1 As competências adquiridas pelo Pedagogo da UnB para atuar na Educação Inclusiva Thalita Andressa Barbosa Paes Landim Mestranda na Universidade de Brasília - UnB E-mail: [email protected] Resumo: O presente artigo tem por objetivo principal analisar as competências adquiridas pelo Pedagogo em sua formação inicial na Universidade de Brasília (UnB) necessários a uma Educação Inclusiva. E tem como problema de pesquisa: Quais as competências adquiridas pelo Pedagogo em sua formação inicial na UnB necessários a Educação Inclusiva? A pesquisa qualitativa foi adotada como metodologia de pesquisa utilizando como instrumentos a revisão da literatura e a análise documental do Projeto Acadêmico do Curso da Pedagogia da Universidade de Brasília, assim como, a análise das ementas das disciplinas: “O Educando com Necessidades Educacionais Especiais” e “Aprendizagem e Desenvolvimento do PNEE”. O presente estudo tem relevância para a área de formação de professores para a Educação Inclusiva da Universidade de Brasília, pois ainda não existem estudos nesta área. O currículo torna-se importante para este estudo, pois desde 2004 estão ocorrendo debates visando uma profunda mudança curricular e uma das áreas que sofrerá alterações será a área de formação de professores para a educação especial. A formação plena do Pedagogo para a Educação Inclusiva ainda não foi alcançada através das disciplinas vigentes hoje no currículo. Com a mudança curricular, a formação inicial pode sofre modificações importantes para o desenvolvimento de uma consciência Inclusiva. Palavras-chave: Formação de Professores; Educação Inclusiva; Currículo; Pedagogia; UnB Para início de conversa... A formação de professores vem sendo discutida na esfera acadêmica por muitos teóricos desde a mudança da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, lei nº 9394/96, sendo que um dos focos desse debate é a necessidade de formar um professor reflexivo e preparado para trabalhar com as diversas realidades do dia a dia escolar. As mudanças advindas através da LDB, das Diretrizes Curriculares para a formação de professores da Educação Básica e das Diretrizes para o curso de Pedagogia tem provocado mudanças nos currículos do curso de Pedagogia de várias Universidades pelo Brasil. Na Universidade de Brasília – UnB, essa mudança começou em 2002 através da implementação do novo fluxo curricular do curso que trouxe como inovação os Projetos e a possibilidade dos alunos traçarem o percurso que lhe for mais agradável de acordo com sua área de interesse. 2 Dentro dessa nova perspectiva surgiu a necessidade de consolidar as áreas de concentração, onde os alunos teriam uma “coluna” como eixo de sustentação, que seria responsável pelas disciplinas obrigatórias que os estudantes do curso de Pedagogia da UnB deveriam cursar, e os ramos, que seriam as disciplinas optativas, responsáveis por aprofundar determinados temas dentro da área de interesse do aluno. Dentro das modalidades encontramos a Educação Especial que vem sendo debatida com bastante afinco pelos defensores da Educação Inclusiva. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é analisar as competências adquiridas pelo Pedagogo em sua formação inicial na Universidade de Brasília (UnB) necessários a uma Educação Inclusiva. Tais competências foram observadas através da pesquisa qualitativa, onde por meio da análise documental das disciplinas obrigatórias do curso de Pedagogia para a Educação Especial foi possível identificar essas aptidões. A necessidade de desenvolver competências para a Educação Inclusiva nos graduandos em Pedagogia ocorre pelo fato de que em algum momento de sua atuação profissional o Pedagogo poderá atuar com alunos em caráter de inclusão. De acordo com Martins (2011, p.54) destaca-se que “no exercício futuro da sua profissão, poderão ser encarregados, a qualquer momento, de ensinar a alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, em decorrência de deficiências, altas habilidades/ superdotação ou transtornos globais do desenvolvimento”. De acordo com Pletsch (2009, p.145), a formação do professor para a Educação Inclusiva deve prepará-lo para “mobilizar seus conhecimentos, articulando-os com suas competências mediante ação e reflexão teórico- prática”. Deste modo, o preparo deve ocorrer em sua formação inicial, com disciplinas que despertem no estudante caraterísticas de um professor preparado para a inclusão. Essa formação deve aliar teoria à prática para que se construa uma aprendizagem significativa para o aluno. A formação de professores para a Educação Inclusiva Para iniciar a desconstrução do currículo do curso de Pedagogia da Universidade de Brasília – UnB para a Educação Inclusiva é necessário compreender quais as influências na Educação Básica que o currículo da formação inicial terá no dia a dia do aluno. Segundo Glat e Pletsch (2012) o plano curricular para o aluno em inclusão deve ser diferenciado quando esse aluno apresentar deficiência mental. Os alunos que apresentam deficiência física devem ter adaptação físicas como rampas, banheiros com acesso, pisos táteis, entre outros. 