas para implantação de uma terapêutica. Destacam que na assistência de enfermagem prestada à criança hospitalizada, aproximadamente dois terços do tempo de trabalho de enfermeiros são destinados à realização da terapia intravenosa. Essa constatação, segundo as autoras, ressalta a necessidade de conhecimentos especializados de enfermagem que possibilitem implementar os cuidados em seus variados aspectos, como planejamento da terapia, o preparo do paciente e sua família, a escolha do cateter intravenoso mais adequado e a obtenção do acesso venoso, o cálculo, o preparo e a administração de drogas e soluções, a monitorização das infusões, a troca das soluções e dos dispositivos de infusão, a realização de curativos, bem como, a retirada de cateteres (PEDREIRA; CHAUD, 2004). Portanto, a terapia intravenosa nos recém-nascidos de alto risco, em especial nos prematuros, é um dos desafios enfrentados pela equipe de saúde para garantir a sobrevida e a qualidade de assistência a essa frágil população. Dessa forma, a preocupação com a manutenção de um acesso venoso seguro, que possibilite a implementação da terapêutica com o mínimo de exposição à dor e ao estresse, já é considerada pelos profissionais como imprescindível (RODRIGUES, 2002). 3.3. O cateter central de inserção periférica Os benefícios do uso do PICC na Neonatologia são inúmeros, como exemplifica Rodrigues (2002): quando indicado precocemente, evita a exposição do recém-nascido às punções de repetição, proporcionando a preservação de sua rede venosa periférica e consequente diminuição do manuseio e exposição à dor. Se implantado nas veias dos membros superiores ou inferiores, evita a tricotomia do 41 couro cabeludo, assim como também evita a utilização de dissecções venosas e diminui a exposição ao risco de infiltrações, extravasamentos, necrose tecidual e flebite química, além de apresentarem menor risco de infecção quando comparados com outros tipos de cateteres centrais. O PICC pode permanecer no recém-nascido por períodos de tratamento que vão de uma semana a meses, embora nenhum limite de duração de tratamento tenha sido estabelecido (FREY, 1995; NG et al., 1996; RODRIGUES, 2002). Um ensaio clínico randomizado, realizado por Janes et al. (2000), comparou a utilização de cateteres venosos periféricos e PICC em 63 recém-nascidos de muito baixo peso, detectando diferença significativa entre o número de tentativas de punções durante o tratamento, assim como no número de cateteres utilizados (ambos menores no grupo do PICC). O estudo concluiu que o uso do PICC diminui sensivelmente o número de procedimentos dolorosos, tem um tempo maior de durabilidade na utilização em comparação a acessos venosos periféricos e não aumenta a incidência de sepse infeciosa (JANES et al., 2000). A inserção do PICC não acarreta o risco ou custo associado a um procedimento cirúrgico de implantação de qualquer outro tipo de cateter permanente, já que ele não exige técnica cirúrgica e pode ser inserido a beira do leito, no consultório médico, ou até mesmo em casa, utilizando-se apenas anestesia local (FREY, 1995; RODRIGUES, 2002). Oakley (1997) também destaca que o PICC é de fácil inserção, comparado a outros tipos de cateteres centrais, dispensando a necessidade de centro cirúrgico ou de médicos, o que aumenta muito a relação custo-benefício. Oakley (1997), Lourenço; Kakehashi (2003), Todd (2004) e Rodrigues et al. (2006) ainda acrescentam como vantagens do uso do PICC a redução das complicações intratorácicas (praticamente nenhum risco de pneumotórax), diminuição do risco de embolia gasosa ou aérea, perfuração arterial, venosa ou cardíaca e maior eficiência em relação ao tempo de permanência do cateter. As desvantagens do uso do PICC, como lembra Rodrigues (2002), são bem menos significativas quando comparadas aos benefícios proporcionados por ele: os cateteres abaixo de 3,8Fr não podem ser utilizados para infusão de hemoderivados, assim como também não devem ser usados para colheita de amostras sanguíneas; a inserção do PICC exige profissional treinado (enfermeiro ou médico) para instalação do cateter e para a manutenção do mesmo, sendo que deve ser um 42 procedimento eletivo, não podendo ser inserido em uma situação de urgência, além de requerer um protocolo institucional para que possa ser realizado (BARRIA; SANTANDER, 2006; RODRIGUES et al., 2006). Sob este contexto, o PICC é, sem dúvida, o dispositivo mais indicado atualmente na terapia intravenosa de recém-nascidos. 3.3.1. Indicações e contra-indicações De acordo com Todd (2004), para se escolher a via de administração adequada para a terapia intravenosa, deve-se saber qual o tempo de tratamento, se ele está adequado para ser realizado por via periférica e se o tratamento será intra ou extra hospitalar. A autora lembra que muitos medicamentos, incluindo vários antibióticos, antivirais e nutrição parenteral total têm o pH e a osmolaridade fora dos padrões de segurança para um acesso periférico (TODD, 2004). Para isso, são enumeradas as seguintes indicações para o uso do PICC na terapia intravenosa: tratamento intravenoso intermitente (seis semanas a seis meses), dependendo do grau de imunossupressão do paciente; pacientes internados, pacientes ambulatoriais e pacientes domiciliares; previsão de futura falta de acesso venoso periférico durante o tratamento; administração de medicamentos com alto/baixo pH, alta osmolaridade, flebogênicas, drogas vesicantes ou irritantes; administração de quimioterapias vesicantes; hidratação venosa; nutrição parenteral total, antibioticoterapia parenteral; infusão contínua de narcóticos; preferência do paciente (ALHIMYARY et al., 1996; FREITAS et al., 1999; Lourenço; Kakehashi, 2003; Todd, 2004). Em estudo desenvolvido por Cardella et al. (1996), a maior parte dos PICCs inseridos tiveram como indicação: antibioticoterapia (49,5%), nutrição parenteral total (24,2%), hidratação venosa (13,8%), quimioterapia (2,6%), infusão de analgésicos (1,9%), terapia imunossupressora (1,5%), entre outras (6,5%). Donovan et al. (1996) destacam que o PICC deve ser indicado na terapia intravenosa que tradicionalmente seria administrada por via periférica em pacientes cujos acessos periféricos estejam precários e também em qualquer outra terapia que seria infundida via outro tipo de acesso venoso central (FREITAS et al., 1999). Em Neonatologia, o PICC é o mais adequado para todo recém-nascido que 43 necessite de terapia intravenosa por um período superior a seis dias, devendo ser o procedimento de primeira escolha, quando a rede venosa ainda estiver preservada (CDC, 2002). Dentre as principais indicações do PICC na clientela neonatal estão a antibioticoterapia, a hidratação venosa e nutrição parenteral total por tempo prolongado, a infusão de concentrações de glicose acima de 12,5%, de aminas vasoativas e de qualquer outro tipo de medicação (RODRIGUES, 2002). Em contrapartida, Rodrigues (2002) também cita as contra-indicações do uso do PICC como sendo: rede venosa periférica não preservada (esclerose e hematomas devido a punções de repetição) e recém-nascidos edemaciados (contraindicação relativa). Donovan et al. (1996) lembram que o PICC não é adequado em ressuscitações com grandes volumes de líquidos, para colheita de amostras de sangue ou monitorização venosa central em neonatologia. Rodrigues et al. (2006) apontam que o PICC deve ser um procedimento eletivo, não podendo ser inserido em uma situação de urgência. Por fim, Todd (2004) também enumera como contra-indicações: - Falta de profissional capacitado e treinado para a inserção e manutenção do PICC; - Ausência de acesso periférico palpável e técnicas de imagem ou ultrasonografia não disponíveis; - Condição de infecção pré-existente no possível sítio de inserção do PICC; - Alterações anatômicas como: queimaduras severas, nodos axilares volumosos, linfoedema, linfadenectomia axilar; - Paciente sem condição de permanecer em posição adequada para o procedimento; - Ausência de um cuidador domiciliar para realizar a manutenção do cateter, quando este seja necessário. 3.3.2. Descrição e manejo O PICC é um dispositivo intravenoso, feito de material biocompatível, macio e flexível, geralmente silicone ou poliuretano, medindo de 50-60cm de comprimento, com um diâmetro que varia de 1.9-6 French. Está disponível em monolúmen, duplo lúmen, triplo ou quádruplo, podendo ser valvulado ou não (FREY, 1995; RODRIGUES, 2002; TODD, 2004). 44 Oakley (1997) explica que o PICC valvulado dispensa a necessidade de clampeamento da linha, pois a válvula fornece uma pressão positiva, liberando a infusão ou aspiração quando aberta e impedindo êmbolos ou fluxo sanguíneo quando fechada. O silicone é um elastômero, cujas principais características são: termoestabilidade, alta resistência a dobras, baixa trombogenicidade, baixa aderência bacteriana e altíssima biocompatibilidade. O poliuretano é um polímero denominado de termoplástico. Os termoplásticos são amplamente utilizados na fabricação de cateteres. As principais características do poliuretano são: dureza, resistência química, moldabilidade, bioestabilidade, resistência e baixa trombogenicidade (RODRIGUES, 2002). O material de confecção do PICC deve reunir duas características: alta biocompatibilidade e baixa trombogenicidade. Além disso, deve possuir boa integridade estrutural, grande resistência a dobras, rigidez estrutural para inserção fácil, pouca aderência bacteriana e irritação mecânica mínima do sistema vascular (RODRIGUES, 2002). Rodrigues (2002) ainda descreve que os dispositivos para inserção devem vir acompanhados por guia de introdução e introdutor, sendo que os PICCs podem ser encontrados com ou sem guia para auxiliar a introdução, de acordo com o tipo de material e fabricante. Os tipos de introdutores mais comuns são: cateteres agulhados (butterfly ou scalp) e cateteres sobre agulhas, sendo que alguns possuem agulhas quebráveis, variando, em seus diâmetros, de 26 a 16 Gauge. Os PICCs são inseridos através de veias periféricas, geralmente a veia basílica ou cefálica e progridem através da veia axilar até o terço inferior da veia cava superior. Preferencialmente, devem ser inseridos bem acima ou bem abaixo da fossa anticubital para evitar a movimentação do cateter e dar mais conforto ao paciente (TODD, 2004). Veias periféricas da fossa anticubital são os sítios mais comuns de inserção, entretanto, a veia safena também pode ser utilizada em recém-nascidos e lactentes que ainda não andam. Dependendo da habilidade da enfermeira que irá inserir o PICC, outros sítios de inserção podem ser usados, como a veia auricular posterior, as temporais ou as poplíteas (Frey, 1995; RODRIGUES, 2002). Em estudo realizado por Lamblet et al. (2005), em 65% dos pacientes a veia eleita para inserção do PICC foi a basílica, seguida da veia cefálica (25%) e a 45 mediana cubital (10%). Rodrigues et al. (2006) apontam a veia basílica como de primeira escolha, por ter uma anatomia favorável, ser calibrosa e ter um menor número de válvulas, sendo que sua localização facilita a manipulação durante a troca do curativo. Quanto à técnica de mensuração do PICC a ser inserido, Rodrigues (2002) e Todd (2004) a descrevem como do local de punção da veia até a altura da clavícula e daí até o terceiro espaço intercostal, sempre com o membro superior disposto em 90º. Para punções em membros inferiores, mede-se o comprimento entre a região de punção, passando pela região inguinal até a umbilical, finalizando na região do apêndice xifóide (Vendramim, 2005). O CDC (2002) preconiza, em suas diretrizes sobre prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter, a higiene das mãos antes e após a inserção de qualquer acesso venoso central, o uso de barreira máxima de proteção (gorro, máscara, capote e luvas estéreis) e técnica asséptica de instalação. Uma bandeja contendo gazes, campos, seringas, agulhas e pinças é necessária durante o procedimento (TODD, 2004). A anti-sepsia da pele antes da instalação de um acesso venoso central também é estabelecida pelas diretrizes do CDC (2002), que recomenda o uso da clorexidina como primeira escolha, seguida da tintura de iodo, como segunda opção e, como terceira opção, o álcool 70%. Rodrigues (2002) descreve da seguinte forma a técnica de inserção do PICC: - Garrotear o membro com garrote estéril imediatamente antes da punção; - Introduzir somente o bisel do butterfly e esperar o refluxo de sangue; - Após a visualização do refluxo de sangue, introduzir o cateter no trajeto do butterfly até ultrapassar a primeira marcação correspondente a 5cm. A progressão de aproximadamente 5cm do cateter sem resistência ou dificuldade significa que ele já está na luz do vaso; - Enquanto um profissional fixa o cateter sob uma gaze, o outro retira o butterfly cuidadosamente para não danificar a estrutura do cateter e preservar a integridade do vaso. É recomendado que não se tracione o cateter com o introdutor no interior do vaso, pois isso pode causar a sua ruptura; - Após a retirada do butterfly, continuar a progressão do cateter até a mensuração determinada; 46 - Aspirar o cateter delicadamente para verificar o refluxo sanguíneo, lavando-o com solução salina para evitar a obstrução da luz do cateter; - Comprimir o local até que o sangramento cesse; - Prosseguir com o procedimento realizando o curativo, ocluindo o sítio de inserção do cateter com gaze estéril e fixando-o com curativo transparente. É essencial e obrigatório que a posição da porção final do PICC seja confirmada com uma radiografia logo após a sua inserção, antes do início de seu uso e até reconfirmada com novas radiografias em 24 horas, 72 horas e, daí em diante, semanalmente se o final do cateter permanecer estável (FREY, 1995; NG et al., 1996; RODRIGUES, 2002; TODD, 2004; BOWE-GEDDES; NICHOLS, 2005; RODRIGUES et al., 2006; GÁRCIA-ALIX et al., 2007; TREROTOLA et al., 2007). Para que possa ser visualizado em radiografias, Oakley (1997) destaca que o PICC deve ser feito de material radiopaco. Rodrigues (2002) declara que a ponta do PICC deve ficar localizada na veia cava superior, nunca no átrio direito para evitar complicações. A localização da ponta final do PICC poderá ficar em veia subclávia, veia cava superior ou veia cava inferior, sendo que a posição correta é a veia cava superior (FREY, 1995). Todd (2004) ainda especifica que o posicionamento correto do PICC, ao exame radiológico, é o terço inferior da veia cava superior e diz que poderá ser necessário mobilizar o cateter se a ponta não estiver bem localizada. Em estudo realizado por Lamblet (2005), a posição final do PICC foi confirmada em veia cava superior (85%), átrio direito (7,5%), veia axilar (5%) e subclávia (2,5%), sendo que todos os PICCs localizados em átrio direito foram tracionados e sua posição confirmada com novo exame radiológico. De acordo com Papke (1996), o PICC só pode ser considerado central se estiver localizado na junção da veia cava superior com o átrio direito ou, no caso de membro inferior, na junção da veia cava inferior com o átrio direito. Se, por outro lado, o PICC estiver localizado entre o esterno e a porção medial da clavícula, ele será chamado de cateter médio-clavicular ou cateter de subclávia, podendo ainda ser chamado de cateter axilar se estiver localizado no terço inicial da clavícula. Se a ponta do cateter estiver locada fora da veia cava superior ou da subclávia, ele não mais será considerado central e sua remoção deverá seguir as recomendações de remoção de qualquer outro cateter periférico (FREY, 1995). 47 3.3.3. A inserção do PICC Antigamente, acreditava-se que os lactentes não pudessem sentir dor. Com isso, eles nem sempre recebiam analgésicos no período pós-cirúrgico e, às vezes, durante a própria cirurgia. A dor não era reconhecida como um sintoma tratável importante e, portanto, era raramente avaliada. Foi somente durante a década de 1980 que os clínicos e pesquisadores começaram a medir o impacto da avaliação e do tratamento da dor em bebês (GRÉGOIRE; FINLEY, 2008). Os estudos da década de 1990 demonstram que um grande número de profissionais de saúde sabe que o recém-nascido, mesmo prematuro, é capaz de sentir dor de maneira similar, ou até mais intensa que o adulto, e que vários procedimentos invasivos realizados nas unidades de terapia intensiva são dolorosos, mas, mesmo assim, as medidas para o alívio da dor não são empregadas com frequência (CASTRO et al., 2003). Bueno (2007) caracteriza alterações comportamentais como choro, gemido, careta e alterações fisiológicas como alteração da frequência e ritmo cardíacos, hipertensão arterial, sistêmica ou pulmonar, hipoxemia, desequilíbrio hidroeletrolítico, entre outras, típicas de situações dolorosas. Portanto, os adultos devem saber reconhecer e interpretar os sinais mostrados por recém-nascidos após um estímulo estressante ou doloroso, já que é por meio de sinais com expressão facial, movimento corporal, choro e estado de consciência, entre outros, que eles estabelecem um processo de comunicação interpessoal, que constitui a sua “linguagem” da dor (ELIAS et al., 2008). Rodrigues (2002) alerta que dentre os cuidados fundamentais na implantação do PICC em recém-nascidos destacam-se a manutenção da monitorização cardiorrespiratória, a sedação e analgesia para prevenção e controle da dor e o fornecimento de informação a família sobre o procedimento a ser realizado. Anestesia local pode ser feita com um anestésico de uso tópico passado na pele próximo ao sítio de inserção da veia. O anestésico deve ser deixado na pele o tempo recomendado pelo fabricante para que ele possa agir. Anestesia imediata pode ser feita com lidocaína subcutânea, mas isso pode causar sudorese local, o que pode atrapalhar a visualização do sítio de inserção (TODD, 2004). Atualmente, um dos principais objetivos na criança admitida em uma Unidade 48 de Terapia Intensiva é realizar o tratamento que cause menor agressão possível, para evitar maior sofrimento físico e emocional. Os sedativos são necessários para diminuir a ansiedade e agitação da realização de procedimentos e os analgésicos tratam a dor secundária a intervenções cirúrgicas e/ou técnicas invasivas, além daquela decorrente da própria doença (BARTOLOMÉ et al., 2007). Para Grégoire e Finley (2008), está claro que recém-nascidos expostos à dor repetida no início da vida desenvolvem sensibilização que fica ainda mais significativa em recém-nascidos prematuros ou naqueles submetidos a cirurgia durante período neonatal. Portanto, para prevenir a sensibilização à dor, boa prevenção, avaliação e tratamento da dor são cruciais. Bartolomé et al. (2007) complementam dizendo que existe uma grande variedade de sedativos e analgésicos para serem usados, desde que sob protocolos adequados, além de medidas não farmacológicas como: musicoterapia, controle de ruídos na unidade, inclusive durante os procedimentos, sucção não nutritiva, diminuição da intensidade da luz na unidade, massagem e comunicação. 