Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO PRECOCE EM
PEQUENOS RUMINANTES: REVISÃO DE LITERATURA
Breno Bezerra Aragão1, Bruna Sabino P. de Oliveira2, Karla Myrelle Paz de Sousa3, Eduardo do Vale Morais de Melo4,
Maria Dolores Sampaio Morais Campos5, Cláudio Coutinho Bartolomeu6, Paulo Fernandes de Lima7

Introdução
Devido ao aumento da exploração comercial de ovinos e caprinos no Brasil vem-se aprimorando medidas
zootécnicas e melhoramento genético para incremento da produtividade (Calamari et al, 2003). A reprodução é um dos
pontos iniciais para uma cadeia produtiva rentável, visto que as principais falhas reprodutivas são devido ao óbito de
fêmeas prenhes, abortos, enfermidades de caráter infeccioso ou ainda um manejo inadequado das fêmeas e dos lotes
(Freitas e Simplício, 1999).
Torna-se necessária a implementação de um tipo de diagnóstico precoce, que tenha eficiência em maximizar a
produtividade do rebanho, possibilitando assim um manejo racionalizado e funcional. Com a implantação das
biotecnologias de reprodução, como a sincronização e indução do estro, inseminação artificial e a transferência de
embriões, faz-se necessário um diagnóstico precoce de gestação visando o aumento da produção e um retorno financeiro
mais rápido, além do controle dos índices de fertilidade, redução do intervalo entre partos e o manejo eficiente de
matrizes, refletindo em maior eficiência reprodutiva (Bicudo, 2002).
Vários métodos para diagnóstico precoce de prenhez em pequenos ruminantes têm sido descritos, entretanto, a maior
parte deles depende de mão de obra especializada e do uso de equipamentos sofisticados e de custo elevado, como a
biópsia vaginal, exames radiográficos, laparoscopia, dosagem hormonal, ultrassonografia, laparotomia, determinação do
antígeno específico da gestação, sendo importante lembrar que alguns desses métodos não podem ser considerados para
um diagnóstico precoce, tornando-se inviáveis (Calamari, et al 2003; Bicudo, 2002).
Este trabalho tem por objetivo revisar os métodos de diagnóstico da gestação precoce que podem ser utilizados em
pequenos ruminantes.
Material e métodos
A. Ultrassonografia:
O exame ultrassonográfico pode ser realizado em pequenos ruminantes pelas vias transretal, transcutânea abdominal
ou mesmo pela via transvaginal. A exploração por via transretal utiliza uma sonda de pequeno diâmetro lubrificada com
carboximetilcelulose (mucilagem) que é introduzida no reto da fêmea, tendo a bexiga como referencial. O exame é
realizado pela inspeção da cavidade pélvica e porção caudal da cavidade abdominal, em busca da imagem
ultrassonográfica correspondente ao útero (Freitas e Simplício, 1999; Freitas e Simplício, 2001). A ultrassonografia
transretal proporciona uma precocidade diagnóstica por possibilitar a visualização de estruturas entre 20 e 30 dias de
gestação, como a identificação da vesícula embrionária, logo à frente da bexiga, tendo como uma forte característica
uma área anecóica (Calamari et al 2003). É importante lembrar que para o diagnóstico conclusivo é imprescindível a
observação dos batimentos cardíacos (Freitas e Simplício, 2001; Bicudo, 2002).
Pela via transcutânea abdominal, a probe é lubrificada com mucilagem e colocada em contato com a região
paramamária, preferivelmente pelo lado direito. A exploração da porção caudal da cavidade abdominal é realizada com
a mudança do ângulo de incidência da onda em relação à coluna do animal e o deslizamento da probe na região
paramamária. A interpretação das imagens formadas requer certa habilidade, principalmente quando se trata de fêmea
não gestante. A visualização em corte transversal de alças intestinais se assemelha a do placentoma inicial, porém é
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Primeiro Autor é Monitor da disciplina de Ginecologia Veterinária do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Rural de
Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife – PE CEP: 52171-900.
