TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL • Teoria dos Pólos

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TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
• Teoria dos Pólos de Crescimento - PERROUX, F. A .
• Teoria do Desenvolvimento Desigual - MYRDAL, G.
• Os efeitos de encadeamento e o caráter
desequlibrado do processo de desenvolvimento
(desigual) – Hirschman, A.;
• A Teoria da Base de Exportação Douglass C. North
Acompanhando as transformações estruturais da
economia, as teorias de desenvolvimento regional
mudaram consideravelmente ao longo do tempo. Essa
evolução pode ser dividida em três períodos, formando
três grupos de teorias bem distintos. O primeiro grupo
pode ser caracterizado como o das teorias da
localização industrial, cujos autores mais destacados
são Johann H. von Thünen, Alfred Weber, Walter
Christaller, Auguste Lösch e Walter Isard. Esses autores
centram suas atenções em dois aspectos característicos
da vida econômica: o espaço e a distância. A
preocupação básica dessas teorias é definir modelos de
localização da produção de forma a minimizar os custos
de transporte. São teorias estáticas e se limitam a
quantificar os custos e os lucros decorrentes da
localização da firma em um determinado local.
Os processos de concentração e aglomeração
industrial não estão presentes nas teorias
tradicionais (primeiro grupo). Na avaliação de
Krugman (1995), essas teorias não conseguem
capturar a complexidade desses processos porque
estão desprovidas de mecanismos dinâmicos de
auto-reforço
endógeno,
ocasionados
pelas
economias externas decorrentes da própria
aglomeração industrial. Por isso, para essas teorias,
o
desenvolvimento
regional
seria
mera
conseqüência microeconômica da decisão de
localização de minimização de custos de transporte.
O segundo grupo é composto por três teorias
principais: a dos Pólos de Crescimento, de François
Perroux; a da Causação Circular Cumulativa, de
Gunnar Myrdal; e a dos Efeitos de Encadeamento
(linkages), de Albert O. Hirschman. Essas teorias
enfatizam as interdependências setoriais como fator
de localização das firmas e, por consequência, de
desenvolvimento regional. Assim, este grupo de
teorias se distingue do anterior em dois aspectos
importantes: incorpora mecanismos dinâmicos de
auto-reforço endógeno, os quais ocorrem por
intermédio
das
economias
externas
da
aglomeração; e considera a região em seu conjunto,
a sua estrutura produtiva com suas interligações
comerciais e tecnológicas.
Essas teorias continuam dando suporte a políticas
de desenvolvimento regional. Em nível nacional, é
possível
citar
projetos
com
vistas
à
complementação da matriz produtiva nacional e a
redução das desigualdades regionais. Em âmbito
estadual, elas continuam dando suporte às políticas
de atração de novos investimentos, oriundos
principalmente do setor industrial. Em geral, esses
investimentos são atraídos por isenções fiscais
sendo que geralmente é dada prioridade àqueles
com maior poder de encadeamento setorial e/ou
que diversifiquem a estrutura produtiva regional.
A partir da década de 1980 um terceiro grupo de
teorias começou a ganhar força, tendo como principal
traço em comum a incorporação de economias
externas dinâmicas do tipo marshallianas. Este grupo
possui duas abordagens principais. A primeira
abordagem, cujos autores principais são Brian Arthur e
Paul Krugman, incorpora em seus modelos as
economias externas tecnológicas, as pecuniárias e os
rendimentos crescentes de escala. Ela considera três
tipos de externalidades na explicação do processo de
localização industrial: a concentração de mão-de-obra,
a oferta de insumos especializados e o intercâmbio
tecnológico. Essas economias externas não explicam
como uma aglomeração produtiva começou, a qual
pode ter sido fruto do acaso, mas conseguem explicar
porque ela se auto-reforça de forma cumulativa e
duradoura.
A segunda abordagem, composta principalmente
por autores evolucionistas e institucionalistas, como
Giacomo Becattini e Michael Storper, se diferencia
da anterior por atribuir um papel de destaque dos
agentes locais na organização e coordenação dos
processos de auto-reforço cumulativo. Pode-se
dizer que, enquanto na abordagem anterior a
acumulação é intermediada pelo mercado, via
sistema de preços, nesta ela é fruto da coordenação
e interação entre os atores locais. Estes autores
recomendam
duas
estratégias
para
o
desenvolvimento local: implantação de distritos
industriais do tipo marshallianos ou reestruturação
produtiva baseada na alta tecnologia e na
intensificação de inovações.
