As competências adquiridas pelo Pedagogo da UnB

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As competências adquiridas pelo Pedagogo da UnB para atuar na Educação
Inclusiva
Thalita Andressa Barbosa Paes Landim
Mestranda na Universidade de Brasília - UnB
E-mail: [email protected]
Resumo: O presente artigo tem por objetivo principal analisar as competências adquiridas pelo
Pedagogo em sua formação inicial na Universidade de Brasília (UnB) necessários a uma
Educação Inclusiva. E tem como problema de pesquisa: Quais as competências adquiridas pelo
Pedagogo em sua formação inicial na UnB necessários a Educação Inclusiva? A pesquisa
qualitativa foi adotada como metodologia de pesquisa utilizando como instrumentos a revisão
da literatura e a análise documental do Projeto Acadêmico do Curso da Pedagogia da
Universidade de Brasília, assim como, a análise das ementas das disciplinas: “O Educando com
Necessidades Educacionais Especiais” e “Aprendizagem e Desenvolvimento do PNEE”. O
presente estudo tem relevância para a área de formação de professores para a Educação
Inclusiva da Universidade de Brasília, pois ainda não existem estudos nesta área. O currículo
torna-se importante para este estudo, pois desde 2004 estão ocorrendo debates visando uma
profunda mudança curricular e uma das áreas que sofrerá alterações será a área de formação de
professores para a educação especial. A formação plena do Pedagogo para a Educação Inclusiva
ainda não foi alcançada através das disciplinas vigentes hoje no currículo. Com a mudança
curricular, a formação inicial pode sofre modificações importantes para o desenvolvimento de
uma consciência Inclusiva.
Palavras-chave: Formação de Professores; Educação Inclusiva; Currículo; Pedagogia; UnB
Para início de conversa...
A formação de professores vem sendo discutida na esfera acadêmica por muitos teóricos
desde a mudança da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, lei nº 9394/96, sendo que
um dos focos desse debate é a necessidade de formar um professor reflexivo e preparado para
trabalhar com as diversas realidades do dia a dia escolar.
As mudanças advindas através da LDB, das Diretrizes Curriculares para a formação de
professores da Educação Básica e das Diretrizes para o curso de Pedagogia tem provocado
mudanças nos currículos do curso de Pedagogia de várias Universidades pelo Brasil. Na
Universidade de Brasília – UnB, essa mudança começou em 2002 através da implementação
do novo fluxo curricular do curso que trouxe como inovação os Projetos e a possibilidade dos
alunos traçarem o percurso que lhe for mais agradável de acordo com sua área de interesse.
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Dentro dessa nova perspectiva surgiu a necessidade de consolidar as áreas de
concentração, onde os alunos teriam uma “coluna” como eixo de sustentação, que seria
responsável pelas disciplinas obrigatórias que os estudantes do curso de Pedagogia da UnB
deveriam cursar, e os ramos, que seriam as disciplinas optativas, responsáveis por aprofundar
determinados temas dentro da área de interesse do aluno.
Dentro das modalidades encontramos a Educação Especial que vem sendo debatida com
bastante afinco pelos defensores da Educação Inclusiva. Diante do exposto, o objetivo deste
trabalho é analisar as competências adquiridas pelo Pedagogo em sua formação inicial na
Universidade de Brasília (UnB) necessários a uma Educação Inclusiva. Tais competências
foram observadas através da pesquisa qualitativa, onde por meio da análise documental das
disciplinas obrigatórias do curso de Pedagogia para a Educação Especial foi possível identificar
essas aptidões.
A necessidade de desenvolver competências para a Educação Inclusiva nos graduandos
em Pedagogia ocorre pelo fato de que em algum momento de sua atuação profissional o
Pedagogo poderá atuar com alunos em caráter de inclusão. De acordo com Martins (2011, p.54)
destaca-se que “no exercício futuro da sua profissão, poderão ser encarregados, a qualquer
momento, de ensinar a alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, em
decorrência de deficiências, altas habilidades/ superdotação ou transtornos globais do
desenvolvimento”. De acordo com Pletsch (2009, p.145), a formação do professor para a
Educação Inclusiva deve prepará-lo para “mobilizar seus conhecimentos, articulando-os com
suas competências mediante ação e reflexão teórico- prática”. Deste modo, o preparo deve
ocorrer em sua formação inicial, com disciplinas que despertem no estudante caraterísticas de
um professor preparado para a inclusão. Essa formação deve aliar teoria à prática para que se
construa uma aprendizagem significativa para o aluno.
