Diversidade nas Escolas A educação em quanto produto da ação humana esta em constante processo de mudanças, pôs igualmente em processo estão os sujeito envolvidos na educação, os professores e os educandos, segundo miguel arroyo (2006,07) proponhe que seja destacado o a avanço avido na consciência dos direitos, tanto dos professores educadores como das crianças e adolescentes e joves educando(as) Formação das identidades depende dos processos de socialização e de ensino e aprendizagem que ocorrem de acordo com as características físicas, cognitivas, afetivas, sexuais, culturais e étnicas dos envolvidos nos processos educativos. O desenvolvimento da identidade do ser humano, como nos ensina Habermas (1983), pode ser analisado como um processo de aprendizagem: a) Lingüística: para a comunicação; b) Cognitiva: para a busca dos conhecimentos necessários para a vida em sociedade; c) Interativa: para a ação e a interação com o outro. De uma perspectiva geral, todos os processos educativos devem levar ao desenvolvimento desses três conjuntos de competências. A educação é o resultado de relações sociais que podem capacitar aqueles que participam do processo educativo para: a) a sobrevivência nas sociedades contemporâneas; b) a busca da superação da ordem social existente; c) os objetivos a) e b); d) nenhum dos dois objetivos. Cabe aos participantes dos processos educativos a decisão sobre a ênfase que será adotada. A educação é também um processo social do qual participamos enquanto realizamos uma opção entre diferentes valores e objetivos a serem alcançados. Uma educação democrática é aquela em que todos os envolvidos podem participar na definição dos rumos da educação, e não só os dirigentes, professores, acadêmicos e técnicos. A escola é um espaço público para a convivência fora da vida privada, íntima, familiar. Ao nos capacitarmos para a convivência participativa na escola, participamos de um processo de aprendizagem que também nos ensina como participar do restante da vida social. A escola como esfera pública democrática pode possibilitar a capacitação de pais, alunos e educadores para a participação na busca de soluções para os problemas da escola, do bairro, da cidade, do Estado, do País e da vida da espécie humana no Planeta. A democracia é um processo de negociação permanente dos conflitos de interesses e idéias. Para haver essa negociação permanente é preciso o respeito à diferença. Uma escola que respeita a diferença é uma escola pluralista que ensina a viver em uma sociedade que também é heterogênea. Para tanto, todos devem ter o direito de falar, opinar e participar nos processos decisórios. É participando que se aprende a participar. Uma escola “perfeita”, na qual ninguém precisa dar nenhuma opinião, é um desastre educativo. O problema é que o controle e a disciplina, a idéia de ordem, organização e limpeza muitas vezes se tornam prioritários em relação ao direito de participação. Um ponto de partida para que exista o respeito à diversidade na escola é aceitarmos que os agentes que interagem na escola têm interesses, visões de mundo e culturas diferentes e nenhum de nós tem o monopólio da verdade, da inteligência e da beleza. Daí a necessidade de negociações permanentes para que todos façam concessões, e todos tenham ao menos parte dos seus interesses e valores contemplados no espaço público da escola. Ao tratar da diversidade humana na escola podemos ter como parâmetro a necessidade de reconhecimento que caracteriza os seres humanos. Para interpretarmos quem somos como coletividade, ou quem sou como indivíduo, dependemos do reconhecimento que nos é dado pelos outros. “Ninguém pode edificar a sua própria identidade independentemente das identificações que os outros fazem dele”, nos ensina Habermas (1983: 22). O reconhecimento pelos outros é uma necessidade humana, já que o ser humano é um ser que só existe através da vida social. Como também nos ensina Charles Taylor (1994: 58), “um indivíduo ou um grupo de pessoas podem sofrer um verdadeiro dano, uma autêntica deformação se a gente ou a sociedade que os rodeiam lhes mostram como reflexo, uma imagem limitada, degradante, depreciada sobre ele.” Um falso reconhecimento é uma forma de opressão. A imagem que construímos muitas vezes sobre os portadores de deficiências e grupos subalternos, pobres, negros, prostitutas, homossexuais, é deprimente e humilhante para estes e causalhes sofrimento e humilhação, ainda mais por que tais representações depreciativas são construídas quase sempre