Em síntese, pode-se dizer que as teorias de
desenvolvimento regional evoluíram de abordagens
microeconômicas de localização da indústria para
abordagens mesoeconômicas, com ênfase nas
economias
de
aglomeração
(proximidade,
coordenação e interação). Mas, para não ficar no
raciocínio simplista de que a aglomeração produtiva
decorre de economias de aglomeração, é preciso
saber quais são os fatores explicativos dessas
economias e como eles se relacionam com o
crescimento econômico regional.
TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
No período pós-II Guerra, a problemática regional discutida por
diversos teóricos influenciou fortemente o planejamento
econômico regional nos países periféricos, especialmente na
América Latina.
O processo de desenvolvimento econômico não ocorre de
maneira igual e simultânea em toda a parte. É um processo
bastante irregular e desigual no espaço , fortalecendo
áreas/regiões mais dinâmicas e que apresentam maior
potencial decrescimento.
Desenvolvimento econômico desiquilibrado – atuação do Estado
no processo de desenvolvimento ( políticas de
desenvolvimento regional) O processo de determinação da
renda urbana (desenvolvimento econômico desigual) é a
expressão e a causa do movimento do capital no espaço
(concentração do capital na economia capitalista). O processo
de crescimento se manifesta em pontos ou pólos com
intensidades diferentes.
TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
• Teoria dos Pólos de Crescimento
François Perroux (19 de dezembro de 1903 a 2 de
junho de 1987) foi um economista francês. Foi
Professor do Collège de France, depois de ensinar
na Universidade de Lyon e na Universidade de
Paris. Ele elaborou sua teoria dos pólos de
crescimento em 1955, quando estudou a
concentração industrial na França, em torno de
Paris, e na Alemanha, ao longo do Vale do Ruhr
(Perroux, 1977).
Jacques Boudeville Raoul, nascido em 1919, é um
economista francês e seguidor de Perroux. Ele se
especializou em economia dos territórios.
Teoria dos Pólos de Crescimento: François
Perroux e Jacques R. Boudeville
A noção de espaço - descarta o conceito de
espaço euclidiano e utiliza o conceito
matemático de espaço abstrato, sendo este
mais adequado para analisar as interrelações
econômicas. Desta forma existiriam tantos
espaços econômicos quantos fossem os
fenômenos econômicos estudados.
Espaço vulgar (ou geonômico) é o local onde
situam os meios materiais e pessoais (local de
funcionamento de uma atividade produtiva)
Teoria dos Pólos de Crescimento: François
Perroux e Jacques R. Boudeville
Três espaços econômicos:
1) Espaço definido como conteúdo de um plano,
sendo este o conjunto das relações estabelecidas
entre a empresa, seus fornecedores de input
(matérias-primas, mão-de-obra, capital) e seus
compradores de output (intermediários e finais).
Este plano é mutável no tempo, independe de seu
espaço vulgar e é instável, o que dificulta sua
representação cartográfica;
Teoria dos Pólos de Crescimento: François
Perroux e Jacques R. Boudeville
Três espaços econômicos:
2) Espaço definido como campo de forças,
constituído por centros (pólos ou sedes) de
emanação de forças centrífugas e recepção de
forças centrípetas.
A empresa atrai ao seu espaço vulgar homens e
coisas (elementos econômicos) ou afasta-os
dele, determinando sua zona de influência
econômica.
Teoria dos Pólos de Crescimento: François
Perroux e Jacques R. Boudeville
Três espaços econômicos:
3) Espaço definido como conjunto homogêneo. As
relações de homogeneidade dizem respeito às
unidades e sua estrutura ou às relações entre estas
unidades. Quaisquer que sejam as coordenadas no
espaço vulgar, as empresas localizam se no mesmo
espaço econômico.
A determinação dos espaços econômicos é bastante
complexa, pois “o espaço da economia nacional não
é o território da nação, mas o domínio abrangido
pelos planos econômicos do governo e dos
indivíduos” (PERROUX, 1967, p.158).
Teoria dos Pólos de Crescimento: François
Perroux e Jacques R. Boudeville
O processo de crescimento irregular: “o crescimento não surge
em toda parte ao mesmo tempo; manifesta-se com
intensidades variáveis, em pontos ou pólos de crescimento;
propaga-se, segundo vias diferentes e com efeitos finais
variáveis, no conjunto da economia” (PERROUX, 1967, p. 164).
