Os benefícios da eletroestimulação transvaginal na

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Os benefícios da eletroestimulação transvaginal na incontinência
urinária de esforço
Rubiana Parente da Silva¹
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós-graduação em Fisioterapia e Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia- Faculdade Ávila
RESUMO
A pesquisa refere-se à eletroestimulação transvaginal como alternativa para solução de
problemas relacionados à incontinência urinária de esforço. O intuito foi exatamente fazer
uma análise bibliográfica minuciosa a respeito do assunto, para que assim, se pudesse ter
conhecimento necessário sobre esse mecanismo, que é utilizado no meio fisioterapeutico,
como forma de tratamento para o problema antes apresentado. As pesquisas aqui
apresentadas esclarecem sobre o que é essa técnica, quais os benefícios que ela traz para o
organismo das mulheres que a ela aderem. Foi realizada uma revisão literária, no período
entre abril de 2012 e novembro de 2012, onde foram selecionados artigos científicos, revistas
e livros correlacionados com o tema. Ao concluir esta pesquisa foi observado que o êxito de
satisfação das mulheres com incontinência urinária de esforço que são submetidas à
aplicação da eletroestimulação transvaginal é significativo.
Palavras – Chave: Eletroestimulação Transvaginal; Incontinência Urinária Esforço;
Tratamento.
1. Introdução
A incontinência urinária de esforço (IUE) é definida como qualquer perda involuntária de
urina pela uretra, ocorrendo quando a pressão intravesical exceder a pressão uretral máxima
na ausência de contração do músculo detrusor. Acontece durante os estresses, tal como ao
tossir, espirrar ou exercício físico.
Os estudos estatísticos consideram a IUE o tipo mais frequente, sendo um problema comum
que pode afetar mulheres de qualquer faixa etária. Constitui sintomas com implicações social
e higiênico, causando desconforto e perda da autoconfiança, além de interferir negativamente
na qualidade de vida de muitas delas.
O tratamento da IUE pode ser cirúrgico ou não cirúrgico e no Brasil a abordagem mais
utilizada ainda é a cirurgia, entretanto, visto que esse tipo de tratamento envolver
procedimentos invasivos podendo ocasionar complicações e são de custo elevado. Portanto,
devido a essas implicações tem surgido interesse crescente pelo tratamento conservador, que é
realizada por exercícios fisioterapeutico com objetivo de fortalecer a musculatura do assoalho
pélvico, promovendo a continência urinária.
Deve-se não somente tratar o problema, e sim prevenir e orientar os pacientes para que não
cheguem a tal situação. Percebeu-se que, durante esta trajetória de estudos e pesquisas o
aprofundamento no assunto foi vasto, conhecendo anatomia, neurofisiologia da bexiga,
sintomas, causas e consequências causadas pela patologia.
O método trata-se de uma revisão bibliográfica, qualitativa, quantitativa, explicativa, onde
________________________
¹Pós-graduanda em Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia.
²Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior.
Mestranda em Bioética e Direito em Saúde.
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será realizado uma revisão de literatura baseada em coleta de informações em livros, revistas
Científicas e artigos nacionais e internacionais obtida nas bases de dados Bireme, Scielo e
Lilacs.
Toda e qualquer pesquisa científica deve ser dotada de cunho determinantemente científico. E
é exatamente o que se pretendeu fazer com a presente proposta. Ratificar a importância e a
solidez na aplicação do método aqui apresentado como tema de estudo, é o fator primordial
para que a pesquisa fosse consolidada. A própria divulgação de mais um trabalho voltado para
a área em apreço influenciará de modo deveras positivo para que a população, de um modo
geral, e em especial as mulheres, possam ter consciência de que, quando da aparição de
sintomas voltados para a incontinência urinária, não devem achar que é uma mera reação
natural do organismo, mas um problema que deve ser tratado com cuidado e delicadeza.
