ANAIS IV ENFARUNI - Farmácia Universitária

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ANAIS DO
IV ENCONTRO NACIONAL DE FARMÁCIAS UNIVERSITÁRIAS
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências da Saúde
Curso de Farmácia
ANAIS DO
IV ENCONTRO NACIONAL DE FARMÁCIAS UNIVERSITÁRIAS
12 a 14 de Novembro de 2012
Natal - RN
2012
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
Curso de Farmácia
Endereço para Correspondência:
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
Curso de Farmácia
Rua Gustavo Cordeiro de Faria s/n – Petrópolis.
CEP 59012-570 – Natal - RN
Organização e elaboração: Márcio Ferrari
“É permitida a reprodução de partes desta publicação, desde que citada a fonte”
Apoio ao Usuário
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN – Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da Saúde
E56a
Encontro Nacional de Farmácias Universitárias (4. :
2012: Natal, RN)
Anais do IV Encontro Nacional de Farmácias Universitárias,
12 a 14 de novembro de 2012, Natal, RN / Marcio Ferrari... [et al.]
– Natal: EDUFRN, 2012.
36p.
1. Farmácia Universitária – Congresso. 2. Farmácia Escola –
Congresso. 3. ENFARUNI – Congresso. I. Ferrari, Marcio et al. II.
Título.
RN/UF/BSA01
CDU: 615.1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
REITORIA
Reitora: Ângela Maria Paiva Cruz
Vice-Reitora: Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO - PROGRAD
Pró-Reitor: Alexandre Menezes
Pró-Reitor Adjunto: Adelardo Adelino Dantas de Medeiros
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - PPG
Pró-Reitora: Edna Maria da Silva
Pró-Reitora Adjunta: Fernanda Nervo Raffin
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA - PROPESQ
Pró-Reitor: Valter José Fernandes Júnior
Pró-Reitor Adjunto: Jorge Tarcísio da Rocha Falcão
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA - PROEX
Pró-Reitor: Edmilson Lopes Júnior
Pró-Reitora Adjunta: Maria da Conceição Fraga
PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO - PROAD
Pró-Reitor: João Batista Bezerra
Pró-Reitor Adjunto: Dilson de Anchieta Rodrigues
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL PROPLAN
Pró-Reitor: João Emanuel Evangelista de Oliveira
Pró-Reitor Adjunto: Jorge Dantas de Melo
PRÓ-REITORIA DE GESTÃO DE PESSOAS - PROGESP
Pró-Reitora: Mirian Dantas dos Santos
Pró-Reitora Adjunta: Ângela Lobo
PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS - PROAE
Pró-Reitora: Janeusa Trindade Souto
Pró-Reitor Adjunto: Paulo Roberto Paiva Campos
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Diretor: Hênio Ferreira de Miranda
Vice Diretor: Antonio de Lisboa Lopes Costa
CURSO DE FARMÁCIA
Coordenador: Márcio Ferrari
Vice Coordenadora: Ivanise Marina Moretti Rebecchi
COMISSÃO ORGANIZADORA
Professores
Almaria Mariz Batista -UFRN
Andre Gustavo Gadelha Mavignier de Noronha - UFRN
Francisca Sueli Monte - UFRN
Ivanise Marina Moretti Rebecchi - UFRN
Julio Cesar Mendes e Silva - UFRN
Lourena Mafra Verissimo - UFRN
Marcio Ferrari – UFRN
Nathalie de Lourdes Souza Dewulf - UFG
Ney Moura Lemos Pereira – UFRN
Acadêmicos do Curso de Farmácia - UFRN
Andreia Freire Barbosa
Anissa Terezinha Camilo Fortunato Oliveira
Elaine Cristina do Nascimento Souza
Iago de Souza Gomes
Luciana Magalhães Pinto
Mariana Araújo Costa
Thayana Augusta Silva de Lima
Vicente Maciel Dantas Júnior
Yohana Souza Pinto
AGRADECIMENTOS
A Comissão Organizadora do IV Encontro Nacional de Farmácias
Universitárias agradece a inestimável colaboração dos patrocinadores e
entidades que possibilitaram a realização deste evento:
Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico e Bioquímico ABENFARBIO
Conselho Federal de Farmácia - CFF
Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Norte – CRF-RN
Curso de Farmácia da UFRN
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
IV Encontro Nacional de Farmácias Universitárias
APRESENTAÇÃO
Os Anais do IV Encontro Nacional de Farmácias Universitárias
compõem-se dos resumos de 07 trabalhos científicos apresentados na forma
de exposição oral.
O evento é uma realização da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, por meio do seu Curso de Farmácia.
Através deste registro, pretendemos colaborar com os avanços
científicos e com a formação de profissionais comprometidos com o
desenvolvimento social.
Comissão Organizadora.
SUMÁRIO
Avaliação do nível de satisfação dos serviços prestados pela farmácia escola de
manipulação na Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP, Caçador/SC........ 06
Avaliação formativa no estágio supervisionado farmacêutico de uma IES...................
09
Capacidade de um serviço de dispensação de uma farmácia universitária em
14
identificar o risco de interação medicamentosa: relato de caso...................................
ENFARUNI: reflexos e consequências nas atividades da farmácia ensino da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP.................................
19
Farmácia universitária da UNIFAL-MG: promovendo a atenção farmacêutica através
24
do ensino....................................................................................................................
Serviços farmacêuticos de verificação da pressão arterial e glicemia capilar
realizados pela farmácia escola UNIOESTE FARMA de Cascavel-Pr......................... 28
Sistematização do registro da atividade profissional farmacêutica – relato de
experiência da utilização do sistema de monitoramento de serviços farmacêuticos.... 33
AVALIAÇÃO DO NIVEL DE SATISFAÇÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS
PELA FARMÁCIA ESCOLA DE MANIPULAÇÃO NA UNIVERSIDADE ALTO
VALE DO RIO DO PEIXE – UNIARP, CAÇADOR/SC
Talize Foppa1, Juliângela Mariane Schroeder Ribeiro dos Santos2, Joyce
Huntermann3, Palôma Fávero4, Vilmair Zancanaro5
1 - Talize Foppa. Professora do curso de Farmácia – UNIARP. E-mail:
[email protected].
2 - Juliângela Mariane Schroeder Ribeiro dos Santos. Farmacêutica – UNIARP. E-mail:
[email protected]
3 - Joyce Huntermann: acadêmica do curso de Farmácia – UNIARP. E-mail:
[email protected].
4 - Palôma Fávero: acadêmica do curso de Farmácia – UNIARP. E-mail
[email protected].
5 - Vilmair Zancanaro. Professora do curso de Farmácia – UNIARP. E-mail:
[email protected].
Temática 1
Palavras chave: Farmácia escola, satisfação, atendimento.
INTRODUÇÃO
O maior desafio de toda organização é manter seus clientes satisfeitos,
tendo como retorno a sua fidelidade e a disposição de promover a empresa
perante outras pessoas. É comum uma organização reconhecer que um dos
seus principais objetivos é o desejo de satisfazer as necessidades dos seus
clientes (KOTLER, 2000). Para atingir a satisfação do cliente, é necessário
conhecer, avaliar os valores que contam mais em relação ao produto que a
organização oferece. Os valores mais importantes para são aqueles que lhe
proporcionam maior satisfação (COBRA, 2001).
Não diferente a Farmácia Escola de Manipulação vem de encontro com
estes valores, pois necessita também mostrar ao aluno a importância de
conquistar um cliente e fidelizá-lo, aprimorando seus pontos negativos e
crescendo a cada dia.
6
OBJETIVOS
Este estudo objetivou a avaliação do nível de satisfação dos clientes em
relação aos serviços prestados pela Farmácia Escola de Manipulação –
UNIARP, localizada na cidade Caçador/SC.
METODOLOGIA
Coleta de dados
O instrumento utilizado, composto de 13 assertivas, buscou avaliar 03
(três) dimensões relacionadas à satisfação na prestação de serviços:
atendimento, qualidade dos produtos, conhecimento técnico.
