Zuleide Rodrigues da Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA
ZULEIDE RODRIGUES DA SILVA
AS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA NO 5º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA ESCOLA MUNICIPAL MARIA MADALENA HOLANDA
SOARES DE UBAJARA/CE
UBAJARA
NOVEMBRO DE 2013
ZULEIDE RODRIGUES DA SILVA
AS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA NO 5º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA ESCOLA MUNICIPAL MARIA MADALENA
HOLANDA SOARES DE UBAJARA/CE
Artigo científico apresentado ao Curso de Letras à Distância, da
Universidade Federal da Paraíba como requisito para obtenção do grau
de Licenciado em Letras.
Prof.ª. Drª MARIA DO SOCORRO PAZ e ALBUQUERQUE
Orientadora
UBAJARA
NOVEMBRO DE 2013
ZULEIDE RODRIGUES DA SILVA
As práticas de leitura e escrita no 5º ano do Ensino Fundamental da escola municipal
Maria Madalena Holanda Soares de Ubajara/CE.
Artigo científico apresentado ao Curso de Letras à Distância, da Universidade Federal da
Paraíba como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Letras.
Data de aprovação: ____/____/____
Banca examinadora
______________________________________________________________________
Prof.ª Dr ª Maria do Socorro Paz e Albuquerque
Orientadora
______________________________________________________________________
Prof.
Examinador
Prof.
Examinador
Título: As práticas de leitura e escrita no 5º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal
Maria Madalena Holanda Soares de Ubajara/CE.
Resumo
Esta proposta de trabalho pretende analisar e descrever uma experiência em sala de aula de 5º
ano do Ensino Fundamental, da Escola Municipal de Ubajara/CE, Maria Madalena Holanda
Soares. Nesta, analisaremos a experiência didática em relação às práticas de leitura e escrita
desenvolvidas pela professora desse ano, para verificarmos se o ensino de Língua Portuguesa
da referida escola está contribuindo para o letramento desses alunos. Também descreveremos
as atividades realizadas através do Projeto “Nas Ondas da Leitura”, da editora Imeph, e das
ações pedagógicas orientadas a partir do trabalho com os descritores, o qual busca
desenvolver habilidades de leitura e compreensão de textos, na escrita, e na oralidade. As
metodologias planejadas e aplicadas foram: a análise de textos de diferentes gêneros para o
estudo de descritores relativos aos aspectos de linguagem e as ações pedagógicas do projeto
“Nas ondas da leitura”, já citado, orientadas pela Secretaria de Educação do Município de
Ubajara. Também abordaremos como essas atividades contribuíram para o letramento desses
alunos. A base teórica se fundamentou nos estudos de Magda Soares, sobre Alfabetização e
Letramento (2003); de Ângela Kleiman em “Os significados do letramento” (1995); a Matriz
de Referência de Língua Portuguesa do Sistema Permanente de Avaliação do Estado do Ceará
(SPAECE. 2008); as concepções de leitura e escrita segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental (1998). E a base metodológica
nos estudos de pesquisas qualitativas e interpretativas segundo André (1995).
Palavras-chave: letramento - práticas de leitura e escrita - vivência didática.
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Introdução
Como professora da rede municipal de Ubajara/CE, tenho vivenciado, nos últimos
anos, uma mudança nos gestores da educação do município em relação à preocupação com o
desempenho dos alunos do Ensino Fundamental na avaliação externa do governo do Estado,
SPAECE, Sistema Permanente de Avaliação do Ceará, que é aplicada no segundo ano, quinto
e nono, com a finalidade de avaliar a proficiência desses alunos em Língua Portuguesa e
Matemática.
Aplicado desde 2008, o SPAECE disponibiliza o boletim pedagógico com a
descrição do desempenho por nível de proficiência de cada série, por município, por escola e
por disciplina, indicando as deficiências dos alunos avaliados levando em conta as habilidades
esperadas no domínio de alguns conteúdos, o que o boletim denomina de descritor.
Assim, este trabalho tem como tema as práticas de leitura e escrita desenvolvidas para
o letramento de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental da escola de E.I.E.F. Maria
Madalena Holanda Soares, de Ubajara/CE, desenvolvidas a fim de adequar a proficiência em
Língua Portuguesa a partir do diagnóstico resultante da prova do SPAECE, uma avaliação
externa em larga escala que mensura as competências e habilidades dos alunos do Ensino
Fundamental em Português e Matemática.
Para tanto, os professores da referida série - que passa por essa avaliação-, são
orientados a desenvolver tais práticas a partir de um descritor que corresponde “a uma única
habilidade cujo descritor representa uma associação entre os conteúdos curriculares e as
operações mentais desenvolvidas pelos alunos, que se traduzem em competências e
habilidades”, segundo o Boletim Pedagógico de Avaliação (SPAECE) de Língua Portuguesa,
5º ano do Ensino Fundamental (Seduc/CE).
Neste trabalho, portanto, pretendemos analisar essa vivência a partir do que
constatamos em relação às práticas de leitura e escrita trabalhadas para o desenvolvimento das
habilidades contempladas pelos descritores objetivando o letramento desses alunos.
