Educação Grega

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Educação Grega - História da Educação Grega
[http://www.historiadomundo.com.br/grega/educacao-grega.htm]
As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com
as mães. Principal objetivo da educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos antigos não
contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes para uma profissão ou negócio.
Em Esparta a educação era organizada em modos militares e dava-se ênfase à educação física. Os meninos viviam em
casernas dos 7 anos 30 anos e sua educação incluía intermináveis exercícios de ginástica e atletismo. Os professores
surravam os alunos, as vezes, seriamente, a fim de reforçar a disciplina. Os espartanos alcançavam a maturidade em
ótimas condições físicas mas em geral eram ignorantes; somente alguns sabiam ler e escrever.
A educação em Atenas contrastava acentuadamente com àquela que era adotada em Esparta. Eles acreditavam que
sua cidade-estado tornar-se-ia a mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente as suas melhores aptidões
individuais. O governo não controlava os alunos e as escolas. Um garoto ateniense entrava na escola aos 6 anos e
ficava confiado a um pedagogo. Ele estudava aritmética, literatura, música escrita e educação física; além disso
decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos públicos e religiosos. Os meninos tinham feriados
apenas nos dias de festas religiosas. O governo recrutava para treinamento militar durante 24 meses, todos os jovens
quando atingiam a idade de 18 anos.
A educação na Grécia Antiga
[http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0146.html]
O homem é a medida
A educação é um dos meios pelos quais os valores espirituais e físicos do homem são conservados e passados. Ao
comparar a educação da Antiguidade grega com as grandes civilizações do Oriente, é fácil observar um grande salto da
primeira em relação às outras. Não é à toa que a Grécia Antiga é apontada como berço da civilização ocidental. A
educação do homem grego – a Paideia – visava formar um elevado tipo de homem. Diferente da concepção oriental,
em que o homem ideal era considerado alguém sobre-humano, uma espécie de homem-deus que ultrapassava a
medida natural, a Grécia apresentou uma nova visão de homem, em que ele era a medida das coisas. A partir daí
surgiu a questão da individualidade (embora longe de se confundir com o cultivo da subjetividade característico da
Modernidade).
Os grandes sábios da Grécia, ao contrário dos do Oriente, não eram considerados enviados dos deuses, profetas ou
homens sagrados, e sim mestres independentes e formadores de seus ideais. Era um ambiente onde a liberdade de
pensamento predominava.
Heróis com exemplo
A educação grega era voltada para a formação de uma individualidade perfeita e independente. A palavra Paideia
significa “criação de meninos”; antes dela, porém, apareceu outro termo ainda mais essencial à formação grega: a
areté, que pode ser traduzido por virtude.
As principais obras do helenismo vêm desde a idade heroica de Homero até o Estado dominado pelos filósofos,
idealizado por Platão. Como representantes da Paideia grega estão os poetas, músicos, filósofos, retóricos, isto é,
todos aqueles que mexem com as palavras. Mas foram os textos homéricos, Ilíada e Odisseia, as grandes fontes
inspiradoras do desenvolvimento da educação grega baseada no modo de vida virtuoso.
Atualmente existem dúvidas sobre a autoria dessas obras, se foram escritas por um só autor, e se são pertencentes à
mesma época. Isso se dá porque as características históricas da Ilíada a colocam como um poema bem mais antigo que
a Odisseia. Na prática, porém, continuamos agrupando-as sob o nome de Homero. Além de haverem tido grande
influência na educação do homem grego, tais poemas são considerados os testemunhos mais remotos daquela cultura,
em que estética e ética andavam juntas. Talvez por isso essas obras de arte se prestem ao papel de mestres da
juventude.
Se por um lado Platão criticava a falta de verdade existente nos poemas épicos, por outro é inegável que nesses
textos estejam manifestos a riqueza humana e o espírito do homem superior. Tanto a Ilíada como a Odisseia nos
remetem, através dos mitos, a grandes feitos do passado. As recordações dessas ações exemplares representadas nos
mitos já têm em si um conteúdo educativo. Os mitos, no entanto, não devem ser vistos como uma forma de
comparação com a vida do homem comum, e sim analisados pela sua própria natureza.
Na Ilíada está presente o ideal heroico do homem corajoso, guerreiro, combativo, enquanto na Odisseia é valorizada a
cultura e a moral aristocrática, a moral dos maiores (a origem do termo “aristocrático” é aristoi, que significa os
melhores, os chefes, os mais corajosos, os mais honrados). Os heróis homéricos lutam para obter a honra no decorrer
da vida e não para serem considerados honrados apenas depois da morte.
O homem vulgar não tem areté,que é um atributo da excelência humana que orienta a práxis, a ação cotidiana do
homem para o Bem. O texto épico busca narrar o mundo ideal; portanto, tudo aquilo que é baixo, insignificante e
falho é varrido dele. Apesar disso, na épica homérica deparamos com situações semelhantes às vividas pelo homem
comum, como, por exemplo, uma pessoa recebendo conselhos de outra. Em um trecho da Ilíada, Fênix, o educador do
jovem Aquiles, herói-protótipo dos gregos, recorda-lhe a finalidade para a qual foi educado: “proferir palavras e
realizar ações”. Passagens como essa tinham caráter normativo, eram passos a serem seguidos.
Com o tempo, a educação grega foi se modificando e deixou para trás o sentido inicial. A busca pela areté decorrente
de uma formação mais ética acabou dando lugar a um tipo de educação mais utilitarista, que preparasse o aluno para
a vida privada e pública. Uma espécie de adestramento infantil.
Protágoras
No diálogo Protágoras (séc IV a. C.), de Platão, vemos que a educação era uma espécie de modeladora do corpo e da
alma. A educação física, a musical e a literária eram as três bases que sustentavam a formação do homem grego. A
ginástica era estimulada não apenas para dar vigor físico ao praticante como também – e principalmente – para
incutir-lhe coragem. Todavia, se exercida em excesso, tornaria o homem muito duro. A música e a literatura tinham a
missão de educar a alma do homem, mas também deveriam ser ensinadas sem exagero para evitar que o indivíduo se
tornasse sensível demais.
Da música para as letras e os números
A partir dos sete anos, a criança ateniense passava a ter uma educação voltada para a música (poesia, canto e dança)
e o físico. Ao completar treze anos, terminava a educação elementar. Aqueles com mais recursos poderiam continuar
sua educação.
