Resumo O presente trabalho apresenta, em sua primeira parte, o estado atual da produção florestal brasileira, focando principalmente nos mercados de produtos não-madeireiros. Constata-se sua latente defasagem vis-à-vis os produtos madeireiros, a partir da análise de dados oficiais da evolução da produção florestal em suas distintas categorias, da participação de cada uma no PIB e na geração de empregos, entre outros. Torna-se inequívoca a conclusão de que o Brasil não está explorando adequadamente o potencial de sua biodiversidade no tocante ao comércio de produtos florestais não-madeireiros. Nosso país poderia e deveria explorar comercialmente os produtos de suas florestas de maneira mais contundente, inclusive inserindo muitos deles no comércio internacional como produtos de alto valor agregado. Para tal, uma ferramenta essencial é a obtenção do registro de procedência, através das chamadas indicações geográficas (IGs). Na segunda parte deste trabalho exploramos a fundo este instrumento de propriedade intelectual e sua utilidade para o desenvolvimento do comércio internacional de produtos florestais brasileiros, contribuindo inclusive para a melhoria do saldo da balança comercial, entre outros impactos macroeconômicos positivos. Melhorias microeconômicas – as tradicionais externalidades positivas – também são abordadas, como o desenvolvimento de economias locais e consolidação de comunidades tradicionais, e a exploração sustentável dos recursos florestais, favorecendo a preservação ambiental. Ao final do trabalho elencam-se medidas de política pública para desenvolver as IGs, apontando as que já vêm sendo implementadas, ainda que de maneira incipiente. Desta forma, este trabalho contribui a partir de uma abordagem inovadora para atuação do Sistema Florestal Brasileiro (SFB) em sua tarefa de inserção dos produtos florestais no mercado internacional. Sem defender subsídios econômicos diretos – que sabidamente distorcem a alocação de recursos na economia – defende-se uma política pública para todos, cujo resultado será a intensificação da utilização de um instrumento relativamente simples e absolutamente subutilizado no Brasil, mas que pode trazer grandes impactos positivos. Os benefícios apontados tanto na literatura quanto em casos práticos inclusive nacionais são explorados ao longo deste texto, e transpassam os mercados específicos, atingindo a sociedade brasileira como um todo. Palavras-chave: Produtos florestais não-madeireiros. Indicações geográficas. Comércio Internacional.