SP1 - Departamento de Informática

Plataforma Ubíqua para Acompanhamento de
Doentes Psiquiátricos em situação de
Pós-Internamento
Proposta de Projeto
Orientador: Sebastião Pais
Departamento de Informática @ UBI
2016/2017
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Psiquiatria
A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer "arte de curar a alma" (Kay
et al. (2002)).
Aparentemente, a Psiquiatria originou-se no século V A.C., enquanto que os
primeiros hospitais para doentes mentais foram criados na Idade Média. Durante
o século XVIII a Psiquiatria evoluiu como campo médico e as instituições para
doentes mentais passaram a utilizar tratamentos mais elaborados e humanos. No
século XIX houve um aumento importante no número de pacientes. No século
XX houve o renascimento do entendimento biológico das doenças mentais, introdução de classificações para os transtornos e medicamentos psiquiátricos. Estudos científicos continuam a buscar explicações para as origens, classificação e
tratamento dos transtornos mentais (Pereira (2010)).
Psiquiatria é uma especialidade da Medicina que lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação das diferentes formas de sofrimentos mentais, sejam elas de cunho orgânico ou funcional, com manifestações psicológicas severas. São exemplos: a depressão, o transtorno bipolar, a esquizofrenia, a demência e os transtornos de ansiedade. A meta principal do tratamento
destes sofrimentos psicológicos, é o alívio do sofrimento e o bem-estar psíquico.
Para isso, é necessária uma avaliação completa do paciente, com perspetivas
biológica, psicológica e de ordem cultural, entre outras afins. Uma doença ou
problema psíquico pode ser tratado com medicamentos ou terapêuticas diversas,
como a psicoterapia, prática de maior tradição no tratamento (Neto (2003)).
Em casos de sofrimento grave do paciente e risco para si e para os outros que o
cercam, a indicação de internação pode até ocorrer de forma involuntária.
No que respeita aos transtornos mentais, estes são descritos por suas características patológicas, ou psicopatologia, que é um ramo descritivo destes fenómenos.
Muitas doenças psiquiátricas ainda não têm cura. Enquanto algumas têm curso
breve e poucos sintomas, outras são condições cronicas que apresentam importante impacto na qualidade de vida do paciente, necessitando de tratamento a
longo prazo ou por toda a vida. A efetividade do tratamento também varia em
cada paciente.
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1.1
Orientador: Sebastião Pais
O tratamento em psiquiatria
A terapêutica psiquiátrica evoluiu muito nas últimas décadas. No passado os pacientes psiquiátricos eram hospitalizados em hospitais psiquiátricos por muitos
meses ou mesmo por toda a vida. Nos dias de hoje, a maioria dos pacientes é
atendida em ambulatório (consultas externas). Se a hospitalização é necessária,
em geral é por poucas semanas, sendo que poucos casos necessitam de hospitalização a longo prazo (Pereira (2010)).
O tratamento requer o consentimento do paciente, embora em muitos países
existam leis que permitem o tratamento compulsório em determinados casos.
Como com qualquer outro medicamento, medicamentos psiquiátricos podem apresentar efeito colateral e necessitar de monitoramento da droga frequente, como
por exemplo, hemograma e litemia (necessária para pacientes em uso de sal de
lítio). Eletroconvulsoterapia (ECT ou terapia de eletrochoque) às vezes pode ser
administrada para condições graves que não respondem ao medicamento. Existe
muita controvérsia sobre este tratamento, apesar de evidências de sua eficácia
(Pereira (2010)).
Alguns estudos pilotos demonstraram que a estimulação magnética transcraniana repetitiva pode ser útil para várias condições psiquiátricas (como depressão
nervosa, alucinações auditivas). No entanto, o potencial da estimulação magnética transcraniana para a diagnóstica e terapia psiquiátrica ainda não foi
comprovado, por falta de estudos clínicos de longo prazo (Ridding et Rothwell
(2007)).
Doentes psiquiátricos podem ser seguidos em internamento ou em regime ambulatorial. Neste último, eles vão às consultas no ambulatório, geralmente marcadas
antecipadamente, com duração de 30 a 60 minutos. Nestas consultas geralmente
o psiquiatra entrevista o doente para atualizar a sua avaliação do estado mental,
revê a terapêutica e pode realizar abordagem psicoterápica. A frequência com
que o médico marca as consultas varia de acordo com a severidade e tipo de cada
doença (Pereira (2010)).
Existem duas formas de internamento psiquiátrico, o voluntário e o compulsivo.
Os pacientes podem ser internados voluntariamente quando o quadro clínico
o justifique e este seja aceite pelo paciente. O internamento compulsivo terá
lugar sempre que o paciente seja alvo de um mandado e/ou processo de internamento compulsivo por reunir as condições previstas na Lei de Saúde Mental
(Lei no .36/98 de 24 de Julho - Portugal) (Pereira (2010)). Os critérios para a
internamento compulsivo variam de país para país, mas em geral visam a presença de transtorno mental que coloque em risco imediato a saúde do próprio de
terceiros ou a propriedade.
Quando internados os pacientes são avaliados, monitorados e medicados por
uma equipe multidisciplinar, que inclui enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, médicos e outros profissionais de saúde (Pereira (2010)).
1.2
Pós-Internamento
Atualmente na Psiquiatria, vive-se o desafio da reintegração social de doentes
psiquiátricos, uma vez que ainda não se dispõe de uma rede ágil, flexível e resolu-
Acompanhamento de Doentes Psiquiátricos em situação de Pós-Internamento
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tiva para os acompanhar e auxiliar em situações pontuais de recaída ou reversão
da sua saúde mental, em situações de pós-internamento. A proposta de uma
saída do internamento psiquiátrico, planeada e assistida é, pois, uma estratégia
fundamental no processo de desinstitucionalização.