A formação de professores para a Educação Inclusiva
Para iniciar a desconstrução do currículo do curso de Pedagogia da Universidade de
Brasília – UnB para a Educação Inclusiva é necessário compreender quais as influências na
Educação Básica que o currículo da formação inicial terá no dia a dia do aluno. Segundo Glat
e Pletsch (2012) o plano curricular para o aluno em inclusão deve ser diferenciado quando esse
aluno apresentar deficiência mental. Os alunos que apresentam deficiência física devem ter
adaptação físicas como rampas, banheiros com acesso, pisos táteis, entre outros.
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Os professores que trabalham com alunos da Educação Inclusiva devem estar
preparados para a adaptação curricular do aluno. Glat e Pletsch (2012, p.82) afirmam que esse
ajuste “demanda conhecimento e habilidades que a maioria dos professores do ensino comum,
e mesmo da educação especial, não domina”. Uma das hipóteses para o desconhecimento desses
professores na elaboração de um currículo diferenciado ocorre pela formação inicial deficitária
em sua graduação.
Muitas são as barreiras encontradas pelos professores da Educação Básica para efetivar
a Educação Inclusiva em sua sala de aula. Algumas limitações são físicas, estruturais,
curriculares e a mais preocupante é o déficit na formação inicial. Segundo Pletsch (2009, p.147)
existem diversos estudos que “tem reafirmado a necessidade da melhoria da formação de
professores como condição essencial e premente para a promoção eficaz da inclusão de alunos
com necessidades especiais em rede regular de ensino”. Concordando com Glat e Pletsch (2012,
p.108), “pode-se considerar que a maior barreira para a inclusão é a formação precária dos
professores, que não são capacitados a atender à demanda do alunado que chega hoje às nossas
escolas”. Essa deficiência na formação ocorre devido à falta de disciplinas específicas nos
cursos de graduação que enfoquem na Educação Inclusiva e Especial voltada para o trabalho
desenvolvido em sala de aula com os alunos em inclusão.
A formação de professores de acordo com Mello apud Veiga (2009, p.26)
(...) é um processo inicial e continuado, que deve dar respostas aos desafios
do cotidiano escolar, da contemporaneidade e do avanço tecnológico. O
professor é um dos profissionais que mais necessidades têm de se manter
atualizado, aliando à tarefa de ensinar a tarefa de estudar. Transformar essa
necessidade em direito fundamental para o alcance de sua valorização
profissional e desempenho em patamares de competência exigidos pela sua
própria função social.
Deste modo, a formação inicial deve ser a base da formação do Pedagogo que atuará
com a Educação Inclusiva e através das necessidades observadas em sala de aula o professor
buscará a formação continuada para poder aprofundar determinado tema ou assunto daquele
meio em que se encontra. Apenas com uma boa formação inicial ele terá habilidade e
capacidade para compreender as especificidades dos seus alunos e construir um trabalho
diferenciado para aquele estudante visando que adquira as habilidades necessárias para
prosseguir com os estudos realizados pela turma em que está incluído.
González apud Martins (2011, p.53), nos relata a necessidade do profissional em
formação ser capaz
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de analisar o contexto em que se desenvolve sua atividade e planejá-la, de
forma coerente com as mudanças comumente efetivadas na sociedade;
empreender um ensino para todos, na etapa de educação obrigatória,
atendendo as diferenças individuais, de modo que sejam superadas as
desigualdades, mas, ao mesmo tempo, que seja estimulada a diversidade
presente nos sujeitos.
Diante da realidade da Educação Inclusiva não é necessário apenas repensar a formação
dos professores, mas é preciso reestruturar a educação como um todo. Essa mudança é
indispensável para atender a diversidade e as diversas peculiaridades da sociedade que vivemos
hoje. Desta forma, a Educação Inclusiva tornou-se necessária, obrigatória, de qualidade e deve
ser ofertada a todos os estudantes independente de faixa etária, sexo ou raça. De acordo com
Brasil (2006, p.5), “a educação inclusiva pressupõe novas relações pedagógicas centradas nos
modos de aprender das diferentes crianças e jovens e de relações sociais que valorizam a
diversidade em todas as atividades, espaços e formas de convivência e trabalho”. Por meio das
novas relações pedagógicas o Pedagogo poderá compreender a necessidade de realizar um
trabalho diferenciado para o aluno da Educação Inclusiva.