3 Os professores que trabalham com alunos da Educação Inclusiva devem estar preparados para a adaptação curricular do aluno. Glat e Pletsch (2012, p.82) afirmam que esse ajuste “demanda conhecimento e habilidades que a maioria dos professores do ensino comum, e mesmo da educação especial, não domina”. Uma das hipóteses para o desconhecimento desses professores na elaboração de um currículo diferenciado ocorre pela formação inicial deficitária em sua graduação. Muitas são as barreiras encontradas pelos professores da Educação Básica para efetivar a Educação Inclusiva em sua sala de aula. Algumas limitações são físicas, estruturais, curriculares e a mais preocupante é o déficit na formação inicial. Segundo Pletsch (2009, p.147) existem diversos estudos que “tem reafirmado a necessidade da melhoria da formação de professores como condição essencial e premente para a promoção eficaz da inclusão de alunos com necessidades especiais em rede regular de ensino”. Concordando com Glat e Pletsch (2012, p.108), “pode-se considerar que a maior barreira para a inclusão é a formação precária dos professores, que não são capacitados a atender à demanda do alunado que chega hoje às nossas escolas”. Essa deficiência na formação ocorre devido à falta de disciplinas específicas nos cursos de graduação que enfoquem na Educação Inclusiva e Especial voltada para o trabalho desenvolvido em sala de aula com os alunos em inclusão. A formação de professores de acordo com Mello apud Veiga (2009, p.26) (...) é um processo inicial e continuado, que deve dar respostas aos desafios do cotidiano escolar, da contemporaneidade e do avanço tecnológico. O professor é um dos profissionais que mais necessidades têm de se manter atualizado, aliando à tarefa de ensinar a tarefa de estudar. Transformar essa necessidade em direito fundamental para o alcance de sua valorização profissional e desempenho em patamares de competência exigidos pela sua própria função social. Deste modo, a formação inicial deve ser a base da formação do Pedagogo que atuará com a Educação Inclusiva e através das necessidades observadas em sala de aula o professor buscará a formação continuada para poder aprofundar determinado tema ou assunto daquele meio em que se encontra. Apenas com uma boa formação inicial ele terá habilidade e capacidade para compreender as especificidades dos seus alunos e construir um trabalho diferenciado para aquele estudante visando que adquira as habilidades necessárias para prosseguir com os estudos realizados pela turma em que está incluído. González apud Martins (2011, p.53), nos relata a necessidade do profissional em formação ser capaz 4 de analisar o contexto em que se desenvolve sua atividade e planejá-la, de forma coerente com as mudanças comumente efetivadas na sociedade; empreender um ensino para todos, na etapa de educação obrigatória, atendendo as diferenças individuais, de modo que sejam superadas as desigualdades, mas, ao mesmo tempo, que seja estimulada a diversidade presente nos sujeitos. Diante da realidade da Educação Inclusiva não é necessário apenas repensar a formação dos professores, mas é preciso reestruturar a educação como um todo. Essa mudança é indispensável para atender a diversidade e as diversas peculiaridades da sociedade que vivemos hoje. Desta forma, a Educação Inclusiva tornou-se necessária, obrigatória, de qualidade e deve ser ofertada a todos os estudantes independente de faixa etária, sexo ou raça. De acordo com Brasil (2006, p.5), “a educação inclusiva pressupõe novas relações pedagógicas centradas nos modos de aprender das diferentes crianças e jovens e de relações sociais que valorizam a diversidade em todas as atividades, espaços e formas de convivência e trabalho”. Por meio das novas relações pedagógicas o Pedagogo poderá compreender a necessidade de realizar um trabalho diferenciado para o aluno da Educação Inclusiva. A maioria das Universidades públicas apresentam um currículo para o curso de Pedagogia com poucas disciplinas para a Educação Especial, restringindo-se apenas a uma ou duas disciplinas obrigatórias. De acordo com Bueno apud Martins (2011, p.54), “o fato de o número de IES que ofereciam mais de uma disciplina na área [de educação especial] ser pequeno é atribuído ‘(...) tanto a falta de recursos humanos disponíveis quanto a um incremento desses recursos (...)”