Esse tipo de educação, porém, foi aos poucos dando lugar para as discussões literárias e o estudo da Matemática. A
partir dos dezesseis anos, a educação superior passou a ser dada pelos sofistas, que ensinavam aos jovens a arte da
oratória.
Por fim, com a chegada do período helenístico (336-146 a. C.), começou a ser exigido dos alunos um conhecimento
enciclopédico; os aspectos físicos e estéticos perderam sua força, iniciou-se a separação entre as disciplinas
humanistas (Gramática, Retórica e Dialética) e as científicas (Aritmética, Geometria, Música, Astronomia). O estudo
da Filosofia se intensificou.
Os centros de estudos dos filósofos
Em 387 a. C., Platão fundou sua escola filosófica, a Academia, cujo objetivo principal era realizar investigações
científicas e filosóficas. O filósofo tornou-se então o primeiro dirigente de uma instituição permanente de pesquisas
desse tipo. Pouco mais de meio século após a fundação da escola platônica, foi vez de um ex-aluno da Academia,
Aristóteles, abrir a sua própria instituição de ensino. Em 335 a. C. foi inaugurado o Liceu, um centro de estudos
lógicos, físicos, metafísicos, políticos etc.
A partir deste breve texto sobre a Paideia grega, é possível notar que tal formação busca a completude, a excelência,
o alcance máximo das potencialidades do homem grego. Tratava-se de um tipo de educação, literalmente, “de corpo e
alma”.
Sites pesquisados:
•http://www.seednet.mec.gov.br/colunas.php?codmateria=4092
•http://br.geocities.com/maeutikos/filosofia/filosofia_paideia.htm
•http://members.tripod.com/pedagogia/gregos.htm
Bibliografia:
JAEGER, Werner. Paideia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Grécia Antiga. Revista História Ilustrada da Grécia Antiga. São Paulo: Escala, s/d.
História da Educação - Período Grego
Resumo:
•É o berço da civilização, tendo como seus principais representantes: Sócrates, Aristóteles e Platão;
•Tem como princípio o desenvolvimento individual do ser humano;
•Preparação para o desenvolvimento intelectual da personalidade e a cidadania;
•Ideais pautados na liberdade política e moral e no desenvolvimento intelectual.
--------------------Neste período as crianças viviam a primeira infância em família, assistidas pelas mulheres e submetidas à autoridade
do pai, que poderia reconhecê-las ou abandoná-las, que escolhia seu papel social e era seu tutor legal. A infância não
era valorizada em toda a cultura antiga: era uma idade de passagem, ameaçada por doenças, incerta nos seus
sucessos; sobre ela, portanto, se fazia um mínimo investimento afetivo. A criança crescia em casa, controlada pelo
“medo do pai”, atemorizada por figuras míticas semelhantes às bruxas, gratificada com brinquedos (bonecas) e
entretida com jogos (bolas, aros, armas rudimentares), mas sempre era colocada à margem da vida social. Ou então,
era submetida à violência, a estupro, a trabalho, até a sacrifícios rituais. O menino – em toda a Antigüidade e na
Grécia também – era um “marginal” e como tal era violentado e explorado sob vários aspectos, mesmo se
gradualmente – a partir dos sete anos, em geral – era inserido em instituições públicas e sociais que lhe concediam
uma identidade e lhe indicavam uma função. A menina não recebia qualquer educação formal, mas aprendia os ofícios
domésticos e os trabalhos manuais com a mãe.
A educação grega era centrada na formação integral do indivíduo. Quando não existia a escrita, a educação era
ministrada pela própria família, conforme a tradição religiosa. A transmissão da cultura grega se dava também,
através das inúmeras atividades coletivas (festivais, banquetes, reuniões). A escola ainda permanecia elitizada,
atendendo aos jovens de famílias tradicionais da antiga nobreza ou dos comerciantes enriquecidos. O ensino das letras
e dos cálculos demorou um pouco mais para se difundir, já que nas escolas a formação era mais esportiva que
intelectual.
Esparta e Atenas: dois modelos educativos
Esparta e Atenas deram vida a dois ideais de educação: um baseado no conformismo e no estatismo, outro na
concepção, outro na concepção de Paidéia, de formação humana livre e nutrida de experiências diversas, sociais,
alimentaram durante séculos o debate pedagógico, sublinhando a riqueza e fecundidade ora de um, ora de outro
modelo.
Foi o mítico Licurgo quem ditou as regras políticas de Esparta e delineou seu sistema educativo, conforme o
testemunho de Plutarco. As crianças do sexo masculino, a partir dos sete anos, eram retiradas da família e inseridas
em escolas-ginásios onde recebiam, até os 16 anos, uma formação de tipo militar, que devia favorecer a aquisição da
força e da coragem. O cidadão-guerreiro é formado pelo adestramento no uso das armas, reunido em equipes sob o
controle de jovens guerreiros e, depois, de um superintendente geral (paidonomos). Levava-se uma vida comum,
favoreciam-se os vínculos de amizade, valorizava-se em particular a obediência. Quanto à cultura – ler, escrever -,
pouco espaço era dado a ela na formação do espartano – “o estritamente necessário”, diz Plutarco -, embora fizessem
aprender de memória Homero e Hesíodo ou o poeta Tirteo.
Já em Atenas, após a adoção do alfabeto iônico, totalmente fonético, que se tornou comum a toda Grécia, teve um
esplêndido florescimento em todos os campos: da poesia ao teatro, da história à filosofia. No século V, Atenas exercia
um influxo sobre toda a Grécia: tinha necessidade de uma burocracia culta, que conhecesse a escrita. Esta se difundiu
a todo o povo e os cidadãos livres adquiriram o hábito de dedicar-se à oratória, à filosofia, à literatura, desprezando
o trabalho manual e comercial. Todo o povo escrevia como atesta a prática do ostracismo. Afirmou-se um ideal de
formação mais culto e civil, ligado à eloqüência e à beleza, desinteressado e universal, capaz de atingir os aspectos
mais próprios e profundos da humanidade de cada indivíduo e destinado a educar justamente este aspecto de
humanidade, que em particular a filosofia e as letras conseguem nele fazer emergir e amadurecer. Assim, a educação
assumia em Atenas um papel-chave e complexo, tornava-se matéria de debate, tendia a universalizar-se, superando
os limites da polis. Numa primeira etapa, a educação era dada aos rapazes que freqüentavam a escola e a palestra,
onde eram instruídos através da leitura, da escrita, da música e da educação física, sob a direção de três instrutores:
o grammatistes (mestre), o kitharistes (professor de música), o paidotribes (professor de gramática). O rapaz era
depois acompanhado por um escravo que o controlava e guiava: o paidagogos. Depois de aprender o alfabeto e a
escrita, usando tabuinhas de madeira cobertas de cera, liam-se versos ricos de ensinamentos, narrativas, discursos,
elogios de homens famosos, depois os poetas líricos”que eram cantados. O cuidado com o corpo era muito valorizado,
para torná-lo sadio, forte e belo, realizado no gymnasia. Aos 18 anos, o jovem era “efebo” *no auge da adolescência),
inscrevia-se no próprio demo (ou circunscrição), com uma cerimônia entrava na vida de cidadão e depois prestava
serviço militar por dois anos.