A maioria das Universidades públicas apresentam um currículo para o curso de
Pedagogia com poucas disciplinas para a Educação Especial, restringindo-se apenas a uma ou
duas disciplinas obrigatórias. De acordo com Bueno apud Martins (2011, p.54), “o fato de o
número de IES que ofereciam mais de uma disciplina na área [de educação especial] ser
pequeno é atribuído ‘(...) tanto a falta de recursos humanos disponíveis quanto a um incremento
desses recursos (...)”. Na UnB o fluxo curricular do curso de Pedagogia apresenta em seu
quadro três disciplinas obrigatórias sobre a Educação Especial. As disciplinas são: “O
Educando com Necessidades Educacionais Especiais”, “Aprendizagem e Desenvolvimento do
Portador de Necessidades Educacionais Especiais” e “Libras” (UnB, 2002). Essa realidade é
presenciada na Universidade de Brasília. Apesar de termos no currículo três disciplinas
obrigatórias, percebemos que a oferta de disciplinas optativas é inexistente. Apesar do fluxo
curricular apresentar disciplinas que podem ser ministradas, essas ofertas não acontecem por
falta de professores capacitados para atuar nesta área de conhecimento.
O curso de Pedagogia da Universidade de Brasília
O curso de Pedagogia da Universidade de Brasília – UnB teve a mais recente mudança
curricular em 2002. Essa mudança foi almejada pelo corpo docente da universidade, pois após
as mudanças Lei de Diretrizes e Bases – LDB (lei nº 9394/96), dos Parâmetros Curriculares
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para o Ensino Básico, das Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN e das metas fixadas no
Plano Nacional de Educação – PNE, sentiu-se a necessidade dessa reformulação. Conforme
Veiga (2008, p.77) é necessário repensar o currículo de um curso visando o cotidiano acadêmico
Primeiro, porque sendo descrito, problematizado e compreendido, é possível
repensá-lo e propor um projeto pedagógico que possibilite sua reconfiguração.
Segundo, porque o cotidiano acadêmico, sendo desvelado e compreendido,
propicia a tomada de decisões coletivas e democráticas voltadas para a
melhoria da qualidade de ensino.
Neste trabalho, entendemos que o projeto político pedagógico encontrado nas demais
instituições de Educação Superior é o mesmo Projeto Acadêmico do curso de Pedagogia da
UnB. Portanto, através de uma elaboração coletiva do Projeto Acadêmico todos se sentirão
responsáveis pela execução e consolidação desse Projeto Acadêmico que é foi construído pelo
coletivo.
A mudança na formação de professores é de responsabilidade de cada Universidade. De
acordo com Veiga (2008, p.85), cabe a “cada instituição buscar os seus prórpios caminhos”.
Deste modo, o principal viés da UnB para essa mudança ocorreu com os Projetos que buscaram
aliar, durante todo o curso de Pedagogia, a teoria com a prática. A inclusão dos Projetos tem
por objetivo acompanhar o estudante por toda a sua trajetória acadêmica no curso de Pedagogia
desde o primeiro semestre com a apresentação da Universidade até o Trabalho Final de Curso.
Outro ponto de destaque é a possibilidade dos alunos traçarem o seu próprio percurso
acadêmico, direcionando o seu aprendizado para alguma das áreas que o curso de Pedagogia da
UnB oferece, através das disciplinas optativas.
O curso de Pedagogia da Universidade de Brasília possui os seguintes objetivos:
Formar profissionais capazes de articular o fazer e o pensar pedagógico para
intervir nos mais diversos contextos sócio- culturais e organizacionais que
requerem sua competência; Formar profissionais conscientes de sua
historicidade e comprometimentos com os anseios de outros sujeitos,
individuais e coletivos, socialmente referenciados para formular, acompanhar
e orientar seus projetos educativos; Preparar educadores capazes de planejar e
realizar ações e investigações que os levem a compreender a evolução dos
processos cognitivos, emocionais e sociais considerando as diferenças
individuais e grupais; Formar profissionais comprometidos com seu processo
de auto- educação e de formação continuada (UNB, 2002, p.10).