Desse modo, temos como objetivo geral: descrever e analisar uma experiência didática
em relação à forma como se desenvolveram as práticas de leitura e escrita, do 5º ano do
Ensino Fundamental para compreendermos a maneira como o ensino da Língua Portuguesa
atual está contribuindo para o letramento do aluno da escola de E.I.E.F. Maria Madalena
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Holanda Soares, de Ubajara/CE. E, como objetivos específicos temos: a) verificar se as
práticas de leitura e de escrita, realizadas para o desenvolvimento das habilidades de leitura e
compreensão de pequenos textos, na escrita espontânea, como também na oralidade de alunos,
do 5º ano do ensino fundamental, de fato colaboram para o letramento desses alunos; e b)
mostrar como a professora aplica as práticas didáticas orientadas pelo SPAECE e como elas
são desenvolvidas pelos alunos observando seus resultados no letramento deles.
Fundamentação teórica
1· Considerações sobre Letramento
Para a análise da vivência pedagógica das práticas de leitura e escrita desenvolvidas
no 5º ano da Escola Maria Madalena Holanda Soares, em nossa fundamentação teórica,
partiremos da distinção ente alfabetização e letramento.
Para Magda Soares
Alfabetização é dar acesso ao mundo da leitura. Alfabetizar é dar condições para que
o indivíduo - criança ou adulto - tenha acesso ao mundo da escrita, tornando se
capaz não só de ler e escrever, enquanto habilidades de decodificação e codificação
do sistema da escrita, mas, e, sobretudo, de fazer uso real e adequado da escrita com
todas as funções que ela tem em nossa sociedade e também como instrumento na
luta pela conquista da cidadania plena. (1998, p.33).
Segundo Soares, no artigo publicado pela revista Pátio, pela Artmed Editora,
Alfabetização e Letramento: caminhos e descaminhos (29/02/2004), alfabetização e
letramento são distintos, mas não são dissociados. Segundo ela
É necessário reconhecer que alfabetização – entendida como a aquisição do sistema
convencional de escrita – distingue-se de letramento – entendido como o
desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso competente da leitura e
da escrita em práticas sociais: distinguem-se tanto em relação aos objetos de
conhecimento quanto em relação aos processos cognitivos e linguísticos de
aprendizagem e, portanto, também de ensino desses diferentes objetos. (2004, p. 97)
Essa distinção se faz necessária, na medida em que contrastando tais processos, a
própria Magda (2004) também afirma que
Embora distintos, alfabetização e letramento são interdependentes e indissociáveis:
a alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas sociais
de leitura e de escrita e por meio dessas práticas, ou seja, em um contexto de
letramento e por meio de atividades de letramento; este, por sua vez, só pode
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desenvolver-se na dependência da e por meio da aprendizagem do sistema de
escrita. (2004, p. 97)
É verdade que, na sociedade atual, para enfrentarmos o dia-a-dia, não é suficiente
saber ler e escrever, é preciso interpretar, ser crítico e, para isto, é necessário se dedicar
bastante às práticas de leitura e principalmente colocar em prática o que se aprendeu
escrevendo.
Quando o indivíduo se dedica ao ato de ler e escrever há uma inclusão de todo um
conjunto, em que a prática da aprendizagem é fundamental. Sabemos que hoje a tecnologia
oferece aos aprendizes alguns pontos positivos e negativos, e ele deve ter competência para
fazer o uso correto da leitura e da escrita nas diversas atividades. Isso comprova que a prática
da escrita e da leitura é indispensável à aprendizagem do letrando.
Para Ângela Kleiman (1995, p.19), o letramento constitui-se em “um conjunto de
práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em
contextos específicos” o que corresponde ao pensamento de que o aprendizado se dá quando a
habilidade de usar a escrita, nessas práticas sociais, realiza-se de forma competente levando
em conta o contexto de produção.
Para ampliar o nível de letramento, o aluno precisa buscar conhecimentos em várias
fontes, o mais importante neste processo é afeiçoar-se ao hábito de buscar as leituras e de
acordo com suas necessidades. Agindo dessa forma, será possível conseguir ampliar o
conhecimento.
O domínio da leitura é uma experiência tão importante na vida da criança, que
determina o modo como ela irá perceber a escola e a aprendizagem em geral. Em decorrência
disso, o esforço despendido pela criança no reconhecimento de letras e palavras precisa aliarse à certeza de que será compensada pela leitura de textos altamente estimulantes.
Outra interessante consideração sobre alfabetização e letramento feita pela educadora
Magda Soares aponta para uma realidade muito comum entre os professores das escolas
brasileiras, o de alfabetizar letrando:
“Se alfabetizar significa orientar a própria criança para o domínio da tecnologia da
escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e escrita.
Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever, uma criança letrada
(...) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer da leitura e
da escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em
diferentes contextos e circunstâncias (...) Alfabetizar letrando significa orientar a
criança para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com práticas reais
de leitura e de escrita” (Jornal do Brasil - 26/11/2000).