A particularidade da educação ateniense é indicada pela idéia harmônica de formação que inspira ao processo
educativo e o lugar que nela ocupa a cultura literária e musical, desprovida de valor prático, mas de grande
importância espiritual, ligada ao crescimento da personalidade e humanidade do jovem.
Paidéia: o seu nascimento
A partir do século V a. C., exige-se algo mais da educação. Para além de formar o homem, a educação deve ainda
formar o cidadão. A antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser suficiente.
Surge então o modelo ideal de educação grega, que aparece como Paidéia*, que tem como objetivo geral construir o
homem como homem e cidadão. Platão define Paidéia da seguinte maneira “(...) a essência de toda a verdadeira
educação ou Paidéia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a
obedecer, tendo a justiça como fundamento”.
A noção de Paidéia se afirma de modo orgânico e independente na época dos sofistas e de Sócrates e assinala a
passagem explícita – da educação para a Pedagogia, de uma dimensão teórica, que se delineia segundo as
características universais e necessárias da filosofia. Nasce a Pedagogia como saber autônomo, sistemático, rigoroso;
nasce o pensamento da educação como episteme*, e não mais como éthos* e como práxis* apenas.
*Paidéia: nas suas origens e na sua acepção comum, indica o tipo de formação da criança (pais), mais idôneo a fazê-lo
crescer e tornar-se homem, assume pouco a pouco nos filósofos o significado de formação, de perfeição espiritual, ou
seja, de formação do homem no seu mais alto valor. Portanto, podemos dizer que a Paidéia, entendida ao modo
grego, é a formação da perfeição humana.
* Episteme: conhecimento verdadeiro, de natureza científica, em oposição à opinião infundada ou irrefletida.
* Éthos: conjunto dos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento e da cultura, característicos de
uma determinada época ou região.
* Práxis: prática.
Helenismo e a Educação
Trata-se de uma época que se delineia uma cultura cada vez mais científica, mais especializada, mais articulada em
formas diferenciadas entre si tanto pelos objetos quanto pelos métodos: é a época em que se desenvolve a ciência
física em formas quase experimentais, em que apresentam a filosofia e a historiografia em formas amadurecidas, em
que cresce a astronomia tanto quanto a geometria e a matemática, como também a botânica, a zoologia, a
gramática, dando vida a uma enciclopédia bastante complexa do saber.
Nesta época desenvolvem-se alguns centros de cultura: Rodes, Pérgamo, Alexandria; Alexandria em particular –
fundada por Alexandre Magno em 932 a. C. no Egito - , com a biblioteca e o museu, afirma-se como o centro de toda
cultura helenística, literária, filosófica e científica.
A Paidéia no período helenístico pode ser compreendida como uma orientação de vida, ou seja, apresentava-se como
um conjunto de orientações seguras, que indicavam o caminho da felicidade. Os “novos” educadores, além de ensinar
o homem a especular em torna da verdade, buscavam enfatizar que era preciso aprender a viver de forma virtuosa. A
vivência das virtudes era a garantia de uma vida feliz, por isso, a transmissão e a prática dos valores tornou-se o
conteúdo primordial das escolas nesse período.
FILOSOFIA
Pré-socráticos
Os filósofos pré-socráticos são, como sugere o nome, filósofos anteriores a Sócrates. Essa divisão propriamente, se dá
mais devido ao objeto de sua filosofia, em relação à novidade introduzida por Platão, do que à cronologia - visto que,
temporalmente, alguns dos ditos pré-socráticos são contemporâneos a Sócrates, ou mesmo posteriores a ele (como no
caso de alguns sofistas).
Primeiramente, os pré-socráticos, também chamados naturalistas ou filósofos da physis (natureza - entendendo-se
este termo não em seu sentido corriqueiro, mas como realidade primeira, originária e fundamental¹, ou o que é
primário, fundamental e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório²), tinham como escopo
especulativo o problema cosmológico, ou cosmo-ontológico, e buscavam o princípio (ou arché) das coisas.
Posteriormente, com a questão do princípio fundamental único entrando em crise, surge a sofística, e o foco muda do
cosmo para o homem e o problema moral.
Os principais filósofos pré-socráticos (e suas escolas) foram:
Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaximenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso;
Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;
Escola Eleata: Xenófanes, Parmênides de Eléia, Zenão de Eléia e Melisso de Samos.
Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de
Abdera.
Escola sofística
Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas
(discursos, etc) para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. O foco central de seus
ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco em estratégias de argumentação. Os mestres sofistas
alegavam que podiam "melhorar" seus discípulos, ou, em outras palavras, que a "virtude" seria passível de ser
ensinada.
Protágoras (481 a.C.-420 a.C.), Górgias (483 a.C.-376 a.C.), e Isócrates (436 a.C.-338 a.C.) estão entre os primeiros
sofistas conhecidos.
Diversos sofistas questionaram a propalada sabedoria recebida pelos deuses e a supremacia da cultura grega (uma
idéia absoluta à época). Argumentavam, por exemplo, que as práticas culturais existiam em função de convenções ou
"nomos", e que a moralidade ou imoralidade de um ato não poderia ser julgada fora do contexto cultural em que
aquele ocorreu. Tal posição questionadora levou-os a serem perseguidos, inclusive, por aqueles que se diziam amar a
sabedoria: os filósofos gregos.