Amostra
Os questionários foram impressos e entregues pessoalmente a cada
cliente que tiveram aproximadamente 2 (dois) dias para responder. O
recolhimento se deu da mesma forma que a entrega. O mesmo foi aplicado de
uma forma aleatória a 32 clientes de ambos os sexos e idades variadas,
distribuídas em horários diferentes.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O que se pode observar é que de maneira geral os clientes estão
satisfeitos com os serviços prestados pela Farmácia. Nos questionamentos
referentes a nível geral de satisfação, horário de atendimento, conhecimento
técnico da equipe, cordialidade, suporte técnico, confiabilidade, empatia e
presteza, nenhum cliente avaliou como regular ou ruim e mais de 50% dos
entrevistados avaliaram o serviço como excelente. Nas questões referentes à
fidelidade, 100% assinalaram a opção máxima.
Apenas dois quesitos tiveram menor avaliação. A primeira em relação à
agilidade, um cliente assinalou regular. Isto pode ser explicado pelo contexto
em que se insere a farmácia escola: o horário de busca de formulações e
encomenda de novas receitas é realizado no período de início da noite
(19h00min) que coincide com o início das aulas de graduação. Visto que a
7
maioria dos clientes são alunos isso acaba acarretando uma espera, que
somado com a pressa de entrar na sala de aula gera uma insatisfação. Devido
a este resultado a farmácia já alterou o horário de início das atividades
noturnas, que antes era as 19h00min agora passou às 18h30min.
O segundo quesito que também teve uma avaliação negativa foi o
quesito “clareza das informações”. Esta é uma questão que precisa ser levado
em conta, pois muitas vezes o cliente é atendido por estagiários, que ainda
estão inseguros frente às informações na dispensação, mesmo acompanhado
por profissionais o aluno é instigado a responder os questionamentos dos
clientes.
CONCLUSÃO
Através do levantamento dos dados, conclui-se que o cliente está muito
mais exigente em relação aos serviços prestados pela farmácia escola.
Percebe-se que satisfazer as necessidades dos clientes, hoje, não é
diferencial competitivo e, sim, premissas básicas para qualquer serviço; é
necessário cada vez mais surpreender, exceder o grau de expectativa dos
clientes e fazer com que ele se sinta importante.
As organizações que satisfazem as necessidades de seus clientes
ampliam suas possibilidades de sucesso. Porém precisa, antes de tudo, não
deduzir, mas identificar verdadeiramente quais são as reais necessidades de
seus clientes e atendê-las.
Preferivelmente, deve até mesmo superá-las, de forma a manter o
cliente no longo prazo. Desta forma, o cliente deve ser colocado no centro das
decisões das organizações, ele é o eixo em torno do qual tudo deve girar, pois
as organizações existem primeiramente para atendê-los.
REFERENCIAS
COBRA, M. Estratégia de Marketing de serviço. 2 ed. São Paulo: Cobra
2001
KOTLER, P. Administração de Marketing: a edição do novo milênio:
satisfação, valor e retenção do cliente. 10 ed. São Paulo: Pretice Hall, 2000.
8
AVALIAÇÃO FORMATIVA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
FARMACÊUTICO DE UMA IES
Ana Lúcia T. de C. Zampieri*; Priscilla M. Cordeiro*, Daleth C. Silva*, Francine
Pazini*, Waleska F. F. Morgado*, Dulcinea M. B. Campos*
*
Centro Universitário de Anápolis, Goiás- UniEVANGÉLICA.
Palavras-chaves: ensino superior, educação em farmácia, aprendizado
baseado em problemas, avaliação formativa.
E-mail para correspondência: [email protected]
Temática IV: Modelo de Estágio Supervisionado Farmacêutico nas Farmácias
Universitárias.
1. Introdução
Diante das várias proposições apresentadas para realização da
avaliação no ensino superior, as mais disseminadas estão relacionadas às
avaliações
somativas
e
às
avaliações
formativas
(ROMANOWSKI
&
WACHOWICZ, 2006).
Na avaliação somativa há uma preocupação com o resultado final de um
trabalho desenvolvido (bimestre, semestre ou modalidade), onde o aluno
percebe seu progresso através de um resultado numérico (SANTOS &
VARELA, 2007). Já a avaliação formativa, analisa como o conhecimento está
sendo formado e recebido pelo estudante, verificando o que ele aprendeu e
ainda deve aprender, e permitindo ao professor elaborar e diversificar
estratégias pedagógicas (GONÇALVES & NASCIMENTO, 2010).
Para Oliveira e colaboradores (2007), a avaliação formativa não é uma
alternativa à avaliação somativa, mas complementar, permitindo uma visão de
síntese e acrescentando-lhe dados significativos.
Ensinos mais atualizados na área da saúde têm por objetivo preparar
profissionais capazes de lidar com o grande número de informações recebidas,
bem como com as situações profissionais a que são expostos. Para tanto,
muitos autores destacam o uso da auto-avaliação em conjunto com a avaliação
feita por pares e professores (DOMINGUES, et al., 2007).
9
2. Objetivo
O objetivo desse trabalho é compartilhar a experiência vivenciada nos
estágios
supervisionados
em
Farmácia
Comunitária
e
Manipulação
Farmacêutica, que acontecem na Farmácia Escola da UniEVANGÉLICA,
buscando uma reflexão sobre a utilização da avaliação formativa no processo
de ensino aprendizagem.
3. Metodologia
Apresentar e exemplificar o processo avaliativo desenvolvido nos
estágios supervisionados realizados na Farmácia Escola da UniEVANGÉLICA,
bem como discutir a avaliação formativa no ensino superior.
4. Resultados e discussão
Atendendo à orientação da Resolução CNE/CES 2 (2002), os estágios
em Farmácia Comunitária e Manipulação Farmacêutica da UniEvangélica
ocorrem na Farmácia Escola da instituição, a qual foi construída de acordo com
as legislações vigentes, a fim de assegurar que os conhecimentos teóricos
práticos recebidos pelos estudantes tenham aplicabilidade no contexto social
em que irão se inserir. A estratégia de ensino adotada é a pedagogia da
problematização, utilizada a partir do Método do Arco, em que grupos de 4 a 6
estudantes, vivenciam a análise do problema proposto, levantamento de
hipóteses e aplicação à realidade (IOCHIDA, 2003; ZAMPIERI et al, 2006).
Dentre os trabalhos desenvolvidos nos estágios são propostos
problemas: prescrição simulada, seguido da simulação de atendimento e
dispensação na Farmácia Comunitária; e prescrições simuladas, fichas de
produção e especificações de matérias-primas, na Manipulação Farmacêutica.
Em seguida, na Farmácia Comunitária, ocorre a análise dos medicamentos
(mecanismo de ação, posologia, interações medicamentosas e efeitos
adversos), enquanto na Manipulação Farmacêutica ocorrem as análises,
hipóteses e execuções dos trabalhos práticos (manipulação; controle de
qualidade, etc.). Comuns aos dois estágios são realizados seminários, estudos
de caso e trabalhos de conclusão.
A avaliação dos estudantes pelos docentes acontece através da
Avaliação Processual e Solução de Problemas. Na Avaliação Processual são
avaliados requisitos como pontualidade, frequência, compromisso, iniciativa,
organização, qualidade no serviço, trabalho em equipe, motivação, busca de
10
conhecimento, articulação teórico prática e uniforme adequado. Na Solução de
Problemas são avaliadas questões como: habilidade na apresentação de
idéias; aplicabilidade e pertinência; organização e método de trabalho;
desempenho na descoberta de soluções apropriadas e na execução do
trabalho prático.
A auto-avaliação por parte dos estudantes é realizada acerca do próprio
estudante, de seu par (avaliação por pares) e do docente. Todas abordam
aspectos interpessoais, pessoais, técnico-profissionais e comentários livres.
Estas avaliações, que compõem a nota final dos estudantes, além de
formativa apresentam também caráter somativo, já que a nota é calculada
através do percentual quantitativo de cada avaliação. Embora, a avaliação
somativa seja considerada menos importante que a formativa, ela tem sido
utilizada com êxito, quando apresentada como uma consequência do processo.
As ideias relativas a uma avaliação mais formativa, reveladora de uma
atitude construtiva e comprometida com o aprendizado do estudante têm tido
grande importância no meio acadêmico (RIBEIRO; FILHO, 2011).
