H.4.1 - Linguística As interjeições do português brasileiro na perspectiva da semântica e pragmática formais 1 Ariane Teixeira , Renato Miguel Basso 2 1. Estudante de IC da Universidade Federal de São Carlos- UFSCar *enaira.teixeira@hotmailcom 2. Professor do Departamento de Letras, UFSCar, São Carlos/SP. Palavras Chave: Semântica formal, pragmática formal, interjeições. Introdução De todas as classes de palavras historicamente consideradas, a das interjeições é certamente aquela que recebeu menos atenção nas gramáticas. Por exemplo, nas gramáticas do português cabe a elas o espaço de uma lista, prefaciada por informações vagas como “as interjeições expressam sentimentos e/ou emoções”, essa ideia se não é equivocada, pelo menos é extremamente imprecisa e não serve para isolar uma classe de palavras. Diante dessa situação, neste trabalho oferecemos uma descrição gramatical das interjeições do português brasileiro. Para tanto, lançamos mãos das ferramentas encontradas na semântica e na pragmática formais das línguas naturais. Conclusões Nosso próximo passo então é sustentar a ideia que podemos tratar as interjeições da mesma forma que os indexicais segundo a perspectiva de Kaplan, presente em seu trabalho Demonstratives (1977/1989). Apresentaremos análises de algumas interjeições do português brasileiro, sustendo que elas podem ser tratadas como o são os indexicais na teoria de kaplaniana; esse tratamento representa um grande avanço no entendimento do funcionamento dessa classe de palavras por vezes ignoradas nos estudos linguísticos. Agradecimentos Instituição de fomento: Fundação de Amparo à pesquisa de São Paulo – FAPESP Resultados e Discussão Em nossa análise, nos apoiaremos nas ideias de Wilkins (1992), e em sua caracterização do que são as interjeições. Primeiramente, o autor considera que a principal característica das interjeições é ser uma sentença independe. Se considerarmos as interjeições como sendo sentenças, precisamos resgatar uma definição de o que é uma sentença. E é razoavelmente consensual que uma sentença seja uma estrutura que corresponde a (pelo menos) uma proposição, e que contenha dois elementos: argumentos e predicados. A partir disso o autor recorre aos elementos centrais da língua (i.e. sentenças elípticas, demonstrativos, pronomes, verbos imperativos) para explicar como as interjeições se estruturam como sentenças. Em geral, esses elementos precisam recuperar informações no/do contexto para chegar à proposição, e, muitas vezes, tal informação é buscada num nível extralinguístico, como é o caso quando do recurso a apontamentos a objetos e/ou indivíduos que estão perceptualmente presentes no contexto de fala. Segundo Wilkins (1992), a mesma ideia cabe para as interjeições, pois, para capturar seu referente temos que recorrer ao contexto extralinguístico, pois lá teremos elementos semânticos e pragmáticos para serem interpretados, que estão ausentes na sentença – justamente porque as interjeições seriam elementos indexicais, e, como tais, recuperam informações contextuais. E assim como o autor tratar as interjeições como indexicais também é o nosso objetivo. Referências Bibliográficas AMEKA, F. (1992) Interjections: The universal yet neglected part of speech. Journal of Pragmatics 18: 101-118. CUENCA, M. J. (2002) Defining the indefinable? Interjections. Syntaxis 3:29-44. WHARTON, T. (2000). Interjections, language and the ‘showing’/‘saying’ continuum. UCL Working Papers in Linguistics 12; 173-213. KAPLAN, D. (1989/1977). Demonstratives. In J. ALMOG, J. PERRY and H. WETTSTEIN(eds.) Themes from Kaplan, pp. 481-563. New York: Oxford University Press. KAPLAN, D. (1997). The meaning of ouch and oops. Ms. 2004 version. Los Angeles: University of California. WILKINS, D. (1992). Interjections as deictics. Journal of Pragmatics 18: 119-158. 67ª Reunião Anual da SBPC