inclusão digital na era do conhecimento: parcerias - Cinform

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INCLUSÃO DIGITAL NA ERA DO CONHECIMENTO: PARCERIAS
PÚBLICO-PRIVADAS ALAVANCAM A CONSTRUÇÃO DO CAPITAL
SOCIAL
*SONIA A. C. R. DE ANDRADE
[email protected]
**LAURA V. R. REZENDE
[email protected]
Tendo o conhecimento como fator determinante para o desenvolvimento social e econômico da sociedade, o
século XXI se inicia apresentando diferentes tipos de desigualdades e exclusões provenientes das
transformações ocorridas pela detenção ou falta do conhecimento. Este trabalho utiliza a definição de
sociedade da informação e do conhecimento como contexto para dissertar sobre a importância do
estabelecimento de parcerias entre os diversos setores da economia. Fala-se, inicialmente, do processo de
criação do conhecimento para em seguida apontar o processo de exclusão social provocado, dentre outros
fatores, pelo advento das novas tecnologias da informação e comunicação. Apresenta-se a importância do
processo de construção da cidadania e o papel das organizações do terceiro setor neste contexto. A
responsabilidade social também é vista como um conceito que se origina dentro das organizações privadas e
proporciona ações inovadoras na solução de problemas de exclusão social, inserindo a sustentabilidade no
negócio da empresa. As parcerias estratégicas estabelecidas entre os diversos setores da economia podem
proporcionar melhoria na qualidade de vida da população excluída. Este é o tema principal deste trabalho.
Para melhor detalhamento da importância destas parceiras no tocante ao desenvolvimento local de
comunidades excluídas, apresenta-se o conceito de capital social, que diz respeito às normas, valores e redes
que permitem às pessoas atuarem de maneira coletiva. Como estudo de caso, apresenta-se o projeto de
inclusão digital: Escola Digital Integrada, idealizado, inicialmente, em uma pesquisa acadêmica e que está
sendo viabilizado por meio de parceiras estratégicas entre os pesquisadores e empresas privadas, públicas e
sem fins lucrativos. A idéia de trabalhar com uma iniciativa de inclusão digital surge devido à importância
que é dada pelo projeto ao acesso e à manipulação da informação por parte do indivíduo na resolução de
problemas, contribuindo para o aumento do capital social e para o avanço do conhecimento.
Palavras-chave: 1. Inclusão Digital 2. Capital Social 3. Ética da Inclusão 4. Sociedade do Conhecimento 5.
Parcerias Público-Privadas
______________________________________
*Mestre em Ciência da Informação, Universidade de Brasília – UnB.
**Doutoranda em Ciência da Informação, Universidade de Brasília – UnB.
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INTRODUÇÃO
Nas formas de organização social que estão surgindo na atualidade, a informação e
o conhecimento tomam uma dimensão e desempenham um papel que vai além daquele que
tem cumprido historicamente. A posição de cada pessoa no contexto social é, cada vez
mais, produto do conhecimento que conseguiu desenvolver ou construir.
Este artigo destaca o conceito de criação do conhecimento. Discute o papel das
organizações da sociedade civil frente a problemas de exclusão. Pondera que a
responsabilidade social nas empresas privadas não é simplesmente um modismo e que os
conceitos de responsabilidade social e sustentabilidade vêm sendo progressivamente
assimilados pelo sistema.
No tocante às parcerias estratégicas, aborda-se que estas se estendem para a
academia, as empresas privadas, o governo e a sociedade civil para a implementação de
projetos sociais. Dentre as principais vantagens das parceiras entre o governo e as empresas
privadas para a prestação de serviços públicos, estão: a reforma e a modernização dos
serviços, a introdução da concorrência, a maior transparência nos custos e a possibilidade
de superar restrições orçamentárias que possam tolher investimento público.
Considera-se o capital social como um bem coletivo que garante o respeito de
normas de confiança mútua e de compromisso cívico, dependendo diretamente das
associações horizontais, das redes verticais entre pessoas e organizações e, do ambiente
social e político em que se situa a estrutura social. Conhecer o capital social de determinada
sociedade pode ser recurso essencial para avaliar o impacto, a eficiência, a eficácia e a
efetividade de projetos sociais implantados nesse local.