O acompanhamento pós-internamento, insere-se na atenção à saúde mental de
promover a reinserção social do doente psiquiátrico, o qual, antes de possuir qualquer diagnóstico, é uma pessoa com nome, desejo, história e direito de exercício
de cidadania. Na história da saúde mental, essas pessoas têm sido marginalizados
e excluídos do convívio na sociedade por apresentarem um diferente modo de
ser/estar no mundo, que é rejeitado e desconsiderado, posto que vai de encontro
às formas de existir padronizadas e concebidas pela maioria da população como
normais.
O acompanhamento pós-internamento alienado ao acompanhamento terapêutico
é uma forma de criar possibilidades reais de vida para os doentes psiquiátricos no
pós-internamento, apostando no seu potencial criativo de se colocar no mundo.
Permitindo reinserir o doente na sociedade, resguardando a sua presença no meio
social e familiar, configurando-se como uma prática cujo espaço clínico está nas
ruas, tanto nas adjacências dos serviços de saúde quanto nos diferentes espaços
sociais por onde o doente circular, ou seja, não apenas restrito à instituição.
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Objetivos
Assim, esta proposta assenta numa investigação, conceptualização e respetivo
desenvolvimento experimental de uma Plataforma Ubíqua com foco no Acompanhamento e Auxilio de Doentes Psiquiátricos em situação de Pós-Internamento
que pontualmente podem sofrer recaídas ou reversão da sua saúde mental. A conceptualização e desenvolvimento desta plataforma, em termos práticos assenta
em três pilares essenciais: (i) Infraestrutura Cloud de Suporte; (ii) Interfaces
Ubíquas para doentes psiquiátricos e (iii) Interfaces Ubíquas para profissionais
de saúde.
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Tarefas a Realizar
1. Investigação Preliminar e Especificação de Requisitos Iniciais
– Contextualização da problemática apresentada nesta proposta de projeto
– Investigação Preliminar sobre sistemas de acompanhamento, monitorização e auxilio de doentes psiquiátricos
– Especificar requisitos iniciais de infraestruturas cloud de suporte
– Investigar e especificar requisitos iniciais de soluções centradas no doente
psiquiátrico
– Investigar e especificar requisitos iniciais de soluções de apoio à atividade
de profissionais de saúde no campo da psiquiatria
– Especificar a arquitetura funcional dos componentes da Plataforma Ubíqua
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Orientador: Sebastião Pais
2. Investigação, Conceptualização e Desenvolvimento Experimental da Infraestrutura Cloud de Suporte
– Arquitetura, modelos e abordagem de armazenamento seguro de informação de suporte e de promoção da multi-linguagem das soluções
– Interfaces aplicacionais de suporte e procedimentos associados à integração com plataformas externas e comunicação segura de informação
– Modelos de regras de notificações e alertas
3. Investigação, Conceptualização e Desenvolvimento Experimental de Interfaces destinadas aos Doentes Psiquiátricos
– Modelos de interfaces que otimizem a experiência de utilização para um
amplo espectro de utilizadores e de dispositivos
– Mecanismos de segurança e controlo de privacidade
– Modelos de interação com serviços de saúde, geridos pelos Profissionais
de Saúde
– Sistema de alertas e notificações pessoais de saúde
4. Investigação, Conceptualização e Desenvolvimento Experimental de Interfaces destinadas aos Profissionais de Saúde
– Modelos de interfaces que otimizem a experiência de utilização
– Mecanismos de gestão de Doentes Psiquiátricos e de interação com os
mesmos
– Sistema de alertas e notificações relativas à saúde dos Doentes Psiquiátricos
– Dashboards de análise individualizada de histórico, estado atual e previsão de evolução dos Doentes Psiquiátricos
– Modelos de análise e gestão de ficha do Doente Psiquiátrico
5. Integração, Testes e Avaliação
6. Escrita do Relatório
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Requisitos Académicos
– Conhecimentos e vontade de aprender a desenvolver soluções informáticas
com recurso à plataforma Microsoft .Net
– Interesse no desenvolvimento de soluções móveis ubíquas com recurso à
plataforma Xamarin 1 , para desenvolvimento das aplicações móveis deste
projeto. O Xamarin é uma plataforma composta por uma série de elementos
que possibilitam o desenvolvimento multi-plataforma de aplicativos móveis
para Windows Phone, iOS e Android, construindo interfaces de utilizadores
mais inteligentes e interessantes.
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Resultados Esperados
– Prova de Conceito
• Testes, Avaliação Final, Desenvolvimento Experimental e Estudo Piloto
– Relatório de Projeto
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https://www.xamarin.com/
Acompanhamento de Doentes Psiquiátricos em situação de Pós-Internamento
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Contactos
Sebastião Pais ([email protected]) - Gabinete 4.1
UBI, Departamento de Informática
Rua Marquês d’Ávila e Bolama
6201-001 Covilhã
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Bibliography
Kay, J., Tasman, A. et Lieberman, J. (2002). Psiquiatria. Editora Manole.
Neto, A. (2003). Psiquiatria para estudantes de medicina. Edipucrs.
Pereira, J. M. (2010). Mudanças de paradigma na psiquiatria portuguesa, pages
251–255. Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra.
Ridding, M. C. et Rothwell, J. C. (2007). Is there a future for therapeutic
use of transcranial magnetic stimulation? Nat Rev Neurosci, 8(7):559–67.