7
Na descrição do desenvolvimento das práticas de leitura e escrita tomamos por base
as considerações de que os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental fazem
quanto ao letramento, quando afirmam que o letramento é
Entendido como produto da participação em práticas sociais que usam a escrita
como sistema simbólico e tecnologia. São práticas discursivas que precisam da
escrita para torná-las significativas, ainda que às vezes não envolvam as atividades
específicas de ler ou escrever. Dessa concepção decorre o entendimento de que, nas
sociedades urbanas modernas, não existe grau zero de letramento, pois nelas é
impossível não participar, de alguma forma, de algumas dessas práticas. (1998, p.19)
Nessa concepção, consideram-se que as práticas sociais constituem-se o ponto de
partida e o meio pelo qual o letramento deve ser realizado, a partir do desenvolvimento da
leitura e da escrita, uma vez que todos os indivíduos, como agentes sociais, estão inseridos
nas diferentes práticas discursivas.
2- Considerações sobre leitura e escrita
Quando o indivíduo se dedica ao ato de ler e escrever entende-se que ele realiza as
práticas discursivas presentes na vida social, interagindo com outros indivíduos por meio das
habilidades leitoras e de escrita, de forma que dê significado para essas habilidades.
Nessa perspectiva, encontramos a concepção de leitor competente, segundo os PCNs
do Ensino Fundamental, que afirmam que
Um leitor competente sabe selecionar, dentre os textos que circulam socialmente,
aqueles que podem atender a suas necessidades, conseguindo estabelecer as
estratégias adequadas para abordar tais textos. O leitor competente é capaz de ler as
entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos,
estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e
outros textos já lidos. (1998, p. 70)
No mundo contemporâneo, cada vez mais a escrita, por exemplo, é utilizada como
forma de expressão do pensamento, nas novas tecnologias, ainda mais se consolida o
letramento. Atualmente, para se ter um bom desempenho nas práticas discursivas, é preciso
não apenas decodificar e sim revelar competência e habilidades suficientes na compreensão
dos textos verbais e não verbais.
Apesar dessa realidade, é fato que muitos brasileiros não gostam de ler por prazer e
quando leem é por necessidade. Existem pessoas que estudaram, mas não conseguem ler e
nem interpretar corretamente um pequeno texto ou até mesmo uma frase, o que acaba por
8
inseri-los no grupo de pessoas alfabetizadas e não letradas provavelmente por terem adquirido
o idioma por meio de métodos de decodificação e estratégias pedagógicas pouco associadas às
práticas sociais de uso da língua.
Ainda na fase escolar, identificam-se crianças que demonstram que sabem imitar a
leitura do adulto, ou seja, muitas vezes fazem de conta que leem, que pegam, por exemplo,
um livro qualquer e ficam lendo apenas as gravuras, sobretudo quando veem pessoas
estudando e isso desperta seu interesse pela leitura, e, automaticamente a vontade de “ler” o
que está escrito.
Outra realidade relevante é a condição atual do acervo de livros - paradidáticos
infantis, obras clássicas da Literatura Brasileira - das bibliotecas das escolas municipais, o que
no passado era um problema pela pouca quantidade e de variedade de exemplares. Apesar da
superação de alguns desses obstáculos, pois há uma bibliografia disponível em muitas dessas
escolas, é fato ainda irrefutável que há dificuldade em se desenvolver ações para a ampliação
da leitura e para a formação de leitores.
Essas dificuldades se dão, dentre outras questões, devido à existência de alunos não
alfabetizados, daqueles que não têm o hábito de ler, por serem alfabetizados e não letrados, ou
seja, decodificam, mas não entendem o que leem, embora já tenham passado da fase
propriamente dita de reconhecimento do código, que corresponde às séries iniciais do Ensino
Fundamental.
É necessário, para que as crianças consigam compreender o que leem e a escrever
com proficiência, que a escola se proponha a formar leitores, aplicando um projeto didático
metodológico que atenda às necessidades dos alunos como desenvolvimento de habilidades de
escrita e leitura que lhe capacite para as práticas sociais de letramento nas quais estão
inseridos.
Metodologia
Este estudo de insere nas pesquisas qualitativas, interpretativista (ANDRÉ, 1995, p.
17) por que busca descrever e observar uma realidade de ensino-aprendizagem para melhor
compreendê-la e verificar seus resultados.
Analisaremos as práticas metodológicas aplicadas para o desenvolvimento das
habilidades de leitura e escrita, nas aulas de Língua Portuguesa, ministradas pela professora
9
M. S. L. M. na E.I.E.F. Mª Madalena Holanda Soares, durante dois meses. Essa professora
planejava suas aulas a partir do material de apoio e das orientações da equipe pedagógica da
Secretaria Municipal de Educação, que parte do diagnóstico e de informações do Boletim
Pedagógico de Língua Portuguesa do Sistema Permanente de Avaliação do Estado do Ceará
(SPAECE), além dos que são definidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental de Língua Portuguesa.
A escola, de Educação Infantil e Ensino Fundamental Maria Madalena Holanda
Soares, localizada na comunidade rural de Taboca em Ubajara/CE, pertencente à rede
municipal, oferta turmas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental. Seus alunos são as
crianças e jovens da localidade e de outros lugarejos próximos, a maior parte deles são filhos
de agricultores, pessoas de origem bastante simples.