• Crescimento desigual consiste no aparecimento e
desaparecimento de indústrias e em taxas de crescimento
diferenciadas para as diversas indústrias no decorrer do
tempo.
• O aparecimento de uma indústria nova (ou grupos de
indústrias) que produz efeitos de propagação na economia
através de preços, fluxos e antecipações desempenha o papel
da indústria motriz no complexo de indústrias e no
crescimento dos pólos de desenvolvimento.’
Indústrias motrizes são aquelas que “mais cedo
do que as outras, desenvolvem-se segundo
formas que são as da grande indústria moderna”
(PERROUX, 1967, p. 166), cujas taxas de
crescimento do seu próprio produto são mais
elevadas do que a taxa média de crescimento do
produto industrial e do produto da economia
nacional durante determinados períodos.
Estas indústrias exercem ações específicas sobre
outras indústrias e sobre a economia como um
todo, pois seu lucro é função não apenas de seu
volume de produção e de compra de serviços,
mas também do volume de produção e compra
de serviços de outras empresas, ou seja, as
firmas estão ligadas pelo preço e pela
tecnologia, o que caracteriza economias
externas e evidencia a importância das
interrelações industriais.
O processo de crescimento econômico
compreende três elementos na sua análise:
1) Indústria-chave. A Indústria, denominada MOTRIZ,
tem a propriedade de, mediante o aumento do seu
volume de produção e de compra de serviços
produtivos, aumentar o volume de produção e
compra de serviços de outra(s) indústria(s) as quais
são chamadas de indústria MOVIDA.
2) Regime não concorrencial. Combinação de forças
oligopolísticas
responsáveis
por
elevar
a
produtividade da indústria implicando acumulação
de capital superior àquela que resultaria de uma
indústria sujeita a um regime maior de concorrência
e por consequencia gerando um crescimento
econômico instável e desequilibrado entre as
regiões.
3) Concentração territorial do complexo (num
pólo industrial complexo geograficamente
concentrado e em crescimento, registram-se
efeitos de intensificação das atividades
econômicas devido à proximidade e a
concentração
urbana:
diversificação
do
consumo, necessidades coletivas de moradia,
transportes e serviços públicos, rendas de
localização, etc., pois o pólo transforma seu meio
geográfico imediato).
O pólo de desenvolvimento é uma unidade
econômica motriz ou um conjunto formado por
várias dessas unidades que exercem efeitos de
expansão, para cima e para baixo, sobre outras
unidades que com ela estão em relação.
Para Perroux a noção de pólo só tem valor a partir do
momento em que se torna instrumento de análise e
meio de ação de política, ou seja, o mesmo só pode
ser entendido como uma visão abstrata de espaço.
A economia nacional apresenta-se como uma
combinação de conjuntos relativamente ativos
(indústrias motrizes, pólos de indústria e de
atividades geograficamente concentradas) e de
conjuntos relativamente passivos (indústrias
movidas, regiões dependentes dos pólos
geograficamente concentrados).
•
Desenvolvimento econômico – Pólos de
desenvolvimento (estratégia fundamental) “A
nação do século XX encontra nos pólos de
desenvolvimento a sua força e o seu meio vital”
(Perroux, 1967, p. 204).
• A produção do pólo é tecnicamente necessária
ao desenvolvimento nacional; do seu
desempenho depende a vida da região, pois
através de seus efeitos de complementaridade e
concentração são estimuladas zonas de
desenvolvimento.
A importância da atuação do Estado no
desenvolvimento de uma região segundo Perroux
(1967, p. 213):
As noções de espaço segundo Boudeville .
O espaço seria uma realidade concreta, ao mesmo
tempo, material e humana (relações existentes
entre dois conjuntos, das atividades econômicas e
dos lugares geográficos).
Este espaço é mutável e distinto:
1) Espaço homogêneo caracteriza-se de acordo com
sua maior ou menor uniformidade (ponto de vista
econômico);
2) Espaço polarizado (interdependências e hierarquias
das aglomerações urbanas);
3) Espaço programa/plano (centro de decisão e do
objetivos da política de desenvolvimento regional).