3.3.4. A manutenção do PICC O primeiro curativo do PICC deve ser realizado com gaze e fita adesiva ou membrana transparente semi-permeável. A troca deve ser no prazo de 24-48 horas. A partir daí, os curativos subseqüentes devem ser realizados apenas com membrana transparente semi-permeável para permitir a visualização do sítio de punção, facilitando assim, sua inspeção. A rotina de troca poderá ser em um prazo de sete dias ou quando necessário (em caso de descolamento da membrana, presença de sangue, secreção ou sujidade), utilizando-se sempre técnica asséptica. Os curativos devem ser datados e as condições do sítio de inserção registradas (RODRIGUES, 2002; BOWE-GEDDES; NICHOLS, 2005). Todd (2004) também diz que uma gaze deve ser colocada sob a membrana transparente durante as primeiras 24 horas, já que alguma quantidade de sangue ainda pode sair. A autora recomenda que esse curativo seja trocado nas primeiras 24 horas e que seja usada, então, apenas a membrana transparente, que evita a migração do cateter, ao mesmo tempo em que permite a inspeção visual freqüente do sítio de inserção. A não ser que o curativo fique sujo ou se molhe, ele pode ser trocado a cada 49 semana, sendo que a membrana deve se estender até o hub do cateter, para prevenir mobilização. Caso contrário, não existe freqüência específica de troca de curativos. Pacientes que tomam banho devem ser orientados a protegerem a membrana transparente da água (TODD, 2004; BOWE-GEDDES; NICHOLS, 2005). Rodrigues et al. (2006) salientam a importância do uso da membrana transparente especificamente para os recém-nascidos, uma vez que ela permite inspecionar diariamente o local da inserção, o trajeto do cateter, os sinais de infiltração e edema, isquemia ou infecção, dispensando o uso de esparadrapo que prejudicaria a integridade da pele do recém-nascido. Freitas et al. (1999) indicam a solução fisiológica a 0,9%, administrada em flush, a intervalos regulares, quando o PICC estiver sendo utilizado, como meio de manter a permeabilidade do mesmo e a solução heparinizada, variando de 10UI/ml a 100UI/ml como ideal para manutenção do PICC. Como lembram Todd (2004) e Bowe-Geddes e Nichols (2005), um PICC não valvulado deve receber flush de solução salina heparinizada após cada uso e quando em não uso, e, para aqueles que são valvulados, a heparina não é necessária e a freqüência de flushs pode ser reduzida. Todd (2004) também recomenda a técnica do “empurra-pára” com pressão positiva para o flush do PICC, criando uma turbulência no lúmen do cateter, limpando possíveis debris de sua parede. Rodrigues et al. (2006) acrescentam que a salinização do cateter deve ser feita com uma seringa de 10ml, de menor pressão, reduzindo, assim, o risco de rompimento acidental do cateter. Para as autoras, a manutenção segura do cateter reduz o risco de perda antes do término do tratamento, sendo que a solução salina a 0,9% deve ser a solução de escolha. A cada turno um profissional de enfermagem deve realizar essa lavagem, inclusive com o propósito de identificar complicações de forma precoce, como obstrução do lúmen, além de realizá-la também antes e após cada medicamento e a intervalos regulares. Por fim, como destaca Rodrigues (2002), durante a manutenção do cateter é preciso que se previna a transmissão de infecção. Para isso, devem-se usar barreiras de proteção como luvas, máscara e gorro durante qualquer manipulação do cateter, do curativo ou do sistema de infusão, trocando-o a cada 96 horas ou em 24 horas se a infusão for de sangue ou nutrição parenteral total, manipular conexões de forma asséptica, utilizar sistema fechado de infusão e remover o cateter assim 50 que ele não seja mais necessário. 3.3.5. A remoção do PICC O tempo de permanência do PICC pode variar de algumas semanas a um ano, dependendo das necessidades do paciente, dos cuidados de manutenção e da presença de ocorrências de complicações associadas à sua utilização (RODRIGUES, 2002). Freitas et al. (1999) descrevem que o tempo de permanência do cateter, após sua instalação, varia de uma semana a seis meses, e que esse tempo de permanência varia de acordo com o tipo ou marca do cateter, tipo de terapia e critério individual de cada paciente, permanecendo, em algumas situações por 18 e 24 meses. Os mesmos autores relatam que não se conhecem limites para o tempo de permanência do PICC, podendo ficar instalados pelo tempo que se fizerem necessários, sem complicações. Segundo Rodrigues (2002), a retirada do PICC está indicada nas seguintes situações: fim da terapia, sinais de infecção no sítio de inserção, ruptura do cateter e presença de demais complicações que não possam ser solucionadas. Oakley (1997) e Rodrigues (2002) apontam que a remoção do PICC não é traumática para o paciente e, inclusive, pode ser feita fora do ambiente hospitalar. Descrevem que de forma asséptica e com o paciente na posição supina, remove-se o curativo e o cateter é gentilmente tracionado até que toda sua extensão saia. Seguindo o procedimento, um curativo compressivo pode ser aplicado no local da inserção e a ponta do PICC pode ser mandada para cultura. Rodrigues (2002) ainda destaca que é importante estar alerta, pois se houver resistência durante o tracionamento do cateter, causada por venoespasmo, não é recomendado prosseguir com a retirada, pois os riscos de fratura do cateter e conseqüente embolia são grandes. Neste caso, a autora recomenda compressa morna no trajeto do cateter por 20 minutos (para promover a vasodilatação e facilitar a retirada do cateter) e só então tentar novamente. Caso a resistência persista, recomenda-se esperar mais 24 horas para nova tentativa (BOWE-GEDDES; NICHOLS, 2005). Vendramim (2005), Bowe-Geddes e Nichols (2005) acrescentam a importância de se medir o comprimento do PICC após sua retirada, conferindo-o 51 com o registro do comprimento na data de inserção, para certificar-se de que não há retenção ou ruptura de parte do cateter. Somente profissionais que foram treinados para lidarem com potenciais complicações podem remover um PICC. Durante a retirada é importante fazer uma tração, devagar e de forma intermitente, sem aplicar nenhuma pressão ao sítio de inserção. A enfermeira deve usar luvas estéreis e puxar o cateter para um campo estéril, caso ele fique preso e seja necessário fechar o curativo temporariamente. Deve-se também manter o braço do paciente em nível abaixo do coração durante sua retirada (BOWE-GEDDES; NICHOLS, 2005). 3.3.6. As complicações relacionadas ao uso do PICC Rodrigues (2002) relata que o PICC apresenta baixo índice de complicações quando comparado com os outros tipos de acessos venosos centrais, porém apresenta-se passível de alguns tipos de complicações que devem ser de conhecimento dos profissionais. Enfatiza também que quando as medidas preventivas são seguidas rigorosamente, o índice de complicações fica ainda mais reduzido. Gabriel (2001) aponta, de forma reduzida, as seguintes complicações mais comuns para os PICC utilizados de forma insegura: - Migração do cateter: se houver a migração externa do PICC, o paciente não mais terá um dispositivo considerado central, ficando, portanto, mais vulnerável a trombose, flebite química ou a perda completa do cateter. Caso migre internamente, para dentro do átrio direito, através do coração ou para dentro da artéria pulmonar, isso pode resultar em hipotensão, aumento da pressão venosa central, taquicardia e perda do nível de consciência; - Flebites: é o resultado da irritação na veia. Pode ser considerada química, causada pela irritação da infusão nas paredes da veia, sendo rara em cateteres centrais. A flebite é infecciosa quando resulta de uma infecção que pode levar à inflamação da veia, comumente decorrente de técnicas de inserção pobres em assepsia. A flebite mecânica é um tipo mais comum em PICC do que em outros tipos de cateteres centrais. Acontece porque o PICC é inserido de forma periférica e quando é usado um cateter de largo calibre, o fluxo de sangue fica impedido de passar ao redor do cateter, levando à irritação do vaso. Pode ocorrer também quando o PICC é 52 constantemente movimentado sempre que o paciente mexe o braço ou a perna; - Infecção: o risco de contaminação e, conseqüente risco de infecção, existe não só durante a inserção do PICC, mas também a cada manipulação do mesmo, requerendo técnicas estritamente assépticas; - Dano no cateter: danos como ruptura ou exposição do cateter são causados por mau uso do mesmo, tanto por profissionais, quanto por pacientes. Em estudo de Freitas et al. (1999) foram encontradas as seguintes complicações no uso do PICC: exteriorização do cateter (6 casos), obstrução (5 casos), flebite (4 casos), alergia de contato ao curativo transparente (3 casos) e perfuração do cateter (2 casos). Neste estudo, dos 40 PICCs inseridos, 20 foram retirados por complicações. Todd (2004) cita como possíveis complicações do uso do PICC: flebite mecânica, flebite infecciosa, tromboflebites, trombose, obstruções, danos ao cateter e migração do cateter. NG et al. (1996) em seu estudo dividiram as complicações encontradas em iniciais: punção arterial (1 caso), mau posicionamento da ponta do cateter (7 casos), sangramento severo (2 casos), insucesso na primeira tentativa de inserção (10 casos) e tardias: arritmias (3 casos), flebite mecânica (2 casos), obstrução (3 casos). Neste estudo, os autores encontraram 28 complicações em 19 PICCs. Frey (1995), por sua vez, encontrou: 14% de obstrução, 4,5% de febre, 3% de deslocamento do cateter, 2% de flebite, 2% de ruptura, 2% de infiltração e edema, 1,5% de mau posicionamento, 1,1% de vazamento na entrada do cateter, 0,7% de remoções difíceis e 0,3% de taquiarritmias. 3.4. O papel do enfermeiro no manejo do PICC Segundo Rodrigues (2002), nos EUA, o PICC tem sido implantando, desde a década de 70, por enfermeiras com treinamento formal, exigido por lei para realizarem o procedimento. Todd (2004) reforça dizendo que a administração de terapia intravenosa realizada por enfermeiras se tornou comum no cenário clínico, com enfermeiras americanas estando na linha de frente do desenvolvimento da prática de enfermagem avançada nesta área. O Scope of Professional Practice, documento publicado pela Inglaterra para 53 direcionar atividades da enfermagem, estimulou muitas enfermeiras que trabalhavam em terapia intravenosa a assumirem o paciente que necessitasse de terapia intravenosa e do PICC. Com isso, enquanto as enfermeiras tiveram a oportunidade de expandirem sua prática clínica para benefício do paciente, elas também continuaram profissionalmente confiáveis na prática clínica (TODD, 2004). O crescente interesse no PICC levou ao desenvolvimento de um Conselho de PICC nos EUA. Esse conselho foi criado para fornecer uma fonte de informação para as enfermeiras envolvidas no uso e cuidado com o PICC. Esse Conselho passou por várias fases de desenvolvimento enquanto procuravam colaborações profissionais. O resultado foi o desenvolvimento de diretrizes sobre vocabulário, comunicação e atividades de cuidado e manutenção, que poderiam ser utilizadas por enfermeiras para aumentar a organização do cuidado ao paciente (PAPKE, 1996). Assim, Todd (2004) explica que a inserção do PICC pelo enfermeiro só é aceitável se o enfermeiro estiver convencido de que o PICC é o dispositivo mais adequado ao paciente e se ele tiver o conhecimento, habilidade e competência para realizar o procedimento. Também no Brasil, uma das áreas da assistência de enfermagem que tem obtido maior atenção por parte dos profissionais de saúde no atendimento a bebês criticamente doentes, é a terapêutica intravenosa. Segundo os autores, uma das formas de melhor assistir os recém-nascidos, é o enfermeiro estar em constante busca por conhecimentos atualizados nessa área bem como conhecedor das inúmeras variedades de dispositivos vasculares que existem no mercado e que têm se modificado muito ao longo dos anos, procurando atender as necessidades dos diferentes tipos de clientela (LOURENÇO; KAKEHASHI, 2003). Foi a Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Terapia Intensiva (SOBETI) a primeira, no Brasil, a certificar e qualificar os enfermeiros brasileiros para a passagem do PICC (CAMARGO, 2007). É altamente recomendado também que se elabore e operacionalize nas unidades um protocolo de diretrizes em relação à inserção, manutenção e retirada do PICC, antes que se comece a utilizá-lo. Só assim, haverá uma sistematização adequada da assistência de enfermagem e melhoria na qualidade do cuidado. Cada instituição, obviamente, terá um protocolo adequado à sua realidade, existindo itens indispensáveis como indicações, contra-indicações, técnica de inserção, 54 complicações, manutenção e retirada (RODRIGUES, 2002; RODRIGUES et al., 2006). Sabe-se que é crescente o aumento pelo interesse dos profissionais de saúde em se mensurar a qualidade do cuidado prestado. Para se quantificar as conseqüências negativas e positivas das atividades de saúde, a mensuração dos resultados é essencial. Esses indicadores podem fornecer soluções para os aspectos do processo e da estrutura que interferem nos resultados (DE VOS et al., 2007). Padilha (2001) explica que a monitorização das atividades, seu seguimento, avaliação e intervenções devem ser realizadas num ciclo incessante e contínuo de investigação e mudança. Indicador de qualidade é uma ferramenta de diagnóstico para se identificar potenciais níveis subótimos de cuidados clínicos, fornecendo uma mensuração da qualidade na estrutura, no processo e no resultado do cuidado, servindo, portanto, para melhorar a qualidade do cuidado (DE VOS et al., 2007). Nesse processo, exemplifica Padilha (2001), a abordagem das reações adversas do procedimento é de vital importância já que a detecção de desvios de qualidade no decorrer da análise do processo e não do produto final implica em prevenção e, com isso, uma otimização ainda maior do cuidado prestado. Portanto, o enfermeiro intensivista assume novo papel através da introdução da prática de inserção do PICC, que se tornou mais uma opção terapêutica para o paciente. Essa nova atividade traz consigo também novas responsabilidades, que englobam desde o preparo técnico do profissional, sua capacidade de avaliação e tomada de decisões, abordagem do paciente e sua família e a relação do enfermeiro dentro da instituição. Sendo necessário, com isso, haver um reforço nos treinamentos institucionais quanto ao manuseio e a manutenção do cateter (LAMBLET et al, 2005). 3.5. O movimento pela qualidade do cuidado O cuidado é uma ação inerente ao ser humano, uma necessidade básica, altruísta, não objetivando benefício ou resultado, apenas assegurando ao ser cuidado o bem estar a partir de suas condições, incluindo alimentação, conforto, respeito, resignação, descanso, proteção e informação (WALDOW, 1998). 55 Segundo Boff (2005), um dos grandes desafios do homem é combinar trabalho e cuidado, visto que eles não se opõem, mas se complementam. O conceito de qualidade surgiu entre as décadas de 1930 e 1960 com o intuito de se controlar o processo industrial, aumentando a produção, diminuindo custos e desperdícios, e se tornando, portanto, um requisito indispensável para a sobrevivência em um mercado competitivo. Durante a Segunda Guerra Mundial, a indústria bélica passou a utilizar o controle estatístico para melhorar a fabricação de bens de guerra, observando que a qualidade final de seu produto refletia diretamente a qualidade de cada setor que fazia parte do processo de fabricação (ZANON, 2001). Atualmente, as empresas de marketing definem qualidade como o conjunto de características que um produto ou serviço devem ter, para atender ou superar as expectativas de seu usuário final. Assim, acreditam que a qualidade final do serviço deve ser avaliada pela pesquisa de opinião do cliente (ZANON, 2000). Na área da saúde, um conceito que tem provocado grande interesse entre profissionais e administradores é o de qualidade do cuidado (DE VOS et al., 2007). Cuidadores em saúde estão cada vez mais interessados em obterem dados objetivos sobre suas performances, assim como as informações acerca da qualidade do cuidado estão hoje facilmente disponíveis aos seus usuários (BERENHOLTZ et al., 2002). A qualidade do cuidado já foi considerada, há muito tempo, um assunto misterioso, capaz de ser sentida e apreciada, mas impossível de ser medida (DONABEDIAN, 1997). No entanto, segundo Brook et al. (2000), nos últimos anos, pesquisas têm demonstrado que a qualidade do cuidado pode ser medida, variando consideravelmente em muitas situações e que, embora seja passível de ser melhorada, baseia-se em um processo difícil, não sendo alcançado com sucesso em muitos níveis do sistema de saúde. Avedis Donabedian (1997), um dos primeiros estudiosos sobre avaliação da qualidade dos serviços de saúde classificou três categorias de inferências sobre a qualidade do cuidado: - Estrutura: recursos materiais, incluindo serviços, equipamentos e recursos financeiros; além de recursos humanos, incluindo qualificações dos profissionais e estrutura organizacional das equipes. - Processo: ações dos pacientes em procurarem e receberem cuidados, 56 assim como as ações dos profissionais em fazerem diagnósticos e recomendarem ou implementarem um tratamento. - Resultados: o efeito do cuidado na saúde do paciente ou população. Conscientização dos pacientes e mudanças em seus comportamentos, denotando o grau de satisfação do cliente em relação ao cuidado. Assim, uma boa estrutura aumenta a probabilidade de um bom processo e este, por sua vez, de um bom resultado (DONABEDIAN, 1997). Qualidade do cuidado se refere ao grau segundo o qual os serviços de saúde aos indivíduos ou populações aumentam a probabilidade de resultados de saúde desejáveis e são consistentes com o conhecimento profissional atual, diminuindo o risco de eventos indesejáveis (ZANON, 2001; BERENHOLTZ et al., 2002). Algumas condições indispensáveis à qualidade do cuidado, chamadas por Donabedian de “Sete Pilares da Qualidade em Saúde” devem ser avaliadas (ZANON, 2001): - Otimização: torna-se relevante na medida em que os efeitos do cuidado da saúde não são avaliados de forma absoluta, mas relativamente aos custos. - Eficácia: grau em que uma intervenção de saúde produz resultado benéfico em condições ideais, ou seja, “resultados de laboratório”. - Efetividade: grau em que uma intervenção de saúde produz resultado benéfico, aplicada sob circunstâncias reais. - Eficiência: é a melhor relação custo-benefício de determinada intervenção. - Aceitabilidade: conformidade do cuidado à saúde com as preferências do paciente, com serviços adequados às suas culturas, normas e expectativas. - Legitimidade: conformidade com os princípios éticos, valores, normas, moral, leis, regulamentos. - Equidade: igualdade na distribuição dos cuidados à saúde. Para se quantificar as consequências do cuidado à saúde, sejam elas desejáveis ou indesejáveis, medir os resultados é essencial. Para isso, indicadores oferecem aspectos da estrutura e do processo relacionados ao resultado (DE VOS et al., 2007). Eventualmente, indicadores de resultados são o que chamam a atenção dos pacientes (BERENHOLTZ et al., 2002). Nada mais são do que conceitos de qualidade traduzidos sob a forma de representações mais concretas, passíveis de algum grau de quantificação, como por exemplo, uma escala ordinal, constituindo- 57 se, portanto, em importante instrumento gerencial (DONABEDIAN, 1997; NASCIMENTO et al., 2008). Segundo Nascimento et al. (2008), taxa de mortalidade, tempo de permanência hospitalar, taxa de readmissão imediata, taxa de infecção hospitalar, complicações cirúrgicas, taxa de cesáreas e taxa de eventos adversos são alguns dos indicadores mais comuns utilizados em um ambiente hospitalar. Muitos estudos têm sido realizados sobre indicadores de resultados da qualidade do cuidado e uma grande parte deles, desenvolvida em ambientes de cuidados intensivos (CURTIS et al., 2006). Indicadores específicos tais como: eventos adversos, infecções nosocomiais, tromboembolismos venosos, erros de medicamentos, disfunções de órgãos, qualidade de vida e grau de satisfação do paciente e família fazem da terapia intensiva um ambiente mais complexo e diferenciado, no que diz respeito à qualidade do cuidado (CURTIS et al., 2006). Considerando o acesso central como um componente inerente ao ambiente de cuidados intensivos, principalmente na neonatologia, é importante que se estabeleça também os indicadores dos resultados deste item, para que a partir deles possam ser estabelecidas diretrizes de melhoria da qualidade e redução de eventos adversos. 