Entretanto, esse processo não é fácil. Silva e Scapin (2011) destacaram
que um dos aspectos importantes é o entendimento do conceito de avaliação
formativa. Enfatizaram que a avaliação formativa é difícil de ser implementada,
já que é comum que tanto professores quanto estudantes utilizam esse
conceito de maneira equivocada. Em contrapartida, indicaram que os
estudantes consideram a problematização um método que possibilita formar
profissionais mais preparados para o trabalho em equipe e a integralidade da
atenção à saúde.
Nesse contexto, Vasconcellos (2000) menciona sobre a necessidade de
articular a metodologia do trabalho com o novo paradigma de avaliação. O
autor sugere modificações no trabalho pedagógico do professor para que a
avaliação alcance o objetivo formativo. Uma delas refere-se ao uso de
metodologias de ensino que envolva, por exemplo, a problematização, somada
à pesquisa, experimentação, trabalho em grupo, seminários, entre outros.
Ribeiro e Filho (2011) afirmam que a auto-avaliação e a avaliação por
pares podem conferir aos estudantes, autocrítica, capacidade de avaliar crítica
e construtivamente o trabalho de outros e disposição para aprender
autonomamente, o que lhes será útil durante toda sua vida. O mesmo autor
11
observou em seu estudo que a auto-avaliação ou a avaliação intra-equipes foi
vista pelos estudantes como fundamentais para a promoção do trabalho em
grupo, tendo sido aprovadas pela maior parte dos estudantes (RIBEIRO;
FILHO, 2011).
A auto-avaliação requer do estudante o conhecimento de sua atual
situação de aprendizagem, onde a capacidade de auto-questionamento é
fundamental. Ferrari (2008) em seu trabalho destacou que alguns estudantes
têm dificuldades de se expor na auto-avaliação ou avaliação coletiva, o que
gera dificuldades para sua efetividade, principalmente quando os estudantes
avaliados desconhecem ou estão incertos quanto ao modo avaliativo.
Embora as opiniões dos estudantes estejam muitas vezes arraigadas no
método avaliativo tradicional, inúmeros autores defendem o uso da autoavaliação em conjunto com a avaliação feita por pares e professores
(ROMANOWSKI; WACHOWICZ, 2006; FERRARI, 2008; RIBEIRO; FILHO,
2011). A comparação entre esses métodos de avaliação é capaz de fornecer
aos educadores informações úteis para a revisão da metodologia adotada,
além de estimular a discussão e o feedback (DOMINGUES et al, 2007).
5. Conclusão
Como componentes do processo avaliativo dos estágios farmacêuticos,
tanto a avaliação processual, quanto a auto-avaliação e por pares demonstram
ser métodos promissores, já que instruem constantemente o professor sobre o
andamento do estágio e da turma e informa os estudantes sobre seu
desempenho e deficiências. Contudo torna-se notória a preparação dos
professores e estudantes para realizarem de maneira consciente e construtiva
tais avaliações.
6. Referências Bibliográficas
DOMINGUES, R. C. L.; AMARAL, E.; ZEFERINO, A. M. B.. Auto-avaliação e
avaliação por pares: estratégias para o desenvolvimento profissional do
médico.RBEM, v. 31, n.2, p. 173-175, 2007.
FERRARI, C. R.. Avaliação dos estudantes do PROEJA: em busca da
inovação. Revista Digital Art&, n. 9, 2008.
GONÇALVES, A. V.; NASCIMENTO, E. L.. Avaliação formativa: autorregulação
e controle da textualização. Trabalhos em Lingüística Aplicada, v.49,n.1, p.
241-257, 2010.
12
IOCHIDA, L. C. Metodologias Problematizadoras no Ensino em Saúde. In:
BATISTA N. A.; BATISTA S. H. S. S. (Org.). Docência em Saúde: Temas e
Experiências. 1 ed. São Paulo, 2003, v. 1, p. 131-148.
OLIVEIRA, E. S. G.; CUNHA, V. L.; ENCARNAÇÃO, A. P.; SANTOS, L.;
OLIVEIRA, R. A.; NUNES, R. S.. Uma experiência de avaliação da
aprendizagem na Educação a Distância. O diálogo entre avaliação somativa e
formativa. REICE, v. 5, n. 2, p. 39-55, 2007.
RESOLUÇÃO CNE/CES 2, de 19 de fevereiro de 2002. Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia. DOU, 04/03/2002. Seção 1, p.
9.
RIBEIRO L. R. C.; FILHO E. E.; Avaliação formativa no ensino superior: um
estudo de caso. Acta Sci Human Soc Sci. Maringá, v. 33, n. 1, p. 45-54, 2011
ROMANOWSKI, J. P.; WACHOWICZ, L. A. Avaliação formativa no ensino
superior:
que
resistências
manifestam
os
professores
e os
alunos?
ANASTASIOU, L. G. C.; ALVES, L. P. (Orgs). Processo de ensinagem na
universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula.
Joinvile-SC: UNIVILLE, 6 ed., cap. 5, p.121-139, 2006.
SANTOS, M. R.; VARELA, Simone. A avaliação como um instrumento
diagnóstico da construção do conhecimento nas séries iniciais do Ensino
Fundamental. Revista Eletrônica de Educação, v. 1, n. 1, p. 1-14, 2007.
SILVA, R. H. A.; SCAPIN, L. T.. Utilização da avaliação formativa para a
implementação
da
problematização
como
método
ativo
de
ensino-
aprendizagem. Estudos em Avaliação Educacional, v. 22, n. 50, p. 537-552,
2011.
VASCONCELOS, C. S. Avaliação: concepção dialética-libertadora do processo
de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 2000.
ZAMPIERI, A. L. T. C.; WANDERLEY K. G.; SANTOS L. A.; MACEDO B. S.;
LIMA E. M.; CHAVES S. M. O uso de Metodologias Problematizadoras no
Processo de Ensino-Aprendizagem na Atenção à Saúde. Brazilian Journal of
Medical Education. 2006; v.30, n.2, s.1, p. 447.
13
CAPACIDADE DE UM SERVIÇO DE DISPENSAÇÃO DE UMA FARMÁCIA
UNIVERSITÁRIA
EM
IDENTIFICAR
O
RISCO
DE
INTERAÇÃO
MEDICAMENTOSA: RELATO DE CASO
Tatyana Xavier Almeida Matteucci Ferreira1; Luciana Resende Prudente1;
Nathalie de Lourdes Souza Dewulf2
1
Farmacêutica, Farmácia Universitária da Universidade Federal de Goiás
2
Professora, Faculdade de Farmácia/Universidade Federal de Goiás
Palavras-chave: Boas práticas de dispensação; Interações de Medicamentos;
Atenção Farmacêutica
e-mail do autor correspondente: [email protected]
Temática: Serviços Farmacêuticos nas Farmácias Universitárias
Introdução
A dispensação, sendo uma das atividades da prática farmacêutica,
deveria seguir os princípios preconizados pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1986). Isso significa que, além
de entregar o medicamento ou produto para saúde, o farmacêutico deve
promover as condições para seu uso racional. Deve-se atentar que, promover
as condições para o uso racional do medicamento pode ser mais do que
apenas fornecer algumas informações no momento da entrega de um
medicamento mediante apresentação de uma prescrição, (BRASIL, 2001;
ANGONESI; RENNÓ, 2011).
O Foro de Atención Farmacéutica, grupo de trabalho espanhol,
constituído pelo Conselho Geral de Colégios Oficiais de Farmacêuticos,
Fundação Pharmaceutical Care e Grupo de Investigação em Atenção
Farmacêutica da Universidade de Granada, propõe um conceito para
dispensação que vem de encontro com os princípios preconizados pela OMS.
O grupo afirma que a dispensação é um serviço profissional do farmacêutico
destinado a garantir, através de uma avaliação individual, que os pacientes
recebam e utilizem os medicamentos de forma adequada às suas
necessidades clínicas, em doses definidas segundo suas características
14
individuais, durante o período de tempo adequado, com informações sobre o
seu uso correto e de acordo com as normas vigentes (FORO DE ATENCIÓN
FARMACÉUTICA, 2010).