Como estudo de caso, apresenta-se o projeto de inclusão digital: Escola Digital
Integrada o qual foi idealizado por uma pesquisa acadêmica e pôde ser viabilizado por meio
de parcerias realizadas entre a academia e o governo, terceiro setor e empresas privadas.
SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
Castells (1999) relembra que as descobertas das novas tecnologias da informação,
na década de 1970, basearam-se nos progressos das décadas anteriores e sob a influência de
fatores institucionais, econômicos e culturais, mas não se originam de qualquer necessidade
pré-estabelecida, sendo mais resultado de indução tecnológica que de determinação social.
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Na década de 1980, o capitalismo provocou um processo substancial de reestruturação
organizacional e econômica no qual a nova tecnologia da informação exerceu papel
fundamental.
Com a chegada da Sociedade da Informação (SocInfo), Suaiden (2000) comenta
que, no final da década de 80, especialistas afirmaram que a SocInfo seria voltada para o
compartilhamento de recursos e para o bem-estar social. Contudo, as avaliações apontavam
aumento das desigualdades e os donos do poder eram os donos dos meios de comunicação.
Para Tarapanoff (2000), na SocInfo o bem-estar econômico das nações depende de
sua habilidade em explorar os acervos de conhecimentos tanto internos como externos, e
isto depende da qualidade da infra-estrutura de telecomunicações do país.
As sociedades que contribuem para o processo de aprendizagem social, são
classificadas como Sociedades do Conhecimento. Assim, o conhecimento se transforma em
instrumento para compreender a realidade e em fator dinamizador das mudanças sociais.
CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO E MUDANÇAS NO CONTEXTO
O conceito de criação do conhecimento define que na nova sociedade cada
indivíduo ou cada organização constrói sua própria capacidade de ação, por meio de um
processo de aquisição e desenvolvimento de conhecimento e da consolidação de sua
capacidade para gerar novos conhecimentos que lhe permita adaptar-se a uma realidade em
rápido processo de mudança e transformação.
Polanyi (1966), distingue conhecimento tácito e conhecimento explícito, sendo o
primeiro, pessoal, específico ao contexto, e assim, difícil de ser formulado e comunicado. O
conhecimento explícito refere-se ao conhecimento transmissível em linguagem formal e
sistemática. Para ele, os seres humanos adquirem conhecimentos criando e organizando
ativamente suas próprias experiências.
Para Nonaka (1997), o conhecimento tácito e o conhecimento explícito são
entidades complementares. Seu modelo de criação do conhecimento humano é expandido
através da interação social entre o conhecimento tácito e o explícito. Tal interação chama-se
“conversão do conhecimento”. A expansão do conhecimento caminha para um nível de
consciência coletiva que exige melhor distribuição dos saberes.
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NOVAS TIC'S: INCLUSÃO OU EXCLUSÃO SOCIAL?
Sugere-se que o aumento do uso de novas tecnologias e suas possibilidades
interativas ou irão ampliar a participação social ou aumentarão a já existente divisão entre
os que podem ter acesso e fazer bom uso delas e os excluídos por diversas barreiras.
(GUEDES, 1998) O que exacerba a distância já existente é a questão econômica.
Questiona-se, portanto, se a democracia cibernética chegará.
Segundo Serpa (2000, p. 198), a revolução tecnológica das últimas décadas que
provocou o aumento dos excluídos, viabilizou a ética da inclusão, mas para que se torne
efetiva, será preciso transformar a prática das relações entre grupos sociais e indivíduos.
POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL E A NOVA EXCLUSÃO SOCIAL
Observa-se um novo olhar para o problema da pobreza no Brasil, em virtude de
tratar-se de uma pobreza urbana, que sofre com as conseqüências sociais de um modelo de
desenvolvimento que privilegiou sobremaneira a acumulação de capital, deixando parte da
população excluída, e a maior constatação é a concentração de renda existente.