A conhecida frase "o homem é a medida de todas as coisas" surgiu dos ensinamentos sofistas. Uma das mais famosas
doutrinas sofistas é a teoria do contra-argumento. Eles ensinavam que todo e qualquer argumento poderia ser
contraposto por outro argumento, e que a efetividade de um dado argumento residiria na verossimilhança (aparência
de verdadeiro, mas não necessariamente verdadeiro) perante uma dada platéia.
Os Sofistas foram os primeiros advogados do mundo, ao cobrar de seus clientes para efetuar suas defesas, dada sua
alta capacidade de argumentação. São também considerados por muitos os guardiões da democracia na antiguidade,
na medida em aceitavam a relatividade da verdade. Hoje, a aceitação do "ponto de vista alheio" é a pedra
fundamental da democracia moderna.
Sofística era originalmente o termo dado às técnicas ensinadas por um grupo altamente respeitado de professores
retóricos na Grécia antiga. O uso moderno da palavra, sugestionando um argumento inválido composto de raciocínio
especioso, não é necessariamente o representante das convicções do sofistas originais, a não ser daquele que
geralmente ensinaram retórica. Os sofistas só são conhecidos hoje pelas escritas de seus oponentes (mais
especificamente, Platão e Aristóteles) que dificulta formular uma visão completa das convicções dos sofistas.
Os sofistas são os primeiros a romperem com a busca pré-socrática por uma unidade originária (a physis) iniciada com
Tales de Mileto e finalizada em Demócrito de Abdera (que embora tenha falecido pouco tempo depois de Sócrates,
tem seu pensamento inserido dentro da filosofia pré-socrática).
A principal doutrina sofística consiste, em uma visão relativa de mundo (o que os contrapõe a Sócrates que, sem negar
a existência de coisas relativas, buscava verdades universais e necessárias). A principal doutrina sofística pode ser
expressa pela máxima de Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas".
Tal máxima expressa o sentido de que não é o ser humano quem tem de se moldar a padrões externos a si, que sejam
impostos por qualquer coisa que não seja o próprio ser humano, e sim o próprio ser humano deve moldar-se segundo a
sua liberdade.
Outro sofista famoso foi Górgias de Leontini, que afirmava que o 'ser' não existia. Segundo Górgias, mesmo que se
admitisse que o 'ser' exista, é impossível captá-lo. Mesmo que isso fosse possível, não seria possível enunciá-lo de
modo verdadeiro e, portanto, seria sempre impossível qualquer conhecimento sobre o 'ser'.
Estas visões contrastantes com a de Sócrates (que foram adotadas também por Platão e Aristóteles, bem como sua
"luta" anti-sofista) somada ao fato de serem estrangeiros - o que lhes conferia um menor grau de credibilidade entre
os atenienses - contribuiu para que seu pensamento fosse subvalorizado até tempos recentes.
Moral, Direito, Religião
A sofística sustenta o relativismo prático, destruidor da moral. Como é verdadeiro o que tal ao sentido, assim é bem o
que satisfaz ao sentimento, ao impulso, à paixão de cada um em cada momento. Ao sensualismo, ao empirismo
gnosiológicos correspondem o hedonismo e o utilitarismo ético: o único bem é o prazer, a única regra de conduta é o
interesse particular. Górgias declara plena indiferença para com todo moralismo: ensina ele a seus discípulos
unicamente a arte de vencer os adversários; que a causa seja justa ou não, não lhe interessa. A moral, portanto, como norma universal de conduta - é concebida pelos sofistas não como lei racional do agir humano, isto é, como a lei
que potencia profundamente a natureza humana, mas como um empecilho que incomoda o homem. Desta maneira, os
sofistas estabelecem uma oposição especial entre natureza e lei, quer política, quer moral, considerando a lei como
fruto arbitrário, interessado, mortificador, uma pura convenção, e entendendo por natureza, não a natureza humana
racional, mas a natureza humana sensível, animal, instintiva. E tentam criticar a vaidade desta lei, na verdade tão
mutável conforme os tempos e os lugares, bem como a sua utilidade comumente celebrada: não é verdade - dizem que a submissão à lei torne os homens felizes, pois grandes malvados, mediante graves crimes, têm freqüentemente
conseguido grande êxito no mundo e, aliás, a experiência ensina que para triunfar no mundo, não é mister justiça e
retidão, mas prudência e habilidade. Então a realização da humanidade perfeita, segundo o ideal dos sofistas, não
está na ação ética e ascética, no domínio de si mesmo, na justiça para com os outros, mas no engrandecimento
ilimitado da própria personalidade, no prazer e no domínio violento dos homens. Esse domínio violento é necessário
para possuir e gozar os bens terrenos, visto estes bens serem limitados e ambicionados por outros homens. É esta,
aliás, a única forma de vida social possível num mundo em que estão em jogo unicamente forças brutas, materiais.
Seria, portanto, um prejuízo a igualdade moral entre os fortes e os fracos, pois a verdadeira justiça conforme a
natureza material, exige que o forte, o poderoso, oprima o fraco em seu proveito. Quanto ao direito e à religião, a
posição da sofística é extremista também, naturalmente, como na gnosiologia e na moral. A sofística move uma justa
crítica, contra o direito positivo, muitas vezes arbitrário, contingente, tirânico, em nome do direito natural. Mas este
direito natural - bem como a moral natural - segundo os sofistas, não é o direito fundado sobre a natureza racional do
homem, e sim sobre a sua natureza animal, instintiva, passional. Então, o direito natural é o direito do mais
poderoso, pois em uma sociedade em que estão em jogo apenas forças brutas, a força e a violência podem ser o único
elemento organizador, o único sistema jurídico admissível.
Sócrates
Idéias filosóficas
As crenças de Sócrates, em comparação às de Platão, são difíceis de discernir. Há poucas diferenças entre as duas
idéias filosóficas. Conseqüentemente, diferenciar as crenças filosóficas de Sócrates, Platão e Xenofonte é uma tarefa
difícil e deve-se sempre lembrar que o que é atribuído a Sócrates pode refletir o pensamento dos outros autores.
Se algo pode ser dito sobre as idéias de Sócrates, é que ele foi moralmente, intelectualmente e filosoficamente
diferente de seus contemporâneos atenienses. Quando estava sendo julgado por heresia e por corromper a juventude,
usou seu método de elenchos para demonstrar as crenças errôneas de seus julgadores. Sócrates acredita na
imortalidade da alma e que teria recebido, em um certo momento de sua vida, uma missão especial do deus Apolo
Apologia, a defesa do logos apolíneo "conhece-te a ti mesmo".
