Veja nesta edição:

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Ajudando as
pessoas a viverem
vidas saudáveis
Publicação Especializada em Terapia Intravenosa
ano V • nº 14 • abril – julho de 2005
Veja nesta edição:
O Intravenous faz aniversário,
mas quem ganha o presente é você!
evar informações de qualidade sobre Terapia Intravenosa, indicar métodos preventivos aos riscos de complicações nas técnicas de acesso
vascular, promover o debate e a troca de experiências
entre os profissionais desta área. Esta é a missão que o
Intravenous se propõe a realizar desde seu lançamento, há exatos 5 anos. Acreditamos que o jornal está
cumprindo tal missão por meio de artigos elaborados
por nossos colaborares, e de entrevistas concedidas por
médicos, enfermeiros e demais profissionais referências nesse segmento da saúde.
L
Diante das diferentes realidades que existem na área
de saúde no Brasil, a publicação adota uma postura
de apresentar as variantes por região, em termos de
opiniões, indicações e recomendações das técnicas de
Terapia I.V. Quando o tema é polêmico, procuramos
os pareceres dos especialistas e ícones no assunto. Dessa forma, as páginas do jornal ficam abertas para
que todos possam debater, opinar, sugerir e criticar,
sempre de forma democrática, ética e construtiva. O
objetivo do jornal sempre foi orientar quanto aos parâmetros ou protocolos de procedimentos no uso de
cateteres ou técnicas.
Parabéns, Intravenous, pelos 5 anos de publicação!
Obrigado, leitor, por seu reconhecimento, participação e prestígio!
Junto com esta edição enviamos um brinde para que o
jornal faça parte cada vez mais do seu dia-a-dia.
Cursos de PICC: as
posições da Sobeti, da
INS-Brasil e do Coren-SP
Entidades são favoráveis ao desenvolvimento de profissionais de Enfermagem para trabalharem com o cateter
central de inserção periférica, desde
que tenham capacitação teórica e prática após fazerem cursos de reconhecida qualidade e habilidade na passagem do PICC.
Na página 2, a presidente da Sobeti,
Berenice Nunes e o vice-presidente da
INS-Brasil, Dirceu Carrara
Carrara, comentam
o assunto. Leia também as recomendações do diretor do Departamento de
Fiscalização do Exercício Profissional de
Enfermagem do Coren-SP, Cláudio
Alves Porto
Porto, na página 3.
Punções arteriais: técnicas, complicações
e manutenção
Artigo de Pedro Marco Karan Barbosa, professor do curso de Enfermagem
sa
da Faculdade de Medicina de MaríliaFAMEMA. Páginas 4 e 5.
Relações entre infecções fúngicas e
cateteres centrais
Avaliações do dr. Marco Antonio da
Andrade, da (UNIFESP) e da
Silva Andrade
farmacêutica Clarissa Lopes Pinto
(Faculdades Osvaldo Cruz). Página 6.
A realidade do cursos de PICC
no Brasil
D
iversos cursos sobre PICC disseminam-se no Brasil, sem estarem em conformidade com os requisitos básicos para capacitar os participantes a executar os procedimentos de passagem desse cateter. É
o que vem sendo constatado por órgãos oficiais e entidades da categoria.
Embora haja consenso favorável ao desenvolvimento de
enfermeiros para realizar a técnica adequada na implantação do cateter central de punção periférica - principalmente
face aos benefícios que o dispositivo proporciona - especialistas e representantes de Conselhos de Enfermagem estão preocupados com o que chamam de “banalização dos
cursos de PICC”. Cada vez mais, surgem cursos com carga
horária extremamente reduzida que fornecem certificados
aos participantes. “Tais cursos não capacitam o profissional a trabalhar com o PICC”, assegura a presidente da Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Terapia Intensiva
(Sobeti), Berenice Nunes. “Os certificados concedidos nesses cursos de poucas horas apenas servem para atestar a
participação”, ressalta.
