Gestão Estratégica em Ergonomia como ferramenta na prevenção

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Gestão Estratégica em Ergonomia como ferramenta na prevenção
de doenças ocupacionais
Danielly Mendonça Ramos1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Ergonomia: Produto e Processo - Faculdade Sul Americana/ FASAM - Goiânia - GO
Resumo
Produtividade é uma estratégia competitiva que deve estar inserida em qualquer
empresa, principalmente onde há atividade de produção. Porém, o aumento da
produtividade só será possível com a qualidade de vida no trabalho, ou seja, é uma
consequência das condições adequadas para a realização das tarefas. Assim, o
presente estudo tem por objetivo geral demonstrar a gestão estratégica da ergonomia
como uma ferramenta na prevenção de doenças ocupacionais. Para desenvolvimento
da pesquisa levantou-se a seguinte problemática: De que forma a análise ergonômica
dos postos de trabalho da empresa, com foco na prevenção, influencia na
produtividade? Trata-se de um estudo de cunho bibliográfico descritivo, desenvolvido a
partir de obras concernentes ao tema, tendo como subsídio publicações impressas e
eletrônicas de revistas e periódicos, devidamente referendados ao final. Oestudo visa
demonstrar, que através da gestão estratégica em ergonômica, pode-se melhorar o
processo produtivo de uma empresa, permitindo uma melhoria das condições de
trabalho com maior segurança, eficácia e, por consequência, contribuir para a saúde
dos trabalhadores, condições de vida e produtividade do trabalho, com redução de
erros, acidentes e doenças ocupacionais, sem impor sacrifícios desnecessários.
Palavras Chave:Ergonomia. Gestão Estratégia. Doenças Ocupacionais. Prevenção.
1. Introdução
No atual contexto mundial dos negócios, é de suma importância que as empresas
estejam atentas para fazer uma análise das operações que envolvam um controle eficaz
do planejamento das melhorias, bem como definam suas estratégias competitivas, afim
de melhor orientar suas ações e a aplicação de recursos.
É imprescindível que, diante de um mercado globalizado e altamente competitivo, as
empresas estejam voltadas à reestruturação de suas atividades, no que diz respeito às
técnicas aplicáveis à tomada de decisões na função de produção, quanto aos recursos
produtivos e às formas de utilizá-los para conseguir melhores resultados.
As empresas, hoje, reconhecem que a aplicação da gestão da produção traz benefícios
extremamente importantes, gerando o aumento de suas receitas por meio de custos mais
baixos. Desse modo, a produtividade passa a ser um fator altamente importante em uma
atividade de produção, ou seja, é a busca por um melhor resultado associado a uma
melhor aplicação dos recursos disponíveis. O aumento da produtividade fornece meios
para a redução dos preços, para o aumento nos lucros, para a segurança no trabalho,
gerando também, maiores salários.
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Pós-Graduanda em Ergonomia: Produto e Processo
Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e
Direito em Saúde.
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Portanto, a produtividade é uma estratégia competitiva que deve estar inserida em
qualquer empresa, principalmente onde há atividade de produção. Porém, o aumento da
produtividade só será possível com a qualidade de vida no trabalho, ou seja, é uma
consequência das condições adequadas para a realização das tarefas.
Diante dessa realidade, o presente estudo tem como objetivo geral demonstrar como a
gestão estratégica da ergonomia, que é o estudo da adaptação do trabalho ao homem,
tendo como foco a prevenção, ser aplicada como forma de melhorar a eficiência e a
qualidade das operações em uma organização.
Para desenvolvimento da pesquisa levantou-se a seguinte problemática: De que forma a
análise ergonômica dos postos de trabalho da empresa, com focona prevenção,
influencia na produtividade?
A pesquisa abrange aspectos decorrentes do relacionamento entre o homem e o seu
trabalho, envolvendo não somente o ambiente físico, mas também aspectos
organizacionais sobre como esse trabalho é programado e controlado para se chegar aos
resultados pretendidos.
Portanto, o estudo visa demonstrar, que através da gestão estratégica em ergonômica,
pode-se melhorar o processo produtivo de uma empresa, permitindo uma melhoria das
condições de trabalho com maior segurança, eficácia e, por consequência, contribuir
para a saúde dos trabalhadores, condições de vida e produtividade do trabalho, com
redução de erros, acidentes e doenças ocupacionais, sem impor sacrifícios
desnecessários.
2.Gestão Estratégica: Conceitos
No contexto das organizações, o sucesso está condicionado, entre outros determinantes,
às estratégias, entendidas por Daft (2003, p. 52) como “um plano para interagir com o
ambiente competitivo e alcançar as metas da organização”.
Um bom plano de ação depende, sobretudo, das condições de sua elaboração. O mesmo
está relacionado diretamente ao processo de planejamento e a forma pela qual ele é
conduzido e operacionalizado na organização. Em outras palavras,está relacionado à
forma como as decisões do plano são gerenciadas e as ações estratégicas escolhidas.
Assim, o conceito de gestão estratégica é mais amplo que do de planejamento
estratégico, uma vez que na gestão está presente uma variedade de ações, como ensina
Costa (2008, p. 55): “[...] avaliação de diagnostico e de prontidão, a estruturação do
processo de planejar e formular um propósito compartilhado para a organização, a
escolha de estratégias, a fixação de metas e desafios, até a atribuição de
responsabilidades para o detalhamento dos planos e projetos e para conduzir e
acompanhar as etapas de sua implementação”.
Além disso, a gestão estratégica requer a revisão dos planos para garantir a sua
adequação à organização, quer seja referente a sua realidade interna, quanto externa, de
modo a favorecer ao envolvimento e comprometimento dos colaboradores.
