A Síndrome Estafilocócica da Pele Escaldada é causada por exotoxinas esfoliativas do Staphylococcus aureus. As exotoxinas são disseminadas hematogenicamente e tem como alvo a proteína desmogleína 1 da camada granulosa, causando clivagem alta da epiderme. Ocorre habitualmente em recém-nascidos ou crianças menores que 5 anos, raramente em adultos. O tratamento da síndrome deve ser feito com penicilinas semisintéticas resistentes à penicilinase, como a oxacilina por via intravenosa. Por se tratar de uma doença grava e potencialmente fatal em neonatos, é importante o diagnóstico e tratamento precoce. Este relato de caso mostra a progressão clínica da doença em um neonato, dando subsídios para o diagnóstico precoce da doença. Caso clínico Sexo masculino, gestação e parto sem complicações. Com 5 dias de vida, apresentou pequena bolha em nádega e coxa direita. Após algumas horas, desenvolveu eritema em tronco e bolhas na área da fralda. As funções vitais e temperatura estavam normais. Sua pele estava eritematosa e dolorosa, com 50% da superfície corporal coberta por bolhas. O sinal de Nikolsky (destacamento da epiderme obtida através da aplicação de pressão manual) estava positivo. A mucosa oral e do ânus não foram afetadas. Nas horas seguintes, as bolhas progrediram até atingir 90% da superfície corpórea (figura 1). Figura 1: o paciente algumas horas após a admissão hospitalar, apresentando bolhas em 90% da superfície corpórea. A cultura da pele mostrou crescimento de Staphylococcus aureus, com produção de toxina esfoliativa B. O tratamento incluiu administração intravenosa de antibióticos e reposição volêmica. O volume de fluido é calculado para compensar a evaporação através da área erosiva da pele. A temperatura corpórea normal foi mantida através de calor extra em incubadora, e a dor foi aliviada através da administração intravenosa de morfina e acetaminofen retal. As áreas erosivas foram cobertas com filme de poliuretano (Omniderm). Essa cobertura semipermeável reduz a permeabilidade à água e, assim, diminui a perda de fluido. Também cria um ambiente favorável à epitelização. A epitelização começou no terceiro dia após a admissão e foi concluída no quinto dia. O paciente recebeu alta hospitalar com a pele intacta, sem cicatrizes, sete dias após a admissão (figura 2). Figura 2: O paciente 7 dias após a admissão, com a pele intacta e sem cicatrizes. Disponível em: http://fn.bmj.com/content/91/1/F25.long