A dispensação é uma das últimas oportunidades de identificar e corrigir
problemas relacionados à farmacoterapia com vistas a reduzir possíveis riscos
associados à terapêutica medicamentosa (MARIN et al., 2003; GALATO,
2008). De acordo com Johnson & Bootman (1997), se os farmacêuticos
estivessem disponíveis apenas para a função de dispensação, quase 60% dos
pacientes não apresentariam problemas relacionados a medicamentos.
O investimento e os custos associados a um processo de dispensação
adequado não são elevados e contribuem sobremaneira para que os pacientes
recebam os cuidados e orientações adequadas, proporcionando melhoria na
resolutividade dos serviços de saúde e, consequentemente, a satisfação de
seus usuários (MARIN et al., 2003).
Objetivo
Demonstrar, por meio de um relato de caso, a capacidade do serviço de
dispensação da Farmácia Universitária da UFG (FU/UFG) em identificar e
resolver problemas relacionados à farmacoterapia.
Metodologia
O serviço de dispensação da FU-UFG foi estruturado a partir de
adaptação de modelos propostos na literatura (WHO/INRUD/BU, 2000;
DADÉR, 2008; GALATO, 2008; IGLÉSIAS-FERREIRA; SANTOS, 2009;
ANGONESI; RENNÓ, 2011; FORO DE ATENCIÓN FARMACÉUTICA, 2010). A
sua implantação teve início em janeiro de 2012.
A dispensação é estruturada em um contínuo de etapas que permitem a
obtenção de informações sobre o paciente e sua farmacoterapia, a avaliação
destas informações com o objetivo de proporcionar ao paciente o uso racional
do medicamento, realização de intervenções em função da avaliação realizada
e registro da atuação.
As informações sobre o paciente e sua farmacoterapia são obtidas por
meio de entrevista ao paciente que oferece sua prescrição. Nesta entrevista
são obtidas informações pessoais e dados clínicos do paciente. Pode-se,
15
também, obter informações do histórico de registros do paciente na farmácia. O
conteúdo destas informações inclui dados do paciente como idade, sexo, peso,
alergias conhecidas, patologias apresentadas, medicamentos em uso pelo
paciente e situações especiais como gravidez e lactação. Além destas
informações o farmacêutico também procura verificar se o paciente conhece a
finalidade do tratamento e o modo de uso dos medicamentos e, para aqueles
pacientes em uso crônico de medicamentos, o farmacêutico procura avaliar, se
o paciente crê que os objetivos terapêuticos estão sendo alcançados e se há a
manifestação de alguma reação adversa. Os dados obtidos são armazenados
na ficha de cadastro do paciente no software de gerenciamento da FU-UFG,
Pharmacie (Pharmasoftware®).
Em seguida, e de posse dos dados da entrevista, o farmacêutico realiza
a avaliação do processo de uso da farmacoterapia. O processo de uso da
farmacoterapia diz respeito ao modo como o paciente utiliza os medicamentos:
para qual finalidade, em que doses e por quanto tempo, quais as precauções
quanto ao modo de uso (interações com medicamentos e alimentos), adesão
ao tratamento, condições ideais de conservação e armazenamento do
medicamento e possibilidade de efeitos adversos (DADER, 2008).
O objetivo da avaliação da farmacoterapia na dispensação é identificar,
prevenir e resolver problemas relacionados ao medicamento (PRM) e
Resultado Negativo associado ao Medicamento (RNM). Para essa avaliação é
utilizada uma versão adaptada da sistemática de avaliação da farmacoterapia
proposta pelo Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos da
Universidade Lusófona, Portugal, (GICUF) para o serviço de dispensação
(IGLÉSIAS-FERREIRA;
SANTOS,
2009).
Os
PRM encontrados
e
as
intervenções farmacêuticas são registradas em formulário próprio da FU/UFG.
Após a avaliação da farmacoterapia e, quando necessário, realizadas as
intervenções farmacêuticas, o medicamento é disponibilizado para o paciente
juntamente com informações sobre seu processo de uso. As informações em
geral são fornecidas oralmente ao paciente, mas, quando o farmacêutico julgar
necessário, podem ser fornecidas informações escritas que complementem a
informação verbal. A FU/UFG dispõe de materiais educativos elaborados
especialmente para a orientação ao paciente sobre o uso racional dos
medicamentos. As informações escritas também podem ser entregues ao
16
paciente por meio da Declaração de Serviços Farmacêuticos emitida pelo
Sistema de Monitoramento de Serviços Farmacêuticos (SMSF) do Conselho
Federal de Farmácia (CFF).
Resultados e discussão
Paciente do sexo feminino, 53 anos, compareceu à FU/UFG com
prescrição de Itraconazol 100mg, uma cápsula no almoço por 30 dias, para
tratamento de micose nos pés. Durante a entrevista com a farmacêutica a
paciente relatou a utilização de levotiroxina (um comprimido em jejum) e
carbonato de cálcio com vitamina D3 (uma cápsula no almoço e uma no jantar).
Na avaliação da farmacoterapia foi detectada a possibilidade de
interação entre o Itraconazol e o Carbonato de Cálcio. Se ingeridos
concomitantemente, o cálcio poderia inibir a absorção do Itraconazol,
diminuindo sua eficácia (Micromedex®). Para minimizar o risco de interação é
necessário que a administração do cálcio ocorra no mínimo uma hora antes ou
duas horas depois da administração do Itraconazol. O Itraconazol deve ser
administrado com alimentos, por isso a paciente foi orientada a tomar o
medicamento no café da manhã, 30 minutos após a administração da
levotiroxina. A orientação foi registrada no SMSF e a Declaração de Serviços
Farmacêuticos foi entregue à paciente. A intervenção foi aceita pela paciente
que, após 20 dias, relatou para a farmacêutica, mediante contato telefônico,
que estava tomando o medicamento conforme o orientado e que as lesões nos
pés estavam praticamente curadas.
Conclusão
Durante a dispensação podem ocorrer situações em que o farmacêutico
suspeita de um problema relacionado ao medicamento ou mesmo identifica um
resultado negativo associado ao medicamento e percebe a necessidade de
realização de uma intervenção farmacêutica na farmacoterapia do paciente.
O serviço de dispensação da FU/UFG foi capaz, por meio da
comunicação e exploração das informações junto ao paciente, de identificar e
resolver um problema relacionado ao medicamento evitando uma possível
17
falha da farmacoterapia devido a uma ineficácia não quantitativa do
medicamento prescrito, provocada por uma interação medicamentosa.
Referências
ANGONESI, D. RENNÓ, M. U. P. Dispensação Farmacêutica: proposta de um
modelo para a prática. Ciência & Saúde Coletiva. v.16, n.9, p.3883-3891,
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da União, Brasília, 2001. Série C(25):23-6.
DADER, M. J. F.; MUÑOZ, P. A.; MARTÍNEZ-MARTÍNEZ, F. Atenção
Farmacêutica – Conceitos, processos e casos práticos.Trad. Denise Funchal.
São Paulo: RCN Editora, 2008.
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GALATO, D.; ALANO, G. M.; TRAUTHMAN, S. C.; VIEIRA, A. C. A
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<http://archives.who.int/PRDUC2004/RDUCD/TOC.htm>
Acesso
em
26/06/2012.
18
ENFARUNI: REFLEXOS E CONSEQUÊNCIAS NAS ATIVIDADES DA
FARMÁCIA ENSINO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DE
RIBEIRÃO PRETO – USP
Milena Costa Nocera¹, Leonardo R. L. Pereira²
1 Farmacêutica da Farmácia Ensino - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de
Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, [email protected]
2 Docente e Supervisor do Serviço Farmacêutico - Faculdade de Ciências
Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,
[email protected]
Palavras Chave: Ensino, Enfaruni.
Temática: Serviço Farmacêutico
I – INTRODUÇÃO
A Farmácia Ensino da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) foi criada em 1979 e desde então
tem como objetivo proporcionar ao aluno, além da integração da teoria com a
prática, a vivência profissional por meio da prestação de serviços farmacêuticos
à comunidade.