Os objetivos do curso de Pedagogia da UnB são amplos e buscam formar um Pedagogo
consciente da sua responsabilidade social. É importante destacar que o curso deve formar um
educador capaz de planejar, acompanhar, realizar investigações e formular meios para a
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aprendizagem do seu aluno. Este aspecto deve ser estudado com atenção, pois este é um dos
pontos chaves para a formação de professores para a Educação Inclusiva. Através do
planejamento e execução de um plano de trabalho diferenciado para os estudantes em inclusão
a aprendizagem desses alunos será modificada. Também merece destaque, pois podemos
perceber através dos objetivos do curso que o Plano Acadêmico está preocupado com a
formação efetiva do Pedagogo. Não observamos com clareza a necessidade dessa formação
para a inclusão, mas percebemos que o curso tem o objetivo da formação inicial do Pedagogo
voltada para habilidades de planejar, modificar e executar o trabalho visando o
desenvolvimento e aprendizagem de uma turma.
De acordo com Freitas e Moreira (2011, p.66), no que diz respeito a inclusão a
“Resolução CNE/CP nº 1/2002 adverte que o projeto pedagógico dos cursos deve considerar o
acolhimento e o trato da diversidade e construir conhecimento sobre as especificidades desse
alunado”. Não foi percebido no Projeto Acadêmico do curso de Pedagogia da UnB nada que
trouxesse referência a uma formação do Pedagogo voltada para a inclusão, apenas uma citação
nas disciplinas optativas e outra no quadro do fluxo curricular no anexo do Projeto, onde são
encontradas as disciplinas obrigatórias do curso e nelas é encontrada as disciplinas sobre a
Educação Especial.
O currículo do curso de Pedagogia da UnB está dentro do Projeto Acadêmico e tem um
tópico próprio. De acordo com UnB (2002), foi concebido para o curso de Pedagogia um fluxo
curricular, pois dessa forma daria ao currículo um caráter de fluidez e continuidade. “A proposta
curricular permite inicialmente a transição de uma fase de vida para outra, enriquecendo e
dando sentido à escolha para a carreira de pedagogo” (UNB, 2002, p.11). Podemos definir o
currículo do curso como uma “teia com contornos bem definidos” (idem) que definirão a
formação inicial desse estudante.
Nesta perspectiva, a formação do Pedagogo ocorrerá através de uma um fluxo curricular
composto de disciplinas obrigatórias e disciplinas optativas. Nas disciplinas obrigatórias
encontramos o eixo que norteará todos os estudantes do curso. As disciplinas optativas são
voltadas para o aprofundamento do estudante nas diversas áreas de conhecimento. Essas
disciplinas serão de escolha do aluno e poderão refletir a sua linha de pesquisa e atuação dentro
dos Projetos.
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As competências adquiridas pelo Pedagogo como trabalhar com a Educação Inclusiva
Hoje o curso de Pedagogia da UnB oferece três disciplinas obrigatórias a todo
graduando sobre Educação Especial que são: “O Educando com Necessidades Educacionais
Especiais”, “Aprendizado e Desenvolvimento do Portador de Necessidades Especiais – PNEE”,
e “Libras”, além de algumas disciplinas optativas.
Apenas a partir de 2010, a disciplina “Língua Brasileira de Sinais – Libras” foi
acrescentada ao currículo do curso de Pedagogia através da Resolução 02/2010/CEPE –
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Freitas e Moreira, 2011). O mesmo ocorreu na UnB
e apenas os ingressantes após 2010 tiveram a disciplina incluída em seu fluxo acadêmico. Neste
trabalho focamos apenas as disciplinas “Aprendizagem e Desenvolvimento do PNEE” e o
“Educando com Necessidades Educacionais Especiais”, pois esta pesquisa teve como base o
Projeto Acadêmico vigente até 2008.
Através da análise documental das ementas das disciplinas obrigatórias foi possível
constatar que desde a primeira disciplina que o aluno cursa sobre Educação Especial lhe é
apresentado a importância do professor no trabalho com alunos deficientes. A ementas das
disciplinas foram acessadas a partir do site do Matrícula Web, www.matriculaweb.unb.br,
responsável por toda a oferta de disciplinas dos cursos da Universidade de Brasília. As ementas
analisadas são as “genéricas” para todos os professores que ministram as disciplinas. Diante
disto, os professores têm a autonomia para modificar o cronograma e a bibliografia, mas não
podem alterar os objetivos gerais e específicos da disciplina.