A gestão estratégica é definida por Costa (2008, p. 56)como: “o processo sistemático,
planejado, gerenciado, executado e acompanhado sobre a liderança da alta
administração da instituição, envolvendo e comprometendo todos os gerentes e
colaboradores da organização”.
Entende-se, portanto, que a gestão estratégica tem por objetivo viabilizar que a
organização possa enfrentar as mudanças no seu ambiente interno e externo, a fim de
garantir a sobrevivência e o crescimento da organização, de tal forma que se estabeleça
na organização. Na concepção de Costa (2008, p. 61) a gestão estratégica é “Um
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processo formal de observar, perscrutar, acompanhar, questionar e vasculhar o
horizonte, no tempo e no espaço, à procura de possíveis riscos e oportunidades que
possam exigir, oportunamente, ações antecipadas e respostas estratégicas ou
contramedidas da organização”.
Tal processo favorecerá à organização estabelecer as prioridades de ação, realizar um
diagnostico estratégico capaz de delimitar as possibilidades e limitações da organização
e a sequência mais adequada para a execução das ações estratégicas. O direcionamento
estratégico se apresenta como um mecanismo não somente para solucionar problemas,
mas também para evitá-los, tornando-se, desta forma, preventivo.
Costa (2008, p.60) insere entre os tipos de estratégias organizacionais, a avaliação
estratégica da capacitação organizacional, a qual busca analisar “o grau de preparo e
adequação da organização para atender seu mercado ou público-alvo, atual e futuro”,
fixando-se em tópicos como: dificuldades de cumprir as novas estratégias; eventuais
deficiências ou inadequações na competência do corpo dirigente, gerencial e
profissional; inexistência de sistemas eficazes de comunicação e de informações,
instalações físicas, máquinas e equipamentos em quantidade, qualidade e atualização
tecnológica; falta de disposição dos profissionais, bem como para aprender e
compartilhar o aprendizado entre os colaboradores.
Nesse contexto, a gestão da estratégia competitiva é de suma importânciapara a
organização, pois permite que se realize uma avaliação da competitividade da
organização, de modo a estabelecer um confronto real ou potencial das possibilidades
da empresa frente as suas concorrentes.
Costa (2008, p.57) destaca que “uma das melhores ferramentas para medir a
competitividade é o benchmarking, técnica que permite avaliar, com objetividade, o seu
produto, serviço ou processo contra os melhores do ramo, na região, no país e no
mundo”.
Desse modo, as estratégias de competitividade vão além da avaliação de resultados, elas
se voltam, sobretudo, para a análise das condições que predizem os resultados, ou seja,
para análise da situação atual que condicionará os resultados futuros.
Com relação às estratégias de gestão, vale destacar o modelo de estratégias competitivas
de Porte, de Miles e de Snow (DAFT, 2003). Essas podem ser classificadas em
liderança de baixo custo, diferenciação e foco, sendo essa última dividida em foco no
baixo custo e foco na diferenciação.
No modelo de estratégias competitivas, dois fatores devem ser avaliados: vantagem
competitiva e área competitiva. Com relação à vantagem deve-se delimitar se essa se
dará pelo baixo custo ou pela especificação dos produtos que podem justificar um preço
superior. Outra deliberação será no sentido de definir se a competição alcançará uma
faixa ampla ou estrita, ou seja, se competirá com muitos ou com um só segmento de
clientes.
No enfoque da liderança de baixo custo, a empresa tende a aumentar a participação no
mercado reduzindo o preço dos produtos ou serviços frente aos seus concorrentes. Para
tanto, são tomadas medidas de tornar as instalações mais adequadas, redução de custos e
controle de eficiência.
Conforme destacaDaft (2003, p.55), isto assegura a estabilidade da empresa evitando
que essa corra riscos na procura de inovações e crescimento, permitindo “trabalhar com
preços inferiores aos dos concorrentes e continuar oferecendo qualidade compatível e
obter um lucro razoável”.
A estratégia de diferenciação diz respeito ao diferencial que apresentam os produtos de
uma empresa em relação aos de outras empresas do mesmo ramo. Para tal, a
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organização utiliza mecanismos de marketing, de serviços especializados ou de
tecnologia que valoriza um determinado produto (DAFT, 2003).
No modelo de estratégias competitivas de Porter, a organização pode optar por um
mercado específico, o que implica numa estratégia de foco, a qual possibilitará a
empresa “obter uma vantagem de baixo custo ou uma vantagem de diferenciação dentro
de um mercado estreitamente definido” (DAFT 2003, p. 55).
A segunda tipologia de estratégias, a de Miles e Snow (DAFT, 2003), tem por base o
ajuste entre características internas e estratégias e ambiente externo. Essas estratégias
compreendem quatro tipos: prospectiva, defensiva analisadora e reativa.
A estratégia prospectiva se caracteriza pelo dinamismo, pela inovação, buscando novas
oportunidades e crescimento para a organização, prevalecendo a criatividade sobre a
eficiência. A defensiva, por sua vez, tende a estabelecer a estabilidade, evitando à
organização correr riscos, incluindo a contenção de despesas.
Ao estudar os efeitos da estratégia no projeto organizacional, Daft (2003) diz que essa
afeta as características internas da organização, embora as estratégias afetem o projeto
organizacional e consequentemente o cumprimento das metas da organização, outros
fatores também devem ser levados em consideração como responsáveis em garantir a
eficácia da organização.
Nesse sentido, Daft (2003) discute as abordagens contingenciais da eficácia,
relacionando três tipos de abordagens: abordagem de metas; abordagem baseada em
recursos, e; abordagem do processo interno.
A abordagem de metas visa identificar as metas de resultados a que uma organização se
propõe e avalia o quanto ela está sendo alcançada.