Atualmente, o Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo (Coren-SP) reconhece alguns cursos de
capacitação em cateter central de inserção periférica, como
o ministrado pela Sobeti, que mantém um programa de
imersão de 18 horas em dois dias de aulas teóricas e práticas. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), por exemplo, também reconhece o curso da INS Brasil, cuja carga
horária mínima para até 40 alunos é de 20 horas, divididas
em preparação teórica, demonstração prática em bonecos e
devolução da técnica pelo participante.
Risco de atrogenia
Segundo Berenice Nunes, alguns profissionais já familiarizados com o PICC e que participam dos cursos de capacitação da Sobeti e da INS Brasil, resolvem montar seus
cursos particulares com pouca carga horária e sem os requisitos mínimos de qualificação. Para a presidente da
Sobeti, tais iniciativas devem ser consideradas apenas como
uma introdução ao PICC. “É temerário um enfermeiro se
considerar apto a passar o cateter depois de ter feito um
curso de duas ou três horas, sem nunca ter feito o procedimento num paciente”, comenta.
Ela alerta que, no caso de haver intercorrências iatrogênicas no paciente devido à imperícia, o enfermeiro não capacitado poderá ficar sem amparo legal. Já o vice-presidente da INS Brasil, Dirceu Carrara, observa que os promotores e os organizadores de cursos de PICC, que não
possuem o registro do Cofen, correm o risco de serem denunciados e estão sujeitos às penalidades legais.
2
Berenice Nunes, presidente da Sobeti
Prioridade é o paciente
Por tudo o que o PICC representa – benefícios ao paciente, expansão da atuação do enfermeiro, vantagens para
a instituição, entre outros aspectos – é compreensível que
haja maior interesse de quem atua em Terapia I.V. em trabalhar com este dispositivo, seja em hospitais, seja em serviços de atendimento domiciliar. No entanto, é preciso levar em consideração as recomendações dos especialistas
na área. “A prioridade do profissional de saúde deve ser o
paciente e para isso devemos estar capacitados a trabalhar
com qualidade”, argumenta Berenice Nunes. No caso do
PICC, o enfermeiro deve obter habilitação em cursos reconhecidos e manter-se atualizado através de bibliografias,
participação em eventos e programas de reciclagem. “Jamais se deve passar um PICC sem ter habilidade e segurança para realizar o procedimento”, conclui.
E-mail para contato:
[email protected]
Leia mais...
Ainda sobre este assunto, leia na página ao lado, a entrevista com o diretor
do Departamento de Fiscalização do
Exercício Profissional de Enfermagem
do Coren-SP, Cláudio Alves Porto.
Ano V • nº 14
Capacitação e competência técnica
a favor do paciente
O
diretor do Departamento de Fiscalização
do Exercício Profissional da Enfermagem
do Coren-SP, professor Cláudio Alves
Porto, aconselha a todos os profissionais
que querem aprender os processos de passagem
e manutenção do cateter central de inserção
periférica, que escolham um curso que
realmente os capacite a competir no mercado.
Nesta entrevista ele aborda os problemas
envolvidos na disseminação não criteriosa de
cursos de PICC.
Intravenous: Como o Coren-SP se posiciona quanto à diversificação dos cursos de PICC no Brasil?
– Prof. Cláudio Porto: Na área de saúde existem alguns
procedimentos de maior complexidade e que representam
risco iminente à vida e à biossegurança do paciente atendido pelo enfermeiro. O processo de implantação do cateter
central de inserção periférica é um desses procedimentos de
risco, pois demanda conhecimento científico além de habilidade prática acurada por parte do profissional. Portanto,
o Coren-SP entende como requisito básico que a passagem
de PICC por profissional de Enfermagem só pode ser executada por enfermeiro. O segundo requisito recomendado é
que o enfermeiro tenha especialização em áreas como intensivismo, cardiologia, anestesiologia ou em outra relacionada às atividades do centro cirúrgico. Além disso, o enfermeiro deve ter capacitação técnica adequada e nós, do CorenSP, entendemos que um dos meios para se chegar a tal capacitação é por meio do curso de PICC administrado pela Sobeti.
