frequência de enteroparasitos no município de são

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FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS
CAMPOS, SP ENTRE OS ANOS DE 2005 E 2006.
GUERRA-PINTO, J.1, BRANDÃO, R.C.2, ALVES, J.F.3, MITTMANN, J.1 DE OLIVEIRA,
M.A.1
1
Laboratório de Parasitologia e Biotecnologia/Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – UNIVAP/,
[email protected], [email protected], [email protected]
2
Universidade do Vale do Paraíba/ Faculdade de Ciências da Saúde - Núcleo de estudos farmacêuticos e
biomédicos, [email protected]
3
Laboratório Valeclin, São José dos Campos - SP
Resumo- Parasitoses intestinais são doenças causadas por protozoários ou helmintos, mais comuns em
regiões tropicais e subtropicais e entre populações mais carentes em função das precárias condições de
saneamento e higiene e estão entre os patógenos mais frequentemente encontrado no ser humano. O
presente trabalho teve como objetivo verificar a freqüência das parasitoses intestinais em pacientes do
Sistema Único de Saúde (SUS) atendidos em um laboratório de análises clínicas de São José dos Campos
no período de janeiro de 2005 a janeiro de 2006. Os resultados de exame parasitológico de fezes (EPF)
realizados no período foram analisados a fim de determinar a freqüência de parasitoses intestinais em
diferentes faixas etárias. Observamos uma ocorrência maior de Ascaris lumbricoides e Giardia lamblia entre
crianças e jovens de 01 a 14 anos. Entre adultos e idosos (entre 25 e 54 anos) observamos maior
freqüência de Taenia sp. e Strongyloides stercoralis. Os parasitos encontrados com maior freqüência em
todas a classes etárias analisadas foram Entamoeba coli e Endolimax nana, que são protozoários
comensais não patogênicos, mas que podem ser considerados marcadores de contaminação.
Palavras-chave: Parasitoses intestinais, freqüência, comensais intestinais
Área do Conhecimento: Ciências Biológicas
Introdução
Parasitoses intestinais são doenças
causadas por protozoários ou helmintos, mais
comuns em regiões tropicais e subtropicais e entre
populações mais carentes em função das
precárias condições de saneamento e higiene e
estão entre os patógenos mais frequentemente
encontrado no ser humano. No Brasil, as
parasitoses intestinais ainda se encontram
bastante disseminadas e com alta prevalência. Em
um estudo multicêntrico realizado em escolares de
7 a 14 anos cobrindo 10 estados brasileiros,
55,3% dos estudantes foram diagnosticados com
algum tipo de parasitose. (ROCHA et al., 2000)
Os danos que os enteroparasitas podem
causar a seus portadores incluem, entre outros
agravos,
a
obstrução
intestinal
(Ascaris
lumbricoides), a desnutrição (A. lumbricoides e
Trichiuris trichiura), a anemia por deficiência de
ferro (ancilostomídeos) e quadros de diarréia e de
mal absorção (Entamoeba histolytica e Giardia
duodenalis), sendo que as manifestações clínicas
são usualmente proporcionais à carga parasitária
albergada pelo indivíduo. (FERREIRA et al., 2000)
O parasitismo intestinal ainda se constitui
um dos mais sérios problemas de Saúde Pública
no Brasil, principalmente pela sua correlação com
o grau de desnutrição das populações, afetando
especialmente
o
desenvolvimento
físico,
psicossomático e social de escolares. (FERREIRA
e ANDRADE, 2005)
Estimativas recentes revelam que cerca de
25% da população mundial se encontra infectada
por Ascaris lumbricoides e que aproximadamente
50% apresenta
infecção por Entamoeba
histolytica, considerada a terceira causa de mortes
por parasitos no mundo, somente atrás da Malária
e da Esquistossomose. Parasitos como Ascaris
lumbricoides, Trichuris trichiura e Ancilostomídeos
acometem cerca de um bilhão de pessoas,
distribuindo-se globalmente por mais de 150
países e territórios. (MACEDO, 2005)
Está bem estabelecido que as parasitoses
intestinais são mais freqüentes em regiões menos
desenvolvidas. Nos países subdesenvolvidos as
parasitoses intestinais atingem índices de até
90%, ocorrendo um aumento significativo da
freqüência à medida que piora o nível
socioeconômico. (LUDWIG et al., 1999)
Diversos programas governamentais têm
sido implementados para o controle das
parasitoses intestinais em diferentes países. No
entanto, nos países subdesenvolvidos a baixa
eficácia de tais iniciativas vincula-se ao aporte
financeiro insuficiente para a adoção de medidas
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IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
1
de
saneamento
básico
e
quimioterapia.