Crescimento econômico desigual ou irregular:
Boudeville refere-se à necessidade de políticas
econômicas para harmonizar o crescimento,
enquanto Perroux considerava o plano de ação
como sendo de unidades produtoras (a indústria
motriz), apenas referindo-se a possibilidade
dessa unidade ser estatal.
TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Teoria da causação circular e cumulativa de Myrdal
Gunnar Myrdal (Gustafs, 6 de Dezembro de 1898 —
Estocolmo, 17 de Maio de 1987) foi um economista
sueco socialista.
Myrdal formou-se em Direito na Universidade de
Estocolmo em 1923 onde se doutorou em
Economia, em 1927. Estudou nos Estados Unidos,
como bolsista da Fundação Rockefeller, em 1929-30,
após o que se tornou professor associado no
Instituto de Estudos Internacionais de Genebra, na
Suíça. Foi professor de Economia Política (1933-50)
e de Economia Internacional (1960-67) na
Universidade de Estocolmo. Tornou-se Professor
Emérito dessa universidade em 1967.
Ganhador do prêmio Nobel de 1974
A teoria da causação cumulativa consiste em 4 teses
que afirmam que o crescimento das economias
regionais tenderiam a divergir ao longo do tempo.
1) A tese básica: conceito de efeitos de polarização ou
regressivos de mudanças adversas “backwash
effects”. Os efeitos de polarização “backwash
effects” aumenta as disparidades regionais, por meio
da migração seletiva dos fluxos de capitais das
regiões periféricas para as regiões centrais;
2) O oposto ou tese excepcional: o conceito de efeitos
propulsores (propagação) “spread effects”;
3) Tese relacionada ao escopo da análise (não somente
fatores econômicos): a ideia da importância de
fatores institucionais ;
4) A tese de implicações políticas.
Os “efeitos de retroação” (backwash effects) são os
resultados perversos que o desenvolvimento de uma
região gera sobre as demais.
Os “efeitos difusão” (spread effects) ou forças centrífugas
levam
ao
transbordamento
do
impulso
de
desenvolvimento para as regiões atrasadas. Essas forças
contrabalançariam, em parte, os efeitos de retroação, mas
não seriam, por si só capazes de garantir um
desenvolvimento regional mais equilibrado. Por isso
Myrdal defende a intervenção pública (governo).
Myrdal destaca a importância de Estados Nacionais
integrados e da sociedade organizada, visto que
intervenções públicas podem contrabalançar/neutralizar a
lei de funcionamento do sistema de causação circular
cumulativa, minimizando as disparidades entre as regiões.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
causação circular e acumulativa: haveria
mecanismos que, uma vez iniciados, seriam
mutuamente reforçados pelas forças de
mercado e conduziriam as regiões por caminhos
divergentes.
Surto de crescimento em uma determinada região
por uma razão fortuita atração de recursos
produtivos (trabalho, capital e espírito
empreendedor) de outras regiões
ampliação
do mercado e novos empreendimentos gerando
mais lucro e mais poupança e, em
consequência, outra rodada de investimentos
O Processo de Causação Circular Cumulativa
Ocorre uma migração seletiva para as regiões mais
ricas podendo reforçar ainda mais essa tendência
de desigualdade.
Os imigrantes são os mais empreendedores e
capazes, ao
passo que as regiões perdedoras tenderiam a reter
os trabalhadores menos produtivos.
Também em relação ao capital, o sistema bancário
o fará fluir das regiões estagnadas para as regiões
dinâmicas, ampliando a desigualdade regional.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
Myrdal Investiga as disparidades econômicas
existentes entre países, classificados em dois
grupos:
1) Os países “desenvolvidos” (altos níveis de renda per
capita, integração nacional e investimento – Europa
Ocidental);
2) Os países “subdesenvolvidos” (níveis de renda per
capita e índices de crescimento baixos - África e a
América Latina).
Há disparidades de crescimento dentro dos próprios
países, nos desenvolvidos existem regiões
estagnadas e nos subdesenvolvidos existem regiões
prósperas.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
Segundo Myrdal, a hipótese do equilíbrio estável da
teoria econômica não é insuficiente para explicar
complexidade do sistema econômico.
A separação entre fatores econômicos e nãoeconômicos limita análise, pois estes últimos podem
ser relevantes para a explicação do processo de
crescimento.