58 METODOLOGIA 59 4. METODOLOGIA 4.1. Tipo de estudo Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, de delineamento longitudinal e coleta prospectiva dos dados sobre o uso do PICC em recém-nascidos internados em uma UTIN. Segundo Haddad (2004), os primeiros passos do conhecimento científico de determinado fenômeno é a sua descrição. A finalidade dos estudos descritivos é observar, descrever e documentar os aspectos da situação. A pesquisa exploratória também investiga a natureza complexa do fenômeno e outros fatores com os quais ele está relacionado (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). Um estudo com delineamento longitudinal é aquele em que a coleta de dados é feita em múltiplas ocasiões ao longo de um período de tempo. A importância desse tipo de estudo está na capacidade de demonstrar as mudanças ao longo do tempo e a sequência temporal dos fenômenos, critério essencial para o estabelecimento da causalidade (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). 4.2. Local do estudo A pesquisa foi desenvolvida na UTIN de um hospital público universitário do município de Goiânia, Goiás. Esta instituição, desde 2002, integra o grupo dos 188 hospitais que formam a Rede de Hospitais Sentinela em todo o país junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com a finalidade de notificar eventos adversos e queixas técnicas de produtos usados nos serviços de saúde do Brasil, visando garantir assim melhores produtos no mercado e mais segurança e qualidade para pacientes e profissionais de saúde (ANVISA, 2003). Por fazer parte do complexo de uma universidade pública, o hospital se configura como uma Instituição de Ensino Superior, utilizado como campo de prática na formação de alunos de diversos cursos de graduação da área de saúde (enfermagem, farmácia, fisioterapia, medicina, nutrição, odontologia, psicologia e serviço social) da própria universidade e também de algumas instituições de ensino 60 privadas de todo o Estado de Goiás. É caracterizado como hospital de grande porte, atendendo exclusivamente usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente conta com 310 leitos ativos distribuídos nas Unidades: Clínica Cirúrgica, Clínica Médica, Clínica Tropical, Clínica Ortopédica, Clínica Obstétrica, Clínica Pediátrica, Berçário, UTI Neonatal, UTI Clínica, UTI Cirúrgica, Unidades de Urgência e Emergência Adulta e Pediátrica, Central de Material e Esterilização, Centro Cirúrgico e Centro Obstétrico, além de 30 Ambulatórios de Especialidades diversas. São disponibilizados também como serviços de apoio: Radiologia, Laboratório de Análises Clínicas e Patológicas, Hemodinâmica, Terapias Substitutivas Renais e Hemoterapia. A composição do quadro de recursos humanos conta com 2800 funcionários, dos quais 134 são Enfermeiros (4,8%) e 429 (15,3%) são Técnicos e/ou Auxiliares em Enfermagem. A UTIN, campo desta pesquisa, utiliza o PICC, desde sua inauguração em 2006 e possui oito leitos para internação de recém-nascidos encaminhados pelo berçário do hospital e também por outras instituições. 4.3. Estrutura organizacional da UTIN e o uso do PICC O PICC foi padronizado, na UTIN, no segundo semestre de 2006, após a formulação, pela equipe de enfermagem, de um protocolo de rotinas para inserção, manutenção e remoção do cateter. A organização funcional da UTIN será descrita contemplando os aspectos da ESTRUTURA que envolve o ambiente físico, recursos materiais e recursos humanos, além do PROCESSO de instalação, manutenção e remoção do PICC (DONABEDIAN, 2005). A estrutura denota os atributos do ambiente em que os cuidados são prestados, incluindo recursos materiais, recursos humanos e estrutura organizacional (DONABEDIAN, 1997). Ambiente Físico A UTIN dispõe de uma área extensa composta por oito boxes para pacientes; sendo um isolamento, posto de enfermagem para preparo de medicamentos, posto 61 de prescrição médica e de enfermagem, expurgo, depósito de material de limpeza (DML), duas salas de armazenamento de equipamentos e materiais, sala para armazenamento de insumos descartáveis, sala com banheiro para pais e/ou acompanhantes, repouso médico e de enfermagem com banheiros, copa, secretaria e banheiro para funcionários. Recursos Materiais A UTIN conta com sete incubadoras e dois berços aquecidos para acomodação dos recém-nascidos, monitores multiparamétricos (para monitorização hemodinâmica contínua, através de cardioscopia, saturação arterial de oxigênio, pressão arterial não invasiva ou invasiva e capnografia), ventiladores mecânicos, bombas de infusão contínua, aparelho radiológico portátil e focos cirúrgicos portáteis. Na unidade, existem bandejas estéreis específicas para a inserção do PICC, contendo pinça para antissepsia, pinça de dissecção venosa curva delicada, utilizada para progressão do cateter, tesoura de Mayo reta pequena, utilizada para corte do cateter, cuba redonda, além de campos estéreis simples e fenestrado. As bandejas são esterilizadas na Central de Material e Esterilização (CME) do hospital e enviadas à UTIN. São acrescidos a esse material, seringa descartável de 10ml, agulha 40x12, frasco de soro fisiológico a 0,9% de 250ml, equipo para bomba de infusão, pacotes de gazes estéreis, pares de luvas estéreis e frasco de clorexidina alcoólica a 0,5%, além do próprio cateter. Todos os procedimentos de inserção de PICC são realizados à beira do leito, ou seja, acontecem com o recém-nascido dentro da incubadora ou berço aquecido, sem que ele seja removido da unidade. Qualquer administração endovenosa, na UTIN, é realizada com o auxílio de bombas de infusão, disponíveis em quantidade aproximada de três para cada leito. Recursos Humanos O serviço da UTIN conta com quadro de 70 profissionais, sendo: 11 enfermeiros, 34 técnicos em enfermagem, 18 médicos plantonistas, sendo dois deles médicos residentes em terapia intensiva neonatal, um fonoaudiólogo, uma psicóloga, 62 uma assistente social e quatro auxiliares administrativos. As enfermeiras da UTIN, distribuídas nos períodos matutino, vespertino e noturno, atuam no cuidado direto aos recém-nascidos, auxiliadas pelos técnicos em enfermagem. Uma delas exerce a função de gerente em enfermagem. Cabe ressaltar o fato de que, já no primeiro ano de uso do PICC, médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem receberam treinamentos acerca do manuseio do cateter, através de aulas ministradas pelas enfermeiras que já tinham experiência com sua utilização, cartazes explicativos e orientações in locu. Atualmente, das 11 enfermeiras da unidade, nove já fizeram curso de capacitação em inserção de PICC. 4.3.1. Processo de trabalho dos profissionais O Processo compreende um conjunto seqüencial de ações do profissional, ligadas umas às outras, seja para fazer um diagnóstico, ou para recomendar e implementar um cuidado (DONABEDIAN, 1997). As ações profissionais foram normatizadas de forma coletiva, através da elaboração de um Procedimento Operacional Padrão. Procedimento operacional padrão (POP) para o uso do PICC O POP relativo ao uso do PICC inclui as etapas de inserção, manutenção e remoção deste tipo de dispositivo. O acesso venoso central por meio do PICC foi introduzido na UTIN como parte dos cuidados aos recém-nascidos internados, sendo sua inserção um procedimento eletivo, indicado de forma consensual entre enfermeira assistencial e médico plantonista, podendo ser realizado como de primeira escolha, no momento da admissão ou, após sete dias de utilização de acesso venoso umbilical. Conforme o POP, as indicações para o uso do PICC nos recém-nascidos são: prematuridade, baixo peso, imunodepressão, acesso vascular precário, jejum prolongado, desenvolvimento de ingesta por via oral, antibioticoterapia ou qualquer terapia intravenosa por mais de sete dias, nutrição parenteral total (NPT), terapias hiperosmolares ou com pH não fisiológico, medicamentos que agridam o sistema vascular periférico, desnutrição, infecções, patologias gastrointestinais, ventilação 63 mecânica, coagulopatias e patologias oncológicas. A inserção do PICC é realizada em qualquer turno de trabalho, por enfermeiras e médicos qualificados, após a estabilização clínica do recém-nascido. Assim, para cada procedimento, existe pelo menos um destes profissionais (enfermeira capacitada ou médico) e um segundo profissional auxiliar, podendo ser outro médico, um técnico em enfermagem ou outra enfermeira, capacitada ou não. Antes de se iniciar a inserção do PICC, médico plantonista e enfermeira responsável realizam uma avaliação clínica por meio dos resultados laboratoriais e análise dos riscos e benefícios de submeterem o recém-nascido ao procedimento naquele momento. Recomenda-se que ele esteja hemodinamicamente estável, com monitorização mínima de cardioscopia e saturação arterial de oxigênio. O material para reanimação cardiorrespiratória estará disponível, para o caso de complicações durante o procedimento. Em conformidade com as recomendações do Centers for Disease Control and Prevention - CDC (CDC, 2002), sobre prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter, em todos os procedimentos, os profissionais envolvidos fazem uso de equipamentos de proteção individual, como gorro, máscara cirúrgica descartável, capote estéril e luvas estéreis. O uso de clorexidina como antisséptico de escolha, para inserção e troca de curativos, também obedece às mesmas recomendações (CDC, 2002). Em relação à prevenção da dor e desconforto no recém-nascido, sugere-se o uso de sucção não nutritiva com solução glicosada a 25% e/ou analgesia intravenosa antes do início do procedimento. A contenção do paciente é feita no leito, enrolando-se o recém-nascido em sua própria manta, deixando exposto apenas o membro a ser cateterizado. As possibilidades de acessos venosos periféricos são, então, analisadas, sendo priorizadas as veias das fossas anticubitais dos membros superiores devido às características como: capacidade de serem palpáveis, calibres maiores e trajetos retos o suficiente para a inserção da agulha introdutória e progressão do cateter. Há ainda a recomendação de se limitar o número de tentativas de punção periférica em quatro, para que sejam evitadas complicações como hematomas e sangramentos excessivos. Para a fixação e proteção do cateter, é adotado o uso de curativos estéreis de película transparente de poliuretano, trocados, apenas pelos enfermeiros, a cada 64 sete dias, ou sempre que houver sujidade. A realização de exame radiológico do tórax, para verificação da posição do cateter, é mandatória, sendo que idealmente a ponta do cateter deve se localizar em posição central. Em caso de falsos trajetos, dobras ou posição intracardíaca, o cateter deve ser tracionado e sua posição conferida com novo exame radiológico. Ainda, recomenda-se que sejam realizados exames radiológicos a cada 15 dias, para se descartar qualquer mobilização do cateter. Na etapa de manutenção do PICC, são padronizadas lavagens periódicas com 0,5ml de soro fisiológico a 0,9% em seringas de 10ml, pelo menos a cada seis horas, realizadas pela equipe de técnicos em enfermagem, responsáveis também pela administração de medicamentos endovenosos através deste cateter. Em casos de obstruções do cateter, o protocolo recomenda a técnica “POP” (FETZER; MANNING, 2004) que consiste na conexão de uma seringa de 5-10ml preenchida com apenas 1ml de SF0,9% na extremidade do PICC e, em seguida, puxa-se o êmbolo até seu limite, soltando-o em dois segundos. Esse procedimento é realizado até que a permeabilidade do cateter seja recuperada. O ato de soltar o êmbolo do cateter produz um som (POP), enviando uma onda de choque por todo o cateter e, com isso, possivelmente sua desobstrução. Outra técnica recomendada pelo protocolo, para casos de obstrução, é a técnica da “torneirinha”, em que se conecta na extremidade do cateter uma torneira de três vias e em uma de suas saídas, uma seringa de 3ml com SF0,9%, enquanto na outra saída, conecta-se uma seringa de 10ml vazia. Desta forma, aspira-se o conteúdo do cateter com a seringa de 10ml, formando um vácuo no seu interior, com pressão negativa e, sem soltar a seringa, abre-se a via da torneira para a seringa de 3ml, infundindo-se automaticamente apenas o volume que preenche o cateter, o que desobstrui o lúmen (VENDRAMIN, 2005). O protocolo ainda destaca que ambas as técnicas de desobstrução do PICC devem ser realizadas apenas por enfermeiros e médicos treinados. Para a correção de flebite mecânica provocada pelo PICC, o protocolo recomenda compressas mornas no trajeto do cateter a cada seis horas e elevação do membro, por pelo menos quatro a cinco dias. Caso não se obtenha sucesso nesta manobra, o cateter deve ser removido. Sem limite de permanência, o PICC pode ser utilizado até que não seja mais necessário para o tratamento do recémnascido. 65 Na etapa de remoção do PICC, configuram-se como indicações: término da terapia proposta, alta do paciente, sinais flogísticos de infecção no sítio de inserção ou ao longo do trajeto da veia, febre ou hipotermia sem outro foco de infecção identificável (após discussão de conduta com CCIH e coleta de exames adicionais, como hemocultura), trombose venosa devidamente diagnosticada e obstrução com tentativa de desobstrução sem sucesso. A remoção do cateter deve ser feita apenas por enfermeiros e a ponta enviada para exame de cultura apenas nos casos em que haja suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter. Após a remoção, o profissional deve conferir o comprimento do cateter, com a finalidade de detectar possíveis rompimentos. Diagramas de fluxo Para a visualização dos processos de inserção, manutenção e remoção do PICC, apresentam-se diagramas de fluxo, conforme normatizados na UTIN. Os diagramas de fluxo, nada mais são do que representações gráficas dos passos que se deve realizar em cada etapa da utilização do PICC (ORTEGA; SUÁREZ, 2006). Segundo Ortega e Suárez (2006), o fluxograma pode ser considerado uma ferramenta básica de qualidade, útil no diagnóstico rápido de problemas reais ou potenciais, relativos a produtos, serviços ou processos de uma empresa. Dessa ferramenta, fazem parte simbologias específicas, conforme esquema abaixo: 66 INÍCIO FASE DO PROCESSO DECISÃO FIM Adaptado de Ortega e Suárez (2006) Figura 1. Fluxograma de simbologias As ações desenvolvidas pelos profissionais quanto às etapas de uso do PICC estão apresentadas graficamente, em forma de fluxogramas: 67 I Admissão do RN na UTIN S N O RN tem indicações de receber o PICC, segundo protocolo? Adotar métodos de prevenção da dor, conforme protocolo Optar por ouro tipo de acesso venoso ou aguardar até que RN tenha melhores condições Preparar ambiente, materiais e equipe necessária, conforme protocolo (leito, insumos e equipamentos) Realizar antissepsia das mãos e paramentação da equipe, conforme protocolo Posicionar RN, selecionar sítio de inserção e medir o cateter corretamente, conforme protocolo Iniciar procedimento de inserção: punção e progressão do cateter N Houve sucesso na inserção? Realizar curativo, conforme protocolo S Avaliar a possibilidade de retirada do cateter e nova tentativa Solicitar Rx de tórax N Cateter central? Autorizar utilização do cateter S Acomodar o RN, retirar materiais, lavar as mãos e registrar todo o procedimento em evolução de enfermagem Figura 2. Diagrama-fluxo do Processo de Inserção do PICC II 68 II Observar diariamente a permeabilidade do cateter, condições do sítio de inserção e do curativo Realizar a troca do curativo, utilizando luvas e gazes estéreis, clorexidina alcoólica a 0,5% e película transparente, a cada sete dias e/ou sempre que houver sujidade Realizar lavagens periódicas do cateter, pelo menos a cada 6h, utilizando 0,5ml de SF0,9% em seringa de 10ml, conforme protocolo Verificar posicionamento do cateter com Rx de tórax, pelo menos a cada 15 dias Registrar, a cada período (M/T/N), em prontuário e evolução de enfermagem as condições do local de inserção e permeabilidade do cateter III Figura 3. Diagrama-fluxo do Processo de Manutenção do PICC 69 III Avaliar diariamente a necessidade de continuidade do cateter O RN tem indicações de retirada do cateter, conforme protocolo? S Realizar antissepsia das mãos N II Reunir: luvas estéreis e de procedimento, gaze estéril, pinça e tesoura estéreis e clorexidina alcoólica a 0,5% Remover o curativo oclusivo, com luvas de procedimento Utilizando luvas estéreis, realizar antissepsia do sítio de inserção do cateter, com gaze estéril embebida em clorexidina alcoólica a 0,5% Tracionar o cateter, com o auxílio da pinça estéril, utilizando movimentos seguros e delicados, na mesma direção do membro cateterizado. Medir o cateter. Existe indicação para encaminhar a ponta do cateter para exame de cultura, segundo protocolo? N S Desprezar o restante do cateter em recipiente de lixo contaminado Realizar curativo oclusivo com gaze e esparadrapo, caso haja sangramento excessivo Cortar a ponta do cateter com a tesoura estéril, armazená-la em recipiente estéril e encaminhar imediatamente ao laboratório Retirar material, acomodar RN, lavar as mãos e registrar o procedimento em evolução de enfermagem Figura 4. Diagrama-fluxo do Processo de Remoção do PICC FIM 70 4.4. População A população do estudo constituiu-se dos procedimentos de inserção do PICC em recém-nascidos internados na UTIN, realizados no período de 17 de maio de 2008 a 17 de maio de 2009 pela equipe de enfermeiros e médicos que atuam na unidade. O critério de inclusão dos procedimentos foi: - Possibilidade de acompanhamento do uso do cateter do momento da inserção até sua remoção. O critério de exclusão foi: - Procedimentos em recém-nascidos transferidos ou de alta da unidade ainda em uso do cateter. Durante o período de coleta de dados, houve 78 indicações de inserção do PICC, de acordo com o POP da unidade, porém 12 tentativas não obtiveram sucesso, por dificuldades técnicas inerentes ao procedimento e/ou ao paciente. Dos 66 procedimentos restantes, dois foram excluídos, pois os recém-nascidos receberam alta ainda em uso do cateter. Portanto, foram analisados 64 procedimentos em 56 recém-nascidos, visto que seis deles receberam mais de um cateter. 