para a legitimação da exclusão social e política dos grupos discriminados. Para que haja respeito à diversidade na escola é necessário que todos sejam reconhecidos como iguais em dignidade e em direito. Mas para não nos restringirmos a uma concepção liberal de reconhecimento, devemos também questionar os mecanismos sociais, como a propriedade, e os mecanismos políticos, como a concentração do poder, que hierarquizam os indivíduos diferentes em superiores e dominantes, e em inferiores e subalternos. Em outras palavras, ao considerarmos que os seres humanos dependem do reconhecimento que lhes é dado, estamos reconhecendo que a identidade do ser humano não é inata ou pré-determinada, e isso nos torna mais críticos e reflexivos sobre a maneira como estamos contribuindo para a formação das identidades dos nossos alunos. Como ainda nos ensina Taylor (1994: 58), “a projeção sobre o outro de uma imagem inferior ou humilhante pode deformar e oprimir até o ponto em que essa imagem seja internalizada”. E não “dar um reconhecimento igualitário a alguém pode ser uma forma de opressão”. Porém, quando afirmamos que “todos os seres humanos são igualmente dignos de respeito” (Taylor, 1994: 65), isso não pode significar que devemos deixar de considerar as inúmeras formas de diferenciação que existem entre os indivíduos e grupos. Devemos fornecer o apoio e os recursos necessários para que não haja assimetria, desigualdade nas oportunidades e no acesso aos recursos. De novo Taylor (1994: 64): “Para aqueles que têm desvantagens ou mais necessidades é necessário que sejam destinados maiores recursos ou direitos do que para os demais” As sociedades contemporâneas são heterogêneas, compostas por diferentes grupos humanos, interesses contrapostos, classes e identidades culturais em conflito. Vivemos em sociedades nas quais os diferentes estão quase que permanentemente em contato. Os diferentes são obrigados ao encontro e à convivência. E são assim também as escolas. As idéias multiculturalistas discutem como podemos entender e até resolver os problemas gerados pela heterogeneidade cultural, política, religiosa, étnica, racial, comportamental, econômica, já que teremos que conviver de alguma maneira. Stuart Hall (2003) identifica pelo menos seis concepções diferentes de multiculturalismo na atualidade: 1. Multiculturalismo conservador: os dominantes buscam assimilar as minorias diferentes às tradições e costumes da maioria; 2. Multiculturalismo liberal: os diferentes devem ser integrados como iguais na sociedade dominante. A cidadania deve ser universal e igualitária, mas no domínio privado os diferentes podem adotar suas práticas culturais específicas; 3. Multiculturalismo pluralista: os diferentes grupos devem viver separadamente, dentro de uma ordem política federativa; 4. Multiculturalismo comercial: a diferença entre os indivíduos e grupos deve ser resolvida nas relações de mercado e no consumo privado, sem que sejam questionadas as desigualdade de poder e riqueza; 5. Multiculturalismo corporativo (público ou privado): a diferença deve ser administrada, de modo a que os interesses culturais e econômicos das minorias subalternas não incomodem os interesses dos dominantes; 6. Multiculturalismo crítico: questiona a origem das diferenças, criticando a exclusão social, a exclusão política, as formas de privilégio e de hierarquia existentes nas sociedades contemporâneas. Apóia os movimentos de resistência e de rebelião dos dominados. Os multiculturalismos nos ensinam que reconhecer a diferença é reconhecer que existem indivíduos e grupos que são diferentes entre si, mas que possuem direitos correlatos, e que a convivência em uma sociedade democrática depende da aceitação da idéia de compormos uma totalidade social heterogênea na qual: a) não poderá ocorrer a exclusão de nenhum elemento da totalidade; b) os conflitos de interesse e de valores deverão ser negociados pacificamente; c) a diferença deverá ser respeitada. A política do reconhecimento e as várias concepções de multiculturalismo nos ensinam, enfim, que é necessário que seja admitida a diferença na relação com o outro. Isto quer dizer tolerar e conviver com aquele que não é como eu sou e não vive como eu vivo, e o seu modo de ser não pode significar que o outro deva ter menos oportunidades, menos atenção e recursos. A democracia é uma forma de viver em negociação permanente tendo como parâmetro a necessidade de convivência entre os diferentes, ou seja, a tolerância. Mas para valorizar a tolerância entre os