Sócrates também duvidava da idéia sofista de que a arete (virtude) podia ser ensinada. Acreditava que a excelência
moral é uma questão de inspiração e não de parentesco, pois pais moralmente perfeitos não tinham filhos
semelhantes a eles. Isso talvez tenha sido a causa de não ter se importado muito com o futuro de seus próprios filhos.
Sócrates freqüentemente diz que suas idéias não são próprias, mas de seus mestres, entre eles Pródico e Anaxágoras
de Clazômenas .
Amor
No Simpósio, de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e
na genealogia do amor. As idéias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do amor.
Conhecimento
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância (Só sei que nada sei.). Ele acreditava
que os atos errados eram conseqüências da própria ignorância. Nunca proclamou ser sábio. A intenção de Sócrates era
levar as pessoas a se sentirem ignorantes de tanto perguntar, problematização sobre conceitos que as pessoas tinham
dogmas, verdades. De tanto questionar, principalmente os sábios, começou a arrebanhar inimigos.
Virtude
Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao
invés de buscar a riqueza material. Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade,
pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população. Suas ações são provas disso: ao fim de
sua vida, aceitou sua sentença de morte quando todos acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não
podia fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto
intelectuais. Dizia que a virtude era a mais importante de todas as coisas.
Política
Diz-se que Sócrates acreditava que as idéias pertenciam a um mundo que somente os sábios conseguiam entender,
fazendo com que o filósofo se tornasse o perfeito governante para um Estado. Se opunha à democracia aristocrática
que era praticada em Atenas durante sua época,essa mesma ídéia surge nas Leis,de Platão seu discípulo.Sócrates
acreditava que ao se relacionar com os membros de um parlamento a propria pessoa estaria-se fazendo de hipocrita.
Ruptura e Legado
Sócrates provocou uma ruptura sem precendentes na história da Filosofia grega, por isso ela passou a considerar os
filósofos entre pré-socráticos e pós-socráticos. Os sofistas, grupo de filósofos (embora seja negado por Platão)
originários de várias cidades, viajavam pelas pólis, onde discursavam em público e ensinavam suas artes, como a
retórica, em troca de pagamento. Sócrates se assemelhava exteriormente a eles, exceto no pensamento. Platão
afirma que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas. Sua pobreza era prova de que não era um sofista. Para os
sofistas tudo deveria ser avaliado segundo os interesses do homem e da forma como este vê a realidade
social(subjetividade). Isso significa que, segundo essa corrente de pensamento, as regras morais, as posições políticas
e os relacionamentos sociais deveriam ser guiados conforme a conveniência individual. Para este fim qualquer pessoa
poderia se valer de um discurso convicente, mesmo que falso ou sem conteúdo. Os sofistas usavam, de fato,
complicados jogos de palavras, no discurso para demonstrar a verdade[2] daquilo que se pretendia alcançar, este tipo
de argumento ganhou o nome de sofisma. Em resumo, a sofística destruia os fundamentos de todo conhecimento, já
que tudo seria relativo (relativismo) e os valores seriam subjetivos, assim como impedia o estabelecimento de um
conjunto de normas de comportamento que garantissem os mesmos direitos para todos os cidadãos da pólis. Tanto
quanto os sofistas, Sócrates abandonou a preocupação em explicar e se concentrou no problema do homem. No
entanto, contrariamente aos sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com estes, pois procurava um
fundamento último para as interrogações humanas ( O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?), enquanto
os sofistas situavam as suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a
investigação de um essência da virtude, da justiça do bem etc., a partir da qual a própria realidade empírica pudesse
ser avaliada.
Método
O método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em que, utilizando um discurso
caracterizado pela maiêutica (levar ou induzir uma pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao
conhecimento ou à solução de sua dúvida) e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando
depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado.
É atribuído a Sócrates, o grande filósofo grego do século V a.C., devido ao seu uso constante, registrado nos livros de
Platão.
O método socrático é uma abordagem para geração e validação de idéias e conceitos baseada em perguntas, respostas
e mais perguntas.
Também conhecido como Maiêutica: "É o método que consiste em parir idéias complexas a partir de perguntas simples
e articuladas dentro de um contexto."
Platão
Platão (em grego: Πλάτων, transl. Plátōn, "amplo"[1] Atenas, 428/427[a] – Atenas, 348/347 a.C.) foi um filósofo e
matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em
Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu
pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental.[2]
Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia
referência à sua característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla capacidade
intelectual de tratar de diferentes temas, entre eles a ética, a política, a metafísica e a teoria do conhecimento.
A sofisticação de Platão como escritor é especialmente evidente em seus diálogos socráticos; trinta e cinco diálogos e
treze cartas são creditadas tradicionalmente a ele, embora os estudiosos modernos tenham colocado em dúvida a
autenticidade de pelo menos algumas destas obras.[3] Estas obras também foram publicadas em diversas épocas, e
das mais variadas maneiras, o que levou a diferentes convenções no que diz respeito à nomenclatura e referenciação
dos textos.
Embora não exista qualquer dúvida de Platão lecionou na Academia fundada por ele, a função pedagógica de seus
diálogos - se é que alguma existia - não é conhecida com certeza. Os diálogos, desde a época do próprio Platão, eram
usados como ferramenta de ensino nos tópicos mais variados, como filosofia, lógica, retórica, matemática, entre
outros.
Pensamento platônico
Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de
realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as
coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.
Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Idéias ou Teoria das Formas. Foi desenvolvida como
hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma
inteligibilidade relativa aos fenômenos.
Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto
concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua categoria de uma Idéia perfeita. Uma
determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá
outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas
é, para Platão, a Idéia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão
diz, então, que algo é na medida em que participa da Idéia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco
de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.
O problema que Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heráclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a
mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a permanência de qualquer coisa; para
o segundo, o movimento é que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é, não pode passar
a ser; assim, não há mudança.
Por exemplo, o que faz com que determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o que
faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há aqui uma
mudança, tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a
outra. Para Heráclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para Parmênides, ela nunca muda, é
sempre a mesma e sua mudança é uma ilusão .