Desenvolve um trabalho social importante junto a população, comercializando
medicamentos manipulados de qualidade e industrializados a preços
acessíveis, principalmente para usuários com menor poder aquisitivo.
Em 2009, teve sua estrutura física totalmente adequada atendendo às normas
vigentes da Vigilância Sanitária, na tentativa de ser referência para os
acadêmicos da FCFRP-USP que desenvolvem atividades práticas vinculadas a
disciplina de graduação e a projetos da Pró Reitoria da Universidade de São
Paulo.
No ano de 2011, a participação no III Enfaruni realizado na Universidade
Federal de Goiás, na cidade de Goiânia, reavivou as discussões sobre as
principais dificuldades e as possíveis soluções para futuras melhorias.
19
II – OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo relatar o funcionamento da Farmácia Ensino
no que se referem às atividades desenvolvidas, dificuldades na rotina e busca
de soluções através de ideias surgidas em eventos e congressos na área
farmacêutica.
III – METODOLOGIA
1. Apresentação
A Farmácia Ensino, além de ser um estabelecimento de saúde, busca
contemplar os 3 pilares propostos pela Universidade de São Paulo que são o
Ensino, a Pesquisa e a Extensão.
A) Ensino
Desde sua criação, a Farmácia Ensino recebeu centenas de alunos
interessados em realizar estágios e vivenciar a rotina de uma farmácia de
manipulação e drogaria. Em 2008, este quadro mudou drasticamente com a
nova lei de estágio (art. 12 da Lei 11.788/2008) que torna compulsória a
concessão de bolsas em casos de estágios não obrigatórios. Assim, a
Farmácia ficou sem estagiários, perdendo seu foco central, ou seja, a formação
profissional. Para solucionar tal problema foi criada a Disciplina Práticas em
Farmácia onde os alunos participam de aula teórica, de responsabilidade dos
docentes da unidade e atividades práticas, realizadas nas dependências da
Farmácia Ensino e sob responsabilidade dos farmacêuticos. Desta maneira,
anualmente, passam pela Farmácia 9 alunos, sendo 3 no primeiro semestre e 6
no segundo semestre, os quais participam de forma ativa e sempre com a
orientação profissional das atividades de gestão, dispensação e manipulação
de medicamentos, contemplando as ações de Assistência Farmacêutica em
sua plenitude.
Outra maneira de integrar o aluno foi através do Programa Aprender com
Cultura e Extensão da Pró Reitoria de Cultura e Extensão Universitária que
forneceu bolsas
de 10h semanais, seguindo atividades descritas em um
projeto. Em 2012, a Farmácia Ensino acolheu dois bolsistas vinculados a tal
Programa.
No mesmo ano também foi concedido pelo diretor da unidade, uma Bolsa
20
Trabalho de 30h semanais para uma aluna matriculada no último ano da
graduação com o objetivo de propiciar vivência prática na rotina de uma
farmácia de manipulação e drogaria.
B) Pesquisa
A pesquisa na Farmácia Ensino atualmente é baseada em indicadores de
aprendizado,
indicadores
de
satisfação
e
melhorias
farmacotécnicas
constantes nos laboratórios.
Os indicadores de aprendizado são realizados com os alunos de graduação
matriculados na Disciplina Práticas em Farmácia com o objetivo de mensurar o
aprendizado, no que se refere às atividades práticas.
Os indicadores de satisfação são realizados com os usuários da Farmácia
Ensino através de um questionário que avalia o atendimento, a qualidade dos
produtos desenvolvidos e produzidos, os preços e o esclarecimento de dúvidas
quanto ao uso racional de medicamentos. Paralelamente faz-se uma avaliação
sócio econômica dos usuários no que tange ao grau de escolaridade, sexo,
bairro residencial, entre outros.
Tais indicadores ainda estão em fase de aplicação, e posteriormente, serão
apresentados na forma de gráficos e tabelas.
No processo farmacotécnico podem-se destacar as constantes melhorias nas
formulações magistrais visando sempre aprimoramento e satisfação dos
usuários.
C) Extensão
A Farmácia Ensino atende de 100 – 150 pacientes por dia entre balcão,
telefone e atenção farmacêutica e este número está em constante crescimento
devido à confiança da classe médica e dos pacientes nos produtos e serviços
oferecidos. Constatou-se no primeiro bimestre de 2012 um aumento de
aproximadamente 23% na movimentação em relação ao mesmo período do
ano anterior.
Esta credibilidade faz com que os usuários se desloquem de bairros distantes e
de outras cidades até o campus da USP, onde está localizada a Farmácia.
21
2. Dificuldades
A) Quadro de Funcionários
A Farmácia conta com apenas 3 funcionários sendo 2 farmacêuticos e 1
atendente. Os farmacêuticos participam e são responsáveis pela Assistência
Farmacêutica, pela produção e desenvolvimento de produtos manipulados nos
Laboratórios de Sólidos e Semi Sólidos e Líquidos e pelo ensino nas atividades
práticas dos alunos de graduação.
Tal fato prejudica toda a logística no que se refere ao Ensino, Pesquisa e
Extensão e faz com que a demanda não seja atendida na sua totalidade.
B) Estrutura Física
Na reforma de 2009, a Farmácia Ensino pôde apenas se reestruturar no
mesmo espaço físico, não sendo possível a expansão do mesmo. Devido a
esta limitação, a Farmácia não possui estrutura para receber um número maior
de alunos.
C) Aquisição de Materiais
A aquisição de materiais é efetuada pelo Setor de Compras da Faculdade,
responsável também por toda Unidade, gerando atrasos e dificuldades na
operacionalização, fruto de um sistema burocrático.
IV – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em 2011, após a participação no III Enfaruni realizado na Universidade Federal
de Goiás, na cidade de Goiânia, foi elaborado um Plano de Ação com novas
ideias surgidas durante o evento. Este Plano de Ação foi entregue ao diretor da
unidade e ao docente supervisor da Farmácia Ensino e com isso obtivemos
uma série de mudanças significativas na rotina do estabelecimento.
Dentre estas mudanças pode-se citar a disponibilização de uma Bolsa Trabalho
de 30h semanais onde o aluno ajuda na rotina da Farmácia, angaria
conhecimentos, ajudando sobremaneira para que os farmacêuticos se
dediquem às atividades de ensino, contribuindo significativamente na tentativa
de atender 100% da demanda. Ressalta-se outra grande contribuição que é
tornar os farmacêuticos mais disponíveis para participar de eventos e
congressos, como por exemplo, o Enfaruni, voltados especificamente para a
22
área de atuação. Além disso, a Farmácia Ensino está constantemente
solicitando a contratação de funcionários buscando cumprir seus objetivos de
forma mais eficiente.
No que se refere a aquisição de materiais, o Setor de Compras está buscando,
juntamente com a direção da unidade, o supervisor e os farmacêuticos,
alternativas para agilizar os procedimentos.
O espaço físico continua sendo um fator limitante, sem solução a curto e médio
prazo.
V – CONCLUSÃO
A participação dos farmacêuticos em eventos como o Enfaruni possibilitou um
ressurgimento de discussões sobre a Farmácia Ensino, reavivando as
possibilidades de melhorias através de novas ideias além da oportunidade da
troca de experiências.
A
Faculdade
de
Ciências
Farmacêuticas
de
Ribeirão
Preto
está
constantemente buscando contemplar os pilares propostos pela Universidade
de São Paulo, lembrando-se sempre que o ensino é o foco central.
VI – REFERÊNCIAS
SATURNINO, L. T. M. & LLIMÓS, F. F. - A Farmácia Escola no Brasil: estado
da arte e perspectivas. Bras. Farm., 90(3): 204-210, 2009.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Lei 11.788, de 25 de Setembro de
2008. Dispõe sobre o estágio de estudante. DOU, Brasília, 26 de Setembro de
2008.
BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada, n° 67, de 8 de outubro de 2007.
Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e
Oficinais para Uso Humano em Farmácias.
ABENFARBIO – Metodologias Ativas: Aplicações e Vivências em Educação
Farmacêutica. Brasília, 2010.