Segundo Autor é Monitor da disciplina de Ginecologia Veterinária do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Rural de
Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife – PE CEP: 52171-900.
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Terceiro Autor é Monitor da disciplina de Ginecologia Veterinária do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Rural de
Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife – PE CEP: 52171-900.
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Quarto Autor é Médico Veterinário Autônomo.
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Quinto Autor é Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sanidade e Reprodução dos Ruminantes da Unidade Acadêmica de Garanhuns.
Av. do Bom Pastor s/n, Boa Vista, Garanhuns – PE CEP: 55296-901.
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Sexto Autor é Professor do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois
Irmãos, Recife – PE CEP: 52171-900.
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Sétimo Autor é Professor do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois
Irmãos, Recife – PE CEP: 52171-900.
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possível a identificação de movimentos peristálticos e o fluxo do conteúdo intestinal. Durante o exame, a bexiga repleta
pode formar imagem semelhante à gestação inicial ou mesmo de uma hidrometra (Bicudo, 2002). Esse método é mais
utilizado em pequenos ruminantes, sendo o período ideal para iniciar os exames 30 dias após a cobertura por observação
da imagem de fluidos uterinos, o qual se torna mais evidente aos 40 dias de gestação, pois é neste momento que o útero
se encontra no lado direito da cavidade abdominal, enquanto que na gestação avançada devido à presença do rúmem os
fetos ficam situados da região abdominal ventrolateral direita (Freitas e Simplício, 2001).
A via transvaginal apesar de ser bastante eficiente, é pouco usada devido às consequências que este método pode
gerar, como aborto e infecções.
B. Palpação reto-abdominal:
Para a realização da técnica da palpação reto-abdominal para o diagnóstico de prenhez em cabras e ovelhas é
necessário que as fêmeas sejam submetidas a um jejum prévio de 12 horas. O exame é realizado em uma maca de
contenção. Injeta-se uma solução lubrificante no reto do animal e um bastão de plástico medindo 1,5 x 50 cm, com a
ponta arredondada, é então introduzido a uma profundidade de 30 a 35 cm. A mão livre do operador é colocada sobre o
abdômen posterior enquanto o bastão é manipulado com a outra mão, sendo movido para cima, para baixo, direita e
esquerda, até que um obstáculo é sentido e palpado contra a parede abdominal, caso contrário decide-se pelo
diagnóstico negativo de gestação. O método apresenta 97% de acurácia aos 60 dias após a monta ou a inseminação
artificial (Freitas e Simplício, 1999; Freitas e Simplício, 2001).
C. Radiografia:
Em pequenos ruminantes esta técnica pode ser usada para detectar a prenhez e o número de fetos com uma acurácia
de 90% aos 58 dias após a cobertura ou inseminação artificial. O esqueleto fetal é quase sempre radiopaco após 65 dias
da gestação (Freitas e Simplício, 1999). O aumento uterino, sugestivo de prenhez, pode ser observado mais
precocemente, porém não se pode se diferenciar de uma hidrometra ou mucometra. Sugere-se que o exame seja
realizado por volta dos 70 dias pós-cobertura ou inseminação artificial, pois esse período permite a contagem dos fetos e
uma acurácia de 100% (Freitas e Simplício, 2001).
D. Dosagem hormonal
A mensuração de hormônios como o sulfato de estrona e a progesterona, é um bom método de diagnóstico precoce de
prenhez nas espécies caprina e ovina, entretanto, requer equipamentos específicos e pessoal qualificado (Freitas e
Simplício, 1999; Freitas e Simplício, 2001). A técnica de radioimunoensaio (RIA) tem permitido o desenvolvimento de
testes sensíveis para detectar estes hormônios no sangue, leite e urina. O sulfato de estrona pode ser detectado 40 a 50
dias após a monta ou inseminação artificial e um resultado positivo é indicativo da existência de, pelo menos, um feto
viável. A concentração de progesterona no plasma pode ser avaliada 19 a 23 dias após a cobertura ou inseminação
artificial com uma acurácia de 86% para detectar prenhez positiva e 100% para negativa (Freitas e Simplício, 2001).