. Na UnB o fluxo curricular do curso de Pedagogia apresenta em seu quadro três disciplinas obrigatórias sobre a Educação Especial. As disciplinas são: “O Educando com Necessidades Educacionais Especiais”, “Aprendizagem e Desenvolvimento do Portador de Necessidades Educacionais Especiais” e “Libras” (UnB, 2002). Essa realidade é presenciada na Universidade de Brasília. Apesar de termos no currículo três disciplinas obrigatórias, percebemos que a oferta de disciplinas optativas é inexistente. Apesar do fluxo curricular apresentar disciplinas que podem ser ministradas, essas ofertas não acontecem por falta de professores capacitados para atuar nesta área de conhecimento. O curso de Pedagogia da Universidade de Brasília O curso de Pedagogia da Universidade de Brasília – UnB teve a mais recente mudança curricular em 2002. Essa mudança foi almejada pelo corpo docente da universidade, pois após as mudanças Lei de Diretrizes e Bases – LDB (lei nº 9394/96), dos Parâmetros Curriculares 5 para o Ensino Básico, das Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN e das metas fixadas no Plano Nacional de Educação – PNE, sentiu-se a necessidade dessa reformulação. Conforme Veiga (2008, p.77) é necessário repensar o currículo de um curso visando o cotidiano acadêmico Primeiro, porque sendo descrito, problematizado e compreendido, é possível repensá-lo e propor um projeto pedagógico que possibilite sua reconfiguração. Segundo, porque o cotidiano acadêmico, sendo desvelado e compreendido, propicia a tomada de decisões coletivas e democráticas voltadas para a melhoria da qualidade de ensino. Neste trabalho, entendemos que o projeto político pedagógico encontrado nas demais instituições de Educação Superior é o mesmo Projeto Acadêmico do curso de Pedagogia da UnB. Portanto, através de uma elaboração coletiva do Projeto Acadêmico todos se sentirão responsáveis pela execução e consolidação desse Projeto Acadêmico que é foi construído pelo coletivo. A mudança na formação de professores é de responsabilidade de cada Universidade. De acordo com Veiga (2008, p.85), cabe a “cada instituição buscar os seus prórpios caminhos”. Deste modo, o principal viés da UnB para essa mudança ocorreu com os Projetos que buscaram aliar, durante todo o curso de Pedagogia, a teoria com a prática. A inclusão dos Projetos tem por objetivo acompanhar o estudante por toda a sua trajetória acadêmica no curso de Pedagogia desde o primeiro semestre com a apresentação da Universidade até o Trabalho Final de Curso. Outro ponto de destaque é a possibilidade dos alunos traçarem o seu próprio percurso acadêmico, direcionando o seu aprendizado para alguma das áreas que o curso de Pedagogia da UnB oferece, através das disciplinas optativas. O curso de Pedagogia da Universidade de Brasília possui os seguintes objetivos: Formar profissionais capazes de articular o fazer e o pensar pedagógico para intervir nos mais diversos contextos sócio- culturais e organizacionais que requerem sua competência; Formar profissionais conscientes de sua historicidade e comprometimentos com os anseios de outros sujeitos, individuais e coletivos, socialmente referenciados para formular, acompanhar e orientar seus projetos educativos; Preparar educadores capazes de planejar e realizar ações e investigações que os levem a compreender a evolução dos processos cognitivos, emocionais e sociais considerando as diferenças individuais e grupais; Formar profissionais comprometidos com seu processo de auto- educação e de formação continuada (UNB, 2002, p.10). Os objetivos do curso de Pedagogia da UnB são amplos e buscam formar um Pedagogo consciente da sua responsabilidade social. É importante destacar que o curso deve formar um educador capaz de planejar, acompanhar, realizar investigações e formular meios para a 6 aprendizagem do seu aluno. Este aspecto deve ser estudado com atenção, pois este é um dos pontos chaves para a formação de professores para a Educação