23
FARMÁCIA UNIVERSITÁRIA DA UNIFAL-MG: PROMOVENDO A ATENÇÃO
FARMACÊUTICA ATRAVÉS DO ENSINO.
Milena Carla Espósito1, Livia Pereira Thomas3, Patrick Ricardo da Silva1,
Danielle Aparecida Oliveira1, Lara Cristina Silva2, Luciene Alves Moreira
Marques2, Ricardo Radighieri Rascado2
1 – Farmacêutico (a) (TAE) da UNIFAL-MG; 2 – Professor (a) do Departamento
da FCF da UNIFAL-MG; 3 – Farmacêutica FACEPE.
Palavras-chave: atenção farmacêutica; estágio; seguimento farmacoterapêutico
[email protected]
Temática I: Serviços Farmacêuticos nas Farmácias Universitárias – Atenção
Farmacêutica
Introdução
A Farmácia Universitária da UNIFAL-MG (FarUni) desempenha um papel
importante no ensino farmacêutico brasileiro desde 1979. Desde 2003 a FarUni
passou a oferecer o serviço de Atenção Farmacêutica aos pacientes
interessados. Inicialmente o serviço era oferecido vinculado a projetos de
pesquisa e extensão, com a implantação da disciplina de atenção farmacêutica
na grade curricular do curso de farmácia em 2007, as atividades começaram a
ser desenvolvidas também no ambiente do ensino de graduação. Assim, em
2010 foi inserido na dinâmica curricular do curso de farmácia o Estágio em
Atenção Farmacêutica que passou a ser executado na Farmácia Universitária
pelos alunos do quinto período de farmácia.
Objetivo
Demonstrar a metodologia do estágio em Atenção Farmacêutica como prática
do ensino farmacêutico na Farmácia Universitária da UNIFAL-MG.
24
Metodologia
O Estágio de Atenção Farmacêutica é distinto do Estágio em Dispensação e
Manipulação que também ocorrem na FarUni. Considerado como estágio
obrigatório para os acadêmicos do quinto período do curso de farmácia da
UNIFAL-MG, semestralmente 50 alunos ingressam no serviço de atenção
farmacêutica da FarUni. São reservadas na grade curricular 02 horas semanais
para desenvolvimento do estágio. Inicialmente são ministradas aulas teóricopráticas de abordagem ao paciente, treinamento do método Dáder de
seguimento farmacoterapêutico, simulação de primeira entrevista e discussão
de casos teóricos. Seleção dos Pacientes: São realizadas campanhas no
centro da cidade de Alfenas – MG promovendo o Uso Racional de
Medicamentos e divulgando os serviços da FarUni; durante essas campanhas
o serviço de Atenção Farmacêutica é divulgado à população. Os pacientes que
demonstram interesse pelo serviço são convidados a participar e o atendimento
pode ocorrer na FarUni ou na residência do paciente. Cada aluno fica
responsável
por
farmacoterapêutico
no
mínimo
buscando
um
paciente
detectar
e
inicia
Problemas
o
seguimento
Relacionados
ao
Medicamento (PRM) ou Resultados Negativos associados ao Medicamento
(RNM). São selecionados três monitores, que já cursaram o estágio e a
disciplina de atenção farmacêutica, para oferecer plantão de dúvidas na FarUni
a fim de auxiliar aos estagiários e eventualmente acompanhar o atendimento
de algum paciente.
O método Dader1 foi adaptado para a realização do estágio e são utilizados os
seguintes passos na realização do seguimento farmacoterapêutico: Primeira
entrevista, onde são levantados os dados iniciais do paciente e preenchidas as
fichas sobre os problemas de saúde e medicamentos utilizados pelo paciente;
Elaboração do Estado de Situação, os problemas de saúde do paciente são
classificados em Tratado e Não Tratado, Controlado e Não Controlado, os
medicamentos são analisados quanto a Necessidade, Eficácia e Segurança
envolvendo a presença ou não de Reações Adversas a Medicamentos ou
Interações Medicamentosas, os parâmetros clínicos e exames laboratoriais são
anotados; Fase de Estudo: o acadêmico desenvolve um estudo sobre as
propriedades farmacológicas de cada medicamento utilizado e faz uma revisão
25
sobre os problemas de saúde encontrados; Intervenções Farmacêuticas2: os
acadêmicos são estimulados a propor as intervenções farmacêuticas visando a
resolução dos PRMs e RNMs encontrados, as intervenções são realizadas na
forma escrita e podem ser farmacêutico-paciente ou farmacêutico-médico
envolvendo medidas educativas, farmacológicas e/ou não farmacológicas.
Análise das Intervenções: o acadêmico avalia se as intervenções foram
efetivas na resolução dos problemas encontrados e elabora um novo estado de
situação.
Quinzenalmente existem reuniões com os professores responsáveis pelo
estágio de Atenção Farmacêutica para discussão dos resultados obtidos
durante a realização do estágio. Existindo a necessidade de uma intervenção
junto ao profissional prescritor, a intervenção é realizada através de carta
endereçada ao profissional assinada pelo aluno e pelo professor responsável.
A avaliação do estágio é realizada pela apresentação da Pasta do Paciente ao
final do estágio que deve conter: todas as intervenções realizadas, estados de
situação (inicial e final), fase de estudo realizada pelo aluno e conclusão do
estágio. O aluno é estimulado a continuar o acompanhamento com o paciente
mesmo após o término do estágio pois no sétimo período ele retornará a
FarUni para o estágio em dispensação e poderá demonstrar os resultados do
acompanhamento realizado com esse paciente.
Resultados e Discussão
Cento e cinquenta pacientes já foram atendidos pelo estágio de atenção
farmacêutica da FarUni; destes, 25 pacientes permaneceram no programa por
mais de um ano, sendo que 41% dos pacientes são idosos com mais de 60
anos, sendo 52% do sexo feminino. Observamos uma boa receptividade da
população ao serviço, observada pela facilidade com que os alunos
conseguem o paciente para acompanhamento, no entanto, existe ainda uma
resistência por parte da população sobre as intervenções farmacêuticas, muitos
pacientes se recusam a encaminhar a carta de intervenção ao médico.
Identificamos 06% dos pacientes com problema de saúde não tratado; dos 94%
que apresentavam problema de saúde tratado, 27% apresentavam Resultado
Negativo associado ao Medicamento (RNM). Durante o acompanhamento
26
farmacoterapêutico
64%
dos
pacientes
precisaram
de
intervenções
farmacêuticas (médico-farmacêutico ou farmacêutico-paciente). O serviço de
atenção farmacêutica até o momento conseguiu uma melhora de 19% dos
pacientes acompanhados, o número reduzido é devido a resistência dos
pacientes às intervenções farmacêuticas ou mesmo receio da interação do
aluno com o médico. O PRM de adesão foi o mais frequente com 66,8% entre
os pacientes acompanhados.
Considerações Finais
Os acadêmicos tem a possibilidade de colocar em prática a teoria aprendida na
disciplina de Atenção Farmacêutica, os pacientes que recebem a atenção
farmacêutica e atendem as intervenções farmacêuticas alcançaram melhora no
seu tratamento de saúde. Mesmo entre os pacientes que mostraram-se
resistentes às intervenções farmacêuticas observamos que ocorreu um
aumento
na
confiança
do
trabalho
farmacêutico,
pois
os
pacientes
frequentemente esperam ansiosamente pelo retorno do estagiário para mostrar
as mudanças ocorridas nas prescrições médicas, ávidos para saber a opinião
dos acadêmicos. Nosso próximo objetivo é aumentar a permanência do
paciente no programa de atenção farmacêutica, pois entendemos que apenas
4 a 6 meses de acompanhamento não são suficientes para produzir mudanças
significativas no seu estado de saúde. Esperamos que os acadêmicos
permaneçam estimulados a continuar o acompanhamento do paciente mesmo
após o encerramento do estágio obrigatório.
Referências Bibliográficas
1. L.R.L. PEREIRA, O. FREITAS. A evolução da Atenção Farmacêutica e a
perspectiva para o Brasil. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas;
vol. 44, n. 4, 2008.