A escola Maria Madalena Holanda Soares possui “duzentos e noventa e quatro
alunos” (294), entre Ensino Infantil e Fundamental I e II, segundo o censo.
Na sala do 5º ano do Ensino Fundamental I, há 26 alunos, todos com perfil
completamente individualizado: 20 deles com aprendizagem evolutiva, 4 com aprendizagem
lenta e 2 repetentes com o nível de aprendizagem mínimo para suas idades1, já que a faixa
etária de idades é entre 9 a 11 anos. Quanto ao comportamento, geralmente são disciplinados,
embora alguns apresentem certa agitação durante as aulas o que acaba prejudicando o
rendimento, sendo este comportamento mais comum entre aqueles que já apresentam baixo
nível de proficiência levando em conta os conhecimentos básicos para a série que cursam.
A professora de Língua Portuguesa do 5º ano da referida escola é M. S. L. M.,
polivalente, formada em Letras, com especialização em Língua Portuguesa e Literatura. Há 15
anos trabalha como professora. Tem experiência no ensino de Jovens e Adultos e do 3º ao 5º
ano do Ensino Fundamental.
1
Considerando o nível de proficiência desses alunos em comparação com o nível apresentado como
adequado para o 5º ano do Ensino Fundamental, de acordo com a escala de proficiência do Boletim Pedagógico
de Avaliação de Língua Portuguesa do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Estado do
Ceará (2008, p. 34.).
10
Os projetos utilizados nas aulas analisadas são: “Nas ondas da leitura”, da editora
Imeph, e as oficinas de descritores, da Matriz de Referência do SPAECE, Língua Portuguesa,
5º ano do Ensino Fundamental.
A abordagem pedagógica das atividades de leitura e escrita
Ao observar as aulas que a professora S. ministrou, vimos que ela transmite com
muita segurança e habilidade os conteúdos buscando sempre relacioná-los à realidade dos
alunos de forma a favorecer a aprendizagem.
Durante suas aulas, ela dá oportunidades para os alunos interagirem uns com os
outros, apresentarem suas dúvidas e isso é muito importante para expandir os conhecimentos
deles. Ela trabalha com os Descritores e com o Projeto “Nas Ondas da Leitura”, os quais são
os suportes que a Secretaria de Educação do Município (SEM) oferece para o ensino da
Língua Portuguesa.
Para isso, são programados e realizados mensalmente, pela Secretaria de Educação,
encontros nos quais se repassam as orientações, os materiais de apoio indicados nas
formações referentes às aulas de Língua Portuguesa tais como vídeos, slides, livros
paradidáticos e didáticos.
A professora S. realiza o trabalho com os descritores, referente a duas habilidades
por mês, cujas atividades são realizadas, em dois dias da semana, de forma intensa e
direcionada, ou seja, os exercícios, as leituras realizadas, os textos produzidos pelos alunos,
todos abordam os descritores indicados para o mês.
O boletim da avaliação Spaece apresenta vinte e três descritores indicados pelos
números (D 01, D 02 até o D 23) e que estão distribuídos em seis tópicos:
Quanto à informação do texto verbal e/ou não verbal; Quanto aos gêneros
associados às sequências discursivas básicas; Quanto à relação entre textos; Quanto
às relações de coesão e coerência; Quanto aos recursos expressivos utilizados no
texto e, Quanto aos aspectos sociais da Linguagem. (2008. p. 22 e 23)
Todo o material resultante da aplicação dessa avaliação externa, a matriz de
referência, o diagnóstico produzido e a descrição das habilidades e competências, a escala de
proficiência onde o desempenho do aluno é indicado em níveis, numa escala de 00 a 500, está
11
direcionando às novas práticas do professor, como observadas nas aulas de Língua Portuguesa
da turma do 5º ano.
O descritor é trabalhado da seguinte forma: primeiramente é feita a apresentação e,
ao mesmo tempo, a predição dos títulos ou temas. Após a predição, juntamente com os
alunos, a professora procura evidenciar o que é; que habilidades serão avaliadas; que
sugestões podem ser oferecidas para melhorar o desenvolvimento da habilidade trabalhada, o
descritor 11- “Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato”. Em seguida, são realizadas
oficinas de estudo sobre os itens que abordem o descritor trabalhado na semana para facilitar
o desenvolvimento e a compreensão dos conteúdos trabalhados. Nessas oficinas, os alunos
estudam os itens contextualizando-os a fim de reconhecer os trechos que são fatos,
distinguindo de trechos que são opinião.
Quanto ao favorecimento do ensino a partir da abordagem dos descritores para o
Letramento, a professora considera que essa proposta beneficia desde o início da sondagem
dos conhecimentos prévios para que durante o desenvolvimento das habilidades, os
educandos leitores tornem-se capazes de compreender o que leem e de produzir textos, ou
seja, criar e falar sobre vários assuntos.