Durante o chamado “milagre brasileiro”, na década de 70, prevaleceu no país um
enfoque desenvolvimentista centrado na variável econômica Produto Interno Bruto por
habitante, pois acreditava-se que primeiro deveria haver um crescimento econômico para
depois distribuir a renda, ocorrendo aumento da concentração de renda. Até os anos 80,
retratava-se um estilo clientelista-corporativista quanto ao uso dos recursos públicos. De
fato, a forma como os recursos públicos eram alocados não atendia aos reais beneficiários.
Diante disso, no corpo da lei foram estruturados os direitos sociais na Constituição 1988.
Na década de 90, prevaleceu o “Consenso de Washington” com orientações para que as
economias latino-americanas se adequassem às propostas. A prioridade passou a ser a
estabilização monetária, e os gastos sociais ficaram em segundo plano. (HISTÓRIA, 2001)
Segundo Schuartz, “o binômio igualdade-desigualdade” se expressa, em termos de
nova exclusão social, novo e sugestivo nome para a antiga questão social, que é recolocada
em novos patamares e enfoques. Zaluar se refere à expressão “como manifestação de
injustiça, revela-se quando pessoas são, sistematicamente, excluídas dos serviços, das
benesses e das garantias oferecidos ou assegurados pelo Estado, pensados, em geral, como
direitos de cidadania”. (2000, 1997 apud CHAGAS, 2002, p. 32, 33)
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A designação do desenvolvimento sustentável foi superada pela de desenvolvimento
humano, e um dos traços relevantes deste último é o papel da cidadania. Demo reforça que
a educação e o conhecimento são cruciais para o desenvolvimento humano. (DEMO, 1996)
CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
Conforme Guedes (1998) o que se tem presenciado é a mediatização das novas
tecnologias. Questiona-se se poderia ser a chegada de um novo instrumento que vem para
ampliar a esfera pública ou para gerar um veículo para a incorporação de ideais políticos
progressistas por um mercado voraz por lucros e pouco preocupado com a cidadania.
Para Mota, “a questão da construção da cidadania passa necessariamente pela
questão da informação e dos meios de comunicação de um país [...] para um indivíduo se
transformar num cidadão ativo tem que estar informado”. (A CIDADANIA, 1986)
Destaca-se a importância da prática da responsabilidade social, sobretudo
empresarial. A Pesquisa Ação Social das Empresas do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) informa que as organizações privadas brasileiras estão desinformadas a
respeito do aproveitamento de incentivos tributários na efetivação de projetos de caráter
social além de trabalharem de forma não-articulada.
A atuação social das empresas passou a ser vista como algo estratégico para o
negócio, contudo os recursos mobilizados pelas empresas para as causas devem proceder
do seu compromisso com a sociedade, e não devendo compor os custos dos produtos. A
empresa-cidadã opera sob um compromisso ético e uma concepção estratégica que resultam
na satisfação das expectativas e no respeito aos direitos dos parceiros, criando, assim, uma
cadeia de eficácia, onde o lucro se torna uma simples conseqüência.
O governo deve apoiar micro e pequenas empresas facilitando financiamentos, i.e.,
canalizando recursos de instituições financeiras como: BNDES, Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal, para que se possa promover um ciclo virtuoso de crescimento.
A participação de todos os atores da sociedade civil e da malha sócio-econômica é
condição indispensável para uma atuação com perspectiva integrada do desenvolvimento
que transpõe o quadro exclusivamente econômico para constituir o desenvolvimento
humano e social. (ANDRADE, 2004)
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CAPITAL SOCIAL
O tema capital social está ligado à questão da governança local e da participação da
sociedade civil. Esses assuntos colocam em evidência a diversidade e a particularidade dos
contextos locais, reconhecendo que cada ambiente tem a sua necessidade de respostas
particulares em termos de políticas públicas e projetos de desenvolvimento local.
O capital social diz respeito às normas, valores e redes que permitem às pessoas
atuarem de maneira coletiva. A forma como os indivíduos interagem nesta rede se dá de
duas formas: Bonding - Laços Fortes / verticais / de união: que se dão dentro da própria
comunidade, e é composto pelas relações internas, e Bridging - Laços Fracos - horizontais/
que fazem pontes: são aqueles entre as comunidades, colegas, parceiros distantes.