Platão resolve esse problema com sua Teoria das Idéias. O que há de permanente em um objeto é a Idéia; mais
precisamente, a participação desse objeto na sua Idéia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é
uma Idéia, mas uma incompleta representação da Idéia desse objeto. No exemplo da árvore, o que faz com que ela
seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem
e de outras árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é a sua participação na Idéia de
Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da Idéia de Árvore.
Platão também elaborou uma teoria gnosiológica, ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas,
ou ainda, uma teoria do conhecimento. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, uma pessoa se lembra, aos
poucos, da Idéia daquele objeto que viu no mundo das Idéias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito
(ou uma metáfora) segundo a qual, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as
Idéias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o
que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode
ver), a alma se recorda da Idéia daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão, chama-se
anamnesis.
A reminiscência
Uma das condições para a indagação ou investigação acerca das Idéias é que não estamos em estado de completa
ignorância sobre elas. Do contrário, não teríamos nem o desejo nem o poder de procurá-las. Em vista disso, é uma
condição necessária, para tal investigação, que tenhamos em nossa alma alguma espécie de conhecimento ou
lembrança de nosso contato com as Idéias (contato esse ocorrido antes do nosso próprio nascimento) e nos recordemos
das Idéias ao vê-las reproduzidas palidamente nas coisas.
Deste modo, toda a ciência platônica é uma reminiscência. A investigação das Idéias supõe que as almas preexistiram
em uma região divina onde contemplavam as Idéias. Podemos tomar como exemplo o Mito da Parelha Alada,
localizado no diálogo Fedro, de Platão. Neste diálogo, Platão compara a raça humana a carros alados. Tudo o que
fazemos de bom, dá forças às nossas asas. Tudo o que fazemos de errado, tira força das nossas asas. Ao longo do
tempo fizemos tantas coisas erradas que nossas asas perderam as forças e, sem elas para nos sustentarmos, caímos no
Mundo Sensível, onde vivemos até hoje. A partir deste momento, fomos condenados a vermos apenas as sombras do
Mundo das Idéias.
Amor
No Simpósio, de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e
na genealogia do amor. As idéias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do amor.
Conhecimento
Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a
influência de Sócrates, ele buscava a verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do
conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo busca
a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar
e, se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve
ser buscada em algo superior.
Como seu mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As coisas devem ter um outro
fundamento, além do físico, e a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento, não das coisas mas do além
das coisas. Esta busca racional é contemplativa. Isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem, não
meramente como sujeito particular, mas como participante das verdades essenciais do ser.
O conhecimento era o conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não enquanto corpo, mas
enquanto alma. O conhecimento contido na alma era a essência daquilo que existia no mundo sensível. Portanto, em
Platão, também a técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita participa do
mundo perfeito das idéias, porém este formalismo só é reconhecível na experiência sensível.
Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. Assim a forma de
conhecimento era um reconhecimento, que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre possuíra e que o
levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as verdades. A obtenção do autoconhecimento era um
caminho árduo e metódico.
Quanto ao mundo material, o homem poderia ter somente a doxa (opinião) e téchne (técnica), que permitia a sua
sobrevivência, ao passo que, no mundo das idéias, o homem pode ter a épisthéme, o conhecimento verdadeiro, o
conhecimento filosófico,.
Platão não defendia que todas as pessoas tivessem igual acesso à razão. Apesar de todos terem a alma perfeita, nem
todos chegavam à contemplação absoluta do mundo das idéias.
Política
"Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes,
que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima,
326b).
Esta afirmação de Platão deve ser compreendida com base na teoria do conhecimento, e lembrando que o
conhecimento para Platão tem fins morais.
Todo o projecto político platónico foi traçado a partir da convicção de que a Cidade-Estado ideal deveria ser
obrigatoriamente governada por alguém dotado de uma rigorosa formação filosófica.
Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam aos estamentos da
pólis:
A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de
ouro e utiliza a razão.
A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiães da pólis,
pois sua alma de prata é imbuída de vontade. E, por fim,
A terceira virtude, a temperança, que deveria ser o baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de
bronze orienta-se pelo desejo das coisas sensíveis.
O homem e a alma
O homem para Platão era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o imaterial e o divino que o
homem possuía. Enquanto o corpo está em constante mudança de aparência, a alma não muda nunca. Desde quando
nascemos, temos a alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão inscritas na alma eternamente,
porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada no corpo.
Para Platão a alma é divida em três partes:
1 Racional: cabeça; esta tem que controlar as outras duas partes. Sua virtude é a sabedoria ou prudência (phrónesis).
2 Irascível: tórax; parte da impetuosidade, dos sentimentos. Sua virtude é a coragem (andreía).
3 Concupiscente: baixo ventre; apetite, desejo, mesmo carnal (sexual), ligado ao libido. Sua virtude é a moderação
ou temperança (sophrosýne).
Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se ocupava com a filosofia
e com o Bem, esta era privilegiada com a morte do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus
tempos em companhia dos deuses.
Por meio da relação de sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das Idéias e aspira ao
conhecimento e às idéias do Bem e da Justiça. A partir da contemplação do mundo das Idéias, o Demiurgo, tal como
Platão descreveu no Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma criação ex nihilo, isto é, do nada, como
no caso do Deus judaico-cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria (Timeu, 53b) nem é a fonte da racionalidade das
Idéias por ele contempladas. A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo das Idéias o homem não
pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode ser mais perfeito.
Aristóteles
Aristóteles (em grego Αριστοτέλης) (Estagira, Calcídica, 384 a.C. - 322 a.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e
professor de Alexandre, o Grande, considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do
pensamento lógico.
Aristóteles figura entre os mais influentes filósofos gregos, ao lado de Sócrates e Platão, que transformaram a
filosofia pré-socrática, construindo um dos principais fundamentos da filosofia ocidental. Aristóteles prestou
contribuições fundantes em diversas áreas do conhecimento humano, destacando-se: ética, política, física,
metafísica, lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia, história natural.
É considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental, a exemplo das palavras que ele
criou e que passaram para quase todas as línguas modernas (atualidade, axioma, categoria, energia, essência,
potencial, potência, tópico, virtualidade e muitas outras). Sua influência também pode ser percebida na obra "A
Divina Comédia" de Dante Alighieri já que toda a astronomia dantesca se funda em Aristóteles e seus comentadores.