diferentes temos que reconhecer também o que nos une. Isso posto pensar educação nos tempos atuas recém pensara a inclusão nas escolas, esta palavra tão usada atualmente nos leva a refletir: estaria a escola tradicional preparada. O “Diversidade na Escola” está entre as ações que fazem parte da construção do Projeto Político Pedagógico do Centro de Ensino Fundamental 01 de Planaltina (Centrinho) no ano de 2013, e traz como aspecto relevante a inclusão por se tratar de uma escola que atende alunos portadores de necessidades especiais e que tem em seu perfil a educação voltada ao convívio harmônico e respeito às diferenças, levando acessibilidade aos que necessitam dela. Dentro dessa perspectiva de respeito ao outro, entende-se que visibilidade, tratamento digno e medidas diferenciadas aos diferentes contribui com o alcance da equidade, acesso e respeito. É importante ressaltar que a implantação do projeto “Diversidade na Escola” tem sido feita de forma gradativa com os/as alunos/as dos três turnos (matutino, vespertino e noturno), incluindo as turmas de classe especial, e sua execução acontece por meio de aulas expositivas, dinâmicas, músicas e vídeos voltados para as questões de GÊNERO, SEXUALIDADE e RAÇA. O projeto foi idealizado a partir de demandas apresentadas pela sociedade no que diz respeito à diversidade e sua importância dentro do ambiente escolar, atendendo, também, àResolução nº 1 de 2012 do CEDF (Conselho de Educação do Distrito Federal) 3 que determina: Art. 19. Constituem conteúdos dos componentes curriculares obrigatórios da educação básica: I - História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos ensinos fundamental e médio, ministradas no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de arte e de literatura e história brasileira; (...) VI - Direitos da mulher e outros assuntos com o recorte de gênero nos currículos dos ensinos fundamental e médio. A sua construção e execução podem ser vistas como resultado de vários questionamentos que se apresentam de forma pertinente acerca da pluralidade vivenciada na escola e que por esse motivo necessita de olhares mais plurais. A partir daí, várias perguntas foram sendo feitas: Que nome representaria nosso anseio com relação à diversidade? Qual seria o local de fala no qual o projeto seria articulado? Como inserir tais temáticas nos espaços dos componentes curriculares? Como seriam tratadas as questões de gênero, sexualidade e raça dentro de uma dinâmica em que todos os eixos fossem contemplados? Como seria adaptada a linguagem de acordo com as necessidades dos alunos? Que tipos de recursos seriam utilizados para implantação e execução do projeto? Quais redes internas e externas poderiam dar eficácia às ações pedagógicas? Como envolver professores nas temáticas da diversidade? Após a escolha do nome do projeto “Diversidade na Escola”, foi feita a análise de quais componentes curriculares poderiam oferecer o espaço necessário para tais temáticas. O escolhido, a princípio, foi a disciplina de Parte Diversificada (PD) que contava com duas aulas semanais no período vespertino e uma aula no período noturno, porém, a partir do 3º bimestre, no período matutino houve a adesão de Ensino Religioso (ER), contando com uma aula semanal. A adesão do Ensino Religioso no projeto possibilitou que o número de alunos, que de alguma forma discutisse em sala de aula as questões da diversidade, aumentasse. Inverossímeis de si pensar, oque a estrutura educacional tão carente de investimento seja no campo profissional, financeiro e humanitário satisfatória quanto as necessidades destes alunos . Quais sejam estas necessidades especiais o ambiente escola esta longe de ser um ambiente adequado para socializar e promover esta inclusão tão propagada e nessecaria.inerente a tudo isso vem a pergunta: o que seria igualdade? A escola pode lutar por desenvolver nos alunos o papel de educadores de forma incondicional. talvez devamos lutar para que este tipo de escola torne -se realidade, O tema da diversidade e sua relação com as políticas públicas vêm ganhando mais destaque na agenda pública desde a criação de três secretarias especiais com status de ministério. A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos são as principais responsáveis, na esfera federal, por liderar e ampliar o debate sobre como o Estado pode combater a desigualdade e fazer valer os direitos de grupos prejudicados ou em desvantagem econômica, social ou política. Trazer esse tema para as questões de formação e capacitação de