Figura 1: Teoria do Capital Social
Estrutura
Social
Tarefas e
Contingências
simbólicas
Relações
de
Mercado
Motivação
Relações
Sociais
Oportunidades
Capital
Social
Custos e
Benefícios
Habilidades
Relações
de
Hierarquia
Capacidades
complementares
Fonte: COSTA, Gláucio. Apresentação para Banco do Brasil. (Adaptado de ADLER;
WOOKWON, 2000).
O desenvolvimento local pode se tornar uma ferramenta de análise quando
associado à hipótese de que as dinâmicas geradoras de desigualdade e exclusão não podem
ser desconstruídas exclusivamente pelo alto (SILVEIRA, 2001, p.31). Pensar o
desenvolvimento local implica extravasar o local limitado por espaços geográficos
O capital social é importante quando trata de parcerias estratégicas entre os setores
da economia para promover o progresso de uma determinada comunidade. A novidade dos
estudos políticos sobre capital social está no fato de tentarem integrar valores individuais à
política e conceber o cidadão na qualidade de sujeito participante.
A seguir um quadro com uma revisão breve de definições sobre o tema.
Quadro 1: Síntese de definições sobre Capital Social
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Autor
Definição
Variáveis
Ênfase
Benefícios
Pierre
Conjunto de
potenciais
A durabilidade e o tamanho da rede de
Parte do princípio de que o capital e suas diversas
Individuais e para a
Bourdieu
resultantes do fato de pertencer, há muito tempo e
relações. As conexões que a rede pode
expressões (econômico, histórico, simbólico, cultural,
classe social a que
(1980)
de modo mais ou menos institucionalizado, a
efetivamente mobilizar.
social) podem ser projetados a diferentes aspectos da
pertencem
sociedade capitalista e a outros modos de produção, desde
indivíduos
que sejam considerados social e historicamente limitados
beneficiados.
redes
de
recursos
relações
reais
de
ou
conhecimento
e
reconhecimento mútuos.
os
às circunstâncias que os produzem.
James
O capital social é definido pela sua função. Não é
Sistemas de apoio familiar. Sistemas escolares
Adepto da teoria da escolha racional (e de sua aplicação
Resultam da simpatia
Coleman
uma única entidade (entity), mas uma variedade
(católicos) na constituição do capital social nos
na sociologia), acreditava que os intercâmbios (social
de uma pessoa ou
(1990)
de entidades tendo duas características em
EUA. Organizações horizontais e verticais.
exchanges) sociais seriam o somatório de interações
grupo social e do
individuais.
sentido de obrigação
comum: elas são uma forma de estrutura social e
facilitam algumas ações dos indivíduos que se
com relação a outra
encontram dentro desta estrutura social.
pessoa
ou
grupo
social.
Robert Putnam
Refere-se a aspectos da organização social, tais
Intensidade da vida associativa (associações
Na visão de Putnam, a dimensão política se sobrepõe à
Individuais
(1995)
como redes, normas e confiança, que facilitam a
horizontais),leitura da imprensa, número de
dimensão econômica: as tradições cívicas permitem-nos
coletivos.
coordenação e a cooperação para benefício
votantes, membros de corais e clubes de
prever o grau de desenvolvimento, e não o contrário. A
mútuo.
futebol, confiança nas instituições públicas,
“performance institucional” está condicionada pela
relevância do voluntariado.
comunidade cívica.
e
David
Refere-se a um conjunto de recursos acessíveis a
Relações de confiança. Oportunidades de
O capital social é cumulativo e pode aumentar em função
Benefícios
Robinson
indivíduos ou grupos enquanto são de uma rede
interação e lugares de encontro. Obrigações
de: ambiente legal e político, termos do compromisso
(que satisfaçam, ao
(2002)
de conhecimento mútuo. Esta rede é uma
recíprocas. Acesso ao conhecimento.
(quais são os valores que dominam no sistema social?),
mesmo
estrutura social e tem aspectos (relações, normas
regras do compromisso (formas assumidas pelas relações
indivíduo
e confiança) que ajudam a desenvolver a
sociais e transparência das informações), processos de
coletividade,
coordenação e a cooperação e a produzir
interação (deliberação).
meio de negociação).
benefícios comuns.