“Nas ondas da leitura” é um projeto da editora Imeph, adotado como uma ação
pedagógica da Secretaria de Educação do município de Ubajara/CE, para propiciar ao aluno
da rede pública o desenvolvimento da leitura, despertando neles o gosto pela leitura, amor ao
livro, a consciência da importância de se adquirir o ato de ler e a mobilização da família dos
alunos no envolvimento nas atividades de leitura, escrita e outras atividades, tais como
confecção de jornal, roda de leitura, debate, apresentação teatral etc.
Segundo o núcleo de apoio pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, o
projeto tem como objetivo principal contribuir para a inserção dos alunos em práticas de
leitura e escrita de modo significativo, a fim de fomentar a formação de sujeitos leitores
envolvidos em práticas sociais e comunicativas essenciais à compreensão do contexto sóciohistórico-político em que ele vive. Essa concepção metodológica está presente nos estudos de
Magda Soares em relação às considerações de letramento.
12
Como recursos didáticos, a realização das atividades conta com os livros indicados
pelo projeto “Nas ondas da leitura”, da editora Imeph, além dos recursos de áudio e vídeo,
livros paradidáticos, revistas, internet, jornal.
Nesse projeto, os livros ofertados são oferecidos pelos programas PAIC 2 e PNAIC3,
elaborados de acordo com a idade intelectiva dos alunos, sendo que suas proposições também
favorecem o aprendizado e visam desenvolver as habilidades de produção textual envolvendo
várias tipologias pertinentes às suas modalidades específicas.
A duração desse projeto “Nas ondas da leitura” é de um mês para cada livro
trabalhado e quanto à culminância do projeto, que é feita no final desse período, cada escola
realiza da forma que achar mais adequada às características e necessidades da turma em que o
projeto foi desenvolvido.
A avaliação das atividades desenvolvidas pelo projeto acontece de forma contínua e
paralela e em todos os momentos em que os alunos estiverem participando das atividades e
2
“A origem do PAIC aponta para o trabalho desenvolvido pelo Comitê Cearense para a Eliminação do
Analfabetismo Escolar, criado em 2004, pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, através da iniciativa
do deputado Ivo Gomes. O Comitê era constituído pela Assembleia Legislativa, UNICEF, APRECE,
UNDIME/CE, INEP/MEC, e Universidades Cearenses como UECE, UFC, UVA, URCA e UNIFOR.
O objetivo do Comitê era explicitar a problemática do analfabetismo escolar. Para tanto, desenvolveu
pesquisas e divulgou relatório contendo os resultados. O Comitê realizou ainda, sete audiências públicas e dois
seminários internacionais sobre alfabetização. [...]
Concluído o trabalho do Comitê, e aproveitando a mobilização social em torno do combate ao
analfabetismo escolar, a APRECE e a UNDIME/CE, com a parceria técnica e financeira do UNICEF, criaram o
Programa Alfabetização na Idade Certa - PAIC, com o objetivo de apoiar os municípios cearenses na
melhoria da qualidade do ensino, da leitura e da escrita nas séries iniciais do ensino fundamental, contando com
a adesão de 60 municípios, através de um pacto de cooperação.
PAIC - É um programa de cooperação entre Governo do Estado e municípios cearenses com a
finalidade de apoiar os municípios para alfabetizar os alunos da rede pública de ensino até o final do segundo
ano do ensino fundamental.
O programa possui os seguintes parceiros: UNICEF, APRECE, UNDIME-CE, APDMCE, SECULT e
Fórum de Educação Infantil do Ceará.” In http://.idadecerta.seduc.ce.gov.br, acesso em 14 de novembro de2013
3
O PNAIC, “O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal assumido
pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as crianças estejam
alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental.” In http://pacto.mec.gov.br/opacto, acesso em 14 de novembro de 2013.
13
discussões propostas, de acordo com a equipe da Secretaria de Educação e a professora do 5º
ano da referida escola.
A professora S. desenvolveu essas atividades buscando despertar o interesse pela
leitura do paradidático trabalhado no mês. Antes da leitura, os alunos são convidados a
folhear o livro, observando os elementos que formam as imagens, as cores, as formas, os
personagens, bem como os textos que aparecem ao longo da história.
Na abordagem da obra “A serei encantada”, de Ana Thais Feitosa, do projeto do
Imeph, por exemplo, os alunos participaram de forma empolgada do momento em que a
professora pediu que eles falassem da ilustração da capa do livro, das palavras que eles
reconheciam e liam, de forma que juntos realizaram as seguintes predições: que assunto o
livro aborda, quem seriam os personagens, onde a história se passa, dentre outras predições.
Nessa tarefa, os alunos usaram de forma dinâmica a criatividade fazendo,
formulando as suas hipóteses sobre a história, ou melhor, imaginando como seria o desenrolar
do enredo, acrescentando, por vezes, personagens e até descrevendo as ações que eles
associavam à história.
A empolgação dos alunos, nesses momentos, confirmou o entendimento encontrado
nos Parâmetros Curriculares Nacionais, aqui evidenciados, no tocante à inexistência de grau
zero de letramento, pois mesmo antes de leram a obra, os alunos se expressaram oralmente
quando falavam das ilustrações, das palavras que reconheciam e do que imaginavam sobre a
história.