A abordagem baseada em recursos considera que o sucesso da organização deve ser
avaliado pela forma de obtenção e gerenciamento dos recursos materiais, financeiros,
humanos, de conhecimento e tecnologia disponíveis.
A abordagem do processo interno tem como medida o índice de saúde e de eficácia
interna da organização. Ressalta-se que “uma organização eficaz possui um processo
interno uniforme e bem-lubrificado. Os colaboradores são felizes e satisfeitos. As
atividades departamentais interagem para garantir alta produtividade” (DAFT, 2003,
p.61).
O uso eficiente de recursos e o funcionamento interno harmonioso são meios de medir a
eficácia. Atualmente a maioria dos gerentes acredita que funcionários felizes,
comprometidos e ativamente envolvidos e uma cultura empresarial positiva são medidas
importantes de eficácias. (DAFT 2003, p.62).
Do exposto, fica evidente que a abordagem de processo interno, isoladamente, não
assegura a eficácia de uma organização, mas é um indicador relevante para o seu
sucesso. Assim, a análise dos determinantes das condições de trabalho pode contribuir
para identificar o papel que a gestão desempenha para garantir a eficácia da organização
no cumprimento de suas metas.
3. Ergonomia na gestão organizacional
De acordo com Avancini e Ferreira (2003) “A Ergonomia apresenta soluções para
desenhar (ou redesenhar) processos e postos de trabalho visando reduzir ou eliminar o
desconforto físico e a fadiga”.
A ergonomia pode ser definida como o trabalho inter profissional que, baseado num
conjunto de ciências e tecnologias, procura o ajuste mútuo entre o ser humano e seu
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ambiente de trabalho, de forma confortável, produtiva e segura, basicamente procurando
adaptar o trabalho às pessoas (COUTO, 2007).
A mesma está dividida em ergonomia física, organizacional e cognitiva. A ergonomia
física está relacionada à anatomia humana e daí surge a antropometria, que segundo
Barros (2006), é o conhecimento acumulado sobre as dimensões do corpo humano,
movimento dos membros e comprimento dos músculos. A antropometria está dividida
em estática e dinâmica. A estática relaciona-se com as dimensões dos segmentos
corporais, enquanto a dinâmica considera os limites e a movimentação das diversas
partes do corpo quando solicitadas para determinadas atividade.
A ergonomia organizacional que analisa os processos, como as atividades são
realizadas, que está mais relacionada com da definição da organização do trabalho.
E a ergonomia cognitiva que está relacionada aos processos mentais, que chama o
estudo da psicopatologia do trabalho, influenciada pela percepção que o indivíduo tem
do trabalho.
Segundo Abrahaoet al (2005), a ergonomia cognitiva investiga os processos para
compreender como um indivíduo gerência o seu trabalho e as informações
disponibilizadas para, assim, apreender a articulação que ele constrói e que o leva a
realizar determinada ação. E se houver uma falha, para a ergonomia cognitiva interessa
compreender o “porquê”. Assim, os processos de aquisição, processamento e
recuperação de informações constituem um importante objeto de estudo.
Mas é importante ressaltar que as três levam a prevenção de doenças ocupacionais. E
quando se fala em ergonomia, todas essas interfaces devem ser consideradas para que
possa ser determinado o coeficiente de saúde da empresa.
As condições de trabalho são apontadas como fatores que influenciam naprodutividade
do serviço. Vergara (2009) coloca que entre os fatores estão osrelacionados a realização
do potencial humano, daí a importância da empresaimplementar a gestão de pessoas
para possibilitar maior eficiência e eficácia notrabalho que realiza, independentemente
da natureza desse. Os fatoresrelacionados às condições de trabalho são hoje mais
determinantes na sociedadedo que o crescimento econômico, que marcou a sociedade
industrial. Esses fatoresestão agrupados em dois conjuntos: “O primeiro conjunto diz
respeito ao desejo demaior participação pessoal, expressa pelo exercício de direitos,
deveres eresponsabilidades. O segundo está relacionado à realização do potencial
humano”(VERGARA, 2009, p. 23).
Outro fator significativo para realização de qualquer atividade laboral é apostura
corporal adotada pelo empregado, aliada a adequação das condiçõesfísicas do trabalho,
sejam essas relativas ao mobiliário ou a utilização de utensílios.
Segundo Laville (2007), a postura, organização dos segmentos corporais noespaço,
submete-se às características anatômicas e fisiológicas do corpo humano,ligando-se às
limitações específicas do equilíbrio e obedecendo às leis da Física eda Biomecânica. De
outro lado, a postura mantém um estreito relacionamento coma atividade do indivíduo,
pois uma mesma pessoa adotará posturas diferentesquando estiver realizando uma
mesma atividade. Do ponto de vista biomecânico, apostura não deve ter angulação que
provoque estiramentos dos ligamentos oucontrações musculares graves, não deve
ocasionar uma compressão de nervos evasos sanguíneos, e também não deve ser
identificada como dolorosa pelosindivíduos.
As doenças ocupacionais devem ser compreendidas dentro do trinômiohomem, máquina
e ambiente de trabalho. Isso porque o posto de trabalho seapresenta como um dos
aspectos constitutivos do sistema de produção. E a tarefadesempenhada e a maneira
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como é dividida entre os demais membros doambiente de trabalho entra em interação,
fornecendo partes do trabalho a outros(GRANDJEAN, 2001).
Daí advém a necessidade de pensar as doenças ocupacionais nos maisvariados
ambientes de trabalho, com o pleno intuito de analisar as causas quegeram a
concretização destes fatos, buscando propor estratégias que sejamvoltadas às suas
reduções ou eliminações. É nesta perspectiva que a ciênciaergonômica se caracteriza
como um importante conhecimento que pode se voltarpara a solução de problemas.