Fonte: MILANI, Carlos, 2005.
comuns
tempo,
e
o
a
por
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PARCERIAS ESTRATÉGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL
SOCIAL
Os modelos de desenvolvimento econômico consideram como estratégica a
participação do terceiro setor na mobilização das comunidades para projetos de melhoria da
qualidade de vida, com o estabelecimento de parcerias.
Pode-se afirmar que a academia é um sistema social rico em capital social, uma vez
que prioriza o intercâmbio de informações para o avanço do conhecimento. O conceito de
responsabilidade social tem contribuído de forma intensa para o aumento do capital social
dentro das organizações, uma vez que aprofunda as relações sociais existentes entre seus
membros. O setor público possui como característica diferenciada: atender as necessidades
da população. Este é um fator que tende a aumentar a dimensão das redes de relações
existentes nas instituições. As organizações da sociedade civil, pertencentes ao terceiro
setor, são entidades que tendem a ser ricas em capital social, porque priorizam a resolução
de problemas sociais e estão em contato direto com os atores de cada grupo, valorizando o
contexto e a realidade de cada comunidade.
Estes setores da economia podem se unir por causas sociais e contribuir para a
resolução de problemas ligados à exclusão social que atinge a maioria da população país.
ESTUDO DE CASO: ESCOLA DIGITAL INTEGRADA
Trata-se de um projeto social de inclusão digital (ID) idealizado por uma
pesquisadora em sua tese de doutorado. O projeto prioriza a alfabetização em informação
para a manipulação efetiva das tecnologias da informação e comunicação.
As bases que construíram o conceito do projeto: revolução provocada pelas TIC’s,
observação de que distribuir, sem mediação, equipamentos e conteúdos, especialmente em
comunidades menos favorecidas, não garante a ID, e muito menos, a apreensão das
informações disponibilizadas e a transformação delas em conhecimento; certeza de que a
escola é o espaço para a absorção das novas tecnologias, sob a perspectiva da dimensão
humana da informação; mediação da informação é o elemento fundamental para a ID;
existe a necessidade de a indústria oferecer soluções nacionais, de baixo custo e adequadas
à realidade brasileira, para atender às classes mais baixas da população em sua inserção na
SocInfo; vontade de contribuir para a elaboração de políticas públicas que tratem da
inclusão sob a perspectiva da Ciência da Informação; inexistência de indicadores que
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retratem os impactos sociais das novas tecnologias em comunidades menos favorecidas.
(OLIVEIRA, 2003)
O projeto tem sua experiência-piloto em uma escola pública de Brasília, desde
fevereiro de 2002. Firmaram-se parcerias com empresas, setor público e organizações não
governamentais, além do apoio da Universidade de Brasília (UnB). É feito o
acompanhamento de um grupo de 36 alunos do ensino médio, para medir o impacto das
atividades praticadas no desempenho escolar e profissional, durante dois anos.
O projeto despertou a atenção do Ministério de Educação, que propôs a ampliação
da EDI para outras nove escolas públicas do Distrito Federal, bem como, da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), que em parceira com a UnB, levou a
experiência para o meio rural.
Algumas empresas privadas manifestaram interesse pelo projeo e a EDI se
transformou em um produto social. A partir deste projeto, os pesquisadores do
Departamento de Ciência da Informação da UnB, professores Emir Suaiden e Cecília Leite
Oliveira fundaram a OnG Mediateca – Organização para a Inclusão Social e Digital, que
desenvolve atividades de continuidade e multiplicação do modelo de ID, construído na EDI
estabelecendo parcerias com o governo, academia, ONG’s e empresas privadas.
O projeto é mantido pelos parceiros. Em relação à continuidade e à multiplicação do
projeto inicial, outras parcerias estratégicas com a Fundação Banco do Brasil e o Banco do
Brasil, foram firmadas junto à Mediateca para a implantação do modelo de ID da EDI em
outras comunidades de diversas regiões do Brasil.
CONCLUSÕES
Torna-se indiscutível a importância da educação e do conhecimento para a
sociedade atual, e se até o presente momento, a educação tem sido relegada ao segundo
plano nas prioridades do país, urge que essa situação se modifique, destacando a
necessidade de melhoria do sistema educativo básico e superior, com base no novo
paradigma de construir a capacidade de construir.