Resultados e Discussão
Com os frequentes avanços das biotécnicas da reprodução e a intensificação dos sistemas de exploração de caprinos e
ovinos, o diagnóstico precoce de gestação tornou-se imprescindível dentro de plantéis comerciais, pois envolve
diretamente custos e benefícios aos produtores (Freitas e Simplício, 2001; Bicudo, 2002). É de suma importância que o
método adotado para diagnosticar a prenhez em pequenos ruminantes possua alta acurácia, apresente riscos reduzidos
para a fêmea e/ou fetos, seja de rápida execução, não acarrete em desconforto excessivo para a fêmea e que o custo de
execução seja reduzido, possibilitando assim um diagnóstico a nível de rebanho.
A ultrassonografia vem ganhando cada vez mais espaço dentre os criatórios pela agilidade, precisão, redução dos
riscos para os animais e a possibilidade de realização de exames em grande número de animais a campo. Não há
diferença significativa entre as vias transretal e transcutânea abdominal para a realização do exame. Esse método tem
como principal desvantagem o custo dos aparelhos e exige conhecimento por parte do operador para a correta
interpretação das imagens obtidas (Freitas e Simplício, 1999; Freitas e Simplício, 2001; Bicudo 2002; Calamari et al
2003).
A realização de dosagens hormonais e exames radiográficos apesar de serem métodos precisos, exigem estrutura e
equipamentos sofisticados e mão de obra qualificada. Mesmo apresentando uma margem de erro inferior, são métodos
inviáveis para um grande número de animais e para a sua realização a campo (Freitas e Simplício, 1999; Freitas e
Simplício 2001).
A técnica de diagnóstico por palpação reto-abdominal é um método simples, rápido, preciso e barato, porém
proporciona muito desconforto à fêmea e envolve riscos de traumas e aborto (Freitas e Simplício, 1999; Freitas e
Simplício, 2001).
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Dentre os métodos de diagnósticos abordados nesta revisão, conclui-se que o exame ultrassonográfico por via
transretal ou transcutânea abdominal confere melhores resultados para a ovinocaprinocultura, de realização rápida e
resultados precoces além da viabilidade econômica.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em especial as pessoas que contribuíram para a realização deste trabalho, juntamente com os Professores
Cláudio Coutinho Bartolomeu, Paulo Fernandes de Lima e nossa equipe. Em especial a UFRPE e a pela concessão de
bolsa de monitoria.
Referências
BICUDO, S. D. Características da Reprodução de ovinos e importância do diagnóstico de gestação. In: simpósio
brasileiro de ovinocaprinocultura, 2002, Botucatu. Anais Botucatu: Associação Paulista dos Criadores de Ovinos, 2002.
p.88-100.
CALAMARI, C.V.; FERRARI, S.; LEINZ, F.F.; RODRIGUES, C.F.C.; BIANCHINI, D.; FERREIRA, F.; DIAS, RA.
Avaliação de dois métodos de diagnóstico precoce de gestação em ovelhas: ultra-sonografia transretal e detector de
prenhez para pequenos ruminantes (DPPR-80). Brazilian Journal of Veterinary Researchand Animal Science. 2003.
FREITAS, V.J.F.; SIMPLÍCIO, A.A. Diagnóstico de prenhez em caprinos: Uma revisão. Ciência animal, 1999.
FREITAS, V.J.F.; SIMPLÍCIO, A.A. Diagnóstico de prenhez em caprinos. In: Biotécnicas aplicadas à reprodução
animal. 1ª Ed. Livraria Varela. 2001.
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