Lida (2005) argumenta que a ergonomia é a ciência da adequação dascondições
deTrabalho às capacidades dos indivíduos. Para que essa adequaçãoseja obtida é
necessária a compreensão das situações de trabalho, buscandoidentificar como a
atividade ocorre, os elementos que se contrapõem àscaracterísticas fisiológicas do ser
humano e os hábitos e crenças dostrabalhadores.
A ergonomia como ferramenta essencial na prevenção das patologiasocupacionais,
torna-se fulcral, através de análises preventivas, na diminuição daincidência de lesões
nos trabalhadores. Tem por base diferentes áreas doconhecimento, fazendo uso da
antropometria, biomecânica, engenharia, fisiologia,psicologia, dentre outras. É nesse
sentido que a ergonomia faz uso da biomecânicaocupacional.
Segundo Rodrigues (2008, p. 32) “a ergonomia é o estudo da adaptação dotrabalho ao
homem, abrangendo não somente equipamentos utilizados paratransformar materiais,
mas todos os aspectos organizacionais de como essetrabalho é programado e controlado
para produzir os resultados desejados”.
Ergonomia tem um papel fundamental na adequação das exigências da economia,visto
que:as exigências econômicas implicam em uma modernização da empresa,objetivando
a melhoria dos seus aspectos de competitividade. Estaquestão se faz acompanhar
normalmente de uma reestruturação e demodificações ao nível dos instrumentos de
trabalho por influência dasnovas tecnologias. [...]. A ergonomia precisa, então, ter
condições derever, avaliar e considerar estas modificações, pois as relações
entreergonomia, trabalho e nível de competitividade devem levar àconsideração deste
contexto (PROENÇA, 2015).
A ergonomia contribui para que os aspectos técnicos e sócioorganizacionaisdas
situações de trabalho favoreçam à saúde e segurança dotrabalhador e a sua melhor
produção. Reúne os conceitos de produtividade,eficácia e bem-estar.
A Portaria n. 3.751 de 23/11/90 - NR17, (BRASIL, 2010) define aErgonomia como a
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicasdos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,segurança e
desempenho eficiente.
Santos e Zamberlan (2011, p.24) colocam que “a Ergonomia tem comofinalidade
conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridadeda saúde dos
operadores e atingir objetivos econômicos”. Segundo os autorescabe a ergonomia
compreender as atividades realizadas em cada situação detrabalho, considerando o
contexto em que se realiza o trabalho, de modo aconsiderar a empresa em todos os seus
aspectos técnicos, organizacionais,comerciais e sociais.
Analisando sobre os reflexos da atividade de trabalho na saúde, segurança
eprodutividade, Santos e Zamberlan, defendem que o tipo de trabalho e ascondições nas
quais ele se realiza tem consequências para os trabalhadores, bemcomo sobre a
produção e os meios de trabalho:As consequências sobre os operadores dizem respeito a
sua saúde físicae mental no trabalho, podendo limitar as possibilidades de evolução
desuas competências e restringir a ampliação da sua experiênciaprofissional. As
consequências têm prolongamentos sobre a sua vidasocial e econômica, sobre sua
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formação e seu emprego. Elas podemigualmente ter efeitos que permitam o
desenvolvimento de suascompetências profissionais.
A qualidade e quantidade de trabalho produzido manifestam diferenças emrelação aos
objetivos estabelecidos pela empresa.
As consequências sobre os meios de produção estão relacionadas àsmodalidades de uso
de ferramentas e instalações. Elas podem conduzir auma rápida depreciação, destruições
acidentais com efeitos possíveissobre os trabalhadores e sobre a produção. (SANTOS;
ZAMBERLAN,2011, p.27)
Desta forma, as ações ergonômicas adotadas por uma empresa trazemconsequências não
apenas na saúde e bem estar do trabalhador, bem como nacapacidade produtiva e na
qualidade e quantidade da produção.
Dutra et al. (2015) discutem que a questão da qualidade dos serviços naempresa é uma
das maiores preocupações do momento em todo o mundo. Anecessidade de
sobrevivência tem impulsionado as empresas na busca dealternativas para atenderem as
novas exigências do mercado, ganhando com istoespaço a ergonomia.
a qualidade dos serviços é algo a ser produzido e não controlado. Nestesentido, a
consideração das melhorias das condições de trabalho,incluindo equipamentos, métodos
e formas de organizar o trabalho,formação dos operadores, entre outras, é condição
necessária e suficiente para amelhoria da qualidade dos serviços prestados pelas
empresas (DUTRA, etal., 2015).
Uma analise ergonômica, através da observação, do levantamento de dadose das
informações fornecidas pelo trabalhador, permite identificar a variedade deatividades
realizadas pelo trabalhador durante o processo produtivo; evidencia asrelações entre as
características específicas do trabalho e o modo dostrabalhadores operarem; põe em
questionamento os próprios métodos utilizadospela empresa no processo de produção,
as condições de trabalho e a organizaçãodesse.
Sobretudo, a realização de um diagnóstico ergonômico da situação detrabalho favorece
a que se instale na empresa concepções e mudanças, uma novamaneira de se considerar
o trabalho, frente as quais:os operadores não se sentem culpados em relação aos seus
erros e aosprejuízos a sua saúde. Eles mesmos formulam propostas detransformação das
suas situações de trabalho e podem justificar suaspropostas.
Os técnicos passam a observar e consultar os operadores antes defazerem suas escolhas
técnicas e organizacionais; os responsáveis pelosrecursos humanos passam a preocuparse com as competências nãoexplicitadas dos operadores e as consideram nos seus planos
deformação; os médicos do trabalho ampliam seu campo de ação; asdireções
incorporam esses pontos de vista sobre o trabalho em suaempresa (SANTOS;
ZAMBERLAN, 2011, p.26).