Intravenous: Qual é a carga horária e quais os requisitos
mínimos preconizados pelo Coren-SP para que o profissional
saia de um curso de PICC capacitado a passar o cateter?
– Prof. Cláudio Porto: Para desenvolver a destreza e o
conhecimento técnico apurado do profissional que irá trabalhar com o PICC, um curso de capacitação deve ter pelo
menos 12 horas consecutivas. Se o curso for direcionado a
enfermeiros intensivistas, isto é, a profissionais qualificados
e já acostumados a procedimentos de alta complexidade científica, principalmente em UTI, um curso de PICC de 12
horas pode ser o suficiente. Porém, se for uma turma de
enfermeiros recém-formados ou que não tenham uma especialização em setores de alta complexidade intrínseca, será
necessário um tempo muito maior para chegar à capacitação. No entanto, temos conhecimento de cursos ministrados em apenas duas ou três horas. Sabemos também de casos de enfermeiros que delegam os procedimentos de passagem e manutenção do PICC no paciente a técnicos e auxiliares de Enfermagem. Estamos atuando com muita intensidade na fiscalização para coibir esse tipo de situação, intervindo junto à instituição e ao profissional que estejam adotando tal postura irresponsável e antiética.
Ano V • nº 14
Prof. Cláudio Alves Porto do Coren-SP
Intravenous: Em que situação fica o enfermeiro que sai de
um curso que não o capacite a trabalhar com o PICC?
– Prof. Cláudio Porto: Existem dois aspectos a avaliar.
Primeiro, devemos considerar a irresponsabilidade de quem
está promovendo esse tipo de curso. Em segundo lugar, há
que se analisar a irresponsabilidade do profissional que se
oferece a realizar o procedimento sem ter a devida capacitação. Em ambos os casos, os envolvidos acabam assumindo as conseqüências, especialmente se houver danos ao paciente. O profissional de Enfermagem precisa ter bem claro para si que competência legal não é competência técnica, pois esta só se desenvolve pela experiência e por meio
de cursos de aperfeiçoamento, especialização, mestrado,
doutorado e assim por diante. Portanto, o profissional precisa saber identificar seus próprios limites técnicos e científicos. De outra forma, estará assumindo as penas de um
ato inconseqüente, o que envolve uma implicação legal
muito séria.
Intravenous: Está havendo alguma gestão por parte do
Coren-SP no sentido de se estabelecer uma resolução normativa
para os cursos de capacitação em PICC?
– Prof. Cláudio Porto: Esta é uma questão delicada. Nós
ainda não chegamos a uma situação tão crítica que seja necessário uma resolução. Queremos evitar isso, pois vivemos
num país onde existe um número absurdo de leis e muitas
não são aplicadas. Contudo, já estamos discutindo muito
esta questão, pois percebemos que não está se respeitando o
princípio básico de que o paciente não pode ser prejudicado. Se continuarmos identificando atitudes irresponsáveis e
antiéticas, teremos que partir para uma intervenção mais
radical, com uma normatização.
3
Punções arteriais:
técnicas, complicações e manutenção
Por: Pedro Marco Karan Barbosa
Professor de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Marília-FAMEMA.
A
punção arterial para coleta de
gasometria arterial deve ser
executada por enfermeiro ou
médico devidamente capacitados na teoria e prática do procedimento, com competência para avaliar o paciente e a artéria de escolha, podendo
assim, minimizar ou, até mesmo, evitar as complicações decorrentes de erros. Já a punção de artérias profundas
é de responsabilidade médica. Como
são procedimentos de alta complexidade, auxiliares e técnicos de enfermagem não estão autorizados a executar
estas técnicas.