A atuação da professora favoreceu à motivação da maior parte dos alunos para lerem
o livro, reconhecerem as palavras que encontraram na obra e também a identificarem, nas
páginas do livro, poemas, letra de música ou uma partitura. Enfim, é possível dizer que,
nessas aulas, a interação da professora instigou bastante o desejo de os alunos lerem e
participarem das atividades, o que ressignificou a prática de leitura, por partir dos
conhecimentos prévios dos alunos aguçando-lhes a curiosidade.
Nessa abordagem, observamos a relação entre as atividades de leitura realizadas e o
despertar do prazer em ler, o que segundo Soares, é uma condição para que o aluno seja
realmente uma pessoa letrada.
14
Para procedermos à análise da experiência observada, partiremos inicialmente da
descrição das atividades de algumas aulas. Posteriormente, abordaremos os outros aspectos
que podem influenciar na abordagem pedagógica das atividades de leitura e escrita, como por
exemplo, o material didático oferecido à professora e aos alunos para a realização dessas
atividades.
Em cada aula, a professora trabalhava o letramento dos alunos do 5º ano do Ensino
Fundamental levando em conta a Matriz de Referência do SPAECE.
A professora S. inicia a aula de Língua Portuguesa cantando juntamente com os
alunos a música “Vagalume”, de Leo Fonseca. Todos os alunos tinham em mãos uma cópia
da música e na mesma cópia havia uma atividade de aprendizagem no verso sobre a música.
Tal atividade pedia que eles completassem as lacunas com palavras retiradas da música. Essa
foi a primeira atividade trabalhada na sala, após a qual os alunos liam as palavras que
completaram a letra da música.
A professora, em seguida, as escrevia no quadro e lia para os alunos assim como
também pedia para que eles as lessem a fim de ampliarem o conhecimento em relação ao
vocabulário, aos recursos expressivos da linguagem e quanto à musicalidade do texto como: o
reconhecimento de versos, estrofes, rimas, refrão. A professora sempre interagia com os
alunos na correção das atividades, passando em suas carteiras, observando se todos estavam
corrigindo suas atividades.
Em outra atividade, a professora tinha o objetivo de trabalhar o descritor 11Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato-, o qual geralmente fica exposto em um
determinado local bem legível com o título e o subtítulo para que os alunos não deixassem de
vê-lo. No mesmo local, encontrava-se outro cartaz menor, no qual estava escrito a diferença
de fato e opinião, especificando que fato: “seria algo que não muda e enquanto opiniões
existem várias”.
Em seguida, a professora explica aos alunos a diferença entre fato e opinião, fazendo
sempre perguntas relacionadas ao conteúdo do descritor, partindo de um texto, sobre o qual a
professora fez a predição, momento esse de muitas participações dos alunos que falavam
tentando dizer do que tratava o texto. Após esse momento, foi feita a leitura coletivamente, e
15
em seguida, a interpretação dos trechos do texto que traziam fatos e outros, que abordavam
opinião.
A professora após pedir para que os alunos lessem as perguntas, questionava-lhes o
que eles achavam o que era: um fato ou uma opinião. Após a resposta dada pelos alunos, ela
apresentava-lhes novos exemplos de fato ou opinião.
A atividade a seguir é uma das que foram aplicadas:
A questão acima faz parte do material preparado pela Secretaria de Educação do
Município, que tanto a professora quanto os alunos receberam, o qual trazia várias questões
contextualizadas para o estudo do descritor em questão – D 11: Distinguir fato de opinião
relativa a esse fato.
Observamos que no estudo da questão, a professora trabalhou a leitura do texto,
estimulando os alunos a identificar o gênero textual, a finalidade do texto e o assunto
abordado, pedindo-lhes, por exemplo, que observassem a estrutura do texto, a fonte
16
bibliográfica, o autor, a linguagem empregada, o título; e que lessem um trecho e o
comentassem oralmente.
Para a resolução do item que traz a afirmação “A opinião do autor a respeito dos
raios é”, a professora pediu que todas as opções fossem lidas para que assim descartassem as
alternativas falsas, fazendo com que eles percebessem porque não seriam as corretas, até
chegarem à opção verdadeira, relacionando-a ao que o comando da questão afirmava,
justificando, quando identificavam o fato, que ali havia uma ação, como em “surgem num
clarão seguindo de um barulho”, por isso não era um opinião, sobre a qual eles diziam
“opinião é o que alguém acha ou pensa sobre algo”.
Por sua vez, os alunos participavam com atenção da atividade, dizendo em voz alta
– e muitos deles de uma só vez – a opção que eles identificavam como certa. Foi possível
perceber, que a maioria dizia a opção de fato verdadeira, o que parecia significar que
compreendiam de fato o que o comando da questão pedia.
Nesse momento, a professora intervinha perguntando por que as outras opções não
eram verdadeiras, o que fazia com que um ou outro aluno se manifestasse dizendo, por
exemplo, que as outras opções traziam fatos, e não opiniões, já que essas opções se referiam a
acontecimentos reais ou características permanentes, como por exemplo, quando comentavam
a opção “nascem em grandes nuvens escuras”. Assim, concluíram que o item B apresentava
uma opinião ao dizer “são fenômenos poderosos e assustadores.”.