71 78 indicações de PICC 12 tentativas de inserção sem sucesso 66 procedimentos efetivados com sucesso 2 procedimentos excluídos (RNs receberam alta com o PICC) 64 procedimentos analisados 4 RNs receberam 2 PICCs 8 procedimentos em RNs repetidos 2 RNs receberam 3 PICCs 56 RNs caracterizados Figura 5. Fluxograma da seleção dos procedimentos na pesquisa 4.5. Coleta de dados 4.5.1. Instrumento Para o alcance dos objetivos propostos, foi construído um instrumento para registro das informações dos procedimentos de inserção de PICC nos recémnascidos internados na UTIN. O instrumento constava de quatro partes, contendo variáveis sobre a caracterização dos recém-nascidos, a inserção, manutenção e remoção dos dispositivos (APÊNDICE A). 1ª Parte: Variáveis de caracterização do recém-nascido submetido ao procedimento de inserção do PICC - Número do prontuário. - Sexo do recém-nascido: feminino ou masculino. - Data de nascimento: expressa em dia/mês/ano. - Peso ao nascimento: expresso em gramas. Agrupados em Peso Adequado (2500g 72 ou mais), Baixo Peso ao Nascer (1500-1499g), Muito Baixo Peso ao Nascer (10001499g) e Extremo Baixo Peso ao Nascer (menos de 1000g), segundo Classificação Internacional de Doenças (CID-10), versão 2007, da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2007). - Idade gestacional ao nascimento: corresponde ao número de semanas completas de gestação na ocasião do nascimento, calculada pelo método New Ballard conforme rotina da UTIN (BALLARD et al., 1991). Agrupados em Pré-termo (menos de 37 semanas), Termo (37 a 41 semanas e 6 dias) e Pós-termo (42 semanas ou mais), segundo Classificação Internacional de Doenças (CID-10), versão 2007, da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2007). - Idade gestacional corrigida na data de inserção do PICC: calculada somando-se a idade gestacional ao nascimento em semanas com a idade cronológica em dias de vida do recém-nascido, na ocasião de inserção do PICC. - Idade cronológica na data de inserção do PICC: expressa em dias de vida, calculada a partir da data de nascimento até o dia da inserção do PICC. - Peso na data de inserção do PICC: expresso em gramas, corresponde à medida de peso do recém-nascido, realizada na data de inserção do PICC. Os recém-nascidos são pesados diariamente e a informação fica registrada no prontuário. - Diagnósticos clínicos: realizados pela equipe médica por ocasião da admissão do recém-nascido e registrados em prontuário. Na apresentação dos resultados, os diagnósticos foram agrupados segundo Classificação Internacional de Doenças (CID-10), versão 2007, da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2007). - Medicamentos parenterais administrados via PICC: medicamentos prescritos e administrados diariamente através dos cateteres. Informação colhida através das prescrições médicas. - Indicações da inserção do 1º PICC: motivos pelos quais os PICCs foram inseridos nos recém-nascidos. Informação registrada pelo profissional que inseriu o PICC, diretamente no instrumento de coleta de dados. - Data de internação: expressa em dia/mês/ano, representa a data de admissão do recém-nascido na UTIN. - Data de saída: expressa em dia/mês/ano, representa a data em que o recémnascido recebeu alta, foi transferido da UTIN ou foi a óbito. - Motivo da saída: representa a razão pela qual o recém-nascido saiu da UTIN, podendo ser alta, óbito ou transferência. 73 2ª Parte: Variáveis de inserção do PICC: - Data de inserção do PICC: expressa em dia/mês/ano, representa a data em que o PICC foi inserido. - Marca do cateter: informação colhida do invólucro do cateter, representa a empresa fabricante do produto. - Material de fabricação do cateter: informação colhida do invólucro do cateter, representa o material utilizado para fabricação do mesmo, podendo ser silicone ou poliuretano. - Lúmen do cateter: informação colhida do invólucro do cateter, indica o calibre de fabricação do cateter, expresso na unidade de medida internacional French (Fr), podendo assumir os seguintes valores: 1.9Fr, 2.0Fr, 2.8Fr ou 3.0Fr. - Número de lúmens do cateter: informação colhida do invólucro do fabricante do cateter, indica quantas vias distintas de infusão o cateter possui, podendo assumir os seguintes valores: um ou dois. - Categorias profissionais que realizaram o procedimento: indica os responsáveis pela instalação do PICC, podendo ser: um médico e um enfermeiro, dois médicos, um médico e um técnico em enfermagem, um enfermeiro e um técnico em enfermagem ou dois enfermeiros. - Sítio de inserção do cateter: indica o nome da veia utilizada para inserção do cateter. Agrupadas posteriormente em: veias de membros inferiores, veias de membros superiores, veias do pescoço e veias da cabeça, conforme localização. - Comprimento inserido do cateter: indica em centímetros, qual o comprimento do cateter inserido através da veia periférica. - Número de tentativas de punção periférica: indica quantas tentativas de punção periférica foram necessárias até que se alcançasse êxito na progressão do cateter. - Motivos de insucesso nas tentativas de punção periférica: indica os motivos de tentativas frustradas de punção periférica até que se conseguisse êxito. - Preparo do paciente para a inserção do PICC: indica a conduta de prevenção da dor no recém-nascido durante a inserção do PICC, podendo ser: nenhum, analgesia endovenosa, sedação endovenosa, sedação associada a analgesia endovenosas ou sucção com solução glicosada a 25%. - Intercorrências ou dificuldades durante o procedimento: indicam fatores que 74 tornaram a inserção do PICC difícil e/ou complicações apresentadas pelos recémnascidos durante o procedimento, como sangramento excessivo, dificuldade de progressão do cateter, transfixação da veia, hematoma, etc. - Tempo de duração do procedimento: expresso em minutos, representa o tempo decorrido entre a antissepsia da pele do recém-nascido até o curativo oclusivo do cateter inserido. Cronometrado pelo profissional que insere o PICC, com auxílio de um relógio de parede na UTIN. - Localização do cateter ao exame radiológico: representa a localização do cateter ao final do procedimento. A localização do cateter foi considerada central (quando o final do cateter era visualizado ao nível da terceira cartilagem costal direita, se inserido em membros superiores, ou ao nível do diafragma, se inserido em membros inferiores), médio-clavicular (quando o final do cateter era visualizado entre o esterno e a porção média da clavícula), periférico (quando o final do cateter era visualizado fora das posições central ou médio-clavicular) ou intracardíaco (quando o final do cateter era visualizado entre a quarta e oitava vértebras). - Motivos do insucesso na localização do cateter: indicam as razões pelas quais o cateter não se localizou em posição central, ou seja, medida a mais (quando em posição intracardíaca), medida a menos (quando em posição periférica ou médioclavicular) ou trajeto errado realizado pelo cateter. - Tração do cateter: indica se houve ou não tração do cateter após a confirmação de sua posição, podendo ser sim ou não. 3ª Parte: Variáveis de manutenção do PICC: intercorrências e práticas assistenciais - Data da intercorrência: expressa em dia/mês/ano para cada complicação detectada. - Intercorrência: lista as complicações detectadas durante a permanência do cateter, relativas à sua manutenção. - Intervenção realizada: indica o que o profissional realizou para tentar corrigir a complicação encontrada. - Alterações percebidas durante os curativos: lista as alterações no sítio de inserção do cateter percebidas pelos profissionais ao realizarem o curativo, como edema, hiperemia, calor local, exsudato, endurecimento, etc. 75 4ª Parte: Variáveis de remoção do cateter - Data de remoção: expressa em dia/mês/ano, representa a data em que o cateter foi removido do sistema venoso do recém-nascido. - Tempo de permanência do cateter: expresso em dias, é calculado subtraindo-se a data de inserção do cateter da data de remoção do mesmo. - Motivo de remoção do cateter: indica o motivo que levou à remoção do cateter, podendo ser: término da terapia intravenosa, óbito, ruptura, exteriorização acidental, suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter, obstrução ou flebite mecânica. - Intercorrências durante a remoção do cateter: indica dificuldades ou complicações encontradas no momento da remoção do PICC, como quebra, retenção de parte do cateter, sangramento excessivo, etc. - Cultura da ponta do cateter: indica se, ao ser removido, a ponta do cateter foi levada ao laboratório para realização de exame de cultura, podendo ser sim ou não. A data da coleta também era registrada. - Resultado da cultura da ponta do cateter: indica o resultado da cultura da ponta do cateter, quando enviada ao laboratório, podendo ser: positivo (quando houve crescimento de microrganismos – neste caso era registrado o nome científico do microorganismo encontrado), negativo (quando não houve crescimento de microrganismos) ou não se aplica (quando o exame não foi realizado). - Hemocultura colhida do cateter por suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter: indica se houve ou não coleta sanguínea do cateter para realização de exame de cultura em laboratório, podendo ser sim ou não. A data da coleta também era registrada. - Resultado da hemocultura colhida do cateter: indica se houve ou não crescimento de microorganismos no sangue colhido do cateter, podendo ser positivo, negativo ou não se aplica. - Hemocultura periférica colhida por suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter: indica se houve ou não coleta de sangue de veia periférica para realização de cultura em laboratório e detecção de microrganismos, podendo ser sim ou não. - Resultado da hemocultura periférica colhida por suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter: indica se houve ou não crescimento de 76 microrganismos em sangue colhido de veia periférica, podendo ser positivo, negativo ou não se aplica. - Houve comprovação de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter: indica se houve comprovação de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter, podendo ser sim, não ou não se aplica. Para critério de diagnóstico de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter, foi adotada a definição do CDC (CDC, 2002) que estabelece a presença de uma das seguintes situações, acrescida de pelo menos uma hemocultura positiva colhida de veia periférica: - Cultura semiquantitativa (≥ 15 unidades formadoras de colônia por segmento de cateter) ou quantitativa (≥ 1000 unidades formadoras de colônia por segmento de cateter) positiva da ponta do cateter, onde o mesmo microorganismo (espécie e antibiograma) é isolado no segmento do cateter e no sangue de veia periférica; - Hemoculturas quantitativas simultâneas positivas com uma relação maior que 5:1 do cateter venoso central versus sangue de veia periférica; - Tempo de diferença de positividade maior que 2 horas entre hemoculturas positivas de cateter venoso central e de veia periférica; - Pus do sítio de inserção do cateter, em que a cultura mostre o mesmo microorganismo da hemocultura positiva de veia periférica. 4.6. Procedimento para a coleta de dados Os dados das variáveis de caracterização e inserção do PICC foram obtidos por meio da consulta dos prontuários e registros no instrumento de coleta de dados. Os dados das variáveis de manutenção e remoção foram registrados pelos enfermeiros plantonistas, após a execução dos cuidados. Para a obtenção da participação dos profissionais na coleta de dados, foi realizada uma reunião para garantir a adesão de todos e fazer a apresentação dos objetivos da pesquisa e do instrumento de coleta de dados. Os enfermeiros foram orientados a preencherem os instrumentos sempre que houvesse um procedimento de inserção de PICC em seus respectivos plantões, assim como em qualquer situação em que houvesse intercorrências ou remoções de PICC. Vale ressaltar que, após os esclarecimentos a respeito do preenchimento do instrumento, todos os enfermeiros concordaram em colaborar. 77 Os dados referentes à 1ª parte do instrumento, contendo as variáveis de caracterização dos recém-nascidos, foram coletados pelos enfermeiros assistenciais a partir dos prontuários médicos. Os dados referentes à 2ª parte do instrumento, contendo as variáveis de inserção, foram preenchidos logo após cada inserção de PICC, pelo enfermeiro responsável pelo procedimento, ou pelo enfermeiro auxiliar do procedimento. Os dados referentes à 3ª parte, contendo as variáveis de manutenção do PICC, foram preenchidos pelos enfermeiros, conforme tais ocorrências acontecessem, enquanto os dados da 4ª parte, contendo as variáveis de remoção do cateter, foram preenchidos pelos enfermeiros responsáveis pelos plantões. Simultaneamente, a pesquisadora, para verificar possíveis falhas no preenchimento e garantir os dados, fazia revisões semanais dos instrumentos. Os dados foram coletados após contato realizado pela pesquisadora com os pais ou responsáveis pelos recém-nascidos. 4.7. Aspectos éticos Foram observadas as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996) e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, sob Protocolo no 055/2008 (ANEXO A). Os pais ou responsáveis pelos recém-nascidos foram esclarecidos sobre a finalidade da pesquisa, foi garantido o sigilo das identificações dos recém-nascidos e todos concordaram em participar, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B). 4.8. Análise dos dados Os dados coletados foram inseridos em um banco de dados desenvolvido no programa estatístico Epi-Info® for Windows, versão 3.5.1 (CDC, 2008), para serem processados. As variáveis categóricas são apresentadas em seus valores absolutos (N) e relativos (percentuais). Foram calculadas medidas de tendência central (médias, medianas e modas), 78 de dispersão (desvio padrão) e de amplitude (valores máximos e mínimos). Os resultados obtidos foram apresentados sob a forma de tabelas. 79 RESULTADOS 80 5. RESULTADOS A análise das etapas de uso do PICC nos recém-nascidos internados na UTIN, proposta neste estudo, será apresentada e discutida com base no referencial teórico e nos objetivos propostos, organizada em três etapas. - 1ª etapa: Caracterização dos recém-nascidos que foram submetidos aos procedimentos de inserção de PICC. - 2ª etapa: Caracterização dos aspectos relacionados a estrutura organizacional da UTIN e o uso do PICC, contendo os aspectos da estrutura, processo e resultado do uso do PICC na UTIN. Para esta etapa, as variáveis do instrumento de coleta de dados foram reagrupadas segundo referencial de Avedis Donabedian (1997). - 3ª etapa: Descrição das complicações ocorridas durante o uso do PICC. 5.1. Caracterização dos recém-nascidos Foram analisados 64 procedimentos de inserção de PICC em 56 recémnascidos internados na UTIN, no período de 17 de maio de 2008 a 17 de maio de 2009. 