Por se tratar de um procedimento que
exige do profissional capacidade teórica e técnica para sua execução, acreditamos que esta capacitação deva estar
contemplada nos desempenhos dos alunos das faculdades. No entanto não podemos afirmar que todas as faculdades
estão preparando os alunos para a execução desta tarefa. O decreto 94.406/
87, artigo 8º, descreve que o enfermeiro está incumbido dos cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimento científico adequado e capacidade de tomar
decisões imediatas. Acreditamos que a
punção arterial para gasometria está
entre as atividades consideradas como
de alta complexidade No entanto, a
punção de artérias profundas deve ser
feita por médico habilitado. Acreditamos que possam existir diferentes práticas entre profissionais e instituições,
e que estas podem estar ligadas a rotinas estabelecidas nos hospitais ou outras entidades ligadas com áreas de saúde. Contudo, não deve haver técnicas
diferenciadas, visto que suas mudanças
deverão ser comprovadas mostrando as
melhoras ocorridas.
Complicações
4
No estudo de Shoemaker (1992), as
complicações de sangramento e formação de hematoma após punção arterial
são mais comuns em relação às punções, devido à pressão sangüínea mais
elevada nas artérias. Outras complicações são trombose arterial, embolização, infecção e formação de pseudo-
ção também faz parte da punção arterial
para coleta da gasometria.
As complicações podem ser evitadas
desde que o profissional que executará a punção esteja habilitado (conhecimento teórico e técnico e habilidade), usando de técnica adequada desde a escolha da artéria até a finalização
do procedimento.
Opções de cateteres
Prof. Pedro Marco K. Barbosa da FAMEMA
aneurisma. A maioria dos hematomas
pode ser evitada com aplicação de pressão da ponta do dedo no local da punção, durante tempo suficiente para cessar o sangramento. Se persistir a formação de hematoma, especialmente na
presença de infecção, pode ocorrer falso aneurisma. Também pode haver a
formação de coágulos parietais com redução do fluxo sangüíneo, além de isquemia e perda de tecidos.
Segundo Buffington (1996), se for utilizada uma força muito grande ao se tentar a punção de uma artéria, a agulha
pode tocar o perióstio causando dor ao
paciente, ou pode transpassar a parede
oposta da artéria. A procura da artéria
com a agulha pode causar lesões no nervo afetado ou espasmo arterial e nesse
caso o sangue não fluirá para a seringa.
Porém, uma agulha de menor calibre tende a apresentar um menor risco de espasmos arteriais. Ferraz (1988) descreve
que as complicações ocasionadas pela cateterização da artéria como, por exemplo, na pressão arterial média (PAM), incluem o vasoespasmo (ocorre em 8% dos
casos e é mais freqüente na cateterização
da artéria braquial), trombose, embolização, oclusão arterial, isquemia e gangrena, arterite, neuropatia compressiva,
formação de aneurisma e fístula artériovenosa. Acreditamos que esta complica-
Para a punção relacionada à coleta de
sangue nas artérias superficiais, a agulha de calibre fino é a mais indicada e,
quando possível, até utilizar agulha de
insulina. Para punção na instalação de
PAM em artérias superficiais, como a
radial por exemplo, normalmente utiliza-se um cateter intravascular periférico flexível que pode ser de PTFE, ou
poliuretano. Para as artérias profundas
como a femural, um cateter central está
entre os mais usados, também de poliuretano ou PTFE.
Descrição da técnica de
punção arterial e freqüência da
troca do sistema
Buffington (1996) e Ferraz (1988) indicam a execução do teste de Allen (compressão do pulso radial e/ou ulnar para
fazer uma avaliação subjetiva de alterações na coloração da mão com a finalidade de avaliar o fluxo arterial) antes
da punção arterial, a fim de avaliar se o
suprimento sangüíneo na mão do paciente está adequado.