Foi chamado por Augusto Comte de "o príncipe eterno dos verdadeiros filósofos", por Platão de "o leitor" (pela avidez
com que lia e por se ter cercado dos livros dos poetas, filósofos e homens da ciência contemporâneos e anteriores) e,
pelos pensadores árabes, de o "preceptor da inteligência humana". Por ter estudado uma variada gama de assuntos, e
por ter sido também um discípulo que em muito sentidos ultrapassou o mestre, Platão, é conhecido também como O
Filósofo. Aristóteles também foi chamado de o estagirita, pela terra natal, Estagira.
O pensamento aristotélico
A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles
via o próprio pensamento como o ponto culminante do processo desencadeado por Tales de Mileto. A filosofia
pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das filosofias anteriores. Ao mesmo
tempo, trilhou novos caminhos para fundamentar as críticas, revisões e novas proposições.
Aluno de Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da filosofia. Platão concebia dois mundos existentes:
aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo concreto -, em constante mutação; e outro mundo - abstrato -,
o das ideias, acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do espaço material. Aristóteles,
ao contrário, defende a existência de um único mundo: este em que vivemos. O que está além de nossa experiência
sensível não pode ser nada para nós.
Lógica
Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma introdução para as ciências e para o conhecimento e baseia-se no
silogismo, o raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja
uma conclusão necessária. O silogismo é dedutivo parte do universal para o particular; a indução, ao contrário, parte
do particular para o universal. Dessa forma, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também
será.
Física
A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas análises dos conceitos de crescimento,
alteração e mudança. A teoria do ato e potência, com implicações metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e
potência relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria e forma com a ausência de movimento.
Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de acordo com a natureza: o éter, acima de
tudo; logo abaixo, o fogo; depois a água e, por último, a terra.
Psicologia
A Psicologia é a teoria da alma e baseia-se nos conceitos de alma (psykhé) e intelecto (noûs). A alma é a forma
primordial de um corpo que possui vida em potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez, não se
restringe a uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além dele.
O organismo, uma vez desenvolvido, recebe a forma que lhe possibilitará perfeição maior, fazendo passar suas
potências a ato. Essa forma é alma. Ela faz com que vegetem, cresçam e se reproduzam os animais e plantas e
também faz com que os animais sintam.
No homem, a alma, além de suas características vegetativas e sensitivas, há também a característica da inteligência,
que é capaz de apreender as essências de modo independente da condição orgânica.
Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem. Seria passiva, ao passo que o homem seria
ativo.
Biologia
A biologia é a ciência da vida e situa-se no âmbito da física (como a própria psicologia), pois está centrada na relação
entre ato e potência. Aristóteles foi o verdadeiro fundador da zoologia - levando-se em conta o sentido etimológico
da palavra. A ele se deve a primeira divisão do reino animal.
Aristóteles é o pai da teoria da abiogênese, que durou até séculos mais recentes, segundo a qual um ser nascia de um
germe da vida, sem que um outro ser precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das aves que vivem à
beira das lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas próximas.
Ainda no campo da biologia, Aristóteles foi quem iniciou os estudos científicos documentados sobre peixes sendo o
precursor da ictiologia (a ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes marinhos e
descreveu seu comportamento. É considerado como elemento histórico da evolução da piscicultura e da aquariofilia.
Metafísica
O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia
primeira. Esta é a ciência que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e
imediata apreensão sensorial.
O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma definição única. O filósofo deu
quatro definições para metafísica:
a ciência que indaga causas e princípios;
a ciência que indaga o ser enquanto ser;
a ciência que investiga a substância;
a ciência que investiga a substância supra-sensível.
Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância e acidente possuem especial importância na metafísica
aristotélica.
As quatro causas
Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de algo:
A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por exemplo);
A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila);
A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a argila);
A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para enfeitar um ambiente).
A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda a Natureza, que é como um artista que age no interior das
coisas.
Essência e acidente
Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em alguma coisa.
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não
pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de estória ou informações
estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter uma estória ou
informações é o que permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente "maço de papel").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua
falta (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser
grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma cor, ainda assim tal
característica não faz de uma flor o que ela é).
Potência, ato e movimento
Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente
(uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É
interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em
ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que
Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é
sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção
de Deus em que Deus seria "Ato Puro".
Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da
potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência
enquanto está em potência.
O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização pode ocorrer através da ação (gerada pela potência
ativa) e perfeição (gerada pela potência passiva).
Ética
No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos exata na medida em que se ocupa com assuntos
passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode
ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu
objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade.
Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a cada um e que constituem o caráter), a moral
mostra como essas disposições devem ser modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições costumam estar
afastadas do meio-termo, estado que Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras
muito audaciosas. A virtude é o meio-termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma
virtude e seus contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de coragem).
As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido quando as relações humanas desaparecem,
como, por exemplo, em relação a Deus. Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual, que pertence
apenas a alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É
assim que a contemplação aproxima o homem de Deus.
Política
Alexandre e Aristóteles.Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento natural da ética. Ambas, na verdade,
compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia prática.
Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se preocupa com a felicidade coletiva da
pólis. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes
de assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a constituição do estado.
Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da época em que ele era preceptor de
Alexandre, o Grande.
Direito
Para Aristóteles, assim como a política, o direito também é um desdobramento da ética. O direito para Aristóteles é
uma ciência dialética, por ser fruto de teses ou hipóteses, não necessariamente verdadeiras, validadas principalmente
pela aprovação da maioria.
Retórica
Aristóteles considerava importante o conhecimento da retórica, já que ela se constituiu em uma técnica (por habilitar
a estruturação e exposição de argumentos) e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica é o
entimema (silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se subentende uma premissa ou uma conclusão. O
discurso retórico opera em três campos ou gêneros: gênero deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico
(ostentoso, demonstrativo).
Poética
A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica, a lírica e a dramática: (tragédia e comédia). A imitação visa
a recriação e a recriação visa aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem apresentase de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica apresenta o homem como maior do que realmente é,
idealizando-o; a tragédia apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem ressaltando
seus vícios ou defeito.
Astronomia
O cosmos aristotélico é apresentado como uma esfera gigantesca, porém finita, à qual se prendiam as estrelas, e
dentro da qual se verificava uma rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então
conhecidos e que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema (sistema geocêntrico).[3]
Os corpos celestes não seriam formados por nenhum dos chamados quatro elementos transformáveis (terra, água, ar,
fogo), mas por um elemento não transformável designado "quinta essência". Os movimentos circulares dos objetos
celestes seriam, além de naturais, eternos.
