Pragas Florestais Edmundo Manuel R. de Sousa Resumo Sabe-se com efeito que nas florestas, certos fatores de “stress” podem induzir uma reação que direta ou indiretamente provoca uma diminuição gradual do vigor das árvores. No entanto, sem pôr em causa que ao longo do tempo e do espaço um ecossistema possa vir a ser afetado por um fator desfavorável que, em dado momento, se torne determinante no processo de enfraquecimento das árvores, é de modo geral aceite que perturbações da floresta são fundamentalmente desencadeadas por múltiplos fatores que, atuando sequencial ou simultaneamente, rompem o equilíbrio do ecossistema colocando-o em situações complexas de desequilíbrio nas quais os agentes bióticos intervêm em conjugação com outros fatores. Por outro lado, o desequilíbrio produção/consumo e a procura crescente de madeira e de outras matérias-primas têm levado à destruição de ecossistemas naturais e à florestação e reflorestação de vastas áreas, originando o aparecimento de grandes manchas de povoamentos puros e equiénios. Num caso e noutro, a intervenção do Homem induziu alterações não compensadas internamente quebrando o equilíbrio dinâmico dos ecossistemas e aumentando o risco de aparecimento de problemas fitossanitários em larga escala (quer espaciais quer temporais), traduzidos em alterações no desenvolvimento a nível individual, decréscimo da produção e mesmo a morte das árvores. Mas, a suscetibilidade global de um povoamento pode também a cada momento aumentar ou diminuir, não só consoante as mudanças progressivas das características da floresta (estrutura e densidade dos povoamentos, dimensões das árvores), como também por perturbações que afetam as árvores (p. ex.: incêndio florestal, intensificação da exploração, excesso ou falta de água). Assim, esta relação entre a dinâmica dos povoamentos e a dinâmica dos agentes envolvidos deve ser sempre considerada quando se tenta saber qual a natureza de um dado problema sanitário. São assim várias as pragas florestais que têm vindo a criar problemas fitossanitários na floresta em Portugal (montado de sobro e azinho, pinhal e eucaliptal), algumas endémicas mas outras recentemente introduzidas através do aumento da circulação de produtos florestais, de derivados ou, de plantas ou da migração natural em função das alterações climáticas. Esta complexidade de fatores e fenómenos leva cada vez mais à necessidade de interpretação dos problemas fitossanitários na ótica do ecossistema, o que por um lado aumenta-nos o grau de dificuldade de avaliação mas por outro aproxima-nos do conhecimento real dos problemas. Esta tomada de consciência tem aproximado cada vez mais a Proteção Florestal da Silvicultura. De facto, a Proteção Florestal deixou de se confinar no espaço das disciplinas que, em termos clássicos, a enformam e é hoje uma área inserida num conceito mais amplo com uma dupla intervenção: intervenção de carácter preventivo na previsão de riscos e delineamento de estratégias numa ótica pluridisciplinar; intervenção a jusante face a situações fitossanitárias graves que pontualmente vão ocorrendo.