Concorrem para o insucesso desses programas a
falta de envolvimento e participação da
comunidade. Indicadores epidemiológicos têm
sido utilizados como importantes instrumentos
para monitorar o progresso na promoção da
saúde. (FREI, 2008)
Os parasitas podem ser contraídos de
diferentes formas, sendo que a principal é a
ingestão de alimentos ou água contaminada com
ovos ou cistos e pela penetração de larvas através
da pele. O presente trabalho teve como objetivo
verificar a freqüência de Ascaris lumbricoides,
Giardia lamblia, Taenia sp. Strongyloides
stercoralis, Endolimax nana, Entamoeba coli e
Ancilostomídeo em pacientes de um laboratório
de análises clínicas de São José dos Campos no
período de janeiro de 2005 a janeiro de 2006.
Metodologia
Os
exames
parasitológicos
foram
realizados por demanda espontânea dos usuários
do Laboratório de Análises Clínicas Valeclin, de
São José dos Campos/SP, o qual gentilmente,
cedeu os resultados dos mesmo, reservando a
privacidade
dos
usuários,
fornecendo
exclusivamente os dados parasitológicos e idade.
Os resultados de exame parasitológico de fezes
(EPF) realizados no período de janeiro de 2005 a
janeiro de 2006 foram analisados a fim de
determinar, quais os parasitas apresentaram
predominância no período analisado e suas
freqüências nas diferentes faixas etárias.
Foram utilizados para este estudo os
resultados de 35.691 exames cobrindo uma faixa
etária entre 1 e 95 anos de idade divididas
conforme mostra a tabela 1.
Classes de
idade
01 a 04
05 a 14
15 a 24
25 a 34
35 a 44
45 a 54
55 a 64
65 a 74
75 a 84
85 a 94
Tabela 1: Intervalo das classes de idade utilizados
para classificação dos resultados.
Foram contabilizados os números de
amostras positivas para cada faixa etária no
período analisado.
Resultados
Dos 35.691 resultados analisados 21,5 %
tiveram resultados positivos. Analisando os
resultados positivos observamos que os parasitos
encontrados com maior freqüência foram
Entamoeba coli e Endolimax nana, que são
protozoários comensais não patogênicos, mas que
podem
ser considerados marcadores de
contaminação. No gráfico 1 podemos observar a
distribuição da ocorrência de Ascaris lumbricoides,
Taenia sp. e Strongyloides stercoralis entre as
faixas etárias estudadas. Observamos uma
predominância de A. lumbricoides na classe etária
de 5 a 14 anos de idade. No caso de
Strongyloides stercoralis observamos uma maior
ocorrência na população adulta, com o maior
número de casos na classe etária de 45 e 54
anos.
Gráfico 1: Distribuição da prevalência de helmintos por
faixa etária no período de janeiro de 2005 a janeiro de
2006.
Gráfico 2: Distribuição da prevalência de Ancilostomídeo
e Giardia lamblia por faixa etária no período de janeiro
de 2005 a janeiro de 2006.
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2
No gráfico 2 observamos a concentração
de casos diagnosticados positivos para Giardia
lamblia entre jovens e crianças. No gráfico 3 é
apresentado o número de resultados positivos
para Entamoeba coli e Endolimax nana.
Gráfico 3: Distribuição da prevalência de protozoários
não patogênicos por faixa etária no período de janeiro
de 2005 a janeiro de 2006.