Diante disto, a ergonomia tem sido objeto de estudos no sentido deevidenciar
alternativas de melhoria na qualidade do trabalho, como discutemRamos et al, (2010),
identificando em sua pesquisa que o mobiliário, o ambientefísico e a organização do
trabalho por não levam em consideração asnecessidades e expectativas dos
trabalhadores, provocaram transtorno à saúde dotrabalhador, interferido negativamente
no trabalho. Outro estudo sobre esse focotrata da relação entre Qualidade de vida no
trabalho e ergonomia (DELFINO,2015).
Sobre
temática
semelhante
registra-se
trabalho
de
dissertação
de
mestrado(HOSTENSKY, 2015) que analisa ergonomicamente as condições de
trabalho(físico-ambientais) como elementos essenciais do contexto de produção de bens
eserviços. O estudo ressalta que a prestação de serviço de saúde humanizada ecom
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qualidade é uma questão de cidadania, é direito constitucional do brasileiro, édever do
Estado e obrigação ética dos profissionais de saúde.
Estudos realizados por Silva (2007) focalizam que a ergonomia e as açõesde saúde nas
empresas são eficazes na prevenção e nas analises dos fatores derisco das doenças
relacionadas ao trabalho, evitando o afastamento eaposentadorias prematuras, bem
como proporciona uma melhor qualidades de vidaao trabalhador.
A ergonomia abrange três áreas de atuação, sendo essas: concepção,correção e
conscientização, as quais direcionam a natureza das intervençõesergonômicas (BAÚ,
2002).
Conforme o autor supra, na área de concepção a ergonomia atuadiretamente no projeto
do ambiente de trabalho, fazendo alterações e mudançasem vários aspectos, os quais
incluem o ser humano, a máquina, o ambiente, ainformação, a organização e as
consequências do trabalho. A partir desseselementos se podem criar novos conceitos
desde o layout, iluminação, localização,as cores, equipamentos e etc. Nessa área a
ergonomia procura avaliar e interferirnos principais aspectos da relação homem em suas
relações com o trabalho.Projeta a concepção de uma nova situação de trabalho.
Nesse entendimento, Lida (2005) analisa que o ser humano como objeto daergonomia
deve ser compreendido em suas características físicas, fisiológicas,psicológicas e sociais
do trabalho, levando em consideração a influência do sexo,idade, treinamento e
motivação, visto que esse compreende uma totalidadeenquanto estrutura biopsicosocial;
a máquina é entendida como todas as ajudasmateriais que o homem utiliza no seu
trabalho. Engloba equipamentos,ferramentas, mobiliário e instalações; o ambiente
estuda as características doambiente físico que envolve o homem durante o trabalho,
como temperatura,ruídos, luz, cores, vibrações, gases e outros; a Informação refere-se
àscomunicações existentes entre os elementos de um sistema, a forma detransmissão nas
informações, o processamento e a tomada de decisões; aorganização é a conjugação de
todos estes elementos no sistema produtivo,estudando aspectos como turnos, horários, e
formação de equipes de trabalho; e,as consequências do trabalho são relativas ao
controle do sistema, envolvendo astarefas de inspeções e estudos de erros e acidentes.
Na perspectiva da ergonomia como correção as ações são definidas a partirde uma
situação já existente, no intuito de reverter às distorções, através deinvestimentos em
adaptações e mudanças no ambiente. Visa, portanto, corrigirproblemas de inadequação
da estrutura física e material relativas às atividadeslaborais. Nessa área a ergonomia é
importante na definição de novos projetos e nacorreção de problemas em máquinas e
equipamentos, como medida de prevençãoe segurança no trabalho (BAÚ, 2002).
Vista sob a área da conscientização, Baú (2002) discute que é ação daergonomia
promover a capacitação do trabalhador, por meio de informações etreinamentos, com
atividades de palestras e curso. Visa proporcionar aotrabalhador a capacitação para usar
corretamente os recursos, sejam elesequipamentos ou mobiliário, para a realização do
trabalho.
Essa fase é considerada de significativa importância, visto que não bastamudar ou
reorganizar o ambiente, se faz necessário que o trabalhador saiba daimportância de cada
ação, compreenda o processo da mudança e da importânciaque terá para sua
saúde.Qualquer que seja a área de atuação da ergonomia, concepção, correção
ouconscientização, o principio básico é a prevenção e a solução de
problemasdecorrentes do trabalho.
Lida (2005) classifica a ergonomia em três áreas de autuação: ergonômicafísica,
ergonomia cognitiva e ergonomia organizacional. A primeira trata dascaracterísticas da
anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica. Oenfoque dessa área está na
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relação do homem com o trabalho, nos seusmovimentos, na postura e no manuseio de
instrumentos, incidindo diretamente noposto de trabalho. A segunda centra-se nos
processos mentais inerentes asinter-relações entre as pessoas no sistema organizacional.
A terceira área visa aotimização dos sistemas sócio técnicos, volta-se para a estrutura
organizacional,incluindo a política e processo da instituição, os projetos e programações
detrabalho, a cultura organizacional e a gestão da qualidade.Nesses três enforque a
ergonômica ocupa-se com todos os momentos dasrelações do homem com a atividade,
desde as condições prévias, quandoestabelece um projeto ergonômico, até quando
analisa e intervém frente àsconsequências do trabalho, com ações corretivas e de
conscientização. SegundoLida (2005, p. 3) “a ergonomia ampliou o escopo de sua
atuação, incluindo osfatores organizacionais, pois muitas decisões que afetam o trabalho
são tomadasem nível gerencial”. Disto decorre a importância que as empresas devem
dar aadoção de um projeto ergonômico voltado para o posto de trabalho.
Parte do sistema onde o trabalhador atua (LIDA, 2005).