A inserção na sociedade requer competência ativa, isto é, indivíduos capacitados
com habilidade de pesquisa, de elaboração própria de conhecimentos, de teorização das
práticas e de atualização constante, dentre outras características.
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Para tanto, deve-se discutir uma política nacional de informação e conhecimento
que tenha como pilar o compromisso social de explorar todas as oportunidades possíveis
para o desenvolvimento humano no país. Deve-se propagar a importância do “acesso
sustentado ao conhecimento crítico e à informação útil, para alimentar permanentemente a
consciência crítica do cidadão, instrumentando-o sempre mais na busca de eqüidade”.
(DEMO, 1996, p. 39)
A forma mais direta de inviabilizar o desenvolvimento social é retirar-lhe o suporte
econômico, logo as verbas necessitam ser viabilizadas durante todo o processo de inclusão
social, de forma transparente, organizada e controlada. Os efeitos devem ser multiplicativos
para que as camadas excluídas possam se beneficiar das ações de responsabilidade social
promovidas pelo Estado, em parceria com a iniciativa privada, as ONG´s, os organismos
internacionais e toda a sociedade civil.
Demo (1996, p. 38) sintetiza bem o que se deve levar em consideração quanto a
uma política do conhecimento: incremento da capacidade crítica da população em geral e
da consciência e efetivação dos direitos humanos fundamentais, como processo sustentado
de formação da competência básica, que habilite a todos a participar ativamente da vida
política e econômica do país; pode-se elevar substancialmente o bem-estar da população
através do conhecimento reconstruído e/ou aplicado, sobretudo nos campos da saúde,
saneamento, habitação, qualidade de vida rural e urbana, podendo-se resumir isto no acesso
popular aos benefícios das tecnologias modernas; qualificação dos recursos humanos em
políticas sociais, o planejamento integrado e a caracterização dos gastos como
investimentos; questão da segurança pública, em que a falta de manejo adequado de
conhecimento compromete a qualidade de vida geral, por conta sobretudo da criminalidade
crescente fundada em competência tecnológica; necessidade de transparência das políticas
públicas, sobretudo de seus gastos; o papel relevante desempenha a mídia, mesmo que
tenda a ser um poder paralelo.
Importante destacar que além de procurar incentivos para a geração de projetos, os
governos devem ser seletivos na escolha de ações a serem implementadas. Destaca-se,
também, a necessidade dos indicadores de qualidade para o monitoramento e da avaliação
crítica das práticas.
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Finalizando com Demo (1996), “se o desafio é sempre construir conhecimento
próprio, pelo menos no sentido reconstrutivo, socializar é decorrência intrínseca e
necessária, o que recomenda desde logo um enfoque integrado [...] portanto, é fundamental
uma política de socialização do conhecimento em favor dos marginalizados e de processos
de democratização do conhecimento, sem nivelar por baixo”.
Entender um determinado ambiente, seja uma comunidade ou algum tipo de
organização, sob a óptica do capital social existente, proporciona uma análise rica em
requisitos que definem o contexto em relação ao desenvolvimento social e político. A
chegada de um mesmo projeto social em comunidades distintas nem sempre apresenta
resultados semelhantes, porque o contexto determina a forma como a população recebe as
iniciativas e o impacto causado. Uma comunidade com boa quantidade de capital social é
capaz de reconhecer, facilmente, suas necessidades tentando tirar maior proveito de
projetos sociais.
A responsabilidade social nas organizações públicas e privadas é responsável por
viabilizar ações sociais idealizadas por ONG’s ou projetos acadêmicos. O estabelecimento
de parcerias estratégicas entre os diversos setores da economia se tornou um dos melhores
caminhos para o sucesso de iniciativas sociais contribuindo para o aumento do capital
social nas comunidades beneficiadas. As parcerias proporcionam intercâmbio de
informações e experiências entre os setores econômicos, contribuindo também para o
avanço do conhecimento e aumento do capital social dentro das organizações.
Conhecer outras realidades sociais enriquece o corpo funcional de uma organização
valorizando sua missão e tornando a equipe mais motivada a construir um mundo melhor a
cada dia.
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