As teorias do conhecimento1 No decorrer da história o homem sempre buscou por explicações e justificativas que lhe garantissem um lugar seguro no mundo, que o livrassem da desordem, do caos, do desconhecido. A busca pela verdade tornou-se o propósito de vida de todo ser humano: conhecer a si mesmo, o outro e o mundo. Porém, nessa busca que ultrapassa milênios, o que se entende por conhecimento e verdade assumiu diversos significados, dependendo da explicação que os filósofos davam às nossas relações e tentativas de compreendê-las. Filosofia Grega O conhecimento era demonstrável racionalmente. Dessa forma estabelecia-se a oposição entre doxa (sensibilidade) e episteme (razão). Os sentidos não eram confiáveis para se alcançar o conhecimento da verdade. Os filósofos naturalistas iniciaram a discussão racional em torno da natureza. Heráclito de Éfeso, busca a compreensão da realidade na sua multiplicidade. Para ele a verdade é o devir, as coisas mudam sem cessar, como instantes que se sucedem constantemente. Tudo é movimento e este é sustentado pela luta dos contrários: o belo e o feio, a guerra e a paz, o seco e o molhado, todos coexistem no ser. Contradizendo a ideia heraclitiana de que “tudo flui”, Parmênides de Eléia, propõe a imobilidade do ser. Para ele uma coisa não pode ser e não-ser ao mesmo tempo, mas do contrário o “ser é” e o “não-ser não é”. O movimento que percebemos no nascer, crescer e morrer dos seres, só existe no mundo sensível, portanto é ilusório. O ser, ou seja, a verdade é, portanto único, imutável, infinito e imóvel. Para Platão a alma humana é possuidora de todo o conhecimento, porém ao habitar um corpo ela se esquece de tudo completamente. Somente a partir do exercício da razão – filosofia – poderá relembrar-se gradativamente do conhecimento esquecido. O conhecimento está na alma. 1 Baseado em: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 3ª ed. Revista. São Paulo: Moderna, 2003. p. 439, pp. 52 – 58; 118 – 154. http://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento http://portacurtas.org.br/pop_160.asp?Cod=4937&exib=5937 Filosofia Medieval “Sócrates é um homem; Logo Sócrates é mortal.” Sócrates é homem. (Premissa explícita) Todos os homens são mortais. (Premissas implícitas) Logo, Sócrates é mortal. (Premissa explícita) Ao identificar as premissas de um argumento, procure compreender, primeiramente, o que o argumento pretende demonstrar. Em seguida busque pelas premissas explicitas e implícitas. Torne explícitas as implícitas. Conclusões: Aquilo com o que se conclui um argumento. O resultado de uma somatória de premissas, justificado e sustentado pelo raciocínio. Dedução: É a forma de argumentação mais rigorosa que existe. Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão também será, obrigatoriamente, verdadeira. Essa é a característica de um argumento dedutivo bem sucedido, que nos leva a chama-lo de um argumento válido. Porém devemos ficar atentos a possíveis armadilhas, nas quais o argumento seja válido, embora suas premissas ou conclusão sejam falsas. A validade do argumento independe do conteúdo ou das verdades de suas proposições. Vejamos: Todo vide-game é mais inteligente que o ser humano. O gato Severus é um vídeo-game. Logo, o gato Severus é mais inteligente que o ser humano. Considerando a estrutura deste argumento podemos reelabora-lo na seguinte forma geral: Todos o Xs são Ys. Z é um X. Logo, Z é um Y. Assim percebemos que a noção de validade independe do conteúdo e ela é determinada por uma estrutura dedutiva sólida. O argumento do exemplo é, portanto válido, pois, embora o seu conteúdo seja ridiculamente falso possui uma estrutura que permite que a conclusão seja verdadeira caso as premissas também o fossem. Indução: Trata-se de um raciocínio que parte de um número limitado de observações para chegar a possíveis generalizações. Estes raciocínios derivam da experiência e são fundamentais para a ciência, na medida em que os cientistas formulam suas leis universais com base em um número restrito de observações. Ex.1: O sol nasce todos os dias, regularmente, desde que se pode recordar na experiência humana. Por isso as pessoas supõem que ele continuará aparecendo todos os dias