Além desse item, outros foram trabalhados como gêneros textuais diferentes
também seguidos de itens que exploram a distinção de fato de opinião.
No texto a seguir, os alunos confundiram opinião com fato. Vejamos:
17
No item referente a esse texto “Quadrinhos verdes”, houve divisão da sala quanto à
resposta dos alunos, pois alguns, em torno de um terço da turma, confundiram a opinião nas
opções com fato. Por exemplo, enquanto alguns alunos acreditavam que a opção „A‟ era a
certa, por haver ali o termo “vegetarianos”, um aluno justificou que a opção „D‟, era a correta
afirmando que era uma opinião, porque a frase apresentava os termos “aposto” e “vai adorar”
A professora aproveitou a discussão para estabelecer a diferença entre fato e opinião. E
concluiu que a resposta correta era o item D por trazer a opinião do autor sobre o sonho.
No segundo momento, a professora trabalhou as atividades do projeto “Nas ondas da
leitura”, um projeto do Imeph, o qual apresentamos na metodologia.
Ao distribuir o livro paradidático “A sereia encantada”, de Ana Thais Feitosa,
paradidático do projeto do Imeph “Nas ondas da leitura”, a professora apresenta-o aos alunos
e permite que eles o levem para casa, e, pede-lhes que observem as imagens e leiam a história
de forma que na aula seguinte possam contar alguns trechos e ler a parte que mais acharam
interessante.
As atividades do referido projeto foram desenvolvidas de forma dissociada das
atividades com os descritores, uma vez que são trabalhados em aulas separadas como se
fossem duas práticas metodológicas distintas. Além disso, os descritores não são mencionados
explicitamente, ou seja, não é exposto que descritor pretende-se trabalhar a partir do projeto.
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Na atividade seguinte, a professora faz um ditado a partir de palavras retiradas do
mesmo livro paradidático, dizendo as palavras vagarosamente para que os alunos ouvissem
melhor a pronúncia delas e, principalmente, para ajudar àqueles que ainda apresentavam
dificuldades com a escrita.
Dentre as palavras selecionadas para o ditado, a maioria era polissílaba ou composta
como: plumagem, Amazonas, paradisíaco, borboletas, desabrochava, malandro, arco-íris, etc.
O ditado constou de vinte e cinco palavras, pois era exatamente a quantidade de alunos, que
estavam presentes na sala, de forma que cada palavra correspondesse a um aluno.
Ao terminar o ditado, a professora pediu para os alunos irem, de um em um até o
quadro, para escreverem as palavras a eles destinadas. Quando terminaram de escrever as
palavras, a professora pediu para que a turma fizesse a leitura. Depois, trabalhou a leitura das
palavras cuja pronúncia e escrita eles apresentavam dificuldades. Durante a leitura, ela foi
grifando no quadro as palavras que não estavam escritas corretamente, em seguida, distribuiu
o livro paradidático para que a turma a partir dele fizesse a correção das palavras do ditado
que apresentavam inadequação da escrita.
O ditado trabalhado a partir das palavras selecionadas no paradidático “A Sereia
Encantada” foi uma das atividades realizadas para o estudo da ortografia, ampliação
vocabular do repertório dos alunos, e constitui-se em uma das práticas de escrita por meio da
qual já se iniciou a familiarização desses alunos com a história lida. Metodologicamente, é
possível perceber que o procedimento utilizado pela professora é bastante prático, pois
desperta a curiosidade do aluno em ampliar os seus conhecimentos de escrita.
Como podemos observar, as práticas de leitura e escrita trabalhadas foram
desenvolvidas a partir de duas abordagens: o trabalho com os descritores, direcionado em
algumas aulas da semana e de forma bastante intensa por meio do estudo de itens
contextualizados que focam um descritor (habilidade), e o desenvolvimento de atividades
referentes ao projeto “Nas ondas da leitura”, sob a orientação e acompanhamento da
Secretaria Municipal de Educação.
Essa orientação pedagógica da Secretaria de Educação se dá desde os momentos
contínuos de capacitação, que acontecem mensalmente, até a preparação de material didático
para a professora e para o aluno – no trabalho com os descritores- e na indicação de
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atividades, que são desenvolvidas pela escola, de acordo com as características da turma. Ou
seja, dentre essas atividades, o professor seleciona aquelas que melhor se adéquam à demanda
dos alunos, como nível de proficiência em leitura, habilidades, contexto social, perspectivas
de aprendizagem.
Como atividades indicadas para o projeto “Nas ondas da leitura”, há também o
trabalho com jornais, apresentações teatrais, confecção de livro com os textos produzidos
pelos alunos, produção de paródias a partir do enredo do livro, visitas a biblioteca e
laboratório de informática, exposição de textos através de painéis, etc., atividades essas que
são selecionadas livremente pela professora de cada escola e série de realização do projeto.