Dos exames realizados no período 2.848
foram positivos para E. coli e 3.278 para E. nana.
Essas ocorrências apresentam-se distribuídas em
todas as faixas etárias, porém mais concentradas
entre cinco e 44 anos de idade.
Discussão
Ferreira e colaboradores (2000) realizaram
um estudo entre 1995 e 1996 que revelou que
10,7% das crianças da cidade de São Paulo com
menos de cinco anos de idade albergavam cistos
ou ovos de pelo menos uma espécie de parasita
intestinal, sendo que o protozoário Giardia
duodenalis e os helmintos Ascaris lumbricoides e
Trichiuris trichiura, nessa ordem foram os
parasitas encontrados em maior freqüência, sendo
que a mesma tendência foi observada nos dados
analisados no presente artigo, para Giardia lamblia
e Ascaris lumbricoides.
Em estudo realizado por Ferreira e
Andrade (2005) demonstrou que entre escolares
atendidos pela Secretaria Municipal de Educação
de Estiva Gerbi- SP a maior intensidade de
parasitismo foi representada pelo protozoário
comensal Entamoeba coli com prevalência de
5,2% seguido do protozoário Giardia duodenalis
(5%), o helminto Ascaris lumbricoides com 1,5% e
o protozoário comensal Endolimax nana (0,8%).
Em nosso estudo observamos uma
ocorrência maior de Ascaris lumbricoides e Giardia
lamblia entre crianças e jovens. Entre adultos e
idosos observamos maior freqüência de Taenia
sp. e Strongyloides stercoralis. Andrade e
colaboradores
(2008)
realizaram
exames
parasitológicos em crianças entre 0 e 6 anos de
idade e observaram uma ocorrência de 48% de
Giardia duodenalis. Segantin e Delivara (2005)
realizaram estudo com pacientes da rede pública
de Saúde de Cianorte - PR onde é possível
observar uma ocorrência de Giardia lamblia na
faixa etária de zero a 20 anos de idade e Ascaris
lumbricoides entre zero e 10 anos.
Aspectos
sócio-econômicos
são
frequentemente apontados como fator influente na
ocorrência de parasitoses. (BARÇANTE, 2008;
FERREIRA e ANDRADE, 2005; LUDWIG, 1999) e
os resultados obtidos podem estar relacionados a
falta de hábitos adequados de higiene e de
informação, embora não tenhamos informações a
respeito da escolaridade e renda dos munícipes
envolvidos no estudo.
Diversos estudos foram realizados tanto
no estado de São Paulo, como em outras regiões
do país (FERREIRA, 2003; PRADO, 2001;
REZENDE, 1997) com a intenção de identificar as
parasitoses mais freqüentes na população e
apresentar propostas de melhoria. Os parasitas
que aparecem com maior freqüência são Giardia
lamblia, Ascaris lumbricoides, Trichiuris trichiura,
Entamoeba coli e Endolimax nana e as
recomendações
feitas
incluem
vigilância
epidemiológica
por
meio
de
exames
parasitológicos
periódicos
e
tratamentos
específicos.
Conclusão
Pode-se concluir que os parasitas mais
freqüentes na população estudada foram Ascaris
lumbricoides, Giardia lamblia, Strongyloides
stercoralis, Entamoeba coli e Endolimax nana. As
faixas etárias afetadas variam de acordo com o
parasita, entretanto E. coli e E. nana são
encontradas em todas as faixas etárias estudadas
e, apesar de não serem patogênicas, podem ser
consideradas um indicador de contaminação, o
que leva crer que uma parte significativa da
população está esposta ao risco de contrair uma
parasitose intestinal.
Estes resultados sugerem a necessidade
de campanhas de esclarecimento e de fiscalização
das condições sanitárias no município de São
José dos Campos. São necessárias atividades de
conscientização constante da população quanto a
higienização de alimentos ingeridos crus, da água
consumida, das mãos e mudança de hábitos
desde as crianças até adultos.
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
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