do futuro. Ex.2: O cisne 1 é branco. O cisne 2 é branco. O cisne 3 é branco. (...) O cisne 1000 é branco. Logo, todos os cisnes são brancos. Invalidade: O argumento inválido é aquele no qual a verdade das premissas não assegura a verdade da conclusão. Se as premissas forem verdadeiras, ainda assim a conclusão poderá ser falsa. Vejamos: Vegetarianos não comem carne de porco. Ghandi não comia carne de porco. Logo, Ghandi era vegetariano. Este é um argumento inválido, mas que facilmente nos engana como sendo válido, isso porque as três proposições são verdadeiras. Sendo assim é fácil confundirmos que ele seja válido. Não devemos, portanto, nos esquecer de que um argumento é válido somente se a verdade das premissas garantirem a verdade da conclusão. O que não ocorre neste exemplo: Ghandi poderia não comer carne de porco, mas comer carne de frango ou bovina e nesse caso não seria vegetariano. Logo, o fato dele não comer carne de porco não assegura que ele seja vegetariano. Vejamos um exemplo no qual as premissas são verdadeiras e a conclusão, claramente, falsa. Todos os cachorros comem carne. O presidente dos Estados Unidos come carne. Logo, o presidente dos Estados Unidos é um cachorro. Com isso concluímos que tanto a validade quanto a invalidade de um argumento não são determinadas pela verdade ou falsidade de suas premissas, mas antes pela relação lógica que se estabelece entre elas. A filosofia não consiste simplesmente em dizer verdades, mas sim em dizer verdades fundadas em bons argumentos. Falácias: As falácias referem-se aos raciocínios imperfeitos, as inferências incorretas. Todos os argumentos inválidos são falaciosos, mas nem todas as falácias envolvem argumentos inválidos. Os argumentos inválidos são incorretos devido às falhas em sua forma ou estrutura. Porém, muitas vezes, o erro do raciocínio está em seu conteúdo, e não em sua forma. Quando o erro encontra-se na estrutura do argumento trata-se de uma falácia formal, como já vimos em exemplos anteriores. Quando a incorreção está no conteúdo denomina-se falácia informal. Vejamos alguns exemplos de falácia informal: Falácia do recurso à força: o argumento recorre à ameaças explícitas ou implícitas, físicas ou psicológicas para levar os ouvintes a aceitar uma afirmação. Ex: O dinheiro ou a vida. Falácia contra a pessoa: o argumento pretende mostrar que uma afirmação é falsa, atacando e desacreditando a pessoa que a emite. Ex: Roberto disse que amanhã não há aulas, mas com certeza haverá porque ele é malcriado e preguiçoso. Falácia da ignorância: argumento que consiste em refutar um enunciado, só porque ninguém provou que é verdadeiro, ou em defendê-lo, só porque ninguém conseguiu provar que é falso. Ex: Não acredito em Deus porque ninguém provou que ele existe. Falácia ad misericordiam: argumento que consiste em pressionar psicologicamente o interlocutor, desencadeando sentimentos de piedade ou compaixão. Ex: Por favor, não me despeça, preciso do dinheiro porque a minha mulher está desempregada e o meu filho precisa de ser operado. Falácia populista: criação de um ambiente de entusiasmo e encantamento que propicie a adesão a uma determinada tese ou produto, cuja origem ou apresentação se devem a uma pessoa credora de popularidade. Ex: Nove em cada dez estrelas de cinema usam o sabonete X. Use-o também e seja uma estrela. Falácia da generalização precipitada: argumento que enuncia uma lei ou uma regra geral a partir de dados não representativos ou insuficientes. Ex: Quando eu liguei a televisão ontem estava a dar o telejornal. Hoje aconteceu a mesma coisa. Logo, sempre que eu ligo a televisão, está a dar o telejornal. Falácia da falsa causa: consiste em atribuir a causa de um fenômeno a outro, pela simples razão de o preceder. Ex: O gato miou quando eu abri a porta. Logo, o gato miou porque eu abri a porta. Falácia da petição de princípio: consiste em adotar, para premissa de um raciocínio, a própria conclusão que se quer demonstrar. Ex: Uma pessoa odeia pessoas de outras raças porque é racista. Falácia da falsa dicotomia: apresentação de duas alternativas como sendo as únicas existentes em dado universo, ignorando ou omitindo outras possíveis. Ex: Ou o dinheiro ou a vida.