As organizações no propósito de implementar ações que favoreçam amelhor capacidade
produtiva do trabalhador tem implantado, entre outros,programas de saúde e de
ergonomia. Esses programas, pela sua importância, vêmcada vez mais sendo objeto de
estudos entre pesquisadores (MARCAL; MAZZONI;DINIZ FILHO, 2015).
Na pesquisa realizada, os autores acima referenciados analisaram umPrograma de
Controle Ergonômico, constituído por um conjunto de técnicas einstrumentos utilizados
no sistema de gestão de ações ergonômicas dentro daempresa. O Programa foi criado
após a análise ergonômica dos postos de trabalhoda empresa, com o fim de viabilizar a
implementação das recomendações e deuma administração das novas demandas da
organização. O Programa exigiu acriação de um comitê de ergonomia e um conselho
deliberativo. A experiênciaaponta para a importância de se descentralizar as ações de
gestão na empresa,visto a especificidade da área de atuação.
Outro estudo, resultante de tese de doutorado (COSTA; MENEGON, 2011),analisou a
gestão de ações relacionadas à saúde e segurança nas Pequenas eMédias Empresas PME. Segundo os autores do artigo, é difícil para as empresasde pequeno e médio porte
lidar com o gerenciamento das ações de saúde, entreelas as relativas à ergonomia, diante
de limitações dos recursos disponíveis emetodologias, além do provimento de
provimento deficitário de informações.
Segundo os autores, a forma das ações em saúde e segurança do trabalhoé influenciada,
entre outros fatores, pelo modelo gerencial assumido pela empresae enfatizam que a
ergonomia “será caracterizada pela condução perceptiva einformal das mudanças no
local de trabalho”. A investigação concluiu que algumasnormas e ferramentas
ergonômicas, deveriam se moldar as ações segundo asnecessidades e limitações de cada
empresa o que promoveria a uma melhora dascondições de saúde e segurança nas PME
(COSTA; MENEGON, 2011).
Nesse entendimento de que a eficiência de um programa ergonômico estáatrelada à
gestão de sua condução, quer na forma de estimular a sua aceitaçãopelos empregados,
quer pela forma de adequação do mesmo à realidade e àsnecessidades da empresa, fica
evidente que o papel do gestor em umaorganização empresarial assume posição
relevante.
Um dos componentes inerente a funcionalidade das ações do gestor, é asua capacidade
de liderança, a qual segundo Macedo, et all, (2007, p. 109) é “aarte de educar, orientar e
estimular as pessoas a persistirem na busca de melhoresresultados num ambiente de
desafios, riscos e incertezas”. Assim, cabe ao gestororganizacional criar um clima
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organizacional que favoreça a sedimentarcomportamentos, atitudes e posturas que
contribuam para a saúde do trabalhador,promovendo o conhecimento e a vivências de
práticas saudáveis.
Macêdo (2007) coloca ainda que a capacidade de liderar está intimamenterelacionada a
habilidade de influenciar indivíduos e grupos. Nessa abordagem oslideres, gestores
atuam de modo a compartilham sonhos e conquistas; esforçam-separa resolver
problemas; agem de forma comunitária, onde lideres e lideradosatuam em torno de
objetivos comuns; incentiva os colaboradores a assumirresponsabilidades, o que leva o
grupo de liderados a aceitação de valoresculturais, transformando-se em equipe, cujas
pessoas são caracterizadas porpropósitos e objetivos comuns, comprometidas entre si e
com a qualidade dosresultados.
Os resultados pretendidos pela empresa, segundo Demo (2005, p. 1),devem ser
definidos considerando “a perspectiva da competitividade, fenômenoque faz com que as
organizações repensem suas maneiras de conduzir negócios,seu posicionamento no
mercado e suas estratégias empresariais na consecuçãode suas metas”.
Uma das formas da organização desenvolver estratégias em função dosseus fins é adotar
uma política de condições de trabalho, a qual, segundo Demo(2005, p. 100),
“compreende as práticas de benefícios e facilidades aosempregados, práticas e
segurança, saúde e, finalmente acesso à tecnologia e aosmateriais necessários ao
desempenho eficaz das funções”. A seleção dessaspráticas deve considerar os valores e
expectativas dos empregados cabendo aosgestores assegurar a boa manutenção dos
equipamentos de trabalho, de modo areduzir acidentes.
Nesse sentido, “práticas de conforto, boas condições de trabalho e bem-estar traduzemse em práticas de valorização dos empregados. A segurança físicados empregados
constitui-se em práticas de gestão de pessoas essencial” (DEMO,2005, p.103), o que
evidencia a relevância do gestor em monitorar as práticas desegurança no trabalho, nas
quais se incluem as ações ergonômicas.
4. Doenças ocupacionais
Para Araújo (2007) algumas doenças ocupacionais resultam de uma relação inadequada
do trabalhador com a tarefa a ser executada. Se a estrutura óssea ou muscular do ser
humano for sobrecarregada, isso pode resultar, em lesões na coluna, nas articulações e
complicações musculares.
As principais doenças ocupacionais estão relacionadas com a síndrome da dor de
membros; que é uma inflamação causadapor esforços repetitivos. Essa síndrome recebia
o nome de Lesão por EsforçoRepetitivo (LER), atualmente chama-se Distúrbio
Osteomuscular Relacionado aoTrabalho (DORT), Lesão por Trauma Cumulativo (LTC)
e o mais adequado, emborao menos usual, Síndrome da Dor Regional (SETTIMI,
2005).
A LER tornou-se uma lesão comum entre os trabalhadores, que apresentamuma jornada
de trabalho excedente e repetitiva. O trabalho excedente acarreta emum grande
esgotamento físico e psíquico do empregado.
