ALOJAMENTO SOCIAL DE TAMANDUÁ-MIRIM (TAMANDUA TETRADACTYLA) EM CONDIÇÕES DE CATIVEIRO: IMPLICAÇÕES PARA O BEM-ESTAR Mariana Labão Catapani*, Angélica da Silva Vasconcellos** *Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), **Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). *Rod. Washington Luiz, km 235, Programa de Pós Graduação em Ecologia e Recursos Naturais – UFSCar,São Carlos – SP- CEP 13565-905, Brasil. Contato para correspondência: [email protected] Palavras-chave: bem-estar animal, cativeiro, Tamandua tetradactyla Introdução. O enriquecimento social é um dos mais duradouros tipos de enriquecimento, constituindo-se numa fonte constante de estímulo e complexidade para animais cativos. Entretanto, o alojamento social de espécies solitárias tem recebido pouca atenção por parte dos cientistas em termos de suas implicações para o bem-estar. Em cativeiro, os animais encontram pressões diferentes de seus coespecíficos selvagens e, na ausência de restrições ambientais, como predação e limitação de recursos, acredita-se que muitas espécies possam ser alojadas em uma maior diversidade social do que o observado na natureza (1). Os tamanduás mirins (Tamandua tetradactyla) são considerados animais de hábitos solitários (2). Neste estudo, realizamos uma análise comportamental comparativa entre tamanduás-mirins cativos alojados individualmente e aos pares, buscando avaliar se o convívio com coespecíficos poderia trazer maiores níveis de bem-estar para estes animais. Metodologia. De setembro de 2013 a abril de 2014, foram estudados 10 animais, de duas instituições no Estado de São Paulo, Brasil: Fundação Parque Zoológico de São Paulo e Aquário de São Paulo, estando seis deles em recintos individuais e quatro compartilhando o recinto com um coespecífico. Dois delineamentos foram utilizados: a) entre grupos, onde se compararam as médias das frequências dos comportamentos exibidos pelos animais alojados individualmente com as frequências dos animais alojados com um coespecífico; b) longitudinal, onde o comportamento apresentado pelos animais em recintos individuais serviu como controle para se avaliar os efeitos da introdução de um coespecífico em seu recinto. As observações comportamentais, com sessões de 20 minutos de duração, seguiram o método animal focal, com registros por intervalos, a cada 30 segundos. Resultados. Verificou-se que os animais que compartilhavam o recinto com um coespecífico apresentaram frequências significativamente menores de inatividade e estereotipias e maiores frequências de comportamentos de forrageio e exploração do que os alojados individualmente, além de uma maior diversidade comportamental. Além disso, houve uma diminuição na frequência dos registros de comportamentos estereotipados quando se colocaram os indivíduos solitários em condição pareada. Conclusão. Embora os tamanduás-mirins levem uma vida solitária na natureza, nossos dados sugerem que as oportunidades fornecidas através do contato social para os indivíduos cativos foram benéficas por aumentarem o estímulo social de seus ambientes. Dessa forma, a presença de um coespecífico para a espécie Tamandua tetradactyla parece compensar a restrição inevitável de complexidade e imprevisibilidade do ambiente de cativeiro, em comparação com o estado selvagem, possivelmente proporcionando maiores níveis de bem-estar para estes animais. Referências: 1. 2. Price EE & Stoinski S 2006 Group size: Determinants in the wild and implications for the captive housing of wild mammals in zoos. Applied Animal Behaviour Science 103: 255-264 . Superina,M. 2012. Um Passeio pela biologia dos tamanduás. In: Miranda FR (ed) Manutenção de tamanduás em cativeiro. Editora Cubo: São Carlos, Brazil.