servidoras(es) públicas(os) é uma necessidade apontada frequentemente. Com esse intuito, duas medidas foram tomadas: a realização de um workshop internacional para troca de ideias e experiências e a realização de uma mesa-redonda de pesquisa-ação para aprofundar a compreensão sobre o tema. A realização do Workshop Internacional sobre Equidade e Diversidade no Serviço Público: Gênero, Raça e Direitos Humanos, ocorrido na ENAP entre 19 e 21 de maio de 2009, forneceu elementos para debater como a formação e a capacitação de servidoras(es) pode contribuir para a incorporação do tema da diversidade nos programas e ações do governo. Nessa ocasião, foi apontada a necessidade de construir uma visão comum sobre os temas, conteúdos e estratégias. Esse processo envolveria, além das escolas, as Secretarias Especiais e a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Tendo isso em mente, a Mesa-redonda de Pesquisa-Ação Diversidade e Capacitação em Escolas de Governo foi organizada reunindo todos esses atores. As Secretarias Especiais trazem o conhecimento aprofundado do tema, com suas especificidades em cada área e as necessidades relacionadas. As escolas de governo, sobretudo as escolas parceiras da ENAP que participam da Mesa, contribuem com a disseminação e implementação de processos educacionais sobre a diversidade adequados às realidades locais e regionais, além de contribuir, também, para a adaptação de conteúdos e estratégias de acordo com seu público. A Secretaria de Recursos Humanos seria, então, capaz de estabelecer a ligação entre iniciativas esparsas e a absorção do tema nas macropolíticas de gestão de pessoas. de alguma forma isso ja esteja acontecendo em bora de forma lenta e gradual . A escola pode si submeter ao modelo existente na sociedade, ou lutar por desenvolver em cada individuo a criticidade. Para tratar o outro como ser semelhante com qualidade e defeitos se transforma as pessoas que antes eram excluídas teria am ambiente propicio ao acolhimento sem ressalvas ou traumas futuros.A comunidade. Escola pode inserir novos e possíveis dogmas de igualdade. de acordo com Sacrista (2001),a inclusão deve proporcionar espaços sócias partindo da dimensão intelectual. Que busca a compreensão do mundo, fazendo com que os seres humanos se sintam acolhidos e realmente parte do espaço. O modelo de educação vigente precisaria ser revisto ou aumentos. Ser restaurados, partindo da impressão intelectualizada com que estas pessoas posam sentir se como criadores autônomos e livre dos estigma do preconceito. A escola pode e deve ser o pano de fundo, para se tratar dessa igualdade a escola deve submeter-se ao modelo existente ou tentar mudá-lo? com assoes afirmativas de inclusão. Toda via e necessário que si faça um apanhado de ações de afirmações e conceitos já fora de ordem pre estabelecido, para que de origem ao novo.O ideal seria que a escola consiga desenvolver no individuo. a criticidade da realidade esta visão critica de forma igualitária, sem pressões ou punições mas que mostre aos indivíduos que somos todos iguais. Esta seção, que trata dos programas educacionais para a diversidade em escolas de governo, explora o como, ou seja, os modos e as formas de tornar o processo educacional efetivo para considerar os processos de diversidade. Entre as características dos eventos tradicionais de ensinoaprendizagem para a diversidade, é comum se deparar com a recorrente participação de um público já sensível ao tema. Na prática o que se observa é que justamente aquelas e aqueles que mais precisariam passar pelo processo educacional para a diversidade não são atingidos, porque não possuem interesse em participar. Um caminho para tornar o processo educacional efetivo para a diversidade consiste em utilizar estratégias metodológicas para o trabalho com as temáticas vinculadas à diversidade, uma forma de introduzir brechas em certos ambientes para, aos poucos, abrir espaço para temas de difícil tratamento por mexerem com o não dito. Nesse sentido, é fundamental desenhar diversas estratégias e utilizar novas modalidades de ensino-aprendizagem para constituir um processo educacional para a diversidade capaz de alcançar o maior número possível de servidoras e servidores. É um modelo “privativo” e determinista (negativo), que destaca mais o que a criança não sabe fazer do que aquilo que ela pode realmente fazer. Outras vezes, esse modelo se centra na necessidade do especialista, e se busca um modo específico (tecnocrata) de intervir, como se a resolução dos