2. COMITÉ DE CONSENSO GIAF-UGR, GIFAF-USE, GIF-UGR. Terceiro
Consenso de Granada sobre Problemas Relacionados con
Medicamentos (PRM) y Resultados Negativos associados a la
Medicación (RNM). Ars Pharm; 48 (1): 5-17, 2007.
27
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS DE VERIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
E GLICEMIA CAPILAR REALIZADOS PELA FARMÁCIA ESCOLA
UNIOESTE FARMA DE CASCAVEL-PR
Patricia Guerrero, Douglas Hiromi dos Santos, Emercy de Miranda, Ionete
Lucia Milani Barzotto, Sheila Karina Lüders Meza, Simone Maria Menegatti de
Oliveira
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Palavras chaves: Farmácia, pressão arterial, glicemia capilar, aferição
e-mail: [email protected]
Temática I: Serviços Farmacêuticos nas Farmácias Universitárias
Introdução:
Serviços farmacêuticos constituem os serviços de saúde desenvolvidos
pelo farmacêutico destinados a prestar assistência à população na promoção
da saúde e na recuperação e reabilitação de doentes. A oferta de serviços
farmacêuticos por farmácias constitui uma prática já alicerçada em muitos
países (1).
No Brasil, durante muitos anos, a realização da maioria destes serviços
foi feita sem respaldo de regulamentação sanitária. No estado do Paraná, duas
Resoluções da Secretaria de Saúde do Estado possibilitaram a oferta de outros
serviços em farmácias, tais como inaloterapia, verificação da pressão arterial
(PA), verificação da temperatura corporal, pequenos curativos, perfuração de
lóbulo auricular para colocação de brincos e aplicação de medicamentos
biológicos (2, 3).
Mais recentemente, com a publicação da RDC n° 44/20 09 pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), muitos destes serviços foram
normatizados para oferta em farmácias e drogarias em todo o território nacional
(4).
Reaberta em março de 2012, a Farmácia Escola UNIOESTE Farma está
localizada no campus de Cascavel da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE e constitui um espaço para a oferta de diferentes serviços
28
farmacêuticos à comunidade acadêmica e para a população em geral. Consta
com um espaço de 328,77 m2, com área de serviços farmacêuticos,
dispensação de medicamentos e manipulação de medicamentos alopáticos e
homeopáticos. Serviços como dispensação de medicamentos, orientação
quanto
ao
uso
farmacoterapêutico,
correto
orientação
de
medicamentos,
em
saúde,
acompanhamento
inaloterapia,
aplicação
de
medicamentos injetáveis e colocação de brincos são ofertados durante todos
os dias de atendimento. Também são oferecidos os serviços de verificação de
parâmetros fisiológicos e bioquímicos, tais como PA, temperatura corporal e
glicemia
capilar,
os
quais
são
fundamentais
no
acompanhamento
farmacoterapêutico de pacientes portadores de doenças crônicas, em especial
diabetes e hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Objetivos:
Constituiu objetivo deste trabalho avaliar o perfil dos serviços
farmacêuticos de verificação da PA e glicemia capilar realizados na Farmácia
Escola UNIOESTE Farma.
Materiais e métodos:
Os serviços de verificação da PA e glicemia capilar foram realizados
pelos farmacêuticos responsáveis técnicos da Farmácia Escola UNIOESTE
Farma, seguindo instruções estabelecidas nos Procedimentos Operacionais
Padrão destes serviços, no período de 27 de março de 2012 a 16 de outubro
de 2012.
Os dados foram coletados a partir dos registros de Declaração de
Serviço Farmacêutico, documento este preenchido após a realização de
serviço farmacêutico, conforme prevê a RDC n° 44/20 09 pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Foram coletados os dados de idade, sexo, valores de glicemia e PA. A
pressão arterial foi aferida com esfigmomanômetro de coluna de mercúrio,
calibrado, conforme orientações da VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão
Arterial (5). Considerou-se como PA não controlada quando ≥ 140/90 mmHg e
para diabéticos quando ≥ 130/80 mmHg.
29
A glicemia capilar foi aferida com glicosímetro da marca Roche, linha
Accu Chek Active. Considerou-se como controlada quando a glicemia de jejum
encontrava-se < 100 mg/dl e < 140 mg/dl para a glicemia pós prandial (6, 7).
Todos os pacientes com diagnóstico para hipertensão ou diabetes foram
orientados quanto a importância do cumprimento do tratamento instituído pelo
médico prescritor e para aqueles sem diagnóstico, foram feitas orientações
quanto a medidas não farmacológicas e quanto a necessidade de avaliação
médica para acompanhamento de tais condições.
Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS versão 13. As
variáveis categóricas foram comparadas pelo teste do qui-quadrado e as
variáveis contínuas pelo teste t de student. Considerou-se valores significativos
quando p<0,05.
Resultados:
Das 66 Declarações de Serviços Farmacêuticos registradas na Farmácia
Escola UNIOESTE Farma, 46 (69,7%) eram mulheres e apresentaram idade
média de 47,7±12,6 anos. Verificou-se que 42 (63,6%) realizaram o serviço de
aferição da PA e 27 (40,9%) o serviço de aferição da glicemia capilar.
A média da glicemia capilar verificada foi de 110±35,1 mg/dl, da PA
sistólica de 130,1±28,7 mmHg e da PA diastólica de 79,4±16,1 mmHg. Dos 27
pacientes que aferiram a glicemia capilar, apenas 14 (51,9%) estavam com a
glicemia controlada. Dos 42 pacientes que realizaram a aferição da PA, apenas
18 (42,8%) estavam com a PA controlada.
O não controle pressórico foi maior em pacientes com média de idade
mais elevada (p=0,008) e em homens (p=0,025).
Discussão:
Uma
das
dificuldades
do
desenvolvimento
de
atividades
de
acompanhamento farmacoterapêutico em farmácia é a carência de dados
clínicos que ilustrem a efetividade e a segurança do tratamento prescrito. Os
serviços farmacêuticos de aferição da PA e glicemia capilar em farmácia
constituem
ferramentas
imprescindíveis
para
que
o
serviço
de
acompanhamento farmacoterapêutico em farmácia de doenças como diabetes
e HAS possa de fato mensurar a proporção que as metas clínicas estão sendo
30
alcançadas, bem como os problemas relacionados a medicamentos que
interferem no sucesso da terapia. Além disso constitui uma oportunidade do
farmacêutico contribuir para a detecção precoce de portadores assintomáticos.
Os dados apresentados neste trabalho são limitados, uma vez que no
documento de Declaração de Serviço Farmacêutico são coletados poucos
dados clínicos, impossibilitando uma análise mais minuciosa dos pacientes
atendidos na Farmácia Escola, desde sua reabertura em março deste ano.
No entanto, os resultados enfatizam para a importância destes serviços
no que tange a educação em saúde destes pacientes, visto que uma grande
proporção estava com a PA (57,2%) e glicemia (48,1%) alteradas. Desta forma,
estes
serviços
são
fundamentais
para
descobrir
casos
ainda
não
diagnosticados, os quais foram orientados a buscar atendimento médico para
avaliação do problema de saúde (6, 7). Além disso, serviram para alertar a
população já diagnosticada sobre a importância do cumprimento do tratamento
prescrito pelo médico na prevenção de eventos cardiovasculares.
Diferentes trabalhos também têm apontado a idade como fator de risco
para o desenvolvimento de HAS (5). Verificamos em nossa análise que de fato,
pacientes com idade mais elevada apresentou uma maior chance de não
controlar a PA. Isto tem implicações importantes para a farmácia, enquanto
estabelecimento
de
saúde,
pois
pode
direcionar
ações
voltadas
ao
acompanhamento de pacientes idosos, principalmente naqueles com histórico
familiar para a doença.
Conclusões:
A aferição da glicemia capilar e PA em farmácia podem contribuir para o
encaminhamento de novos casos para diagnóstico médico, bem como
melhorar os resultados clínicos de pacientes diabéticos e hipertensos já em
tratamento. A detecção de valores alterados nestes serviços implica em
intervenção verbal ou escrita do farmacêutico, na busca de melhores
resultados clínicos e humanísticos.
