Workshop Serviços do Ecossistema em Espaços Florestais Contributos para uma Economia Verde 24 Maio 2012 | Aud. Vergílio Ferreira, Gouveia RELATÓRIO DE CONCLUSÕES 1. Enquadramento e Objectivos Este workshop, organização conjunta entre a Autoridade Florestal Nacional, a URZE – Associação Florestal da Encostra da Serra da Estrela, a Forestis – Associação Florestal de Portugal e o Centro PINUS – Associação para a Valorização da Floresta de Pinho, deu sequência ao previsto no âmbito dos trabalhos do Grupo de Trabalho dos Serviços do Ecossistema em Espaços Florestais (SEEF), permitindo a participação aberta a todos os interessados na discussão e partilha de opiniões sobre esta temática. Como principal objectivo deste Workshop, com particular enfoque às iniciativas locais, foi o de reconhecer a importância social e económica destes serviços, muitas vezes assumidos como bens públicos e o de tentar encontrar soluções que assegurem a sua sustentabilidade. Nesse sentido, foi organizado em 3 painéis: Painel I - Produção e Oferta de Serviços no qual foram apresentados alguns exemplos práticos e soluções que dão prioridade aos serviços dos ecossistemas em espaços florestais, bem como a relação com instrumentos existentes, nomeadamente as ZIF e os processos de certificação; Painel II - Boas práticas de Gestão Florestal e Indicadores, no qual se abordaram as questões das boas práticas florestais e o contributo que os sistemas de certificação florestal podem ter na implementação, avaliação e monitorização de indicadores com relação aos Serviços do Ecossistema em Espaços Florestais; Painel III - Valoração de SEFF: Mecanismos e formas de financiamento, painel onde foram apresentados alguns exemplos de fundos existentes e outros mecanismos que poderão contribuir para o financiamento destes serviços. 2. Principais conclusões Como primeira nota que importa realçar foi o elevado interesse suscitado pelas diversas intervenções, que resultou num elevado grau de participação dos presentes, cujo universo era bastante diversificado. Das 63 pessoas presentes, estiveram representantes das principais entidades públicas como o caso da AFN, do ICNB, ARH do Centro, CCDR-Centro, universidades e municípios. Das entidades privadas identificaram-se representantes de empresas de turismo, de organizações de desenvolvimento local, associações florestais, ONG do ambiente e entidades certificadoras de gestão florestal sustentável, entre outras. Workshop Serviços do Ecossistema em Espaços Florestais Contributos para uma Economia Verde 24 Maio 2012 | Aud. Vergílio Ferreira, Gouveia Como principais conclusões decorrentes da apresentação pelos diversos oradores e na sequência do resultado do debate, foram identificados alguns pontos que mereceram destaque e que se descrevem a seguir: A importância da existência de projectos que permitam requalificar zonas com elevado potencial de oferta de serviços de ecossistemas, geralmente com baixa produtividade florestal e com graves problemas de despovoamento e desertificação, cujo planeamento e implementação deverá ser sempre numa lógica de percepção do território e com o envolvimento dos agentes locais; De forma articulada, e com os instrumentos correctos, é possível dinamizar e revitalizar, de forma sustentável, as actividades económicas associadas ao aproveitamento dos recursos endógenos existentes, proporcionando um adequado desenvolvimento das zonas rurais; Os sistemas de apoio e financiamento devem ser dirigidos aos proprietários/gestores florestais, apresentando-se as ZIF como ferramentas que possibilitam o retorno/remuneração ao proprietário florestal pelos serviços que produz. Os modelos de gestão e intervenção do espaço florestal como as Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) baseiam-se em estruturas e ferramentas de participação e gestão dos espaços, que pela sua dimensão e características produzem e promovem um elevado número de SEEF como a água, a fixação do carbono, a biodiversidade e a paisagem. A certificação florestal deve constituir um instrumento para a avaliação, monitorização e verificação dos serviços proporcionados pelos ecossistemas florestais. A gestão de acordo com os requisitos destes sistemas contribui para a manutenção, ou melhoria, dos SEEF bem como para uma monitorização e verificação credível, confirmada por entidades independentes. Existem alguns projectos de âmbito local/regional que têm procurado identificar os serviços dos ecossistemas dos espaços florestais (SEEF) e de desenvolvimento de metodologias que permitam a consequente definição de modelos de governança e de valorização; Os SEEF ainda não remunerados devem ser vistos dominantemente como tendo um carácter complementar dos objectivos de exploração que o Workshop Serviços do Ecossistema em Espaços Florestais Contributos para uma Economia Verde 24 Maio 2012 | Aud. Vergílio Ferreira, Gouveia mercado já enquadra e cuja importância varia em função dos objectivos de gestão e das características do território; Deverá ser tida em consideração os documentos e informação existente relacionada com as boas práticas de gestão que potenciam e salvaguardam já diversos serviços dos ecossistemas; Outra informação de caracter público que poderá contribuir para dar resposta a alguns indicadores relacionados com os SEEF, designadamente a correspondente aos indicadores adoptados pelas Convenções do Rio (Desertificação, Biodiversidade e Alterações Climáticas) deverá ser igualmente tida em conta na avaliação desses serviços, de forma articulada e convergente, sempre que possível, com os processos já identificados, como sejam as Zonas de Intervenção Florestal e os sistemas de certificação. Apesar do reconhecimento da importância dos SEEF na contribuição que podem vir a ter no desenvolvimento económico rural, os mesmos ainda não são valorizados no contexto dos modelos económicos actuais e são ainda insuficientemente reconhecidos pela sociedade. Deverão ser desenvolvidos instrumentos que orientem e potenciem a relação entre os espaços florestais e as actividades turísticas que deles dependem e se desenvolvem, contribuindo para um adequado modelo económico a nível local, cujo retorno deverá reverter para os responsáveis pela gestão e manutenção desses espaços. O envolvimento dos actores locais na operacionalização dos modelos de sustentabilidade, através do alcance de objectivos partilhados, deverá constituir a forma de intervenção a privilegiar. Importa dar a conhecer e informar acerca dos diversos fundos e mecanismos financeiros existentes cujos propósitos estejam em consonância com a salvaguarda ou o aumento potencial dos SEEF, para que os mesmos possam ser adequadamente utilizados.