Para Buffington (1996) a técnica da punção arterial deve obedecer às seguintes
etapas:
orientar o paciente sobre o procedimento a ser realizado;
reunir o material;
lavar as mãos e colocar luvas;
realizar anti-sepsia para evitar introdução de flora de pele potencialmente infecciosa no vaso sangüíneo durante o procedimento;
palpar a artéria usando os dedos indicador e médio de uma das mãos;
segurar a agulha com o bisel para
cima, inclinado num ângulo de 30o a
45 o para artérias periféricas e 90 o
para as profundas;
Ano V • nº 14
perfurar a pele e a parede arterial com
apenas um movimento, obedecendo
o sentido da artéria (se necessário utilizar um anestésico local);
se necessário, para melhor fixação do
cateter, o médico pode dar ponto envolvendo-o assegurando que o mesmo
não se movimente da luz da artéria;
fazer curativo no local da inserção do
cateter.
Para gasometria arterial ainda é indicado:
não puxar o êmbolo para trás porque
o sangue arterial deve entrar automaticamente na seringa;
após colher a amostra, pressionar o local com algodão ou compressa durante 5 minutos ou de 10 a 15 minutos
em caso do paciente estar em terapia
anticoagulante;
verificar se a seringa apresenta bolhas
de ar e, caso surjam, deve-se removêlas injetando lentamente uma parte do
sangue numa compressa;
inserir a agulha no protetor de borracha, o que impede vazamentos da amostra e mantém o ar afastado da seringa;
colocar a amostra etiquetada no saco
plástico ou na bacia contendo gelo e
enviar a amostra imediatamente ao laboratório; quando o sangramento parar, aplicar um pequeno curativo utilizando gaze estéril com um adesivo sobre o local;
monitorar os sinais vitais do paciente,
observando sintomas de problemas circulatórios como edema, descoloração,
dores, dormência ou formigamentos
na perna ou braço com a bandagem.
A troca do cateter e do sistema deverá obedecer a rotina estabelecida pela
Comissão de Infecção Hospitalar. Em
nosso hospital, a punção arterial para
PAM não deve ultrapassar 4 dias. Para
punção arterial em caso de coleta de sangue para gasometria, fazemos sempre o
rodízio das artérias.
Acidentes com perfurocortantes:
riscos e prevenção
Os riscos de acidente com perfurocortantes existem, principalmente levandose em consideração que a técnica para a
punção exige a palpação da artéria próximo ao local da inserção da agulha e
também pelo fato da necessidade de
oclusão da agulha com uma rolha no
bisel da mesma, impedindo a entrada de
ar para a seringa. Para evitar acidente,
exige-se do profissional habilidade e técnica correta para a punção, bem como
ao ocluir o bisel da agulha, evitar tocar
com a mão na rolha, mantendo-a em superfície rígida.
E-mail para contato:
[email protected]
Ano V • nº 14
Tese sobre prevenção de ICS com uso
de sistema fechado é aprovada pela
FMUSP com mérito científico
Comissão de Pós-Graduação
da Faculdade de Medicina da
USP aprovou com mérito científico a tese de doutorado
apresentada pelo enfermeiro chefe da
CCIH do Incor, dr. Dirceu Carrara,
intitulada Influência do Sistema Fechado de Infusão Venosa Sem Agulha
na Incidência das Infecções da Corrente Sangüínea em Crianças Operadas no InCor - HC FMUSP.
A
Os resultados preliminares deste
trabalho foram apresentados na edição passada do jornal Intravenous
(nº 13, Set-Dez 2004, pág. 7). Para
desenvolver sua tese, o dr. Carrara
contou com a orientação do prof dr.
David E. Uip e a colaboração da dra.
Tânia Mara Varejão Strabelli, além
do apoio da BD que patrocinou os
exames laboratoriais e forneceu
amostras do sistema InterLink.