Inclusiva. Através do planejamento e execução de um plano de trabalho diferenciado para os estudantes em inclusão a aprendizagem desses alunos será modificada. Também merece destaque, pois podemos perceber através dos objetivos do curso que o Plano Acadêmico está preocupado com a formação efetiva do Pedagogo. Não observamos com clareza a necessidade dessa formação para a inclusão, mas percebemos que o curso tem o objetivo da formação inicial do Pedagogo voltada para habilidades de planejar, modificar e executar o trabalho visando o desenvolvimento e aprendizagem de uma turma. De acordo com Freitas e Moreira (2011, p.66), no que diz respeito a inclusão a “Resolução CNE/CP nº 1/2002 adverte que o projeto pedagógico dos cursos deve considerar o acolhimento e o trato da diversidade e construir conhecimento sobre as especificidades desse alunado”. Não foi percebido no Projeto Acadêmico do curso de Pedagogia da UnB nada que trouxesse referência a uma formação do Pedagogo voltada para a inclusão, apenas uma citação nas disciplinas optativas e outra no quadro do fluxo curricular no anexo do Projeto, onde são encontradas as disciplinas obrigatórias do curso e nelas é encontrada as disciplinas sobre a Educação Especial. O currículo do curso de Pedagogia da UnB está dentro do Projeto Acadêmico e tem um tópico próprio. De acordo com UnB (2002), foi concebido para o curso de Pedagogia um fluxo curricular, pois dessa forma daria ao currículo um caráter de fluidez e continuidade. “A proposta curricular permite inicialmente a transição de uma fase de vida para outra, enriquecendo e dando sentido à escolha para a carreira de pedagogo” (UNB, 2002, p.11). Podemos definir o currículo do curso como uma “teia com contornos bem definidos” (idem) que definirão a formação inicial desse estudante. Nesta perspectiva, a formação do Pedagogo ocorrerá através de uma um fluxo curricular composto de disciplinas obrigatórias e disciplinas optativas. Nas disciplinas obrigatórias encontramos o eixo que norteará todos os estudantes do curso. As disciplinas optativas são voltadas para o aprofundamento do estudante nas diversas áreas de conhecimento. Essas disciplinas serão de escolha do aluno e poderão refletir a sua linha de pesquisa e atuação dentro dos Projetos. 7 As competências adquiridas pelo Pedagogo como trabalhar com a Educação Inclusiva Hoje o curso de Pedagogia da UnB oferece três disciplinas obrigatórias a todo graduando sobre Educação Especial que são: “O Educando com Necessidades Educacionais Especiais”, “Aprendizado e Desenvolvimento do Portador de Necessidades Especiais – PNEE”, e “Libras”, além de algumas disciplinas optativas. Apenas a partir de 2010, a disciplina “Língua Brasileira de Sinais – Libras” foi acrescentada ao currículo do curso de Pedagogia através da Resolução 02/2010/CEPE – Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Freitas e Moreira, 2011). O mesmo ocorreu na UnB e apenas os ingressantes após 2010 tiveram a disciplina incluída em seu fluxo acadêmico. Neste trabalho focamos apenas as disciplinas “Aprendizagem e Desenvolvimento do PNEE” e o “Educando com Necessidades Educacionais Especiais”, pois esta pesquisa teve como base o Projeto Acadêmico vigente até 2008. Através da análise documental das ementas das disciplinas obrigatórias foi possível constatar que desde a primeira disciplina que o aluno cursa sobre Educação Especial lhe é apresentado a importância do professor no trabalho com alunos deficientes. A ementas das disciplinas foram acessadas a partir do site do Matrícula Web, www.matriculaweb.unb.br, responsável por toda a oferta de disciplinas dos cursos da Universidade de Brasília. As ementas analisadas são as “genéricas” para todos os professores que ministram as disciplinas. Diante disto, os professores têm a autonomia para modificar o cronograma e a bibliografia, mas não podem alterar os objetivos gerais e específicos da disciplina. De acordo com a sua ementa, a disciplina “O Educando com Necessidades Educacionais Especiais” tem por objetivo analisar o contexto histórico, social, político, cultural e educacional em que o ensino especial está inserido; compreender o conceito de diversidade e as categorias de necessidades educacionais especiais para o devido atendimento aos alunos com deficiência. Analisar as especificidades educacionais e as potencialidades desses alunos, além do papel e da preparação do professor (UnB, 2015). Na Ementa genérica da disciplina “Aprendizagem e Desenvolvimento