problemas da diversidade estivesse sujeita à formação de especialistas. E os profissionais se fazem profissionais da deficiência. Por último, esse modelo deficitário centrou-se no Currículo Paralelo (Programas de Desenvolvimento Individual – PDI), ou Adequações Curriculares Individuais, como se se tratasse de uma atitude compensatória (modelo compensatório). Essa escola seletiva valoriza mais a capacidade dos que os processos; os agrupamentos homogêneos do que os heterogêneos; a competitividade do que a cooperação; o individualismo do que a aprendizagem solidária; os modelos fechados, rígidos e inflexíveis do que os projetos educativos abertos, compreensivos e transformadores; apóia-se em desenvolver habilidades e destrezas e não conteúdos culturais e vivenciais como instrumentos para adquirir e desenvolver estratégias que lhes permitam resolver os problemas da vida cotidiana. Essa é uma escola avaliadora de resultados e não de processos, sobre um critério supostamente objetivo. Dentro dessa escola seletiva se estabelecem “adaptações curriculares” para recuperar os alunos excluídos através de “aulas de recuperação”, e se aconselha aos pais que procurem especialistas (fonoaudiólogos, psicólogos), esquecendo intencionalmente que a responsabilidade é absolutamente coletiva e institucional. Em nossa maneira de ver, manter esse discurso é um problema ideológico, por que o que se esconde atrás dessa atitude é a não-aceitação da diversidade como valor humano e a perpetuação das diferenças entre os alunos, ressaltando que essas diferenças são insuperáveis (determinismo bio e sociológico) e, mesmo que dividam o mesmo ônibus, a mesma mesa e a mesma cadeira, seguem currículos diferentes e, às vezes, até opostos. Frente a este Modelo Deficitário (definido como específico, privativo e compensador, centrado na deficiência da criança), o Modelo Educativo Competencial pretende, em primeiro lugar, estabelecer ligações cognitivas entre os alunos e o currículo, para que adquiram e desenvolvam estratégias que lhes permitam resolver problemas da vida cotidiana e que lhes preparem para aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereça. Às vezes, essas oportunidades lhes serão dadas mas, na maioria das vezes, terão que ser construídas e, nessa construção, as pessoas com deficiência têm que participar ativamente. Definimos esse modelo como educativo-competencial ou de currículo único – ou seja, um modelo que evite a subcultura. Esta incompreensão da cultura da diversidade, no meu ponto de vista, implica – como já disse mais acima – em que os profissionais pensem que os processos de integração estavam destinados a melhorar a “educação especial” e não a educação em geral. Tudo isso originou profundas diferenças tanto na conceitualização quanto no que significa a educação integradora e nas funções que esta há de desempenhar para a mudança dos parâmetros nos quais a educação segregadora se fundamentava, o que provocou grandes conflitos entre investigadores e legisladores, entre professores e pais. Ou seja, o problema que hoje detectamos na escola é um problema epistemológico e ideológico, que pode ser resolvido se todos estivermos convencidos de que a escola do século XXI deve ser uma escola sem exclusões. No sentido gramsciano do termo, encontramo-nos em um momento de crise, por que os velhos parâmetros estão agonizando e os novos ainda não terminaram de emergir. Penso que a cultura da diversidade está colocando contra a parede o fim de uma época (o ocaso da modernidade?) educativa. Ao ressaltar a importância da diversidade como referencial para a construção da nova escola, posso ser interpretado por alguns como ingênuo ou romântico, por pensarem que esqueço de fatores mais complexos que estão imersos, tais como o poder do estado em uma educação determinada, a força da economia neoliberal etc. No entanto, em um projeto de sociedade e de homem diferentes para o século XXI, nós, como profissionais do ensino, temos que ir construindo a escola do século XXI. Uma escola que ensine a pensar e a descobrir a cultura. Uma escola que faça homens pensantes e sensíveis às diferenças e não meros administradores. A cultura da diversidade vai nos permitir construir uma escola de qualidade, uma didática de qualidade e profissionais de qualidade. Todos teremos de aprender a “ensinar a aprender”. A cultura da diversidade é um processo de aprendizagem permanente, onde TODOS(AS) devemos aprender a compartilhar novos significados e novos comportamentos de relações entre as pessoas. A cultura da diversidade é uma nova maneira de educar(se) que parte do respeito à diversidade como valor. 