81 Tabela 1. Características dos recém-nascidos submetidos ao procedimento de inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=56) Variáveis Sexo Masculino Feminino Idade Gestacional ao Nascimento Pré-termo (menos de 37 semanas) Termo (de 37 a 41 semanas e 6 dias) Peso ao Nascimento Extremo Baixo Peso (menos de 1000g) Muito Baixo Peso (1000-1499g) Baixo Peso (1500-2499g) Peso adequado (2500g ou mais) Idade Gestacional Corrigida na Data de Inserção do 1º PICC Pré-termo (menos de 37 semanas) Termo (de 37 a 41 semanas e 6 dias) Peso na Data de Inserção do 1º PICC Extremo Baixo Peso (menos de 1000g) Muito Baixo Peso (1000-1499g) Baixo Peso (1500-2499g) Peso adequado (2500g ou mais) Idade Cronológica na Data de Inserção do 1º PICC 1 - 7 dias de vida 8 - 15 dias de vida Mais de 15 dias de vida Motivo da Saída do Paciente Alta da UTIN Óbito Transferência da UTIN Diagnósticos Clínicos* Fetos e recém-nascidos afetados por fatores maternos e por complicações da gravidez, trabalho de parto ou parto (P00-P04) Distúrbios relacionados à duração da gestação e desenvolvimento fetal (P05-P08) Distúrbios cardiovasculares e respiratórios específicos do período neonatal (P20-P29) Infecções específicas do período perinatal (P35-P39) Distúrbios hematológicos e hemorrágicos do feto e recém-nascido (P50-P61) Distúrbios metabólicos e endócrinos transitórios específicos do feto e recém-nascido (P70-P74) Malformações congênitas do sistema nervoso central (Q00-Q07) Malformações congênitas do sistema respiratório (Q30-Q34) Malformações congênitas do sistema digestivo (Q38-Q45) Malformações congênitas do sistema urinário (Q60-Q64) Indicações de Inserção do 1º PICC** Uso de Medicamentos Vesicantes Prematuridade Baixo/Muito Baixo Peso Previsão de Futura Falta de Acesso Periférico Extremo Baixo Peso Medicamentos Parenterais Administrados via 1º PICC*** Antibióticos N (%) 30 26 53,6 46,4 48 8 85,7 14,3 8 14 22 12 14,3 25,0 39,3 21,4 45 11 80,4 19,6 5 19 21 11 8,9 34,0 37,5 19,6 47 3 6 83,9 5,4 10,7 42 12 2 75,0 21,4 3,6 6 10,7 98 175,0 78 139,2 42 75,0 9 16,1 6 10,7 3 3 3 1 5,35 5,35 5,35 1,78 56 45 40 9 5 100,0 80,4 71,4 16,1 8,9 55 98,2 82 Nutrição Parenteral Total Drogas Vasoativas Soroterapias Antifúngicos 47 33 10 6 83,9 58,9 17,9 10,7 *Os recém-nascidos apresentaram múltiplos diagnósticos. **Os recém-nascidos tiveram mais de uma indicação de inserção do PICC. ***Os recém-nascidos recebiam mais de um medicamento via PICC. A Tabela 1 demonstra que a maioria dos recém-nascidos (53,6%) era do sexo masculino, pré-termos (85,7%) e de baixo peso ao nascimento (39,3%). Não houve recém-nascido pós-termo em uso de PICC, durante o período de coleta de dados. No momento de inserção do 1º PICC, a maioria dos recém-nascidos ainda permanecia na faixa de prematuridade (80,4%), com baixo peso (37,5%) e estava na primeira semana de vida (83,9%). Esses dados podem demonstrar a precocidade da indicação de uso do PICC na UTIN. Em relação ao motivo de saída do recém-nascido, percebe-se que a maioria recebeu alta da UTIN (75%), enquanto 21,4% foram a óbito. Na avaliação dos diagnósticos clínicos dos recém-nascidos, percebe-se que houve uma predominância dos Distúrbios relacionados à duração da gestação e desenvolvimento fetal – P05-P08 (175%), assim como uma incidência também importante dos Distúrbios cardiovasculares e respiratórios específicos do período neonatal – P20-P29 (139,2%). O primeiro grupo se refere aos transtornos relacionados com a gestação de curta duração (prematuridade), assim como aos transtornos relacionados com peso baixo ao nascer. No segundo grupo, destaca-se um diagnóstico de maior importância entre os recém-nascidos pré-termos, conhecido como Desconforto respiratório do recém-nascido (ou Doença da membrana hialina), encontrado especificamente em 36 dos 56 recém-nascidos. Em relação às indicações de instalação do 1º PICC, destaca-se, em 100% dos casos, o uso de medicamentos vesicantes, ou seja, que agridem o sistema venoso periférico, podendo causar necrose tissular quando extravasadas. Em seguida, com incidências também altas, estão as indicações prematuridade (80,4%) e baixo/muito baixo peso (71,4%). Percebe-se que as três indicações de maior incidência estão de acordo com aquelas preconizadas pelo POP da UTIN. Finalmente, em relação aos medicamentos parenterais administrados via PICC, ficaram em destaque o grupo dos antibióticos (98,2%) e a nutrição parenteral total (83,9%), ambos sabidamente conhecidos por sua característica vesicante 83 quando em altas osmolaridades ou pHs extremos. Tabela 2. Distribuição das medidas descritivas das variáveis de caracterização dos recémnascidos submetidos à inserção de PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=56) Variáveis Idade gestacional ao nascimento (em semanas) Peso ao nascimento (em gramas) Idade gestacional corrigida na data de inserção do 1º PICC (em semanas) Peso na data de inserção do 1º PICC (em gramas) Idade cronológica na data de inserção do 1º PICC (em dias de vida) Tempo de internação na UTIN (em dias) Média Mediana Moda Valor Máximo Valor Mínimo Desvio Padrão 32,9 32 30 41 26 3,5 1814,2 1695 840 3700 500 787,5 33,6 33,8 32,2 41 26,2 3,4 1817,9 1650 1000 3880 510 803,4 6,5 4 3 48 1 9,3 33,8 21 7 163 3 33 A Tabela 2 retrata a análise descritiva dos dados de caracterização dos recém-nascidos. Destaca-se, entre os valores, a média de idade gestacional ao nascimento, com 32,9 semanas (± 3,5), sendo que o recém-nascido mais prematuro a receber o primeiro PICC tinha apenas 26 semanas (valor mínimo). O peso ao nascimento teve mediana de 1695g, destacando-se o menor recém-nascido a receber o primeiro PICC com 500g (valor mínimo). A média da idade gestacional na data de inserção do 1º PICC (33,6 semanas ± 3,4) ficou próxima a idade gestacional ao nascimento, visto que na maior parte dos casos o PICC foi indicado ainda na primeira semana de vida. O mesmo se aplica ao peso na data de inserção do primeiro PICC, com mediana de 1650g. A idade cronológica na data de inserção do 1º PICC apresentou mediana de quatro dias de vida, destacando-se o recémnascido mais jovem a receber o PICC ainda no primeiro dia de vida. Em média os recém-nascidos ficaram internados por um período de 33,8 dias, sendo o maior período de internação de 163 dias (valor máximo). 5.2. Estrutura organizacional da UTIN e o uso do PICC 84 Para a garantia da qualidade na área dos serviços de saúde e conduzir sua avaliação, Donabedian (2005) indica um modelo sistemático com abordagem na estrutura, processo e resultados, que dão sustentação aos serviços de saúde. Da etapa da Estrutura, faz parte, entre outros aspectos, a organização do serviço na UTIN para o uso do PICC nos recém-nascidos internados. Na análise dos dados pesquisados neste estudo, a estrutura contempla os recursos materiais e os recursos humanos dispensados nos procedimentos relativos ao PICC. Tabela 3. Distribuição das variáveis de estrutura para a inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) Variáveis de estrutura Marca do cateter Becton, Dickinson and Company® (BD) Arrow® UTAH Medical® Vygon® Silmag® Material de fabricação do cateter Silicone Poliuretano Lúmen do cateter 1.9Fr 2.0Fr 3.0Fr Número de lúmens do cateter 1 2 Categorias profissionais que realizaram o procedimento Enfermeiro e técnico em enfermagem Dois enfermeiros Enfermeiro e médico Médico e técnico em enfermagem Dois médicos Preparo do paciente para a inserção do PICC Sedação EV Analgesia EV Nenhum Sucção com solução adocicada Sedação e analgesia EV N (%) 47 11 3 2 1 73,4 17,2 4,7 3,1 1,6 62 2 96,9 3,1 59 3 2 92,2 4,7 3,1 63 1 98,4 1,6 40 12 10 1 1 62,4 18,8 15,6 1,6 1,6 25 13 11 8 7 39,1 20,3 17,2 12,5 10,9 A Tabela 3 apresenta o panorama das variáveis de estrutura na etapa de inserção do PICC. Percebe-se uma variedade de marcas de cateteres utilizados, provavelmente por se tratar de uma instituição pública, onde a aquisição de materiais ocorre a partir de pregões eletrônicos, ocorrendo variações de fornecedores ao longo do ano. 85 Em relação ao material de fabricação dos cateteres, a maioria (96,9%) era de silicone, o primeiro material a partir do qual se começou a fabricar o PICC. As recomendações do CDC (CDC, 2002) dizem que tanto o silicone quanto o poliuretano são materiais altamente biocompatíveis, oferecendo, portanto, maior resistência em relação à aderência de microorganismos no lúmen do cateter. Quanto ao lúmen do cateter, 92,2% deles tinham 1.9Fr, calibre apropriado à maioria dos recém-nascidos da unidade, que eram pré-termos e de baixo peso e, portanto, de vasos sanguíneos com diâmetros internos diminutos. Em relação ao número de lúmens do cateter, 98,4% tinham apenas um único lúmen, o que atende às recomendações do CDC (CDC, 2002) que sugerem a utilização de cateteres com o menor número de lúmens possível, diminuindo as chances de formação de biofilme entre suas paredes e, consequentemente, os riscos de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter; apenas 1,6% deles tinham dois lúmens. Quanto aos recursos humanos, no que se refere às categorias profissionais que realizaram os procedimentos de inserção do PICC, destaca-se, com 62,4%, o enfermeiro auxiliado pelo técnico em enfermagem, seguidos de 18,8% dos procedimentos realizados por dois enfermeiros, 15,6% realizados por enfermeiro e médico, 1,6% realizados por médico e técnico em enfermagem e 1,6%, por dois médicos, o que demonstra ser esta, uma atividade essencialmente da enfermagem. Em relação ao preparo do paciente para a inserção do PICC, destaca-se que a maioria, 25 (39,1%) dos procedimentos, foram precedidos de sedação endovenosa de forma isolada (Dormonid), enquanto em um número importante de procedimentos (17,2%) nenhuma conduta de prevenção à dor foi realizada, contrariando, inclusive, as recomendações do POP da UTIN. 5.3. O trabalho dos profissionais e o PICC O trabalho dos profissionais envolve as reais atividades para se fazer um diagnóstico, como aplicar os conhecimentos e as tecnologias disponíveis durante o atendimento prestado, assim como recomendar ou implementar um cuidado. Compreende a etapa do Processo preconizado por Donabedian (DONABEDIAN, 1997). Na análise do uso do PICC em recém-nascidos internados na UTIN, o 86 Processo envolve as ações dos profissionais relacionadas à inserção, manutenção e remoção desses dispositivos. Na Tabela 4, destacam-se as variáveis de Processo que mostram as ações dos profissionais na inserção do PICC. Tabela 4. Distribuição das variáveis de processo para a inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) Variáveis do processo N Sítio de inserção do cateter Veias de membros superiores 47 Veias de membros inferiores 8 Veias da cabeça 6 Veias do pescoço 3 Número de tentativas de punção periférica 1-5 51 6 - 10 8 Mais de 10 5 Motivos de insucesso nas tentativas de punção periférica* Veias de difícil visualização 31 Transfixação da veia 24 Não registrado 18 Hematomas de múltiplas punções prévias 15 Edema 8 Tempo de duração dos procedimentos Até 30 minutos 29 De 31 – 60 minutos 25 Mais de 60 minutos 10 (%) 73,4 12,5 9,4 4,7 79,7 12,5 7,8 48,4 37,5 28,1 23,4 12,5 45,3 39,1 15,6 *Alguns recém-nascidos apresentaram mais de um motivo para o insucesso nas tentativas de punção periférica. No que diz respeito ao sítio de inserção do cateter, percebe-se que a maioria deles (73,4%) foi inserida em veias de membros superiores, respeitando a recomendação do POP da unidade. A Infusion Nursing Society Brasil também recomenda, para a inserção do PICC, preferencialmente a canulação de veias periféricas da região da fossa anticubital (cefálica, basílica e cubital média) e reforça que acessos alternativos devem ser utilizados na ausência de possibilidades desses acessos venosos clássicos (INSBrasil, 2008), pois estão associados a maiores índices de complicações. Em relação ao número de tentativas de punção periférica para a inserção do PICC, em 79,9% dos procedimentos foram necessárias de uma a cinco. Em 7,8% dos procedimentos foram realizadas mais de 10 tentativas, o que contraria a 87 recomendação do POP da unidade, que sugere um máximo de quatro tentativas de punção periférica. Entre os motivos de insucesso nas tentativas de punção periférica, predominam as veias de difícil visualização (48,4%) e a transfixação da veia (37,5%). Quanto ao tempo de duração do procedimento, em 45,3%, foram necessários até 30 minutos, enquanto em 15,6%, foram necessários mais de 60 minutos. Tabela 5. Medidas descritivas das variáveis de processo para a inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) Variável Número de tentativas de punção Tempo de duração do procedimento (em minutos) Média Mediana Moda Valor Máximo Valor Mínimo Desvio Padrão 4,0 3 1 25 1 4,1 48,7 40 30 180 10 38,4 A Tabela 5 mostra, que, em média, foram necessárias quatro (± 4,1) tentativas de punção periférica para a inserção do PICC nos recém-nascidos da UTIN, se destacando um procedimento em que foram necessárias 25 tentativas de punções (valor máximo). O tempo de duração dos procedimentos apresentou mediana de 40 minutos, destacando-se o procedimento mais rápido de apenas 10 minutos (valor mínimo) e o mais prolongado, de três horas (180 minutos) (valor máximo). 5.4. Os indicativos de resultados no uso do PICC Os Resultados são as conseqüências do atendimento em termos de constatação de mudanças no estado de saúde, prolongamento da vida, alívio da dor ou satisfação do cliente e família quanto ao serviço de saúde (DONABEDIAN, 1997). Os indicativos de Resultados do uso do PICC em recém-nascidos, foco deste estudo estão apresentados a seguir. 88 Tabela 6. Distribuição das variáveis de resultado no uso do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) Variáveis de resultado Localização do cateter ao Rx após inserção Intracardíaco Central Periférico Médio-clavicular Motivo do insucesso na localização do cateter Medição a mais Nenhum Cateter fez trajeto errado Medição a menos Tração do cateter após inserção Não Sim Tempo de permanência do cateter Até 5 dias De 6 – 15 dias Mais de 15 dias Motivo de retirada do cateter Término da terapia Ruptura Óbito Exteriorização Acidental Suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter Obstrução não resolvida Flebite mecânica não resolvida N (%) 32 22 6 4 50 34,3 9,4 6,3 32 22 7 3 50 34,4 10,9 4,7 55 9 85,9 14,1 12 27 25 18,8 42,1 39,1 23 18 9 7 35,9 28,1 14,1 10,9 3 3 1 4,7 4,7 1,6 A Tabela 6 retrata que, em relação à localização do PICC ao exame radiológico, realizado para a visualização do cateter após sua inserção, em 50% dos casos, o cateter se localizou em região intracardíaca, enquanto 34,3% ficaram em posição central. Entre os motivos do insucesso na localização do cateter, aparecem 50% de medição a mais, justificando todos os casos de cateteres em posição intracardíaca. Embora parte dos cateteres tenha se localizado em regiões inadequadas, apenas 14,1% deles foram tracionados, como medida corretiva. Caso interessante se refere a um PICC inserido na veia basílica esquerda que, fazendo um trajeto errado, subiu pela veia jugular interna esquerda ficando contra o fluxo sanguíneo venoso. Este cateter em particular não foi tracionado, porém quatro dias depois, após novo exame radiológico do tórax, foi constatado seu novo reposicionamento em veia cava superior, ou seja, o cateter migrou para a posição correta sem necessitar tração. 89 Variáveis de resultado, de extrema importância para a avaliação da manutenção do cateter são o tempo de permanência do cateter e os motivos para sua retirada. A maioria dos cateteres (42,1%) apresentou tempo de permanência de seis a quinze dias, embora uma taxa também importante de 18,8% tenha permanecido no recém-nascido por até cinco dias. Entre os motivos de remoção dos cateteres, 35,9% foram retirados por término de terapia, tendo destaque, entretanto, motivos como ruptura (28,1%) e exteriorização acidental (10,9%). Tabela 7. Medidas descritivas da variável de resultado na inserção do PICC na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) Variável Média Mediana Moda Valor Máximo Valor Mínimo Desvio Padrão Tempo de permanência do cateter (em dias) 16,1 14 5 60 0,5 12,5 Ainda relativo às variáveis de resultado da utilização do PICC, tem-se através da Tabela 7, que, em média, os cateteres obtiveram tempo de uso de 16,1 dias, destacando-se um deles com permanência de 60 dias (valor máximo) e outro com permanência apenas de 0,5 dia (valor mínimo). 5.5. Complicações na inserção, manutenção e remoção do PICC A rotina atribulada de uma UTIN, a complexidade de procedimentos em recém-nascidos prematuros e de muito baixo peso e a introdução frequente de novas tecnologias é, muitas vezes, cenário de complicações em técnicas e procedimentos. Objetivando uma melhor compreensão das complicações ocorridas com a utilização do PICC na UTIN, elas foram agrupadas conforme ocasião em que aconteciam: durante a inserção, manutenção ou retirada. Ainda, alguns dos motivos de retirada do cateter (Tabela 7) foram reconsiderados novamente aqui, pois também representam complicações. 90 Tabela 8. Distribuição das complicações, durante a inserção, manutenção e remoção de PICC em recém-nascidos na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, Goiás, 2009. (N=64) Eventos ocorridos Durante a inserção do PICC* Dificuldade de progressão e refluxo de sangue no cateter Não houve Sangramento excessivo Convulsão Alteração da frequência cardíaca e/ou da saturimetria Punção arterial acidental Durante a manutenção do PICC** Não houve Obstrução resolvida Ruptura Migração acidental Exteriorização acidental Flebite mecânica resolvida Suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter Obstrução sem resolução Flebite mecânica sem resolução Durante a remoção do PICC Não houve N (%) 36 19 13 1 56,3 29,7 20,3 1,6 1 1 1,6 1,6 36 22 18 12 7 4 56,3 34,4 28,1 18,8 10,9 6,3 3 3 1 4,7 4,7 1,6 64 100 *Alguns procedimentos apresentaram mais de uma complicação durante a inserção. **Alguns cateteres apresentaram mais de uma complicação durante suas manutenções. A Tabela 8 demonstra que na maioria dos procedimentos de inserção de PICC (56,3%) houve dificuldade de progressão e refluxo de sangue no cateter, enquanto três outras importantes complicações apareceram na mesma proporção (1,6%): convulsão, alteração da frequência cardíaca e/ou da saturimetria e punção arterial acidental. Nas situações em que houve convulsão e alteração da frequência cardíaca e/ou da saturimetria, os procedimentos foram interrompidos até que os recém-nascidos fossem medicados e estabilizados. Em relação à punção arterial acidental, a suspeita foi confirmada ainda durante o procedimento, através da coleta de amostra sanguínea para realização de gasometria arterial e o PICC foi, então, tracionado e inserido em novo acesso venoso. Durante a manutenção do PICC, em mais da metade (56,3%) não houve relatos de complicações. No entanto, entre as ocorrências relatadas, as que mais se destacaram (34,4%) foram as obstruções resolvidas, através do emprego da técnica do POP; 28,1% rupturas, provocando, com isso, a remoção dos cateteres; em 18,8% dos casos houve migração acidental do cateter, nas quais, os curativos foram 91 refeitos e os cateteres mantidos, mesmo que periféricos; 6,3% foram ocorrências de flebites mecânicas resolvidas, em que foram realizadas compressas mornas e elevação do membro afetado. Todas as condutas adotadas na resolução destas complicações estão em consonância com as recomendações do POP da UTIN. Não foram registradas complicações durante as remoções dos cateteres. Embora tenham sido registradas três (4,7%) suspeitas de infecção de corrente sanguínea que, inclusive, levaram à remoção dos PICCs, os registros demonstram que, em 19 (30%) dos 64 procedimentos, houve de alguma forma a realização de exames laboratoriais para investigação de infecção de corrente sanguínea (ICSRC) relacionada ao PICC. A Tabela 9 demonstra os resultados laboratoriais nos 19 procedimentos (30%) em que houve investigação diagnóstica de ICSRC. Nas 10 primeiras investigações, foram realizadas culturas de ponta do cateter de forma isolada, sendo todos os resultados negativos, o que leva à crença de que esses exames foram realizados como rotina do serviço e não especificamente, por suspeita de ICSRC. É importante destacar que, em apenas uma das investigações, foram realizadas de forma simultânea as hemoculturas periféricas e do PICC, além da cultura da ponta do cateter, sendo que nas duas hemoculturas houve o crescimento do microorganismo Stenotrophomonas maltophilia. Entretanto, nesta investigação, não houve, por parte do laboratório da instituição, a especificação nos resultados laboratoriais da fonte de coleta sanguínea (se do cateter ou periférica), nem tampouco se ambas cresceram simultaneamente ou com alguma diferença no tempo de positividade. Mais ainda, é indispensável ressaltar que em todos os resultados de hemoculturas não foram identificadas as quantidades de unidades de microorganismos formadores de colônias. O único resultado laboratorial em que houve a especificação do número de unidades de microorganismos formadores de colônias se deu na cultura da ponta do cateter em que foi detectado o microorganismo Acinetobacter Baumanii ( 15 unidades formadoras de colônia/placa), entretanto nesta investigação, a hemocultura periférica foi negativa. Desta forma, de acordo com as investigações realizadas sobre presença ou ausência de infecção provocada pelo cateter, é impossível afirmar com certeza se houve ou não algum diagnóstico positivo, visto que não houve padronização das técnicas de investigação. 