A tese relata o estudo que avaliou
422 crianças de ambos os sexos com
até 7 anos de idade, cardiopatas congênitas, submetidas à cirurgia cardíaca e que necessitaram de cateteres
instalados no centro cirúrgico. Os
pacientes foram acompanhados durante toda a internação e, na retirada de cada cateter, procedeu-se a
coleta de cultura de swab da pele do
sítio de inserção, swab xdo hub do
cateter, ponta do cateter e sangue.
No swab da pele, swab do hub e sangue, os microrganismos foram identificados pelo método semiquantitativo (técnica de Maki). Já a ponta do
cateter foi avaliada quantitativamente, a fim de identificar o agente e o
número de unidades formadoras de
colônias (UFC).
A análise dos resultados das culturas identificou que para o swab do
hub positivo, houve 1,43% de crescimento de microrganismos no grupo que usou sistema fechado e 3,30%
no aberto(p=0,33); ponta de cateter
positiva, 8,57% no fechado e 7,55%
no aberto; hemocultura positiva,
Dr. Dirceu Carrara
5,24% no fechado e 4,25% no aberto e swab do sítio de inserção positiva, para pacientes que utilizaram o
sistema aberto, 12,26% apresentaram
cultura positiva e 10,95% daqueles
que utilizaram o sistema fechado
(p=0,7616). ICS primária: 0,47% no
fechado e 1,41% no aberto; ICS clínica: 0% no fechado e 3,3% no aberto. Portanto, o risco de um paciente
usando o sistema aberto apresentar
cultura positiva para o hub é 2,31 (IC
95%: 0,60 - 8,81) vezes maior que
usando sistema fechado.
“Desta forma demonstramos que o
sistema fechado de infusão venosa
sem agulha atua como fator de proteção contra a colonização do hub,
que é princípio do sistema fechado”,
comenta o dr. Dirceu Carrara.
Ele ressalta que a parceria com a
BD no apoio dado ao estudo foi extremamente ética e não teve qualquer
interferência ou influência nos resultados. “Os profissionais de saúde, especialmente de Enfermagem, precisam tomar iniciativas em realizar estudos de alto nível no Brasil e, para
isso, devem buscar o suporte das empresas que fornecem produtos para a
área hospitalar”, finaliza.
5
O papel dos cateteres centrais
nas infecções fúngicas
ão há dúvida de que o uso dos
cateteres centrais e as infecções
fúngicas sistêmicas mostram
uma forte inter-relação. Uma
das principais razões é a prática indispensável da utilização de cateteres venosos centrais (CVC) no tratamento dos pacientes hospitalizados, principalmente,
daqueles criticamente enfermos. A utilização dos CVC traz enormes benefícios
para esses pacientes, permitindo a administração de grandes volumes de líquidos, da nutrição parenteral e da medicação, mas, em contrapartida, pode acompanhar-se de complicações graves, e, entre elas, se destacam as infecções.
Entre esses pacientes de risco aumentado, estão incluídos aqueles com doenças hematológicas malignas, neutropênicos, transplantados e prematuros de
baixo peso. Especialmente nesses grupos de pacientes, as infecções fúngicas
sistêmicas são a maior causa de morbidade e mortalidade.
Em função disso, o impacto da remoção do CVC sobre a evolução da candidemia (que é a infecção fúngica sistêmica mais prevalente) tem sido avaliado em
muitos estudos. Num estudo multicêntrico e prospectivo que avaliava a eficácia da anfotericina B e fluconazol no tratamento da candidemia, a retenção do
cateter vascular foi um fator prognóstico, significante e independente, para a
persistência de candidemia após 72 horas de terapêutica antifúngica e para a
mortalidade. A retirada do cateter, diferentemente do que ocorre em casos de
infecções bacterianas de escassa virulência, é recomendável nos casos de infecções fúngicas devido à freqüente taxa de
recidivas e à possibilidade de complicações metastáticas.