O esgotamento físico associado ao exercício da atividade repetitiva ou errônea gera,
inicialmente, a tão famosa tendinite. Com o abuso contínuo desse esforço, é a hipótese
do empregado que lesiona de tal forma seu tendão, que acabacausando um dano maior,
como a ruptura de tendões e articulações. O esgotamentopsíquico, por sua vez, leva
aoestresse e a depressão; que poderá ter como fator agravante, a doença física do
trabalhador.
11
Na afirmação de Belusci (2001, p. 113-114), “[...] as moléstias denominadas de DORT
são desencadeadaspor uma série de fatores; mas principalmente, por condições
inadequadas de trabalho”.
Os casos de lesões por esforços repetitivos (LER) têm aumentado significativamente
nos últimos anos obrigando aos mais diversos atores sociais a lidarem com esse
problema, dada a sua manifestação fez com que a LER seja considerada um grave
problema de saúde pública, ao observar uma dupla vertente neste campo de estudo onde
por um lado a LER é um campo trabalho e saúde que precisa ser debruçado, de outro
lado a temos como um pretexto para que esse mesmo campo se construa e se
desenvolva no Brasil (SATO, 2001).
A proatividade de um ambiente relacionado à prevenção de acidentes e a proteção à
saúde do trabalhador resulta do compromisso e da colaboração mútua entre os
empregadores e trabalhadores no projeto e construção de novos locais de trabalho e
sistemas de produção levando em consideração os fatores que comprometem
determinada tarefa em função das limitações pessoais e operacionais (QUELHAS E
LIMA, 2009).
De acordo com Chiavegato Filho e Pereira Jr. (2007, p. 150), as lesões por LER/DORT
são “[...] um conjunto de doenças que afetam músculos, tendões, nervos e vasos dos
membros superiores [...] e inferiores [...] e que tem relação direta com as exigências
físicas das tarefas, ambientes físicos, e com a organização do trabalho”.
Pode-se dizer, portanto, que as LER/DORT constituem um grave problema a saúde
pública, de alta e crescente incidência, que apresentam dificuldades na forma de
abordagem, na reabilitação e na prevenção (CHIAVEGATO FILHO & PEREIRA JR.,
2007).
Ao contrário das doenças profissionais a LER não respeita as fronteiras entre as
categorias profissionais levando ao questionamento das entidades de representação dos
trabalhadores sobre a sua política em saúde do trabalhador. Tais doenças demandam a
criação de práticas no serviço público por parte de diversos profissionais da área
obrigando-os a criar uma linguagem de interface para trabalharem com as LER, sem
perder a especificidade de sua formação de origem (SATO, 2001).
Quanto os fatores de riscos para o desenvolvimento de LER estão relacionados ao posto
de trabalho, manutenção de posturas inadequadas, carga osteomuscular, carga estática,
invariabilidade da tarefa, exigências cognitivas e fatores organizacionais e psicossociais.
Em termos psicossociais a LER está associada atualmente ao medo de perder o emprego
provocado pela atual instabilidade mundial, dessa forma, o sofrimento físico e mental
oriundo do adoecimento torna-se uma dor moral impossibilitando projetos de vida
gerando um comprometimento da vida pessoal e familiar (GRAVINA, 2002).
A LER/DORT abrange inúmeros quadros sintomáticos e síndromes, alguns difusos e
outros delimitados anatomicamente ou fisiopatologicamente, apesar de ser caso único
de doenças osteomuscular ao se agruparem quadros difusos corre-se o risco de se incluir
nos casos um percentual de falso-positivos e também de doenças e sintomas com
gêneses distintas, diluindo e distorcendo as associações investigadas. Os quadros
musculoesquelético de membros superiores não são exclusivamente ocupacionais,
podendo ter suas origens associadas a outros fatores como esporte, postura fora do
trabalho, fatores psicossociais, entre outros.
Segundo a literatura, o que se tem observado é o aumento de causos potenciais
relacionados ao trabalho, para isto, faz-se necessário identificar os fatores ocupacionais
ou extra ocupacionais específicos e dimensionar a importância de cada um desses
12
fatores para a ocorrência da doença na população de estudo (SANTOS FILHO E
BARRETO, 2008).
5 Metodologia
O presente estudo constituiu uma pesquisa bibliográfica, descritiva e documental com
finalidade em abordar a gestão estratégica da Ergonomia como ferramenta na prevenção
de doenças ocupacionais, ao qual Marconi e Lakatos (2010, p. 15): ressaltam que “[...]
pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões
propostas, utilizando métodos científicos”.
A pesquisa visou obter compreensões aprofundadas acerca dos problemas estudados. De
acordo com Gil (2010), a pesquisa bibliográfica é uma pesquisa desenvolvida com base
em material já elaborado, constituído, principalmente, de livros e artigos científicos. Seu
propósito é reunir conhecimento sobre um tópico e fornecer dados para a compreensão
do conhecimento atual.
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foi realizado um levantamento
bibliográfico de obras impressas, como livros e revistas, bem como em banco de dados
de Bibliotecas Virtuais, no período de 2000 a 2015, entre outros materiais. Para a busca
dos dados foram utilizados os descritores: gestão; ergonomia; doenças ocupacionais.
Sendo coletados trabalhos relacionados com esses descritores, após uma breve leitura
foi feita uma seleção para análise criteriosa dos trabalhos. Em seguida, os assuntos
foram analisados e interpretados, sendo agrupados considerando semelhanças e
diferenças das informações dos autores. O texto foi construído fazendo registrados após
leitura crítica-analítica com objetivo de selecionar a ideia principal de cada trabalho
pesquisado.
Apresenta-se, assim, o trabalho a partir do interesse acadêmico considerado ainda com
significativa abordagem sobre o tema. Com relação aos aspectos éticos, a pesquisa foi
realizada respeitando a literatura encontrada, onde os resultados encontrados não
sofreram modificações em benefício da presente pesquisa.