Helenismo
A ciência na era helenística
A ciência alcançou um grande desenvolvimento no período helenístico, não sendo ultrapassada nas suas realizações
durante muitos séculos.
Na medicina, destacaram-se Herófilo e Erasístrato, que viveram em Alexandria na primeira metade do século III a.C..
Herófilo, considerado o fundador da anatomia, recusou-se a aceitar os dogmas estabelecidos, atribuindo maior
importância à observação direta. Fez estudos importantes no campo da frenologia, tendo feito a distinção entre
cérebro e cerebelo. Descreveu também o duodeno, o pâncreas e a próstata e descobriu o ritmo do pulso,
apresentando lei matemática para a sístole e a diástole.
Erasístrato, considerado o iniciador da fisiologia, salientou-se pelo estudo dos vasos sanguíneos e da circulação do
sangue. Descreveu também os pulmões.
Na matemática, Euclides de Alexandria, autor de Elementos, lançou nesta obra as bases da geometria como ciência.
Apolónio de Perga estuda as seções cônicas. Mas o maior matemático foi Arquimedes de Siracusa (c.287 a.C.-212 a.C.)
que inventou o cálculo integral e descobriu a lei da impulsão, tendo realizado também algumas invenções (planetário,
bomba aspirante).
Na astronomia, Aristarco de Samos (c.310 a.C.-230 a.C.) defendeu que o Sol era o centro do sistema planetário
(heliocentrismo), teoria que gerou polêmica na época e foi contestada por Arquimedes e Hiparco de Niceia. Este
último foi responsável pela atribuição ao ano solar da duração de 365 dias, 5 horas, 55 minutos e 12 segundos, um
cálculo errado apenas por 6 minutos e 26 segundos. Eratóstenes de Cirene (c.[[275 a.C.-194 a.C.) descreveu a Via
Láctea e organizou a geografia como ciência.
Filosofia helenística
Para a filosofia, contudo, o helenismo marcou o surgimento de um novo período: a filosofia helenística (cujo início é
tradicionalmente associado com a morte de Alexandre, em 323 a.C.).
As principais escolas filosóficas deste período são:
Estoicismo
Epicurismo
Ceticismo
É nesse período do pensamento ocidental que a filosofia se expande da Grécia para outros centros como Roma e
Alexandria.
Neoplatonismo
O Neoplatonismo foi uma corrente de pensamento iniciada no século III que se baseava nos ensinamentos de Platão e
dos platônicos, mas interpretando-os de formas bastante diversificadas. Apesar de muitos neoplatônicos não
admitirem, o neoplatonismo era muito diferente da doutrina platônica. O prefixo neo, inclusive, só foi adicionado
pelos estudiosos modernos para distinguir entre os dois, mas na época eles se autodenominavam platônicos.
História
O neoplatonismo começou com o filósofo Plotino, apesar de ele afirmar que recebeu os ensinamentos de Amônio
Sacas, um estivador iletrado em Alexandria. Os escritos de Plotino foram reunidos pelo pupilo Porfírio nas Seis
Enéadas.
O neoplatonismo é uma forma de monismo idealista. Plotino ensinou a existência de um Uno indescritível do qual
emanou uma sequência de seres menores. Os filósofos do neoplatonismo tardio, especialmente Jâmblico, adicionaram
centenas de deuses e seres intermediários como emanações entre o Uno e a humanidade. Mas o sistema de Plotino era
muito mais simples em comparação. Os neoplatônicos não acreditavam no mal e negavam que este pudesse ter uma
real existência no mundo. Isto era mais uma visão otimista do que dizer que tudo era, em última instância, bom. Era
dizer apenas que algumas coisas eram menos perfeitas que outras. O que outros chamavam de mal, os neoplatônicos
chamavam de imperfeição, de "ausência de bem". Neoplatônicos acreditavam que a perfeição humana e a felicidade
poderiam ser obtidas neste mundo e que alguém não precisaria esperar uma pós-vida (como na doutrina cristã).
Perfeição e felicidade (uma só e mesma coisa) poderiam ser adquiridas pela devoção à contemplação filosófica.
Entre os neoplatônicos posteriores estão incluídos Porfírio, Proclo, Jâmblico e Hipátia de Alexandria. Agostinho de
Hipona foi neoplatônico antes da conversão ao catolicismo e algumas das obras mais otimistas foram escritas durante
este período.
O neoplatonismo foi frequentemente usado como um fundamento filosófico do paganismo clássico, e como um meio
de defender o paganismo do cristianismo. Mas muitos cristãos também foram influenciados pelo neoplatonismo. Em
versões cristãs do neoplatonismo, o Uno é identificado como Deus. O mais importante destes foi Pseudo-Dionísio, o
Areopagita, cuja obra foi muito influente na idade média. Agostinho de Hipona (ou como é mais conhecido, por Santo
Agostinho) se converteu ao Cristianismo por influência de Plotino, levando muitos estudiosos a rotular Agostinho o
como um franco neoplatonista. Contudo, eles notam que a subordinação da filosofia de Agostinho às Escrituras leva-a
a diferir da filosofia não-cristã. Alguns estudiosos mostraram que o neoplatonismo também foi influenciado pela
teologia cristã, notavelmente pelos sistemas de crenças do Gnosticismo.
Na idade média as idéias neoplatônicas influenciaram o pensamento dos judeus cabalistas, como Isaac, o Cego. No
entanto, os cabalistas modificaram o neoplatonismo de acordo com as próprias propensões monoteístas. Um famoso
filósofo judeu neoplatônico do início da idade média foi Salomão Ibn Gabirol. As idéias neoplatônicas também foram
levadas para os pensadores islâmicos e sufis durante esse período, como Alfarabi e, através deste, Avicena.
O neoplatonismo sobreviveu no oriente como uma tradição independente e foi reintroduzida no ocidente por Plethon
e subsequentemente revivido na renascença italiana por figuras como Marsílio Ficino, os Medici e Sandro Botticelli.
Referências
"Neoplatonismo e Aristotelismo da Filosofia Árabe Medieval", SPINELLI, Miguel.
Revista Portuguesa de Filosofia, Vol. 55, 1999, pp. 59 – 98
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