92 Tabela 9. Distribuição dos procedimentos de inserção de PICC, segundo resultados laboratoriais de investigação diagnóstica de ICSRC** na UTIN de um hospital universitário de Goiânia, GO, 2009. (N=19) PICC 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Cultura da ponta do PICC Negativa Negativa Negativa Negativa Negativa Negativa Negativa Negativa Negativa Negativa Em 22/05/09: negativa Em 09/05/09: negativa Em 21/04/09: negativa Em 02/07/09: negativa 15 Em 15/07/09: negativa 16 Em 04/03/09: negativa 17 Em 12/04/09: negativa 18 19 Em 13/03/09: Acinetobacter Baumanii ____* Hemocultura Do PICC Periférica ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* ___* Tempo de uso (em dias) 42 5 16 5 14 14 23 27 14 7 Em 22/05/09: negativa ___* 5 Em 06/05/09: negativa ___* 60 Em 14/04/09: Enterobacter ___* 15 Em 30/06/09: negativa Em 27/06/09: negativa 49 Em 11/07/09: negativa 14 Em 04/03/09: Stenotrophomonas maltophilia 36 Em 05/04/09: negativa 45 ____* Em 13/03/09: negativa 39 Em 04/12/09: Klebsiella ____* 16 Em 10/07/09: Staphylococcus saprophyticos Em 04/03/09: Stenotrophomonas maltophilia Em 08/04/09: Pseudomonas aeruginosas *____: não realizada. **ICSRC: infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter. 93 DISCUSSÃO 94 6. DISCUSSÃO A análise do uso do PICC em recém-nascidos na UTIN possibilitou a compreensão de sua complexidade e abrangência, visto que esse contexto envolve uma população vulnerável na qual as ações do cuidar são desempenhadas por vários profissionais. Essa complexidade, em conjunto com o amplo arsenal tecnológico cria oportunidades para que intercorrências possam acontecer durante todas as etapas de utilização do cateter. Assim, os achados dessa investigação serão discutidos considerando a mesma sequência da apresentação dos resultados da coleta de dados. Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade infantil no Brasil em 2004 era de 22,5%, sendo que, nos anos 80, as principais causas de óbitos estavam relacionadas às doenças infectocontagiosas, que sofreram um declínio nas décadas seguintes, crescendo em importância as causas perinatais, decorrentes de problemas da gestação, parto e nascimento, respondendo por mais de 50% das causas de óbitos no primeiro ano de vida (BRASIL, 2004). Uma das principais causas perinatais que influenciam no aumento da mortalidade infantil é a taxa de nascimentos prematuros, que no Brasil esteve em 6,5%, no ano de 2004 (BRASIL, 2004). A prematuridade acarreta outros problemas que colocam em risco a vida desses recém-nascidos como, por exemplo, o baixo peso ao nascimento (menos que 2500g). O Ministério da Saúde calcula que, em 2004, a taxa de recém-nascidos de baixo peso no Brasil foi de 8,2% (Brasil, 2004). Assim, houve no estudo uma predominância de recém-nascidos prematuros (85,7%) e de baixo peso ao nascimento (78,6%). Em estudo realizado por Araújo et al. (2005), em uma UTIN do Rio Grande do Sul, os recém-nascidos prematuros foram responsáveis por 47% das internações, sendo que 15% de todos os recémnascidos internados eram de peso abaixo de 1500g. O peso médio ao nascimento dos recém-nascidos neste estudo ficou em 1814,2g, pesando 500g o menor recém-nascido a fazer uso do PICC. A idade gestacional ao nascimento teve média de 32,9 semanas. No Chile, Barria e Santander (2006b) encontraram média de peso de 1465,6g e idade gestacional, 30,4 95 semanas, enquanto Braga (2006), em Belo Horizonte, encontrou 2095g e 32,7 respectivamente. Resultado parecido também foi encontrado por Camargo (2007), em São Paulo, apontando peso médio ao nascimento de 1360,6g e idade gestacional média ao nascimento de 31,6 semanas. Recém-nascidos prematuros frequentemente precisam ser assistidos em UTINs por longos períodos de tempo, até que adquiram peso e idade suficientes para terem mais chance de sobrevida. No ambiente hospitalar, esse tipo de população necessita de terapia intravenosa por períodos prolongados, seja para antibioticoterapia, nutrição parenteral total ou medicamentos vasoativos que os ajudam a manter o equilíbrio hemodinâmico. A maioria dos estudos de neonatologia relativos ao PICC retrata uma predominância de sua utilização na população prematura e de baixo peso (JANES et al., 2000; CARTWRIGHT, 2004; BARRÍA; SANTANDER, 2006b; BRAGA, 2006; CAMARGO, 2007). O CDC recomenda que, na população neonatal que necessita de terapia intravenosa por mais de seis dias, o acesso intravascular mais adequado é o PICC (CDC 2002). Em estudo publicado por Tronchin e Tsunechiro (2007), acerca da caracterização de uma população de recém-nascidos prematuros de muito baixo peso, admitidos na UTIN do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, a inserção do PICC ficou em 13º lugar dentre os principais procedimentos invasivos a que eles são submetidos, antes de cateterismo venoso umbilical e dissecção venosa, evidenciando incremento em sua utilização. Para Miranda (2005) a freqüência de uso deste dispositivo foi de 55,1% em detrimento a outros tipos de acessos venosos centrais em recém-nascidos prematuros de uma UTIN de Belo Horizonte. Os valores da idade gestacional corrigida, assim como o peso na data de inserção do primeiro PICC, encontradas neste estudo, se aproximaram aos da idade gestacional ao nascimento e peso ao nascimento, respectivamente, demonstrando que a indicação pelo PICC como acesso venoso central tem sido realizada nos primeiro dias de internação do recém-nascido. A idade cronológica na data de inserção do primeiro PICC confirma este dado, pois 83,9% dos recém-nascidos tinham entre um e sete dias de vida, ou seja, o PICC foi indicado ainda na primeira semana de vida. 96 A indicação precoce de instalação do PICC se faz necessária pela baixa exposição do recém-nascido a procedimentos invasivos e integridade da rede venosa periférica ainda preservada, sem hematomas e edema de múltiplas punções prévias, o que poderia dificultar a instalação do cateter. A idade cronológica média dos recém-nascidos na data de inserção do primeiro PICC ficou em 6,5 dias de vida, com mediana de quatro, resultado semelhante ao de Braga (2006), que encontrou mediana de três dias de vida e Camargo (2007), de quatro dias. Falkowski (2006) sugere, em seu estudo, que os pacientes elegíveis ao uso do PICC sejam detectados logo no momento da admissão, para que suas necessidades de terapia intravenosa sejam supridas com um único cateter em uma única tentativa, reduzindo assim os custos e os riscos de complicações associadas a múltiplas venopunções. Os diagnósticos clínicos mais encontrados (distúrbios de duração da gestação, respiratórios e infecções) são semelhantes aos de outros estudos brasileiros, como o de Braga (2006), que encontrou 45,7% de Doença da Membrana Hialina e 55,9% de Sepse Neonatal Precoce e o de Camargo (2007), que encontrou 56,8% de prevalência da Doença da Membrana Hialina. Em relação às indicações para a instalação do primeiro PICC, percebe-se que em 100% dos casos o uso de medicamentos vesicantes foi o motivo de escolha. Medicamentos vesicantes são os que causam necrose tissular quando extravasadas, o que torna a decisão pelo PICC fundamental na redução de traumas vascular e tecidual (ARREGUY-SENA; CARVALHO, 2009). Em uma UTIN do Chile, Barria e Santander (2006a), pesquisando acerca da utilização de dispositivos vasculares periféricos, mostrou que em 75% dos casos eles são removidos por causarem extravasamento e que em oito foi detectada necrose tissular, complicação de grande impacto, pois aumenta consideravelmente o tempo de internação do paciente. A Associação de Enfermeiras de Ontário, no Canadá, sugere, em suas diretrizes de Estabelecimento e Escolha de Dispositivos para Acessos Vasculares, que toda solução de osmolaridade maior que 500 mOsm/L, pH menor que cinco e maior que nove e/ou vesicante ou irritante deve ser administrada por um acesso venoso central, independente da duração da terapia (RNAO, 2004). Antibióticos podem ser vesicantes e/ou irritantes, dependendo de suas 97 concentrações ou pHs. Geralmente, medicamentos de pHs extremos (altos ou baixos) e concentrações ou osmolaridades elevadas podem causar dano tecidual. Essas características aparecem também em nutrições parenterais totais, quimioterápicos e drogas vasoativas. Com isso, entende-se porque, em 100% dos casos, a indicação de instalação do PICC foi o uso de medicações vesicantes, já que os principais medicamentos administrados foram antibióticos, nutrição parenteral total e drogas vasoativas. Estudo cubano, sobre a utilização do PICC em neonatologia, detectou igualmente, a predominância da administração de antibióticos, drogas vasoativas e grandes volumes de infusão (ÁLVAREZ et al., 2006). Camargo (2007) apontou o uso da nutrição parenteral total em 94,6% dos recém-nascidos em uso do PICC, enquanto Braga (2006) relatou mais de 100% de uso de antibióticos e mais de 40% de uso de nutrição parenteral total. Vendramim (2004) questionando os enfermeiros de UTINs de São Paulo acerca das principais finalidades terapêuticas da utilização do PICC em seus serviços, relatou que, em 74,3% dos casos, os enfermeiros indicam o PICC pelo uso de antibióticos, seguidos da nutrição parenteral total (72,2%), fluidos em geral (61,2%) e drogas vasoativas (56,5%). Durante a coleta de dados, que correspondeu a um período de um ano, foram inseridos 64 PICCs, correspondendo a 650,5 cateteres/dia. Estudo semelhante, realizado em Belo Horizonte, em uma UTIN terceirizada, relatou 44 PICCs inseridos durante o mesmo tempo (BRAGA, 2006). Outro estudo, realizado na UTIN do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, catalogou 37 PICCs, porém em um período de seis meses (CAMARGO, 2007). Os procedimentos foram realizados, em sua maioria (62,5%), por enfermeiros auxiliados por técnico em enfermagem. A inserção do PICC como atribuição do enfermeiro aumentou a responsabilidade profissional dessa categoria, tornando necessário um constante desenvolvimento de habilidades e conhecimentos científicos acerca do manejo do PICC (TODD, 2004). Vendramim (2004) aponta que 83,5% dos enfermeiros de UTINs da cidade de São Paulo, alegaram aspectos relacionados a falta de conhecimento técnico e científico como motivo para não utilizarem o PICC, o que aponta a necessidade de constantes treinamentos no próprio ambiente de trabalho para que esta tecnologia, uma vez disponível, não seja utilizada de forma inapropriada ou até subutilizada. Em relação ao preparo do paciente para a inserção do PICC, embora exista 98 no POP da unidade recomendações sobre o controle e prevenção da dor em neonatologia, em 11 (17,2%) procedimentos, nenhuma conduta foi registrada. A prevenção da dor em neonatologia é importante não somente por uma questão ética, mas porque repetidas exposições à dor podem provocar conseqüências deletérias nessa população, como alteração da sensibilidade à dor e alterações neuroanatômicas e comportamentais permanentes, segundo as Sociedades Americana e Canadense de Pediatria (AAP, 2006). A Sociedade Italiana de Estudos da Dor em Neonatologia recomenda uma série de condutas a serem tomadas antes da inserção do PICC em recém-nascidos, como por exemplo, a escolha por um introdutor de menor calibre possível (24-26Ga), o uso da sucção com solução glicosada ou leite materno, ou mesmo da sucção não nutritiva, anestésicos tópicos no local da inserção, como a lidocaína associada a prilocaína (EMLA®) e a administração endovenosa de analgésicos opiódes nas situações em que o paciente estiver sob ventilação mecânica (LAGO et al., 2009). Lago et al. (2008) realizaram ensaio clínico randomizado administrando remifentanil (um analgésico opióide derivado do fentanil) e placebo, por via intravenosa, em recém-nascidos submetidos à inserção de PICC. O estudo concluiu que o remifentanil é seguro e eficaz na redução do desconforto clínico e melhora do estresse e sensações dolorosas durante o procedimento. Entretanto, a pesquisa mostrou que a sedação (dormonid endovenoso) foi a conduta mais adotada (39,1%) para prevenção e controle da dor neste estudo. O dormonid endovenoso, por ser um sedativo, do tipo benzodiazepínico, não possui qualquer propriedade analgésica, agindo apenas na diminuição da ansiedade, agitação e amnésia pós sensação dolorosa (SILVA et al., 2007). Uma alternativa eficaz na prevenção e controle da dor durante procedimentos dolorosos e, ao mesmo tempo, na diminuição da agitação motora que poderia prejudicar a realização do procedimento, é a sedação concomitante à analgesia (dormonid e fentanil endovenosos), encontrada em apenas 10,9% (sete) dos procedimentos. Estudo realizado por Prestes et al. (2005), em UTINs universitárias do Estado de São Paulo, verificou a freqüência com que os analgésicos são empregados para o alívio da dor desencadeada por procedimentos invasivos. Os autores apontam que apenas 8% dos recém-nascidos receberam analgesia específica para a inserção de cateteres centrais. 99 Camargo (2007), em seu estudo sobre a utilização de PICCs em recémnascidos, relata que 10,8% receberam sedativo (dormonid endovenoso) antes do procedimento, enquanto nenhum deles recebeu analgesia específica. A sucção com solução glicosada a 25%, encontrada na pesquisa, empregada para alívio e prevenção da dor durante a inserção do PICC é uma conduta presente no protocolo de PICC da unidade. Pesquisa conduzida no Canadá, acerca da adoção de protocolos sobre o uso de soluções adocicadas na prevenção e controle da dor em neonatologia, verificou que dois terços dos berçários e UTINs canadenses utilizam diretrizes clínicas que sustentam o uso de sucção com soluções adocicadas no manejo da dor durante procedimentos (TADDIO et al., 2009). As Sociedades Americana e Canadense de Pediatria preconizam, além da sucção com solução glicosada, uma variedade de outras medidas não farmacológicas, comprovadamente eficientes no manejo da dor em recém-nascidos, como por exemplo, amamentação, sucção não nutritiva, contato pele-a-pele (posição canguru), contenção facilitada, enrolar o recém-nascido em panos e avaliação comportamental dos sinais de dor (AAP, 2006), práticas essas que podem ser associadas ao uso de analgésicos e/ou sedativos. Em relação à escolha do acesso venoso para inserção do PICC, nota-se que 73,4% dos cateteres foram inseridos em veias periféricas de membros superiores. Braga (2006) também apontou, em seu estudo, 65,9% dos cateteres inseridos em veias de membros superiores, enquanto Camargo (2007) encontrou 91,3% e Barria e Santander (2006b), 95,5%. A escolha por veias de membros superiores diminui o risco de complicações como punção arterial acidental e flebite mecânica, seguindo, como isso, as recomendações do protocolo da unidade. O sucesso da inserção do PICC depende primariamente do sucesso de um acesso periférico, o que requer paciência, habilidade, conhecimento e prática, principalmente em se tratando de pacientes neonatais críticos (TREMLET; BAJWA, 2008). Uma das causas mais freqüentes de insucesso nas punções periféricas é a presença de hematomas de múltiplas punções prévias, como encontrada em 23,4% dos casos, assim como o edema, em 12,5%. Complicações como transfixação da veia (37,5%) e dificuldade de visualização da rede venosa periférica (48,4%) podem estar associadas à falta de experiência do profissional. Vendramim (2004) perguntou, a enfermeiros de UTINs de São Paulo, quais 100 eram suas dificuldades em relação a inserção do PICC e 24,4% deles responderam possuir dificuldades técnicas na punção venosa periférica. Assim, a habilidade em se conseguir o acesso venoso periférico pode interferir também no número de tentativas de punções, assim como no tempo de duração do procedimento, com média de quatro e 48,7 minutos respectivamente, neste estudo. Janes et al. (2000) encontraram média de 8,8 tentativas de punção, enquanto Barria e Santander (2006b) encontraram média de 2,1 tentativas e 25,3 minutos de procedimento. Em relação a localização do cateter após realização de exame radiológico, um resultado surpreendente mostra que 50% deles estavam posicionados em região intracardíaca, ou seja, dentro do átrio direito, enquanto 34,4% foram locados em posição central e 9,4% permaneceram periféricos. As complicações mais importantes relatadas na literatura estão, em sua maior parte, relacionadas ao posicionamento do cateter ao final do procedimento (tamponamento cardíaco, efusão pericárdica, efusão pleural, trombose e tromboembolismo), havendo um consenso entre os autores de que a ponta do cateter não deve ser posicionada no átrio direito (RACADIO et al., 2001; RAMASETHU et al., 2008). Entretanto, embora o estudo tenha relatado 50% de PICCs em região intracardíaca (átrio direito), nenhuma das complicações descritas durante a permanência do cateter está relacionada ao posicionamento. A justificativa para esse fato poderia estar nos argumentos de alguns autores, que relatam não haverem problemas na posição intracardíaca do cateter, desde que sua ponta não esteja apresentando angulação, curvaturas ou dobras (CARTWRIGHT, 2002). Caso o cateter esteja retilíneo ao exame radiológico, isso poderia significar a passagem direta de sua ponta para a veia cava inferior, sem entrar na câmara atrial. Outro motivo poderia ser a análise incorreta da localização do cateter ao exame radiológico, fato ainda controverso na neonatologia, pois ainda não há um consenso estabelecido sobre como essa análise deve ser feita (INAGAWA et al., 2007). Além disso, a movimentação do braço do paciente parece ter relação direta com o posicionamento do cateter ao exame radiológico, evidenciando a necessidade de se padronizar a postura do recém-nascido no momento do exame (CONNOLLY et al., 2006). Ressalta-se que 85,9% dos cateteres posicionados em rede venosa periférica foram mantidos, pois não houve relato de recomendação de sua tração, após o 101 exame radiológico. Estudo americano relatou que PICCs posicionados em veias não-centrais fornecem acesso seguro e confiável por aproximadamente duas semanas e que a obrigatoriedade da posição central seria realizada nos casos em que as características das soluções requeressem (THIAGARAJAN et al.1998). Vale