do PNEE” apresenta como objetivo o estudo do desenvolvimento e da aprendizagem das pessoas com necessidades educacionais especiais. Tem por característica conhecer as diferentes perspectivas históricas da aprendizagem e do desenvolvimento das pessoas deficientes, com o objetivo de uma análise crítica do contexto sócio- educacional. “Compreender o processo de desenvolvimento das pessoas com necessidades educacionais especiais, como forma específica 8 do desenvolvimento humano; compreensão dos principais fatores que interferem na aprendizagem das pessoas com necessidades educacionais especiais” (UnB, 2015). O Projeto Acadêmico do curso de Pedagogia em nenhum de seus capítulos especifica sobre as competências de cada área de concentração, assim a omissão não permite com que o estudante sabia os domínios que deve desenvolver em cada área de estudo, deixando vago as competências que o estudante que opte por Educação Especial deva possuir ao final do curso. De acordo com o ementário das disciplinas, após cursá-las o estudante deve estar preparado para saber o papel e como ocorre a preparação do professor, assim como os fatores que interferem na aprendizagem dos estudantes deficientes (UnB, 2015). Esses competências são poucas perto das necessidades encontradas em uma sala de aula inclusiva. As mudanças curriculares... De acordo com Brasil (2006) é na “educação superior que se encontra o maior avanço na implantação de ações que buscam democratizar o acesso dos grupos historicamente excluídos do sistema educacional, até porque é nesse nível que a questão é mais evidente”, deste modo a necessidade das mudanças curriculares emerge de maneira forte na esfera acadêmica. No curso de Pedagogia da UnB essa necessidade ocorreu logo após o período de adaptação do fluxo curricular implementado em 2002. Foram criados grupos de discussão entre os anos de 2011 à 2014 para debater a necessidade de modificações nas disciplinas obrigatórias do curso. Tais modificações se tornaram necessárias para adequar o currículo do curso de Pedagogia à formação de professores pedida pelo MEC nas Diretrizes para o curso de Pedagogia e nas Diretrizes para à formação de professores. O Grupo de Trabalho – GT que abordaremos nessa pesquisa será o GT 01 que ficou responsável pelo tema: Sujeitos da Educação (Diversidade e Inclusão). Tal grupo foi composto por quatro professores dos departamentos de métodos e técnicas e de teorias e fundamentos da Universidade de Brasília. No primeiro encontro foram levantados alguns questionamentos que embasaram toda a discussão para a reformulação do currículo para a Diversidade (FE, 2011, p.4), 1) Como vocês compreendem a orientação para uma prática que contemple os Sujeitos da Educação? 2) De que maneira(s) você percebe a noção de diversidade e inclusão no campo da educação? 3) Na sua concepção, em que 9 medida é possível afirmar que as diferentes temáticas da diversidade se conectam e, concomitantemente, se singularizam? Este Grupo de Trabalho adentrou em um temática ampla que envolve: “Gênero, Sexualidade e Educação; Educação das Relações Étnicorraciais; Educação em Direitos Humanos; Educação Ambiental; Educação do Campo; Educação Indígena; Educação de Jovens e Adultos; Ensino Especial na perspectiva da Educação Inclusiva” (FE, 2011, p.4). Os sujeitos de estudo muitas vezes são considerados minorias sociais. Esses sujeitos despertaram a necessidade de uma reformulação na concepção de formação de professores, pois era necessário incluí-los no currículo dos estudantes. Deste modo, era necessária uma intervenção com intencionalidade que apontasse a historicidade dos sujeitos, com o seu caráter ético e político. Essas áreas temáticas também devem ser vistas como enriquecedoras para a formação de professores, pois elas tratam de forma contundente sobre cidadania e pregam posturas contrárias ao preconceito e ações discriminatórias. A formação de professores para essa área de acordo com o relatório (FE, 2011) deve ser voltada para a superação de práticas excludentes e discriminatórias. O relatório construído pelos professores dessa área visa a melhoria do ensino para a área de Diversidade e Inclusão, diante disto, foram elencados alguns objetivos para o trabalho do GT: 1) discutir a formação do/a professor/a com vistas à superação de concepções e atitudes reducionistas sobre diversidade e inclusão; 2) reconhecer e refletir sobre práticas pedagógicas que reconheçam a diversidade e que sejam, de