6. Resultados e Discussões
De acordo com Vasconcelos (2009), as empresas no contexto global, não podem se
preocupar apenas com as tecnologias inovadoras, elas precisam enxergar e oferecerem
boas condições de trabalhos para que aconteça uma melhor interação no mercado entre
recursos humanos e produtividade, ou seja, focalizar no capital humano. Na busca por
uma jornada de trabalho digna, com melhores condições possíveis, tornou-se uma luta
constante por numerosos indivíduos em diversos lugares do mundo. Para isso as pessoas
têm se mobilizado a favor de que as empresas deem seu ponto de partida voltado para
tarefas mais justas e veja o lado humano de maneira mais flexível.
segundo a ABERGO (2015), dividem-se em: Ergonomia Física-voltada para as
atividades físicas desenvolvidas no ambiente interno da empresa; Ergonomia Cognitivadestinada aos procedimentos mentais do indivíduo; Ergonomia Organizacional-envolve
as técnicas políticas, de processos e organizacionais da empresa.
Oliveira e Oliveira (2010) entendem que a Ergonomia Física está intensamente voltada
para a capacidade que o indivíduo tem em desenvolver tarefas dentro da empresa em
que atua. Por isso ele necessita de máquinas e equipamentos que desenvolvam trabalhos
sem prejudicar a saúde do funcionário.
13
Na Ergonomia Cognitiva de acordo com Silva et al (2009), as pessoas colaboram com
suas competências, aptidões e conhecimentos para o aperfeiçoamento das empresas, por
isso elas passam por momentos estressantes durante o convívio entre colaboradores e
até diante do próprio trabalho, assim a Ergonomia Cognitiva caracteriza por se
preocupar com esse carácteres nos postos de trabalhos, ou seja no que se refere a mente
humana.
A Ergonomia Organizacional para a ABERGO (2015) refere-se a uma utilização dos
processos, envolvendo as diretrizes, os procedimentos e a estrutura da organização, ou
seja, afeta a comunicação, o projeto de trabalho, as tarefas desenvolvidas em grupos,
entre outros aspectos importantes.
Assim, para atingir um grau de desempenho relevante e otimista dentro da organização
é preciso haver uma interação colaborador-empresa, para que assim aconteça uma
atribuição voltada para o entusiasmo das pessoas, projetando futuramente um alcance de
maior produtividade (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2009).
Dessa forma, deve-se existir uma cooperação de todos que compõe a empresa por um
ambiente de trabalho capaz de gerar benefícios para o desenvolvimento pessoal e
organizacional.
O que se percebe diante dos posicionamento teóricos expostos, é que as empresas
precisam conhecer um pouco mais sobre as dificuldades encontradas pelas pessoas que
desempenham várias tarefas ao mesmo tempo, em um lugar que não oferece todo um
aparo saudável, para que assim ela possa investir exatamente naquilo que falta para
proporcionar a seus colaboradores, um ambiente totalmente adequado.
Para Cardoso (2012), com a expansão da tecnologia o processo de trabalho busca por
um constante crescimento na produtividade e isso acarreta no ser humano certos
desconfortos gerados devido aos elevados e impróprios movimentos repetitivos. Dessa
forma os indivíduos estão sujeitos a desempenharem seus afazeres mesmo sentindo-se
estressados e/ou com dores ocasionadas pelo excesso de tarefas, e até mesmo pela
repetição das mesmas.
No entendimento de Marques et al. (2010), a Ergonomia está amplamente envolvida
para o apoio das concepções e das alterações do ambiente interno. A partir de projetos
ergonômicos é que as empresas têm evoluído para um contexto de bem-estar do
funcionário, permitindo a eles um local favorável para realizar seus esforços no diaadia.
Partindo desse pressuposto, evidências têm demonstrado que a Ergonomia em uma
empresa, tem apresentado benefícios, tais como: diminuição dos casos de LER/DORT,
menores custos com assistência médica, alívio das dores corporais, diminuição das
faltas, mudança de estilo de vida e, o que mais interessa para as empresas, aumento da
produtividade.
Assim, é de grande importância prática e teórica não levar em consideração o aumento
de produtividade de uma empresa, baseando-se só pela Ergonomia, mas, sim, por um
conjunto de atributos que a envolvem, a produtividade, os benefícios e o investimento
em recursos humanos.
CONCLUSÃO
Das exposições teóricas apresentadas neste estudo, pode-se observar que as evidências
demonstram a importância da Ergonomia na prevenção de doenças ocupacionais, tais
como LER/DORT, na redução dos acidentes de trabalho e das faltas, bem como no
aumento da produtividade, na diminuição dos gastos com assistência médica e,
consequentemente, em um maior retorno financeiro para as empresas.
14
A Ergonomia, portanto, pode ser considerada uma alternativa para o problema, pois é
considerada eficaz para prevenir doenças relacionadas ao trabalho e, assim, melhorar a
qualidade de vida do trabalhador.
É interessante, entretanto, notar que a ergonomia, por si só, não terá resultados
significativos, se não houver uma elaborada política de benefícios sociais, além de
estudos ergonômicos, da colaboração dos gestores, dos técnicos de segurança do
trabalho, dos médicos ocupacionais e dos profissionais de recursos humanos.
Com relação aos resultados positivos da Ergonomia, apresentados pelos diferentes
autores, destacam-se o alívio das dores corporais, a diminuição dos casos de
LER/DORT, o aumento da produtividade e um maior retorno financeiro para as
empresas. Fica evidente, portanto, que a ergonomia é eficiente na prevenção das
doenças ocupacionais, na melhoria da qualidade de vida do trabalhador e na diminuição
do absenteísmo.
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