Myrdal usa sua teoria, baseada em um processo de
causação circular cumulativa, para explicar a
dinâmica econômica regional entre e dentro de
países –, a qual afirma que o sistema econômico é
eminentemente instável e desequilibrado.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
O processo cumulativo pode ocorrer nas duas
direções, positiva e negativa, e o mesmo, se não
regulado tende a aumentar as disparidades entre
regiões. Não há uma tendência automática das
forças econômicas em direção a um ponto de
equilíbrio (equilíbrio estável).
O ciclo vicioso explica como um processo se torna
circular e cumulativo, no qual um fator negativo é
ao mesmo tempo causa e efeito de outros fatores
negativos: “O conceito implica, obviamente, uma
constelação circular de forças que tendem a
actuar e reagir uns sobre os outros, de tal
maneira a manter um país pobre num estado de
pobreza” (MYRDAL, 1957, p.11)
O Processo de Causação Circular Cumulativa
A Teoria da Causação Circular Cumulativa analisa as
interrelações causais de um sistema social enquanto
o mesmo se movimenta sobre a influência de
questões exógenas
Esta teoria identifica os fatores que influenciam o
processo de causação circular cumulativa,
quantificando como os mesmos fatores interagem e
influenciam uns aos outros e como são influenciados
por fatores exógenos.
Os
fatores
exógenos
movem
o
sistema
continuadamente, ao mudarem a estrutura das
forças dentro do próprio sistema, justificando assim
a intervenção pública.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
Processo de causação circular explica uma
infinidade de relações sociais - por exemplo - a
perda de uma indústria em determinada região
desemprego e diminuição da renda e da
demanda do setor e das demais atividades da
região (processo de causação circular cumulativa
em um ciclo vicioso )
Se não houver mudanças exógenas nesta
localidade, a mesma se tornará cada vez menos
atrativa, de tal forma que seus fatores de
produção (capital e trabalho) migrarão em busca
de novas oportunidades, provocando uma nova
diminuição da renda e da demanda local.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
Segundo Myrdal se as forças de mercado não
forem
controladas
por
uma
política
intervencionista, a tendência à concentração
espacial das atividades econômicas e culturais
em determinadas localidades deixa o resto do
país relativamente estagnado.
Os efeitos regressivos ou de polarização “backwash
effects” aumentam as disparidades regionais por
meio da migração seletiva dos fluxos de capitais
(vazamento de poupança das regiões periféricas)
para as regiões ricas e avançadas.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
.O processo de causação circular pode ser
desencadeado por vários fatores que não são
considerados na análise das forças de mercado
(sistema de transportes, a qualidade do ensino e da
saúde pública, etc). Mudanças adversas nestes
fatores, originadas fora da região, são consideradas
“backwash effects”.
Os efeitos propulsores “spread effects” agem em
direção contrária aos “backwash effects”.
Representam ganhos obtidos pelas regiões
estagnadas por meio do fornecimento de bens de
consumo e/ou matérias-primas para a região em
expansão, bem como os transbordamentos de
novas tecnologias.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
O processo cumulativo explica a causa da diminuição
das disparidades regionais nos países desenvolvidos
e o aumento da mesma nos países
subdesenvolvidos: Quanto maior o nível de
desenvolvimento econômico de um país, maiores os
“spread effects” e mais facilmente os “backwash
effects” são neutralizados. Nas regiões pobres ocorre
o contrário, o baixo nível de desenvolvimento
minimiza os “spread effects” justamente pela
existência de grandes disparidades, ou seja, estas
representam um dos maiores impedimentos para o
progresso. Os “spread effects” são função do próprio
nível de desenvolvimento e, portanto, são mais
elevados nos países ricos.
O Processo de Causação Circular Cumulativa
O Estado deve agir, por meio de políticas públicas
de forma mais ativa, para inibir a tendência
concentradora do processo cumulativo.
O propósito principal da política governamental
deve ser estimular os “spread effects” entre
regiões e ocupações. Mas esta intervenção não
deve considerar apenas questões econômicas
(mercado), mas também sociais de tal forma a
garantir o desenvolvimento nacional.
TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Os efeitos de encadeamentos de Hirschman
Albert Otto Hirschman (nasceu em 7 de Abril de
1915) é um influente economista que escreveu
vários livros sobre economia política. Sua maior
contribuição foi na área de desenvolvimento
econômico,
enfatizando
o
crescimento
desequilibrado entre os países.
O seu livro A estratégia do desenvolvimento
econômico deu grandes contribuições ao
desenvolvimento regional.