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practice
and
research
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the
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funcionamento e as condições físicas, técnicas e sanitárias, referente aos
serviços de inalação, pequenos curativos, guarda e conservação de
medicamentos biológicos. Curitiba, 1997.
4. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 44, de 17 de
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sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de
produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e
drogarias e dá outras providências. Brasília, 2009.
5. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA
DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI
DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO Arquivos Brasileiros de
Cardiologia. v.95, supl.1, p.1-51, 2010.
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Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus:
fase de detecção de casos suspeitos de DM. Revista de Saúde Pública, v.
35, n. 5, p. 490-493, 2001.
7. TOSCANO, C.M.; DUNCAN, B.B.; MENGUE, S.S.; POLANCZYK, C.A.;
NUCCI, L.B.; FORTI, A.C.; FONSECA, C.D.; SCHMIDT, M.I. Initial impact
and cost of a nationwide population screening campaign for diabetes in
Brazil: A follow up study. BMC Health Services Research, v. 8, n. 189, p.110, 2008.
32
SISTEMATIZAÇÃO DO REGISTRO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL
FARMACÊUTICA – RELATO DE EXPERIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DO
SISTEMA DE MONITORAMENTO DE SERVIÇOS FARMACÊUTICOS
Tatyana Xavier Almeida Matteucci Ferreira1; Luciana Resende Prudente1;
Nathalie de Lourdes Souza Dewulf2
1
Farmacêutica, Farmácia Universitária da Universidade Federal de Goiás
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Professora, Faculdade de Farmácia/Universidade Federal de Goiás
Palavras-chave: Atenção Farmacêutica; Registros de Saúde Eletrônicos.
e-mail do autor correspondente: [email protected]
Temática: Serviços Farmacêuticos nas Farmácias Universitárias
Introdução
No Brasil, o estabelecimento de critérios para realização de serviços
farmacêuticos nas Farmácias Comunitárias teve início na publicação da
Resolução n.499/2008 pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) (CONSELHO
FEDERAL DE FARMÁCIA, 2008). Posteriormente, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a resolução n.44/2009 (BRASIL, 2009).
Estas duas normativas foram um grande incentivo para o desenvolvimento da
prática dos serviços farmacêuticos nas Farmácias Comunitárias no país, além
de constituírem instrumentos importantes para a garantia do direito do
profissional farmacêutico de exercer um papel que lhe cabe na sociedade
(CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO,
2010).
Um ponto comum nas duas normativas é a necessidade de registros das
atividades realizadas, importante para o monitoramento e avaliação dos
serviços executados. Recentemente o CFF publicou a resolução n.555/2011
(CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2011) que normatiza a guarda e o
manuseio das informações resultantes da prática da assistência farmacêutica.
Para auxiliar os farmacêuticos brasileiros no registro e monitoramento
dos serviços farmacêuticos executados nas farmácias comunitárias o CFF
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desenvolveu o Sistema de Monitoramento de Serviços Farmacêuticos (SMSF).
O SMSF é um sistema acessado via web que permite ao farmacêutico o
registro dos serviços farmacêuticos realizados(CONSELHO FEDERAL DE
FARMÁCIA, 2010).
O sistema atende aos requisitos dispostos nas regulamentações do CFF
e da ANVISA sobre a execução de serviços farmacêuticos nas Farmácias
Comunitárias e também às determinações do CFF em relação à guarda e
manuseio das informações geradas pelos serviços de assistência farmacêutica.
Permite a impressão da “Declaração de Serviços Farmacêuticos” para ser
entregue ao paciente, em conformidade com o disposto da Resolução
n.44/2009 da ANVISA (BRASIL, 2009). A utilização contínua do sistema
promove a construção de um banco de dados que proporciona ao farmacêutico
o armazenamento das informações e, posteriormente, a emissão de relatórios
de acompanhamento e avaliação dos serviços (CONSELHO FEDERAL DE
FARMÁCIA, 2010).
Objetivo
Relatar a experiência das farmacêuticas da Farmácia Universitária da
UFG (FU/UFG) na utilização do Sistema de Monitoramento de Serviços
Farmacêuticos (SMSF).
Metodologia
As farmacêuticas da FU/UFG iniciaram a utilização do SMSF para
registro dos serviços farmacêuticos realizados em agosto de 2012.
Neste sistema são registrados os serviços realizados, como aferição de
pressão arterial e glicemia capilar e aconselhamentos ao paciente no momento
da dispensação do medicamento.
Resultados
O SMSF tem mostrado grande importância e excelente desempenho no
registro dos serviços farmacêuticos realizados na FU/UFG.
O registro atende ao disposto na resolução n.44/2009 e nas Resoluções
n.499/2008 e n. 555/2011 do CFF. Facilita a guarda das informações geradas
uma vez que todos os serviços realizados ficam armazenados no sistema,
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evitando o armazenamento físico (em papel). Os dados armazenados são
facilmente resgatados através dos relatórios dos serviços realizados.
A “Declaração de Serviços Farmacêuticos”, que deve ser entregue ao
paciente, é impressa a partir do próprio sistema. Segundo a percepção das
farmacêuticas, esta declaração promove valorização do serviço, expressada na
satisfação dos pacientes ao receberem o documento.
Com a prática, algumas sugestões de melhorias foram observadas. O
resgate da senha cadastrada pelo paciente é realizado por e-mail, tecnologia
pouco acessível aos pacientes idosos, que são a maioria dos usuários dos
serviços. Uma alternativa seria a utilização de SMS enviada para o celular do
paciente.
Em caso de pacientes que não apresentam nenhuma das patologias
listadas no sistema não é possível inserir outras patologias. No registro da
aferição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos (temperatura, pressão arterial
e glicemia) não há campo para registro de aconselhamentos realizados ao
paciente. O sistema realiza o registro de aplicação de medicamentos injetáveis,
mas não apresenta disponibilidade de registro de aplicação de outras formas
farmacêuticas, como os colírios.
O sistema não se propõe a ser um software para gerenciamento de
informações de serviços de acompanhamento farmacoterapêutico. No entanto
apresenta um campo “Avaliação e/ou Acompanhamento Farmacoterapêutico”
que permite ao farmacêutico o registro de aconselhamentos e orientações
realizadas ao paciente sobre seus medicamentos e sobre sua saúde.
Analisando a proposta do sistema e as informações e serviços que permite
registrar, o nome “Avaliação e/ou Acompanhamento Farmacoterapêutico”
parece pouco adequado.
O acesso do farmacêutico ao sistema é realizado pelo número de
registro no conselho profissional. No caso da FU/UFG, onde os estagiários do
curso de farmácia da UFG tem contato com o programa, seria interessante a
possibilidade de cadastro do aluno do curso de graduação, por meio, por
exemplo, de seu número de matrícula na instituição, sob supervisão de um
farmacêutico com registro no CFF e registrado no sistema.
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Conclusão
O SMSF é uma ferramenta para o registro dos serviços farmacêuticos
disponível gratuitamente a todos os farmacêuticos brasileiros. Contribui para o
monitoramento e avaliação das atividades do profissional diretamente
realizadas com o paciente, além de proporcionar valorização do profissional
perante a sociedade.
A utilização dessa ferramenta em uma farmácia universitária é de grande
importância para o aprimoramento do sistema, a sua divulgação entre os
futuros farmacêuticos e auxílio no ensino e realização dos serviços
farmacêuticos de forma sistematizada.
Referências
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria
Colegiada n. 44 de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas
Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e
da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em
farmácias e drogarias e dá outras providências.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução n. 499 de 17 de dezembro
de 2008. Dispõe sobre a prestação de serviços farmacêuticos, em farmácias e
drogarias, e dá outras providências.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. SMSF (Sistema de Monitoramento de
Serviços Farmacêuticos). Farmácia Comunitária - Manual VI. Brasília:
Conselho Federal de Farmácia, 2010.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução n. 555 de 30 de novembro
de 2011. Regulamenta o registro, a guarda e o manuseio de informações
resultantes da
prática da assistência farmacêutica nos serviços de saúde.
CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO
PAULO.Fascículo III – Serviços Farmacêuticos. Farmácia - Estabelecimento de
Saúde. São Paulo: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo,
2010.
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