1. A escola da diversidade: uma escola que educa ou que seleciona? Alguns de nós pensam que o melhor seria prescindir desse conceito de integração, e que falássemos de educação intercultural como um princípio mais global, que fizesse referência à necessidade de melhorar e elevar o modelo de educação (geral) que oferecem as escolas dos países desenvolvidos do Ocidente europeu. Preferimos não falar de integração porque ela é entendida como um programa que só tende a melhorar a Educação Especial mas não a Educação Geral, como eu afirmei antes. O conceito de diversidade (ou de educação intercultural) não se refere somente à deficiência, mas a todos os coletivos menos favorecidos da sociedade que, por uma ou outra causa, estão situados na fronteira ou fora do sistema (raça, gênero, religião, sexo…), esquecendo-se (intencionalmente) que a diversidade é o mais genuinamente natural do ser humano. Falar autoritariamente da Educação Intercultural é algo impossível, tanto em âmbito nacional, autônomo ou local. Por isso, vou dar a minha visão pessoal, que reflete os meus pontos de vista e que não tem que coincidir nem com o que vocês pensam nem com o que pensam as autoridades educativas. Não posso nem vou ser dogmático, mas sim completamente radical (buscando a raiz do assunto). O pensamento da educação intercultural supera os prejuízos e contempla a diferença como um valor, sobre as análises ideológicas e socioeconômicas que devem moldar as relações entre as diversas culturas que chegam à escola. Como diz Pérez Gómez, “a escola é um cruzamento de culturas”. Esta mensagem significa que, se a escola está decidida a dar uma resposta a todas as crianças que a ela chegam, não pode fazê-lo partindo de concepções ou de prejuízos patológicos e perversos sobre a diversidade , mas sim a partir da consideração de que ser diferente é um elemento de valor e um referencial positivo para modificar a escola. “Não faz falta rotular as pessoas para proporcionar ensinos diferentes a alunos diferentes. Que não se vejam os problemas de aprendizagem como fracassos e sim como uma ocasião de alcançar-se um ensino mais avançado.” (Wang, 1994, p.39) Tudo isso nos permitirá que as crianças adquiram uma cultura diferente, ao viver as diferenças entre as pessoas como algo valioso, solidário e democrático. Da diversidade cultural, étnica, de gênero, lingüística etc. surgirão necessidades educativas diferentes mas muito valiosas que teremos de contextualizar, sequencializar, temporalizar e buscar estratégias metodológicas para o seu desenvolvimento. A partir da consideração do currículo como processo aberto flexível e da aposta por uma escola que se adapta às diferenças (e não de diferenças que se adaptam à escola), estamos considerando a escola como agente de transformação social. A idéia que pretendo ressaltar neste texto é que com a educação intercultural não estamos solicitando ocasiões isoladas para a aprendizagem das pessoas com deficiências (isso que alguns conhecem muito bem como “adaptações curriculares individuais”), de uma subcultura ou de algumas aprendizagens de segunda categoria, mas uma educação alternativa que, compreendendo a diversidade das pessoas e partindo das diferentes formas e ritmos de aprendizagem dessas pessoas, leve aos educadores a considerar todos esses indicadores como elementos potenciais de valor para mudar nosso pensamento pedagógico. A passagem para a integração social e escolar das pessoas com deficiência é um discurso “progressista” e está dentro da ideologia da igualdade. Não consiste apenas em ter as mesmas oportunidades, mas também cabe à cultura escolar o direito como pessoa de poder aceder a melhores condições. A perspectiva intercultural supõe uma reconceitualização do valor da diversidade sob os princípios da igualdade, justiça e liberdade, a fim de que se estabeleça um compromisso permanente com as culturas minoritárias. O realmente importante não tem raiz no desenvolvimento do princípio de igualdade mas, sim, no princípio de liberdade. Ou seja, não se trata apenas de reconhecer que essas pessoas têm direitos, mas também elas têm que ter a liberdade para desenvolvê-los. Não falamos em termos de caridade e sim de direitos. Isso tudo nos deve servir de base a reflexões mais profundas – ao menos eu as faço – ao considerar a cultura da diversidade como processo de mudança de papéis e funções dos componentes que constituem a sociedade.