Desenvolvimento
Desigual
e
Transmissão
Interregional do Crescimento
Segundo Hirschman, o crescimento econômico seria
alcançado por meio de uma sequência de
desajustes. Os desequilíbrios seriam a forma de as
economias (ou regiões) periféricas potencializem
seus recursos escassos.
Nos termos do próprio Hirschman (1958, p. 36), “... As
desigualdades internacionais e interregionais de
crescimento são condição inevitável e concomitante
do próprio processo de crescimento”.
Hirschman discute a questão regional usando os
conceitos de efeitos para frente (forward linkages) e
para trás (backward linkages).
Desenvolvimento
Desigual
e
Transmissão
Interregional do Crescimento
Os efeitos para trás são a forma encontrada por
Hirschman
(1958)
para
expressar
as
externalidades decorrentes da implantação de
indústrias, que, ao aumentarem a demanda de
insumos no setor a montante (para trás ou para
nascente) , viabilizariam suas escalas mínimas de
produção na região determinada.
Os efeitos para frente, por sua vez, resultariam da
oferta de insumos, que tornaria viáveis os setores
que se posicionassem a jusante (para a frente ou
para poente).
Desenvolvimento
Desigual
e
Transmissão
Interregional do Crescimento sob a ótica de Albert
O. Hirschman
O objetivo do estudo elaborado por Hirschman (1958)
é analisar o processo de desenvolvimento
econômico e como o mesmo pode ser transmitido
de uma região (ou país) para outra.
A teoria focada na dinâmica essencial do progresso de
desenvolvimento econômico, considerando que este
não ocorre simultaneamente em toda parte e que
tende a se concentrar espacialmente em torno do
ponto onde se inicia, o que é fundamental para uma
análise estratégica do mesmo (estratégia do
desenvolvimento econômico).
Desenvolvimento Desigual e Transmissão Interregional do Crescimento sob a ótica de Albert
O. Hirschman
O planejamento do desenvolvimento deve
consistir no estabelecimento de estratégias
sequenciais, considerando que a utilização dos
recursos tem impactos diferenciados sobre os
estoques disponíveis, conduzindo a formação de
capital complementar em outras atividades de
acordo com a capacidade de aprendizado local.
O problema do crescimento econômico não é a
escassez de recursos mas a incapacidade de
dinamizá-los.
O diagnóstico do crescimento econômico tem uma
característica especial: ele não está preocupado com
a falta de um ou mesmo de vários fatores ou
elementos (capital, educação etc) que devem ser
combinados com outros elementos para produzir o
desenvolvimento econômico, mas com a eficiência
em combiná-los no processo produtivo.
Nosso diagnóstico: os países falham em tirar vantagens
do seu desenvolvimento potencial por razões
extremamente relacionadas às mudanças ( image of
change), acham dificil tomar decisões necessárias
para o desenvolvimento em números e velocidades
requeridos (corretos) [Hirschiman, 1958].
A escassez de determinados fatores ou prérequisitos da produção deve ser interpretada
como uma manifestação da deficiência na
organização do país. Assim, Hirschman defende
mecanismos de intervenção para efetivar as
oportunidades de investimento locais.
Para ele, o desenvolvimento é resultado da
capacidade de investir, que depende dos setores
mais modernos da economia e do
empreendedorismo local.
Hirschman discorda que o desenvolvimento ocorre
simultaneamente em muitas atividades. Na realidade, o
desenvolvimento ocorre como uma cadeia de
desequilíbrios durante longo período de tempo, cuja
simultaneidade é apenas parcial. O crescimento inicia-se
nos setores líderes e transfere-se para os seguintes
(satélites) de forma irregular/desequilibrada (conceito de
investimento induzido).
As decisões de investimento (ranking de preferências de
projetos de acordo com o retorno social dos mesmos)
tornam-se a principal questão da teoria sobre o
desenvolvimento elaborada por Hirschman e principal
objeto de política econômica. A seqüência de escolha de
projetos é um importante aspecto do processo de
desenvolvimento e evidencia que investimentos isolados
obtêm sucesso apenas durante determinado período.
A determinação da sequência ótima dos projetos
de investimentos requerer a diferenciação de
projetos baseados em atividades básicas
(infraestrutura, educação etc) e a atividades
produtivas (primária, secundária e terciária).