Nos últimos 25 anos, muito se aprendeu sobre as infecções relacionadas
com os cateteres venosos e a sua prevenção. Entretanto, são necessários estudos randomizados adicionais adequadamente desenhados com estudos microbiológicos. Por outro lado, nos últimos anos, o desenvolvimento tecnológico permitiu modificar as características das superfícies externas e internas dos CVC para fazê-los mais resistentes à colonização microbiana. Os
N
6
CVC têm sido recobertos ou impregnados com substâncias
de efeito antimicrobiano, como heparina, antibióticos de
primeira linha ou de
uso menos comum,
e anti-sépticos, como
a clorhexidina, íons
de prata ou benzalcônio isolados ou
em combinação.
Também foram desenvolvidos outros
cateteres com dispositivos especiais,
Dr. Marco Antonio da Silva Andrade - Médico do Departamento
como o de Hickman
de Hipertensão do Instituto do Rim e Hipertensão (UNIFESP). Especialista
e o de Broviac assoem Nefrologia e Terapia Intensiva.
ciados com um manClarissa Lopes Pinto - Farmacêutica com pós-graduação e
guito Dracon, cuja
especialização em Farmacologia Clínica, Fármacos e Medicamentos
finalidade é criar
(Faculdade Oswaldo Cruz).
uma barreira mecânica contra a invasão
dicamentos nefrotóxicos (cisplatina,
de patógenos da pele. Uma outra estraciclosporina etc) ou os efeitos adversos
tégia na prevenção das infecções é a
relacionados com a infusão da anfoteriinstilação de alta concentração de anticina B que não melhoram com o uso de
biótico no interior do cateter de forma
tratamento sintomático. A duração do
periódica ou intermitente, enquanto o
tratamento antifúngico deve ser de 14
cateter não está em uso (a chamada técdias após a última hemocultura positiva
nica “antibiotic-lock”). Esta técnica tem
e quando os sintomas da infecção tea vantagem de possibilitar uma alta connham desaparecido.
centração antibiótica local sem as toxicidades sistêmicas e tem se mostrado útil
Por último, vale ressaltar que, mais
na esterilização dos cateteres. O antirecentemente, a utilização do sistema
fúngico anfotericina B (2,5 mg/mL) é
fechado, um sistema de administração
uma das soluções mais utilizadas para
de solução parenteral que, durante todo
“limpar” o cateter.
o preparo e administração, não permite
o contato da solução com o meio ambiNos pacientes com candidemia assoente, tem se mostrado eficaz na prevenciada ao cateter, o fluconazol (400 mg
ção das infecções fúngicas.
ao dia) constitui-se num tratamento eficaz. O uso de anfotericina B (0,6 a 1
Bibliografia recomendada
mg/kg/dia) está recomendado para os
León C, Ariza J – Enferm Infecc Microbiol Clin
pacientes com neutropenia (<500 cé2004;22(2):92-101.
lulas/mL), nos casos provocados por ceAguado JM et al – Rev Esp Quimioterap 2002; 15(4):
387-401.
pas resistentes a azóis, naqueles que teMermel LA et al – Clinical Infectious Diseases 2001;
nham recebido azóis nas semanas pré32: 1249-1272.
vias ou naqueles que apresentem instaFerretti G et al – Cancer Control 2003; 10 (1): 79-91.
bilidade hemodinâmica. As formulações
Walsh TJ, Rex JH – Clinical Infectious Diseases 2002;
34: 500-502.
lipídicas de anfotericina B são freqüenMermel LA – Ann Intern Med 2000; 132: 391-402.
temente utilizadas em situações clínicas
em que haja identificação de nefrotoxiE-mails para contato:
cidade (elevação da creatinina sérica ou
[email protected]
depuração renal da creatinina diminuída), o uso concomitante de outros [email protected]
Ano V • nº 14
PRODUTOS BD
Solução, inovação e superioridade clínica para seus pacientes
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Um exemplo de integração entre profissionais
raças à parceria entre profissionais
de saúde de diferentes instituições,
foi executada a primeira passagem
de um cateter central de inserção periférica (PICC) num recém-nascido de apenas
600g na UTI Neonatal e Infantil da Santa
Casa de Misericórdia Nossa Senhora de
Fátima e Beneficência Portuguesa de
Araraquara. Para executar o procedimento foi chamada a enfermeira Karina
Gomiero, da UTI Neonatal do Hospital
São Lucas de Ribeirão Preto. O Hospital
filantrópico possui um médico, o dr.