De acordo com a sua ementa, a disciplina “O Educando com Necessidades Educacionais
Especiais” tem por objetivo analisar o contexto histórico, social, político, cultural e educacional
em que o ensino especial está inserido; compreender o conceito de diversidade e as categorias
de necessidades educacionais especiais para o devido atendimento aos alunos com deficiência.
Analisar as especificidades educacionais e as potencialidades desses alunos, além do papel e da
preparação do professor (UnB, 2015).
Na Ementa genérica da disciplina “Aprendizagem e Desenvolvimento do PNEE”
apresenta como objetivo o estudo do desenvolvimento e da aprendizagem das pessoas com
necessidades educacionais especiais. Tem por característica conhecer as diferentes perspectivas
históricas da aprendizagem e do desenvolvimento das pessoas deficientes, com o objetivo de
uma análise crítica do contexto sócio- educacional. “Compreender o processo de
desenvolvimento das pessoas com necessidades educacionais especiais, como forma específica
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do desenvolvimento humano; compreensão dos principais fatores que interferem na
aprendizagem das pessoas com necessidades educacionais especiais” (UnB, 2015).
O Projeto Acadêmico do curso de Pedagogia em nenhum de seus capítulos especifica
sobre as competências de cada área de concentração, assim a omissão não permite com que o
estudante sabia os domínios que deve desenvolver em cada área de estudo, deixando vago as
competências que o estudante que opte por Educação Especial deva possuir ao final do curso.
De acordo com o ementário das disciplinas, após cursá-las o estudante deve estar preparado
para saber o papel e como ocorre a preparação do professor, assim como os fatores que
interferem na aprendizagem dos estudantes deficientes (UnB, 2015). Esses competências são
poucas perto das necessidades encontradas em uma sala de aula inclusiva.
As mudanças curriculares...
De acordo com Brasil (2006) é na “educação superior que se encontra o maior avanço
na implantação de ações que buscam democratizar o acesso dos grupos historicamente
excluídos do sistema educacional, até porque é nesse nível que a questão é mais evidente”, deste
modo a necessidade das mudanças curriculares emerge de maneira forte na esfera acadêmica.
No curso de Pedagogia da UnB essa necessidade ocorreu logo após o período de adaptação do
fluxo curricular implementado em 2002.
Foram criados grupos de discussão entre os anos de 2011 à 2014 para debater a
necessidade de modificações nas disciplinas obrigatórias do curso. Tais modificações se
tornaram necessárias para adequar o currículo do curso de Pedagogia à formação de professores
pedida pelo MEC nas Diretrizes para o curso de Pedagogia e nas Diretrizes para à formação de
professores.
O Grupo de Trabalho – GT que abordaremos nessa pesquisa será o GT 01 que ficou
responsável pelo tema: Sujeitos da Educação (Diversidade e Inclusão). Tal grupo foi composto
por quatro professores dos departamentos de métodos e técnicas e de teorias e fundamentos da
Universidade de Brasília. No primeiro encontro foram levantados alguns questionamentos que
embasaram toda a discussão para a reformulação do currículo para a Diversidade (FE, 2011,
p.4),
1) Como vocês compreendem a orientação para uma prática que contemple os
Sujeitos da Educação? 2) De que maneira(s) você percebe a noção de
diversidade e inclusão no campo da educação? 3) Na sua concepção, em que
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medida é possível afirmar que as diferentes temáticas da diversidade se
conectam e, concomitantemente, se singularizam?
Este Grupo de Trabalho adentrou em um temática ampla que envolve: “Gênero,
Sexualidade e Educação; Educação das Relações Étnicorraciais; Educação em Direitos
Humanos; Educação Ambiental; Educação do Campo; Educação Indígena; Educação de Jovens
e Adultos; Ensino Especial na perspectiva da Educação Inclusiva” (FE, 2011, p.4). Os sujeitos
de estudo muitas vezes são considerados minorias sociais. Esses sujeitos despertaram a
necessidade de uma reformulação na concepção de formação de professores, pois era necessário
incluí-los no currículo dos estudantes.
