DIVERSIDADE NAS ESCOLAS A formação das identidades

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DIVERSIDADE NAS ESCOLAS
A formação das identidades depende dos processos de socialização e de
ensino e aprendizagem que ocorrem de acordo com as características físicas,
cognitivas, afetivas, sexuais, culturais e étnicas dos envolvidos nos processos
educativos. O desenvolvimento da identidade do ser humano, como nos ensina
Habermas (1983), pode ser de três modos: a linguística, a cognitiva e
a interativa.
A escola como esfera pública democrática pode possibilitar a capacitação de
pais, alunos e educadores para a participação na busca de soluções para os
problemas da escola, do bairro, da cidade, do Estado, do País e da vida da
espécie humana no Planeta. Para tanto, todos devem ter o direito de falar,
opinar e participar nos processos decisórios. É participando que se aprende a
participar. Uma escola “perfeita”, na qual ninguém precisa dar nenhuma
opinião, é um desastre educativo. O problema é que o controle e a disciplina, a
idéia de ordem, organização e limpeza muitas vezes se tornam prioritários em
relação ao direito de participação.
Na sociedade um individuo é preciso reconhecer o outro individuo, é assim que
se cria o respeito. Mas, segundo Charles Taylor (1994: 58), “um indivíduo ou
um grupo de pessoas podem sofrer um verdadeiro dano, uma autêntica
deformação se a gente ou a sociedade que os rodeiam lhes mostram como
reflexo, uma imagem limitada, degradante, depreciada sobre ele.”
As sociedades contemporâneas são heterogêneas, compostas por diferentes
grupos humanos, interesses contrapostos, classes e identidades culturais em
conflito. Vivemos em sociedades nas quais os diferentes estão quase que
permanentemente em contato. Os diferentes são obrigados ao encontro e à
convivência. E são assim também as escolas.
Stuart Hall (2003) identifica pelo menos seis concepções diferentes de
multiculturalismo na atualidade, sendo eles: Multiculturalismo conservador,
multiculturalismo
liberal,
multiculturalismo
pluralista,
multiculturalismo
comercial, multiculturalismo corporativo (público ou privado) e multiculturalismo
crítico.
Os multiculturalismos nos ensinam que reconhecer a diferença é reconhecer
que existem indivíduos e grupos que são diferentes entre si, mas que possuem
direitos correlatos, e que a convivência em uma sociedade democrática
depende da aceitação da idéia de compormos uma totalidade social
heterogênea.
A identidade é uma construção que se faz com atributos culturais, isto é, ela se
caracteriza pelo conjunto de elementos culturais adquiridos pelo indivíduo
através da herança cultural. Ao longo de nossa história, na qual a colonização
se fez presente, a escravidão e o autoritarismo contribuíram para o sentimento
de inferioridade do negro brasileiro. A ideologia da degenerescência do
mestiço, o ideal de branqueamento e o mito da democracia racial foram os
mecanismos de dominação ideológica mais poderosos já produzidos no
mundo, que permanecem ainda no imaginário social, o que dificulta a
ascensão social do negro, pois este é visto como indolente e incapaz
intelectualmente.
A proposta de uma educação voltada para a diversidade coloca a todos nós,
educadores, o grande desafio de estar atentos às diferenças econômicas,
sociais e raciais e de buscar o domínio de um saber crítico que permita
interpretá-las. Embora saibamos que seja impossível uma escola igual para
todos, acreditamos que seja possível a construção de uma escola que
reconheça que os alunos são diferentes, que possuem uma cultura diversa e
que repense o currículo, a partir da realidade existente dentro de uma lógica de
igualdade e de direitos sociais. Assim, podemos deduzir que a exclusão
escolar não está relacionada somente com o fator econômico, ou seja, por ser
um aluno de origem pobre, mas também pela sua origem étnico-racial.
A discriminação é promovida e reforçada na educação escolar de diversas
formas. As condições salariais, a desvalorização do professor, a pouca atenção
que muitos governos vêm dando à escola pública são alguns dos fatores que
fazem com que o próprio educador acabe, sem perceber, reproduzindo e
reforçando a discriminação e o preconceito, os quais geram a violência. Porém,
as escolas, como instituições de socialização têm como tarefa expandir as
capacidades humanas, favorecer análises e processos de reflexão em comum
da
realidade,
desenvolver
nos
alunos
procedimentos
e
habilidades
imprescindíveis para sua atuação responsável, crítica, democrática e solidária
na sociedade.
Portanto, a instituição educacional precisa constituir-se em uma instância de
promoção de auto-reflexão e do desenvolvimento de sensibilidades e das
capacidades intelectuais e operativas,
embasadas em
valores éticos
necessários á formação de profissionais comprometidos com a construção de
sociedades mais solidárias.
A sociedade brasileira anda carente de pessoas pensantes e cognoscentes.
Pessoas com liderança para direcionar uma multidão de brasileiros alienados
para uma seara de conhecimento, criticidade e também prosperidade. Quando
conseguirmos trabalhar e desenvolver em nossos educandos não só conceito
político, mas uma conscientização, estaremos fazendo com que estes deixem
de ser analfabetos políticos que, segundo afirma Bertolt Brecht, dessa
ignorância, nasce a “prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os
bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas
nacionais e multinacionais”.
Portanto
cabe
a
nós
educadores
pensarmos
como
trabalhar
essa
conscientização em nossos educandos, sem nos deixarmos ser afetados pela
coação de gestores com desculpas de que a escola não é um espaço para
propaganda eleitoral, o que não é a intenção da educação, pois ela deve ser
neutra politicamente, mas sem deixar de ser omissa com a sua função de
educar para a cidadania e o protagonismo, e esse protagonismo para existir,
faz-se interagir com os acontecimentos políticos.
As diferenças não são bem tratadas e nem respeitadas na sociedade. Isso faz
com que temas relacionados a doenças, deficiências, desigualdades
econômicas e raciais, entre outros, não sejam abordados. Neste sentido, é
importante que a diversidade sexual seja tema transversal em todas as
disciplinas, pois o preconceito também é vivido na escola, tanto entre
professores em relação aos alunos, como entre os alunos e até mesmo entre
os próprios professores.
A escola é um espaço de formação crítica e de direito para todo cidadão. Um
lugar onde podemos descobrir, através do convívio, nossas afinidades, nossas
vontades e a nossa forma de ser, um lugar para fazer a socialização entre os
indivíduos.
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