No 5º ano da escola Madalena Soares, durante o período de dois meses, em que
observamos a experiência didática foram realizadas rodas de leitura, em que todos os alunos
instigados pela professora, contavam, espontaneamente, alguns trechos do paradidático “A
sereia encantada”, momento em que um aluno narrava de forma pessoal o que já sabia do
enredo, o que mais chamou-lhe a atenção, como e quem eram as personagens, como
imaginam que terminou ou continuou a história.
Além dessas atividades, os alunos também foram motivados a produzir um texto com
suas impressões a cerca da narrativa, descrevendo o espaço, as personagens, os principais
fatos, conforme lembravam do que haviam visto nas ilustrações e lido na obra, a fim de que
posteriormente, houvesse o confronto com o que de fato é narrado na obra “A sereia
encantada”.
Essas são atividades, sugeridas e/ou realizadas, que buscaram envolver os alunos na
leitura do paradidático, despertando-lhes a curiosidade por meio de estratégias de inferência –
trabalhadas a partir das ilustrações desde a capa até a última página da obra -, de leituras
breves de partes do enredo, do reconhecimento de palavras desconhecidas dos alunos.
O envolvimento dos alunos e o seu desempenho estão associadas à concepção que os
PCNs fazem de leitor competente, uma vez que os educando usam seus conhecimentos
prévios ao realizarem inferências, relacionando essas estratégias a sua experiência leitora.
Além disso, a realização do projeto “Nas ondas da leitura” deu suporte para o
desenvolvimento das práticas de leitura e escrita de maneira significativa, tanto para o aluno
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como para o professor, em contexto com a realidade do aluno a partir do livro trabalhado em
cada mês.
Não só a leitura do paradidático, como também a participação ativa dos alunos nos
momentos de interação na abordagem da obra, a produção textual escrita e oral, o
envolvimento e a significação que é dada às atividades de estudo do livro, são formas de
avaliação que ocorreram de modo contínuo e simultâneo, em todos os momentos de discussão
propostos a partir da obra trabalhada.
Considerações Finais
A experiência didática na sala do 5º ano, ora analisada, mostra como as práticas de
leitura e escrita foram desenvolvidas de forma que evidenciaram que tanto a abordagem dos
descritores da matriz de referência da avaliação SPAECE, como a vivência do projeto “Nas
Ondas da Leitura” tiveram a finalidade de desenvolver as habilidades leitoras e escritora, ou
seja, o letramento, tornando os alunos do 5º ano em leitores mais fluentes, capazes de
compreender e interpretar o que leem.
Por meio dessas práticas sociais de leitura e escritas, isto é, através de atividades de
letramento escolar aplicadas, como: a análise comentada de textos; o fazer inferências; a
leitura coletiva e individualizada; a identificação de um dado aspecto do texto – como fato,
opinião -; foram determinantes para que o aluno se tornasse um leitor competente, ou seja,
alguém letrado, conforme mostra os PCN.
Após a análise da aplicação dessas metodologias, elaboradas mediante o plano de
curso anual (SPAECE) e dentro das temáticas sugeridas por esse plano no qual foram
trabalhados os descritores relacionados aos temas, vimos o quanto elas foram e são
importantes para a formação de leitores.
Já na descrição e análise das atividades do projeto “Nas Ondas da Leitura”,
mostramos que essas atividades objetivaram também tornar os educandos leitores, capazes de
identificar o assunto de uma obra por meio de inferência, realizar a leitura de imagens, como
os textos não verbais, narrar o que liam, compreender o sentido da narrativa, bem como
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reproduzir o enredo de forma que desenvolvessem a capacidade de produzir outros textos
dentro das propostas apresentadas para se trabalhar cada livro.
Através dessas práticas de leitura aplicadas tanto na abordagem dos descritores como
no projeto “Nas ondas da leitura”, vimos que os alunos leem e escrevem com mais
facilidades, pois as atividades que foram trabalhadas por meio dos descritores, são atividades
de leituras silenciosa, individual e coletiva, de escrita, produção textual e interpretativa.
Foram também elaboradas atividades direcionadas e diversificadas para cada limitação do
aluno como: jogos interativos com letras e sílabas, formação de palavras, de frases e de
pequenos textos. Essas atividades foram aplicadas com o intuito de desenvolver a
aprendizagem leitora e escrita do aluno.
Com todos esses incentivos para lerem, os alunos passaram a ler melhor, a
desenvolver suas habilidades intelectivas e produtivas e a se expressarem melhor oralmente,
mentalmente e intelectivamente.
As práticas de leitura e escrita por meio do trabalho com os descritores e através do
projeto “Nas Ondas da Leitura” possibilitaram aos alunos se desenvolver mentalmente,
socialmente tanto porque buscou trabalhar habilidades capazes de significar as situações
comunicativas de leitura, como a escrita e a oralidade. Além do mais, essas práticas de
leituras que são exploradas por meio dos descritores são direcionadas para a adequação do
nível de proficiência dos alunos, diagnosticado pela avaliação externa SPAECE, a qual
favorece um parâmetro para as ações direcionadas para um melhor desenvolvimento das
competências linguísticas.
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