Glaimir Basso, capacitado a realizar a passagem do cateter, porém ele não se encontrava presente à ocasião.
Não foi a primeira vez que a enfermeira
Karina Gomiero atendeu a um chamado
como o ocorrido em Araraquara. “Já passei o PICC em pacientes de outros hospitais e de clínicas oncológicas da região”,
afirma a enfermeira que passou a trabalhar
com o cateter depois de fazer um curso de
capacitação ministrado pela INS Brasil em
conjunto com o CTAV.
O caso representa um excelente exemplo para a troca de experiências entre profissionais de diferentes instituições. Além
G
Abril 2005
VISITE
3º Congresso Nursing
STAND
Data: dias 14 e 15
Local: Centro de Convenções
Pompéia, São Paulo-SP
DA BD
Informações: (11) 4195-8591
[email protected]
CBRAHC III - Congresso
Brasileiro de Home Health Care
Data: dias 14 e 15
Local: Centro de Exposições
Imigrantes, São Paulo-SP
Contato: (11) 5589-1489, 5585-4353 e
5585-4359 (fax)
www.revistareabilitacao.com.br
www.pacin.com.br
[email protected]
Enfermeira Karina Gomiero
disso, serve de estímulo para a busca pela
capacitação na execução de uma técnica
considerada inovadora. As enfermeiras da
UTI Neonatal e Infantil do hospital filantrópico de Araraquara participarão, em
breve, de um curso de capacitação em PICC
ministrado pela Sobeti.
Para consulta na Internet
Estes são alguns sites onde você
pode encontrar farto material
científico em Terapia I.V. e
Biossegurança:
fusion/links/
www.bd.com/in
c.gov
www.cd
IX Congresso Paulista de Terapia
Intensiva
Data: de 14 a 16
Local: Mendes Convention Center,
Santos-SP
Contato: (11) 3813-8896
[email protected]
Junho 2005
IV Congresso Nacional VISITE
de Enfermeiros
STAND
Data: de 4 a 7
Local: Centro de Convenções
Rebouças, São Paulo-SP
DA BD
Contato: (11) 5081-7718
expansã[email protected]
Hospitalar 2005
VISITE
Data: de 14 a 17
STAND
Local: Pavilhões do Expo
Center Norte, São Paulo-SP
Contato: (11) 3897-6199
DA BD
www.hospitalar.com
[email protected]
www.sobeti.com.br
Agosto 2005
II Congresso Internacional de
Especialidades Pediátricas
Criança 2005
VISITE
STAND
Data: de 27 a 30
Local: Centro de Convenções
de Curitiba, Curitiba-PR
Contato: (41) 3022-1247
DA BD
www.crianca2005.org.br
[email protected]
www.riscobiologico.org
Setembro 2005
III Simpósio Internacional VISITE
STAND
de Enfermagem
Data: 8 a 10/09
Local: Fecomércio, São Paulo-SP
Contato: (11) 3050-0028
DA BD
[email protected]
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Katia Teixeira e Daiana Cabral. Coordenação Científica: Silvana Torres, Sérgio Filgueiras e Andrea Oliveira. Jornalista
Responsável: Milton Nespatti (MTb-SP 12.460). Revisão: Sérgio Cides. Projeto
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publicados desde que citada a fonte. As opiniões e conceitos publicados são de
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