destacar um caso de correção espontânea de um cateter, inicialmente posicionado em jugular interna por trajeto errado e que, após 72h, se posicionou em terço final de veia cava superior. Casos semelhantes já foram descritos na literatura (RAMASETHU et al., 2008). Novamente destaca-se a importância de se estabelecerem diretrizes na unidade que padronizem a localização adequada da ponta do cateter no sistema venoso do recém-nascido, assim como a forma de análise do exame radiológico, visando a melhoria da qualidade da assistência, do processo e dos resultados alcançados com a utilização do PICC. No estudo de Braga (2006), 40,9% dos PICCs foram posicionados em posição central, enquanto 15,9% ficaram em região intracardíaca e 11,4% em veias periféricas. Barria e Santander (2006b) encontraram incidência de 69,5% em posição central e 6,5% em região intracardíaca. O tempo de permanência do cateter é um indicativo de qualidade da assistência na etapa de manutenção do cateter, visto que o objetivo é mantê-lo em uso até que não seja mais necessário, sem o mínimo de complicações possíveis. Este estudo encontrou um tempo médio de sobrevida dos PICCs em 16,1 dias, com mediana de 14 e valor máximo de 60 dias. Miranda (2005), comparando vários tipos de acessos venosos centrais em UTIN, concluiu que, em média, o acesso venoso central realizado via punção periférica é utilizado por mais tempo (13,03 dias) quando comparado a acessos venosos centrais por dissecção (8,7 dias) ou a cateteres umbilicais (3,6 dias). Alencar (2005), em estudo realizado na cidade de Recife, comparou dissecções venosas e PICCs, apontando um tempo de permanência semelhante entre as duas modalidades de acessos venosos centrais, com mediana de 12 e dez dias, respectivamente. Por fim, Braga (2006) encontrou média de permanência de dez dias em PICCs e Barria e Santander (2006b) encontraram média de 10,3 dias em PICCs posicionados em posição central. Ainda mais importante que o tempo de permanência do cateter, estão os motivos de remoção do mesmo, que no estudo foram, término da terapia (35,9%), seguidos de ruptura (28,1%). Ainda, a ruptura do cateter aparecendo em 28,1% dos 102 casos demonstra haver algum erro no processo de manutenção realizado pela equipe de enfermagem, podendo estar diretamente relacionado a alta incidência de obstrução, percebida em 34,4% das complicações durante a permanência do cateter. Estudo realizado por Smirk et al. (2009), verificou mudanças de pressão em PICCs de silicone e poliuretano, para avaliar os riscos de ruptura a que eles estão submetidos na prática clínica. Os autores concluíram que cateteres de poliuretano têm uma tolerância maior a pressões quando comparados aos de silicone e, por isso, menos chance de rompimento, enquanto os de silicone se rompem facilmente durante tentativas de desobstrução. Assim, é evidente a relação entre índice de obstrução e ruptura dos PICCs. Estima-se que, de 5-25% de todos os episódios de obstrução em PICCs, sejam causados por trombos hemáticos (FETZER; MANNING, 2004). Camargo (2007) retrata, em seu estudo, uma freqüência predominante de infecção (27,5%) como motivo de remoção dos PICCs, enquanto Braga (2006) retrata término da terapia em 58,8%, assim como Barria e Santander (2006b), em 50% dos casos. Durante o procedimento alguns eventos adversos e dificuldades podem aparecer, como lesão de vasos, nervos e outras estruturas, sangramento excessivo, hematomas, punção arterial, lesão de plexo braquial, pneumotórax, e pneumomediastino (RAMASETHU, 2008). Neste estudo a complicação de maior freqüência, durante a inserção dos cateteres, foi a dificuldade de progressão e refluxo de sangue no cateter (56,3%), seguida de sangramento excessivo (20,3%). Dentre as complicações consideradas mais importantes ficaram a convulsão, alterações de saturimetria e/ou freqüência cardíaca e punção arterial acidental, com incidência de 1,6% cada. Eventos adversos encontrados em outras pesquisas, como alteração na viscosidade do sangue, taquicardia, queda de saturação e mioclonia se assemelham às do estudo (CAMARGO, 2007). Independente da gravidade das intercorrências encontradas durante procedimentos invasivos em neonatologia, a segurança dos pacientes deve ser priorizada e, portanto, a raiz dos problemas deve ser investigada (SOUSA, 2006). Eventos adversos envolvendo a inserção do PICC podem estar relacionados a questões de estrutura e processo, como por exemplo, uma avaliação anterior 103 inadequada das condições do paciente, que poderia estar mais propenso a sangramentos ou convulsões por doenças de base ou a não adoção de métodos de prevenção da dor, o que pode acarretar complicações fisiológicas como taquicardia e quedas de saturação. Por fim, em 30% (19) dos procedimentos foi realizado algum tipo de investigação de infecção de corrente sanguínea que pudesse ser provocada pelo cateter. Entre as investigações, dez (53%) se resumiram apenas à cultura de ponta de cateter isolada, provavelmente realizada de rotina, sem realmente haver suspeita de infecção, prática já banida pelo CDC (CDC, 2002). A Sociedade Americana de Infectologia (IDSA, 2009) recomenda que, em casos suspeitos de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter, amostras pareadas de cultura de sangue do cateter e de uma veia periférica devem ser colhidas antes do início da antibioticoterapia, sendo que os frascos devem ser apropriadamente rotulados para distinguirem de forma correta o sítio de coleta de cada amostra. Considerando as investigações realizadas pela equipe da UTIN e as definições de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter, propostas pelo CDC (CDC, 2002), nenhuma análise definitiva dos resultados dos exames pode ser feita, uma vez que as coletas de amostras de sangue e de ponta de cateter não foram feitas conforme preconização, assim como os resultados do laboratório. Estudo de coorte, realizado em uma UTIN dos Estados Unidos, acerca da epidemiologia molecular e patogênese das infecções de corrente sanguíneas relacionadas a PICC, mostrou 18,3% de incidência comprovada, segundo critérios da Sociedade Americana de Infectologia (IDA, 2009), relatando ainda que 93,3% desses casos derivaram de contaminação intraluminal da bactéria Staphylococcus coagulase negativa (GARLAND et al., 2008). Camargo (2007), em São Paulo, relatou 28,4% de resultados positivos em culturas da ponta de PICCs (realizadas de forma isolada), realizadas em UTIN, das quais 50% detectaram Staphylococcus coagulase negativa. Alencar (2005), em ensaio randomizado, realizado em cinco UTINs da cidade de Recife, comparando o uso do PICC e dissecção venosa, retratou 12,8% de dissecções venosas removidas por complicações infecciosas, contra 3,2% de PICCs. Percebe-se com isso, a necessidade de haver uma participação ativa e colaborativa do serviço de controle de infecção da instituição junto às propostas de 104 investigações de infecções de corrente sanguínea relacionadas ao PICC. 105 CONCLUSÕES 106 7. CONCLUSÕES O presente estudo possibilitou a análise do uso do PICC em recém-nascidos de uma UTIN de um hospital universitário do município de Goiânia, através da caracterização da população neonatal que faz uso do cateter, da caracterização das etapas de inserção, manutenção e remoções deste dispositivo e da descrição das complicações ocorridas em cada etapa da utilização do PICC. Foram avaliados 64 procedimentos em 56 recém-nascidos, internados durante o período de coleta de dados. A freqüência do uso do PICC na UTIN do hospital em estudo se mostrou semelhante à de outros grandes centros brasileiros. A utilização do PICC foi identificada em uma população predominantemente prematura, de baixo peso, acometida principalmente por distúrbios respiratórios, típicos da imaturidade pulmonar, acarretada pela idade gestacional muito precoce. Esses resultados também foram semelhantes aos da literatura sobre o assunto. A principal indicação para a inserção do PICC foi a infusão de medicamentos vesicantes, sendo realizada de forma precoce, ainda na primeira semana de vida do recém-nascido. Os cateteres adotados, em sua maioria, foram fabricados de silicone e de um único lúmem, medidas que diminuem o risco de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter. Aproximadamente 80% dos procedimentos foram realizados por enfermeiros, demonstrando que, na unidade, essa categoria participa da indicação e estabelecimento dos acessos venosos centrais. Percebe-se que as medidas de controle e prevenção da dor nos recémnascidos, antes da inserção do PICC, não estão sendo utilizadas adequadamente, mesmo havendo recomendação pelo POP da unidade, o que demonstra a necessidade de reconhecimento por parte dos profissionais das conseqüências que a dor acarreta na população neonatal. Atividades de educação continuada devem ser desenvolvidas para a conscientização de todas as categorias profissionais nesse sentido. A predominância da escolha por veias periféricas de membros superiores e o 107 número reduzido de tentativas de punção, encontrada no estudo, previne complicações associadas a punções venosas na região do pescoço ou de membros inferiores, o que pode demonstrar a destreza por parte dos profissionais que realizaram a punção venosa periférica durante o procedimento. Em relação ao posicionamento dos cateteres ao exame radiológico, chama a atenção o fato de 50% deles estarem em região intracardíaca, de não terem sido tracionados, nem tampouco ocorridas complicações como arritmias ou tamponamentos cardíacos, complicações descritas na literatura. Há a necessidade de estudos mais detalhados sobre como apontar de forma mais correta a localização da ponta do cateter ao exame radiológico, especificamente na população neonatal. Em relação ao tempo de permanência do cateter nos recém-nascidos, o estudo apontou que a maioria deles permanece no sistema venoso dos pacientes por um período de seis a 15 dias, ao mesmo tempo em que a maior parte deles é removida por término da terapia intravenosa proposta. Dentre os motivos de remoção do cateter, nota-se o alto índice de rupturas e exteriorizações acidentais, assim como de obstruções durante sua permanência. Tais fatos reforçam a necessidade de se intensificar, entre os profissionais, as estratégias de educação continuada a respeito das boas práticas das técnicas de manutenção deste dispositivo através de grupos de discussões internas e treinamento em serviço, visto serem complicações que colocam em risco a segurança dos recém-nascidos. Finalmente, em relação às suspeitas de infecção de corrente sanguínea relacionada ao PICC, não foi possível afirmar se houve ou não algum diagnóstico positivo, já que para os casos suspeitos, foram adotadas condutas diversas, a critério de cada profissional, sem padronização das investigações. O fato evidencia a urgência de medidas de controle de infecção e a participação do serviço especializado do hospital na padronização de medidas preventivas para a orientação dos profissionais que manejam esses dispositivos, bem como dos métodos de investigação laboratorial. São necessários estudos futuros acerca do assunto, que contribuirão para a otimização das investigações de possíveis casos de infecção de corrente sanguínea e, conseqüente, aumento na segurança do paciente que faz uso do dispositivo. 108 CONSIDERAÇÕES FINAIS 109 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O constante incremento no uso deste dispositivo no município de Goiânia fará com que novas pesquisas sejam realizadas sobre outros aspectos de sua utilização, como, por exemplo, sobre o índice de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter, em comparação aos vários tipos de acessos venosos centrais já existentes no mercado, a durabilidade do dispositivo fabricado em diferentes tipos de materiais, técnicas de manutenção e adesão dos profissionais de saúde, eventos adversos e como evitá-los e realização de medidas hemodinâmicas. Esta pesquisa poderá beneficiar a população neonatal, pois a compreensão do manejo deste tipo de tecnologia e de suas complicações poderá viabilizar medidas que venham a minimizar a ocorrências das mesmas. Para isso, existe a necessidade de sistematização das práticas de educação continuada dos profissionais em prol da aquisição de habilidades para que suas condutas não provoquem risco à segurança dos recém-nascidos. Por ser este estudo, o primeiro no município de Goiânia sobre o assunto, sugere-se que o mesmo seja replicado em outros hospitais para que novos aspectos que, por ventura, tenham ficado descobertos nesta pesquisa, possam ser destacados. Espera-se que os enfermeiros que possuem respaldo legal para a realização desse procedimento se informem sobre esta tecnologia e desenvolvam conhecimento científico nesta área, que dará suporte à tomada de decisões clínicas e promoção de resultados favoráveis, melhorando a qualidade do cuidado intensivo em neonatologia. A expectativa é de que este estudo favoreça o desenvolvimento do conhecimento desta tecnologia e a adoção da mesma nas práticas dos serviços de neonatologia de instituições públicas e privadas do município, além da inserção do assunto nos currículos dos cursos de graduação em enfermagem das instituições formadoras. 110 REFERÊNCIAS 111 REFERÊNCIAS Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) [internet] Brasília: Ministério da Saúde (BR) [update 2008 jun 23, cited jun 25] Rede Sentinela. Available from: http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id =243&Itemid=556 Alencar LFA de. Acesso venoso central em recém-nascido: inserção periférica versus dissecção venosa [dissertation]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco;2005. 64 p. Alhimyary A, Fernandez C, Picard M, Tierno K, Pignatone N, Chan, HS. et al. Safety and efficacy of total parenteral nutrition delivered via a peripherally inserted central venous catheter. Nutr Clin Pract. 1996;11(5):199-203. Álvarez MD, Alés LR, Arias MIA, Estévez RR. Cateterismo venoso central percutáneo en neonatos: preferências, indicaciones y complicaciones. Rev Cubana de Pediatria. 2006;78(3):12-24. American Academy of Pediatrics (AAP). Committee on Fetus and Newborn and Section on Surgery, Canadian Paediatric Society and Fetus and Newborn Committee. Prevention and Management of Pain in the Neonate: An Update. 2006,118:2231-2241. Araújo CC, Lima MC, Falbo GH. Punção percutânea da veia subclávia em crianças e adolescentes: sucesso, complicações e fatores associados. J. Pediatr. [Internet]. 2007 [cited 2007 set 19]; 83(1):64-70. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S002175572007000100012&lng=en&nrm=iso Araújo BF de, Tanaka ACd´A, Madi JM, Zatti H. Estudo da mortalidade de recémnascidos internados na UTI neonatal do Hospital Geral de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Rev Bras Saúde Matern Infantil. 2005;5(4):463-9. Araújo S. Acessos venosos e arteriais. In: Davi, MC, editor. Medicina intensiva. Rio de Janeiro: Revinter; 2004. p. 221-232. Arreguy-Sena C, Carvalho EC de. Risco para trauma vascular: proposta do diagnóstico e validação por peritos. Rev Bras de Enfermagem. 2009;62(1):71-8. 112 Ballard JL, Khoury JC, Wedig K, et al. New Ballard Score, expanded to include extremely premature infants. J Pediatrics. 1991;119:417-423. Barría MPR, Santander GM. Acceso vascular periférico en neonatos de cuidado intensivo: experiência de um hospital publico. Cienc. enferm. [Internet]. 2006 [cited 2007 sep 19];12(2):35-44. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S071795532006000200005&Ing=es&nrm=iso Barría MPR, Santander GM. Cateterismo venoso central de inserción periférica en recién nacidos de cuidado intensivo. Revista Chil Pediatr. 2006b;77(2):139-146. Bartolomé SM, Cid JLH, Freddi N. Sedação e analgesia em crianças: uma abordagem prática para as situações mais frequentes. J. Pediatr. (RioJ.) 2007;83(2):71-82. Berenholtz SM, Dorman T, Ngo K, Pronovost J. Qualitative review of intensive care unit quality indicators. J Crit Care. 2002;17(1):1-15. Boff L. O cuidado essencial: princípio de um novo ethos. Inclusão Social. 2005:1(1):28-35. Bowe-Geddes LA, Nichols HA. An overview of peripherally inserted central catheters. Adv Pract Nurs J. [Internet]. 2005 [cited 2007 sep 19];5(3):1-9. Available from: http://www.medscape.com/viewarticle/508939 Braga LM. Cateter central de inserção periférica – CCIP: investigação prospectiva em recém-nascidos submetidos à terapia intravascular. [dissertation]. Belo Horizonte: Instituto de previdência dos servidores do Estado de Minas Gerais; 2006. 99 p. Brasil. Ministério da Saúde [Internet]. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196 de 10 de Outubro de 1996 [cited 2007 sep 15]. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília, 1996. Available from: http://conselho.saude.gov.br/docs/Resolucoes/Reso196.doc Brook RH, McGlynn E, Shekelle PG. Defining and measuring quality of care: a perspective from US researchers. Int J Qual Health Care. 2000,12(4):281-295. 113 Bueno M, Kimura AF, Pimenta CAM. Avaliação da dor em recém-nascidos submetidos à cirurgia cardíaca. Acta Paul Enferm [Internet]. 2007 [cited 2008 feb 18];20(4):428-33. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v20n4/06.pdf Camargo PP de. Procedimento de inserção, manutenção e remoção do cateter central de inserção periférica em neonatos [dissertation]. São Paulo: Escola de Enfermagem/USP; 2007. 164 p. Cardella J, Cardella K, Bacci N, Fox PS, Post JH. Cumulative experience with 1.273 peripherally inserted central catheters at a single institution. J Vase Intent Radial. 1996;7(1): 5-13. Cartwrigth DW. Central venous lines in neonates: a study of 2186 catheters. Arch Dis Child Fetal Neonatal. 2004,89:504-8. Castro MCFZ, Guinsburg R, Almeida MFB, Peres CA, Yanaguibashi G, Kopelman B. Perfil da indicação de analgésicos opióides em recém-nascidos em ventilação pulmonar mecânica. J Pediatr. (RioJ.).2003;79(1):41-8. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Epiinfo program version 3.5.2 de 2008. Epi Info. Available from: http:// www.cdc.gov/epiinfo Center of Desease Control and Prevention (CDC). Guidelines for the prevention of intravascular-catheter infections. 2002. Available from: http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5110a1.htm Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. Resolução n. 258/2001 de 12 de julho de 2001 [cited 2007 sep 20]. Considera lícito ao enfermeiro a inserção do cateter central de inserção periférica. Rio de Janeiro (Brasil): COFEN; 2001. Available from: http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7082&sectionID=34 Connolly B, Amaral J, Walsh S, Temple M, Chait P, Stephens D. Influence of arm movement on central tip location of peripherally inserted central catheters. Pediatric Radiol. 