A sequência ideal entre projetos de investimento
deve obter uma combinação entre estes tipos de
investimento que maximize o retorno das
atividades produtivas e minimize os custos
envolvidos, já que os recursos são escassos.
O investimento deve priorizar o setor chave da
economia, o qual tem efeitos de encadeamentos
(ligação) para trás e para frente no processo
produtiva
acima
da
média
(grau
de
interdependência entre setores).
Os efeitos de encadeamento para trás “backward
linkage effects” são os relacionados à compra de
insumo (inputs) de outras atividades, e os efeito de
encadeamento para frente “forward linkage effects”
são aqueles relacionados ao fornecimento de inputs
para outras atividades.
A indústria chave (mestre) pode induzir o surgimento
de várias outras, chamadas indústrias satélites.
A
falta de interdependência setorial e,
consequentemente, os baixos linkage effects,
constituem uma das principais características das
economias subdesenvolvidas e dominadas por
atividades tradicionais (têxtil, alimentos, calçados
etc).
A adoção de políticas intervencionistas (tarifas,
subsídios, etc.) de estímulos ao desenvolvimento
de
indústrias
mestres
nos
países
subdesenvolvidos é necessária para que estes
setores chave maximizem os linkage effects.
Para completar sua análise, Hirschman discute como o
crescimento é transmitido de uma região (ou país) para
outra (o processo de desenvolvimento implica
inevitavelmente em diferenças nos níveis de crescimento
regionais e internacionais).
Os investimentos devem ser concentrados no ponto de
crescimento inicial durante determinado período, o que
auxilia a consolidação do crescimento econômico. Duas
regiões: Norte, desenvolvida, e Sul, subdesenvolvida.
O crescimento do Norte tem uma série de implicações sobre
o Sul, algumas favoráveis (efeitos de encadeamentos compras do Sul - economias são complementares) outras
desfavoráveis(aumento da competitividade e do poder de
barganha do Norte, além da migração seletiva). Mas
mesmo com os efeitos desfavoráveis, o Sul pode crescer a
partir da expansão do Norte.
Comparando a transmissão do crescimento entre
países e entre regiões, Hirschman destaca que
no âmbito internacional a transmissão é muito
mais suave devido aos próprios obstáculos
existentes entre Estados Nacionais (legislação,
cultura, língua, religião, etc.).
TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
A Teoria da Base de Exportação Douglass C. North
Douglass Cecil North (Cambridge, 5 de Novembro
de 1920) é um economista estadunidense.
Historiador econômico e ganhador do prêmio
Nobel Douglass North (1955).
A Teoria da Base de Exportação
A Teoria da Base de Exportação foi elaborada por
North na década de 50 devido às inadequações,
segundo o mesmo, das teorias da localização e do
crescimento regional para explicar a dinâmica da
economia norte americana, que não correspondia à
sequência de estágios de desenvolvimento. Este
autor contesta que o desenvolvimento regional teria
ocorrido em etapas sucessivas: regiões agrícolas
autossuficientes, especialização do comércio entre
as regiões em decorrência da redução dos custos de
transporte, e alcançariam, com os retornos
decrescentes no setor primário e o aumento da
população, a industrialização e a especialização
dessas atividades secundárias.
North argumenta que essa sequência de
desenvolvimento regional talvez se aplique ao caso
da Europa, mas não se aplicaria a outras
experiências, como a das Américas.
Ele observa-se uma baixa capacidade de explicação
das teorias clássica de localização sobre a dinâmica
regional.
De acordo com North, a história econômica do Pacífico
Noroeste dos EUA, cujo desenvolvimento foi
baseado na produção e exportação de três produtos
principais (trigo, farinha e madeira).
A taxa de crescimento esteve diretamente relacionada
às exportações básicas. Todo o desenvolvimento da
região dependeu desde o início de sua capacidade
de produzir artigos exportáveis.
North desenvolveu então o conceito de base de
exportação para designar coletivamente os
produtos exportáveis de uma região, quer
primários, secundários ou terciários. Essa
exportação refletia uma vantagem comparativa nos
custos relativos da produção da região, e, tais
regiões cresciam em torno desta base gerando
economias externas.
A base de exportação desempenha assim papel
fundamental na conformação da economia de uma
região e em seus níveis de renda absoluta e per
capita e, consequentemente, na determinação da
quantidade de atividades locais, secundárias e
terciárias.
North descreve o desenvolvimento regional a partir do
surgimento de uma atividade de exportação
baseada em fatores locacionais específicos.