Deste modo, era necessária uma intervenção com intencionalidade que apontasse a
historicidade dos sujeitos, com o seu caráter ético e político. Essas áreas temáticas também
devem ser vistas como enriquecedoras para a formação de professores, pois elas tratam de
forma contundente sobre cidadania e pregam posturas contrárias ao preconceito e ações
discriminatórias. A formação de professores para essa área de acordo com o relatório (FE, 2011)
deve ser voltada para a superação de práticas excludentes e discriminatórias.
O relatório construído pelos professores dessa área visa a melhoria do ensino para a área
de Diversidade e Inclusão, diante disto, foram elencados alguns objetivos para o trabalho do
GT:
1) discutir a formação do/a professor/a com vistas à superação de concepções
e atitudes reducionistas sobre diversidade e inclusão; 2) reconhecer e refletir
sobre práticas pedagógicas que reconheçam a diversidade e que sejam, de fato,
antidiscriminatórias e/ou inclusivas; 3) abordar questões que ofereçam
fundamentos para a formação de professores/as no reconhecimento da
diversidade; 4) tratar a diversidade e a inclusão como elementos chaves na
luta contra todos tipos de preconceito e na construção de uma sociedade
democrática e menos desigual (FE, 2011, p.5).
A partir desses objetivos, foram construídos no relatório eixos de discussão, onde o
caráter principal se dava pela necessidade de uma formação homogênea, onde todos devem
resinificar as suas ações para uma prática pedagógica antidiscriminatória.
Na descrição sobre o tópico Educação Inclusiva, houve uma diferença significativa de
escrita com relação aos outros temas sobre a diversidade. Enquanto os demais foram embasados
por leis e decretos, assim como uma pequena fundamentação teórica, na descrição sobre
Educação Inclusiva, o relator deteve-se a apenas elencar os possíveis tipos de deficiência
causadas por diferenças física, mental, sensorial, psíquica, entre outros e apenas conclui que é
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necessária uma interação dinâmica com os fatores sócio- ambientais, que influenciam na
dinâmica da escola.
No encontro realizado em 2014, foi proposta uma reformulação da grade curricular, do
curso de Pedagogia, onde teria apenas a disciplina de Educação Inclusiva I como obrigatória
para o curso de Pedagogia. As disciplinas de Educação Inclusiva II, Aprendizagem e
desenvolvimento do PNEE, Escolarização de Surdos – Libras e Avaliação Educacional do
PNEE seriam apenas disciplinas optativas (FE, 2014). De acordo com Pletcsh (2009, p.150)
“limitar-se a oferecer uma disciplina com conteúdos sobre crianças com necessidades especiais,
sem maior reflexão e aprofundamento acerca das capacidades e individualidades humanas,
pode acabar auxiliando a manutenção de práticas segregacionistas”. Essa mudança pode ter um
caráter prejudicial ao futuro Pedagogo que atuará na Educação Inclusiva, pois o seu currículo
mínimo está restrito a apenas uma disciplina, que porventura não conseguirá abordar de maneira
ampla tudo sobre a formação de professores para a inclusão.
Algumas considerações
A formação de professores para a Educação Inclusiva tem ganhado proporções
significativas através da implementação de leis e da reformulação de currículos em diversas
Universidades pelo Brasil. A Universidade de Brasília após a reformulação de seu currículo em
2002 iniciou um ciclo de debates visando a melhoria da matriz curricular.
Por meio do currículo vigente hoje no curso de Pedagogia, ainda não é possível
desenvolver competências no Pedagogo capazes de ampliar uma consciência Inclusiva. As
disciplinas não contemplam as necessidades de uma educação voltada para as necessidades da
inclusão. Seriam necessárias mais disciplinas, assim como uma ampliação da carga horária para
o entendimento dessa modalidade de ensino.
A mudança curricular também não conseguirá contemplar as necessidades de formação
do Pedagogo para a inclusão se mantiver apenas uma disciplina de Educação Inclusiva. A
formação e capacitação apenas com uma única disciplina obrigatória restringe e diminui
significativamente a qualidade da Educação proporcionada aos estudantes de graduação em
Pedagogia. É necessário repensar todo o currículo do curso de Pedagogia da Universidade de
Brasília buscando reparar falhas na formação do Pedagogo não apenas para o Ensino Especial,
mas para todas as vertentes que o estudante pode escolher. Uma sugestão é a reformulação
completa do quantitativo de disciplinas optativas e obrigatórias do curso.
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