2006,36:845-850. Curtis JR, Cook DJ, Wall RJ, Angus DC, Bion J, Kacmareck R et al. Intensive care unit quality improvement: a “how to” guide for the interdisciplinary team. Crit Care Med. 2006;34(1):211-8. De Vos M, Grafmans W, Keesman E, Westert G, Van der Voort PHJ. Quality 114 measurement at an intensive care units: wich indicators should we use? J Crit Care. 2007;22:267-274. Donabedian A. Evaluating the quality of medical care. Milbank Q. 2005,83(4):691729. Donabedian A. The quality of care: how can it be assessed? Arch Pathol Lab Med. 1997;121(11):1743-1748. Donovan MS, Thomas K, Davis DC, Hawkins K, Harris DS. Peripherally inserted central catheters: placement and use in a family practice hospital. J Am Board Fam Pract. 1996;9(4):235-240. Elias LSDT, Guinsburg R, Peres CA, Balda RCX, Santos AMN. Discordância entre pais e profissionais de saúde quanto à intensidade da dor no recém-nascido criticamente doente. J Pediatr. (RioJ). 2008;84(1):35-40. Falkowski, A. Improving the PICC insertion process. Nursing. 2006; 36(2): 26-7. Fetzer SJ, Manning GPD. Safety and efficacy of the POP technique for restoring patency to occluded PICC catheters. Applied Nursing Research. 2004,17(4):297-300. Freitas LCM, Raposo LCM, Finoquio RA. Instalação, manutenção e manuseio de cateteres venosos centrais de inserção periférica em pacientes submetidos a tratamento quimioterápico. Rev. Bras. Cancerol. 1999;45(1):19-29. Frey AM. Pedriatic peripherally inserted central catheter program report. J Intraven Nurs. 1995;18(6):280-291. Gabriel J. PICC securement: minimising potencial complications. Nurs Stand. 2001;15(43):42-4. García-Alix A, Pérez J, López JC, Quero J. Retained central venous lines in the newborn: report of one case and sistematic review of the literature. Neonatal Netw. 2007;26(2):105-110. Grégoire MC, Finley GA. Doutor: acho que meu bebê está com dor: avaliação da dor de lactentes por profissionais de saúde. J. Pediatr. (Rio J.) [Internet]. 2008(cited 2009 jan feb 25);84(1):6-8. Available from: 115 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0021-75572008000100003&script=sci_arttext Garland JS, Alex C P, Sevallius JM, Murphy DM, Good MJ, Volberding AM et al. Cohort study of the pathogenesis and molecular epidemiology of catheter-related bloodstream infection in neonates with peripherally inserted central venous catheter. Infect Control Hosp Epidemiol. 2008,29(3):243-9. Garland JS, Uhing MR. Strategies to prevent bacterial and fungal infection in the neonatal intensive care unit. Clin Perinatology. 2009;36:1-13. Haddad N. Modelos gerais de estudos In: Haddad N. (editor) Metodologia de estudos em ciências da saúde. São Paulo: Editora Roca; 2004. p. 35-38. Horbar JD, Plesk PE, Leahy K. NIC/Q 2000: Establishing habits for improvement in neonatal intensive care units. Pediatrics. 2003,111:397-410. Inagawa G, kA K, Tanaka Y, Kato K, Tanaka M, Miwa T et al. The Carina is not a landmark for central venous catheter placement in neonates. Pediatr Anesth. 2007,17:968-971. Infusion Nurses Society Brasil (INSBrasil). Diretrizes práticas para terapia intravenosa 1st ed. São Paulo: INSBrasil; 2008. Janes M, Kalyn A, Pinelli J, Paes B. A randomized trial comparing peripherally inserted central venous catheters and peripheral intravenous catheters in infants with very low birth weight. J Pediatr Surg. 2000;35(7):1040-1044. Lago P, Garetti E, Merazzi D, Pieragostini L, Ancora G, Pirelli A et al. Guidelines for procedural pain in the newborn. Acta Paediatr. 2009;98:932-9. Lago P, Tiozzo C, Bocuzzo G, Allegro A, Zacchello F. Remifentanil for percutaneous intravenous central catheter placement in preterm infant: a randomized controlled trial. Pediatr Anesth. 2008;18:736-44. Lamblet LCR, Guastelli LR, Júnior DFM, Alves MAY, Bittencourt AC, Teixeira APP et al. Cateter central de inserção periférica em terapia intensiva de adultos. Rev. bras. ter. intensiva. 2005;17(1):23-27. Lewis CA, Allen TE, Burke DR, Cardella JF, Citron SJ, Cole PE et al. Quality 116 improvement guidelines for central venous Access. J Vasc Interv Radiol. 2003,14:231-5. Lourenço AS, Kakehashi TY. Avaliação da implantação do cateter venoso central de inserção periférica em neonatologia. Acta Paul Enferm [Internet]. 2003 [cited 2008 jan 29];16(2):26-32. Available from: http://www.unifesp.br/denf/acta/2003/16_2/pdf/art3.pdf Mermel LA, Allon M, Bouza E, Craven DE, Flynn P, O´Grady NP et al. Clinical Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Intravascular CatheterRelated Infection: 2009 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clinical Infectious Diseases. 2009;49:1–45. Mitchell PH. Defining patient safety and quality care. In: Patient safety and quality: an evidence-based handbook for nurses. 2000. Miranda AM. Epidemiologia do uso do cateter venoso central em uma unidade de terapia intensiva neonatal [dissertation]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais; 2005. 97 p. Moureau N. It´s all about PICCs: Optimal catheter and vein selection prove vital to patient safety initiatives. Vascular Safety: Nursing Management. 2006. Nascimento CCP, Toffoletto MC, Gonçalves LA, Freitas WG, Padilha KG. Indicadores de resultados da assistência: análise dos eventos adversos durante a internação hospitalar. Rev Latino-am Enfermagem. 2008;16(4):40-7. Neuman ML, Murphy BD, Rosen MP. Bedside placement of peripherally inserted central catheters: a cost-effectiveness analysis. Radiology. 1998;206(2): 423-428. Ng PK, Ault MJ, Maldonado LS. Peripherally inserted central catheters in the intensive care unit. J Intensive Care Med. 1996;11(1):49-54. Oakley C. Peripherally inserted central venous catheters: the experience of a specialist oncology departament. J Canc Nurs. 1997;1(1):50-53. Ortega C, Suárez MG. Manual de evaluación del servicio de calidad em enfermería: estratégias para su aplicación. 1st ed. Buenos Aires: Editorial Médica Panamericana; 2006. 117 Padilha KG. Ocorrências iatrogênicas na UTI e o enfoque de qualidade. Rev Latinoam Enfermagem. 2001;9(5):91-6. Papke L, McCardell J, Moeser L, Guzelaydin SK, Holk D, Arnaut DE. The growth and development of an intravenous nurses society chapter PICC council. J Intraven Nurs. 1996;19(4):211-215. Pedreira MLG, Chaud MN. Terapia intravenosa em pediatria: subsídios para a prática da enfermagem. Acta Paul Enferm [Internet]. 2004 (cited 2009 feb 18);17(2):222-228. Available from: http://www.unifesp.br/denf/acta/2004/17_2/pdf/art12.pdf Pettit J. Assessment of an infant with a peripheral intravenous device. Adv Neonatal Care. 2003;3(5):230-240. Philips LK. Terapia intravenosa: passado, presente e tendências futuras. In: Philips LD, editor. Manual de terapia intravenosa. Porto Alegre: ARTMED; 2001. p. 25-35. Prestes ACY, Guinsburg R, Balda RCX, Marba STN, Rugolo LMSS, Pachi PR, Bentlin MR. Freqüência do emprego de analgésicos em unidades de terapia intensiva neonatal universitárias. Jornal de Pediat. (Rio J.) 2005;81(5):405-10. Portal da Saúde [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde (BR) [update jul 23, cited jul 30]. Evolução da Mortalidade Infantil no Brasil. Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=24437 Polit DF, Beck CT, Hungler B. Análise dos dados quantitativos. In: Polit DF, Beck CT, Hunglher B. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. Porto Alegre: ARTMED; 2004. p. 307-356. Racadio JM, Doellman DA, Jonhson ND, Bean JA, Jacobs RR. Pediatric peripherally inserted central catheters: complications rates related to catheter tip location. Pediatrics. 2001,107:28-31. Ramasethu J. Complications of vascular catheters in the neonatal intensive care unit. Clin Perinatol. 2008,35:199-222. Registered Nurses Association of Ontário (RNO). Nursing best practice guideline: shaping the future of nursing Assessment and device selection for vascular access. Ontario: RNO; 2004. 118 Rodrigues EC. A enfermeira no uso do cateter central de inserção periférica em neonatos: curso introdutório. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. 2002;6(supl.1):131-139. Rodrigues ZS, Chaves EMC, Cardoso MVLML. Atuação do enfermeiro no cuidado com o cateter central de inserção periférica no recém-nascido. Rev. Bras. Enferm. [Internet]. 2006[cited 2008 mai 05];59(5):626-629. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672006000500006&script=sci_arttext Seneff MG, Celinsk, SA. Central venous catheters. In: Irwin, RS, Rippe, JM, editores. Irwin and Rippe´s intensive care medicine. 6st ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2008. p. 19-37. Silva YP, Gomez RS, Máximo TA, Silva ACS. Avaliação da Dor em Neonatologia. Rev Bras Anestesiol. 2007;57(5): 565-574. Smirk C, Raj TS, Smith AL, Morris S. Neonatal percutaneous central venous lines: fit to burst. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2009;94:298-300. Sousa P. Patient Safety: A necessidade de uma estratégia nacional. Acta Med Port. 2006;19:309-18. Taddio A, Yiu A, Smith RW, Katz J, McNair C, Shah V. Variability in clinical practice guidelines for sweetening agents in newborn infants undergoing painful procedures. Clin J Pain. 2009;25(2):153-5. Thiagarajan RR, Bratton SL, Gettmann T, Ramamoorthy C. Efficacy of peripherally inserted central venous catheters placed in noncentral veins. Arch Pediatr Adolesc Med. 1998;152:436-9. Todd J. Choice and use of peripherally inserted central catheters by nurses. Prof Nurse. 2004;19(9):493-497. Tremlett M, Bajwa S. Failed intravenous access in children. Anaesthesia and intensive care medicine. 2008;10(2):87-92. Trerotola SO, Thompsin S, Chittams J, Vierreger KS. Analysis of tip malposition and correction in peripherally inserted central catheters placed at bedside by a dedicated nursing team. JVIR. 2007;8(4):513-518. 119 Tronchin DMR, Tsunechiro MA. Prematuros de muito baixo peso: do nascimento ao primeiro ano de vida. Rev gaúcha enf. 2007;28(1):79-88. Vendramim P. Cateter central de inserção periférica (CCIP). In: Harada MJ CS, Rêgo RC. Manual de terapia intravenosa em pediatria. São Paulo: Atheneu; 2005. 77-95. Vendramim P. Cateter central de inserção periférica para acesso venoso em crianças: utilização segundo enfermeiros de hospitais do município de São Paulo [dissertation]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina; 2004. 140 p. Waldow VR. Cuidado humano: o resgate necessário. Porto Alegre: Sagra; 1998. Whitfield J, Charsha D, Sprague P. In search of excellence: the neonatal intensive care quality improvement collaborative. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2001;14(1):94-7. World Health Organization (WHO). International Classification of Diseases (ICD). 1994. Available from: http://www.who.int/whosis/icd10/ Zanon U. Qualidade da assistência médico-hospitalar: conceito e avaliação dos indicadores. RAS. 2000;2(8):15-22. Zanon U. Qualidade da assistência médico-hospitalar: conceito, avaliação e discussão dos indicadores de qualidade. 1st ed. São Paulo: Medsi; 2001. 120 ANEXO A 121 APÊNDICE A INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 1ª Parte: Variáveis de caracterização do recém-nascido submetido ao procedimento de inserção do PICC Número do prontuário: _______________________________ Sexo: ( ) F ( ) M Data de nascimento: _____/_____/_____ Peso ao nascimento:________________ IG ao nascimento: ___________ IG corrigida na data de inserção: ______________ Idade cronológica na data de inserção: ________ Peso na data de inserção: ______ Diagnósticos clínicos: __________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Medicamentos parenterais administradas via do PICC: ________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Indicações da inserção do PICC: _________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Data de internação: ___/____/_____ Data de saída do paciente: _____/_____/_____ Motivo da saída: ( ) alta ( ) óbito ( ) transferência 2ª Parte: Variáveis de inserção do PICC Data da inserção do PICC: ___/____/____ Marca do cateter:________________ Material de fabricação do PICC: ( ) Silicone ( ) Poliuretano Lúmen do cateter: ( ) 1.9Fr ( ) 2.0Fr ( ) 2.8Fr ( ) 3.0Fr Número de lúmens do cateter: ( ) um ( ) dois Categoriais profissionais que realizaram o procedimento: ( ) Médico e enfermeiro ( ( ) Médico e Técnico em enfermagem ( ) Dois médicos ) Enfermeiro e técnico em enfermagem 122 ( ) Dois enfermeiros Sítio de inserção: ___________________ Comprimento inserido do cateter: ___________ Número de tentativas de punções: _______________ Motivos de insucesso nas tentativas de punções: ____________________________ ___________________________________________________________________ Preparo do paciente para a inserção do PICC: ( ) Nenhum ( ) Analgesia endovenosa ( ) Sedação endovenosa ( ) Sedação e analgesia endovenosas ( ) SNN com solução glicosada a 25% Intercorrências ou dificuldades durante o procedimento: _______________________ ___________________________________________________________________ Tempo de duração do procedimento: __________________ Localização do cateter ao exame radiológico: ( ) Central ( ) Médio-clavicular ( ) Periférico ( ) Intracardíaco Motivos de insucesso na localização do cateter: ( ) Medida a mais ( ) Cateter fez o trajeto errado Tração do cateter: ( ) Sim ( ( ) Medida a menos ) Não 3ª Parte: Variáveis de manutenção do PICC: Intercorrências e práticas assistenciais Data da intercorrência: ___ / ___ / ____ Intercorrência: _______________________________________________________ Intervenção realizada: _________________________________________________ Alterações percebidas durante os curativos: _______________________________ ___________________________________________________________________ 4ª Parte: Variáveis de remoção do cateter Data da remoção: ___ / ___ / ____ Tempo de permanência do cateter: _______________ 123 Motivo de retirada do cateter: ( ) Término da terapia ( ) Óbito ( ) Ruptura ( ) Exteriorização acidental ( ) Suspeita de ICSRC ( ) Obstrução ( ) Flebite mecânica Intercorrências durante a remoção do cateter: ______________________________ ___________________________________________________________________ Cultura da ponta do cateter: ( ) Sim. Data: ___ / ___ / ___ ( ) Não Resultado da cultura da ponta do cateter: ( ) Positivo. Microorganismo: __________ _______________________ ( ) Negativo ( ) Não se aplica Hemocultura colhida do cateter: ( ) Sim. Data: ___ / ___ / ___ ( ) Não Resultado da hemocultura colhida do cateter: ( ) Positivo. Microorganismo: _______ _______________________ Hemocultura periférica: ( ( ) Negativo ( ) Não se aplica ) Sim. Data: ___ / ___ / ___ ( ) Não Resultado da hemocultura periférica: ( ) Positivo. Microorganismo: _____________ __________________________ Houve confirmação de ICSRC: ( ( ) Negativo ( ) Não se aplica ) Sim ( ) Não ( ) Não se aplica 124 APÊNDICE B TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) A sua autorização está sendo solicitada, para que seu filho (a) possa participar, voluntariamente, de um estudo, com fins de mestrado, intitulado “Uso do cateter central de inserção periférica em uma unidade de terapia intensiva neonatal na região centro-oeste”, sob responsabilidade da pesquisadora enfermeira especialista Júlia Carneiro Godoy de Sousa, residente à Rua S-6, esq. com T-64, Ed. Green Hill´s, apt. 1604 – Setor Bela Vista, Goiânia-GO, cujo telefone de contato é 62 91617186. O cateter central de inserção periférica é um tubo bem fino, geralmente feito de silicone, colocado em uma veia do bebê, chegando até o coração. Ele é muito usado em UTIs Neonatais com o objetivo de administrar todos os medicamentos, antibióticos e nutrição de que o bebê necessita para seguir o tratamento. O objetivo deste estudo é avaliar os resultados da utilização deste tubo, que chamamos de cateter, na UTI neonatal do Hospital das Clínicas de Goiás. A realização do estudo se faz necessária para avaliar o uso desta nova tecnologia na assistência prestada aos pacientes da UTI. Ao autorizar a participação de seu filho (a), serão colhidas informações de seu prontuário médico, a partir do dia em que for inserido o cateter na veia dele até o dia em que ele removido e seu filho (a) receba alta da UTI. Ou seja, ao receber alta da UTI, automaticamente a participação de seu filho na pesquisa se encerra. A pesquisa consiste apenas da coleta de informações do prontuário do seu filho. Garantimos que o paciente não sentirá nenhum desconforto resultante da realização da pesquisa, nem terá riscos ou prejuízos ao participar. Assim como, sua identificação também será mantida em sigilo. A conclusão desta pesquisa possibilitará a compreensão das características da permanência do cateter nos pacientes, assim como das vantagens de sua utilização para o paciente e também para o serviço. O estudo busca, portanto, melhorar a assistência dos cuidados prestados aos recém-nascidos. Serão garantidos o sigilo das informações, utilizadas somente para fins 125 científicos, e o anonimato da identificação dos pacientes. Em qualquer etapa da pesquisa, o Sr. (a) poderá entrar em contato com a pesquisadora para eventuais esclarecimentos, inclusive para resultados parciais ou finais do estudo. Poderá também, se recusar a autorizar a participação do paciente ou retirar o consentimento mesmo após o início do estudo, sem nenhum prejuízo. Terá também todo o direito de pleitear indenizações, caso julgue que houve danos recorrentes da pesquisa. Não estarão previstas despesas pessoais em qualquer fase do projeto e também não haverá compensação financeira da participação do paciente. Após os esclarecimentos fornecidos, se concordar em autorizar a participação de seu filho (a) na pesquisa, por favor, assine ao final do Termo de Consentimento, em duas vias, sendo que uma deverá ficar em seu poder. Eu, (nome com letras de forma) ____________________________________, li e entendi todas as informações que me foram fornecidas sobre a participação do meu filho (a) nesta pesquisa e me foi dada a oportunidade de esclarecer todas as minhas dúvidas. Sendo assim, eu, voluntariamente, autorizo a participação do meu filho (a) na realização da pesquisa. Tenho em meu poder uma cópia deste Termo de Consentimento, concordo e assino. Autorizo o uso dos dados coletados em relação ao meu filho e sei que sua identidade será preservada. Assinatura dos pais ou responsável: ______________________________________ Nome do paciente: ___________________________________________________ Data: ____/_____/____ Eu expliquei a natureza e o propósito do estudo para os pais ou responsáveis pelo paciente selecionado para a pesquisa. Assinatura da pesquisadora: ____________________________________________ Nome da pesquisadora: ________________________________________________ Data: ____/____/_____