As atividades ligadas a esse setor são chamadas de
base exportadora, cujos efeitos sobre a economia
local são também indiretos. A atividade de
exportação induz, dessa forma, o surgimento de
polos de distribuição e cidades, nas quais começam
a se desenvolver atividades de processamento
industrial e serviços associados ao produto de
exportação. A diversificação setorial para North é o
resultado do sucesso das atividades de base e não o
resultado do esgotamento do setor primário.
Críticas à teoria da base exportadora de North
Argumentos de Tiebout (1958):
1) Essa teoria depende da delimitação da região. Se a
região expande seus limites, aquilo que é
considerado exportação passa a ser um
componente interno à região e não da base;
2) North ignorou a possibilidade de que uma melhor
alocação de fatores poderia levar, inclusive, a uma
redução das exportações;
3) A teoria da base não chega a ser uma teoria de
desenvolvimento, sendo, na melhor das hipóteses,
uma teoria da determinação da renda no curto
prazo que mostra uma relação causal entre as
atividades exportadoras e a atividade total de uma
região.
Críticas à teoria da base exportadora de North
Quatro anos após a publicação de seu trabalho clássico, North
(1959) revê seus argumentos e questiona a exportação de
produtos agrícolas como uma forma inequívoca de
alavancar o desenvolvimento regional.
North afirma que, caso a atividade primária seja baseada em
grandes propriedades, seus efeitos econômicos sobre a
região serão limitados. Perfis de demanda concentrados
levariam, de um lado, à produção de bens de subsistência
para os mais pobres e, de outro, à importação de bens de
consumo de luxo para a elite. (Economia dual de Celso
Furtado).
A produção de manufaturados ficaria restrita e a região teria
seu crescimento abortado mais cedo ou mais tarde,
quando retornos decrescentes surgissem na atividade
principal.
Dualismo econômico ou estrutural é caracterizado por
sistemas econômicos nos quais obsersava-se a
coexistência de setores pré-capitalistas e capitalistas.
Economia dual, dividida em dois setores: o moderno (setor
capitalista) e o arcaico ou tradicional (setor précapitalista).
O setor moderno, voltado à exportação, e o arcaico,
representado pela produção de subsistência e por outras
atividades econômicas voltadas a atender o setor
exportador.
O setor moderno exportador apresenta pouca capacidade de
induzir internamente a diversificação das estruturas
econômicas, sendo responsável, quando muito, pela
possibilidade de desenvolvimento de atividades
acessórias – inclusive industriais – de características
tradicionais e com baixa produtividade.
Os conceitos de base de exportação, de economias
externas são desenvolvidas por Jane Jacobs na
sua teoria sobre o crescimento econômico das
cidades.
As próprias cidades possibilitam o avanço das mais
variadas atividades, inclusive agrícolas, devido às
facilidades,
inovações
e
especializações
existentes nas mesmas.
Segundo Jacobs (1969), para crescer é essencial
exportar e produzir internamente bens e serviços
para a atividade exportadora e o mercado local.
Uma cidade (região ou país) cresce através de um
processo de diversificação e diferenciação
gradual de sua economia, estimulado por um
trabalho exportador (inicialmente recursos
naturais, artesanato, etc.) e uma produção
voltada para o mercado interno.
No decorrer do processo de crescimento
econômico, através da adição de novo trabalho
na economia, é essencial que os produtos
internos passem a ser exportados e que novos
produtos sejam criados para o mercado interno.
Ou seja, adicionar novo trabalho é fundamental
para criar e recriar economias.
Economias que não criam novas atividades e novos tipos de
bens e serviços não conseguem se desenvolver, pois é
somente assim que o trabalho se diversifica e se expande.
Para a economia desenvolver é essencial o crescimento do
produto e a adição de trabalho em diferentes períodos de
tempo, ou seja, para prosperar é preciso inovar (adicionar
trabalho) e diversificar (substituir por trabalho local
atividades antes importadas) continuadamente.
O efeito multiplicador das exportações - gera renda,
estimula o emprego local e viabiliza o aumento das
importações.
O efeito multiplicador das importações à medida que as
cidades crescem e apreendem o modo de produção de
determinados produtos, elas substituem importações,
desde que economicamente viáveis, com novo trabalho
local. A substituição de importações é a chave para o
processo de crescimento da cidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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