fato, antidiscriminatórias e/ou inclusivas; 3) abordar questões que ofereçam fundamentos para a formação de professores/as no reconhecimento da diversidade; 4) tratar a diversidade e a inclusão como elementos chaves na luta contra todos tipos de preconceito e na construção de uma sociedade democrática e menos desigual (FE, 2011, p.5). A partir desses objetivos, foram construídos no relatório eixos de discussão, onde o caráter principal se dava pela necessidade de uma formação homogênea, onde todos devem resinificar as suas ações para uma prática pedagógica antidiscriminatória. Na descrição sobre o tópico Educação Inclusiva, houve uma diferença significativa de escrita com relação aos outros temas sobre a diversidade. Enquanto os demais foram embasados por leis e decretos, assim como uma pequena fundamentação teórica, na descrição sobre Educação Inclusiva, o relator deteve-se a apenas elencar os possíveis tipos de deficiência causadas por diferenças física, mental, sensorial, psíquica, entre outros e apenas conclui que é 10 necessária uma interação dinâmica com os fatores sócio- ambientais, que influenciam na dinâmica da escola. No encontro realizado em 2014, foi proposta uma reformulação da grade curricular, do curso de Pedagogia, onde teria apenas a disciplina de Educação Inclusiva I como obrigatória para o curso de Pedagogia. As disciplinas de Educação Inclusiva II, Aprendizagem e desenvolvimento do PNEE, Escolarização de Surdos – Libras e Avaliação Educacional do PNEE seriam apenas disciplinas optativas (FE, 2014). De acordo com Pletcsh (2009, p.150) “limitar-se a oferecer uma disciplina com conteúdos sobre crianças com necessidades especiais, sem maior reflexão e aprofundamento acerca das capacidades e individualidades humanas, pode acabar auxiliando a manutenção de práticas segregacionistas”. Essa mudança pode ter um caráter prejudicial ao futuro Pedagogo que atuará na Educação Inclusiva, pois o seu currículo mínimo está restrito a apenas uma disciplina, que porventura não conseguirá abordar de maneira ampla tudo sobre a formação de professores para a inclusão. Algumas considerações A formação de professores para a Educação Inclusiva tem ganhado proporções significativas através da implementação de leis e da reformulação de currículos em diversas Universidades pelo Brasil. A Universidade de Brasília após a reformulação de seu currículo em 2002 iniciou um ciclo de debates visando a melhoria da matriz curricular. Por meio do currículo vigente hoje no curso de Pedagogia, ainda não é possível desenvolver competências no Pedagogo capazes de ampliar uma consciência Inclusiva. As disciplinas não contemplam as necessidades de uma educação voltada para as necessidades da inclusão. Seriam necessárias mais disciplinas, assim como uma ampliação da carga horária para o entendimento dessa modalidade de ensino. A mudança curricular também não conseguirá contemplar as necessidades de formação do Pedagogo para a inclusão se mantiver apenas uma disciplina de Educação Inclusiva. A formação e capacitação apenas com uma única disciplina obrigatória restringe e diminui significativamente a qualidade da Educação proporcionada aos estudantes de graduação em Pedagogia. É necessário repensar todo o currículo do curso de Pedagogia da Universidade de Brasília buscando reparar falhas na formação do Pedagogo não apenas para o Ensino Especial, mas para todas as vertentes que o estudante pode escolher. Uma sugestão é a reformulação completa do quantitativo de disciplinas optativas e obrigatórias do curso. 11 Referência Bibliográfica BRASIL, Ministério da Educação. Direito à Educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais – orientações e marcos legais. Brasília: MEC, SEESP, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/direitoaeducacao.pdf>. Acesso em 13 de fevereiro de 2015. FE, F. D. E. I Encontro da comunidade da faculdade de educação da unb: ressignificando o projeto acadêmico do curso de pedagogia. Faculdade de Educação, Brasília, p. 59, 2011. Disponivel em: <http://www.fe.unb.br/images/graduacao/reformulacao-curriculo/relatorio1.pdf>. Acesso em: 6 Janeiro 2015. FREITAS, Soraia Napoleão; MOREIRA, Laura Ceretta. A Universidade frente à formação inicial na perspectiva da inclusão. In: Caiado, Kátia R. Moreno; Jesus, Denise M. de; BAPTISTA, Claudio R. Professores e Educação Especial: formação em foco. Porto Alegre: Editora Mediação, 2011. p. 65 – 73. 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