E ter consciência da existência do tratamento conservador proposto pela fisioterapia,
tratamento esse que deve ser priorizado antes de submeter às pacientes a processo cirúrgico. A
fisioterapia possui uma vasta gama de técnicas, uma delas esta sendo abordada nesta pesquisa
a eletroestimulação transvaginal. Tal técnica sendo abordada de forma adequada conduzida e
supervisionada alcança resultados satisfatórios.
O objetivo do presente trabalho foi demonstrar os benefícios que a técnica pode proporcionar
as mulheres incontinentes.
2. Fundamentação Teórica
A bexiga urinaria é um órgão muscular oco localizado no interior da pelve que recebe a urina
produzida pelos rins por meio dos ureteres, que transportada à bexiga onde a urina é
armazenada até ser eliminada pela micção. Os ureteres vindos dos rins desembocam na
bexiga, seu orifício de saída é o da uretra, formam o trígono vesical, conforme Wise (1992),
apud Huter-Becker; Dolken; Hensher,(2007).
A parede da bexiga é formada por três camadas principais: mucosa, camada muscular e
adventícia de tecido fibroso. A musculatura da bexiga é formada pelo músculo detrusor. A
bexiga é apoiada e estabilizada pela musculatura do assoalho pélvico, por diversos ligamentos
e faciais. Os ligamentos são: ligamento largo, ligamento redondo, ligamento úterosacrol,
ligamento pubovesical, ligamentos pubo uretral e ligamento uretral externo (Figura 01). A
fáscia endopélvica é um tecido músculo fibroso rico em células musculares lisas, que envolve
os órgãos pélvicos e os suportam, prendendo-os ás paredes laterais da pelve (STEPHENSON,
2004; SARMENTO, 2009; Lancey (1994), apud Huter-Becker; Dolken; Hensher, (2007).
Fonte: SARMENTO (2009)
Figura 01 – Ligamentos do aparelho reprodutor feminino
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A uretra é um tubo muscular com paredes finas, cuja função consiste em transportar a urina
da bexiga para o exterior do corpo. Portanto, 70% da pressão responsável pelo fechamento da
uretra, são produzidas na maioria pelos músculos elevador do ânus e esfíncter uretral externo,
os demais 30% dessa pressão são fornecidos pelos músculos esfíncter uretrovaginal e
compressão da uretra (Figura 02), Sarmento, (2009); Junemann (1988) apud Huter-Becker;
Dolken; Hensher, (2007).
[...] há uma faixa circular de músculo, na parede externa da uretra. Estes
músculos estriados voluntários formam o esfíncter uretral externo, que pode ser contraído
de modo a evitar a micção, mesmo quando fortes contrações do músculo detrusor forçam
a abertura do esfíncter interno (Conforme Johnson, 2000:263)
Fonte: HUTER-BECKER; DOLKEN; HENSHER, (2007).
Figura 02 – Músculos que envolvem a uretra
Segundo Etienne, Waitman, (2006) e Huter – Becker, Dolken, Henscher (2007) o assoalho
pélvico é formado por camada muscular superficial e profunda. A camada superficial é
constituída pelos seguintes músculos: músculo esfíncter anal externo, músculo
isquiocarvenoso, músculo bulboesponjoso, músculo transverso superficial do períneo,
músculo esfíncter uretral externo, músculo compressor da uretra e músculo uretrovaginal. Já
a camada profunda inclui o diafragma da pelve. Ele é formado por dois músculos: o elevador
do ânus e o isquiococcígeo. O músculo elevador do ânus compreende três músculos: músculo
pubococcígeo, músculo iliococcígeo e músculo puborretal (Figura 03).
O assoalho pélvico tem a função de suportar os órgãos pélvicos, estabilizar o tronco,
estabilizar o cóccix e sacro, manter a pressão responsável pelo fechamento da uretra e ânus
durante as diferentes atividades e inibir músculo detrusor durante a fase de armazenamento
vesical (KISNER, 2009; HUTER – BECKER; DOLKEN; HENSCHER, 2007).
As inervações dos músculos da camada superficial provem do nervo pudendo (S2) com
exceção dos músculos: músculo esfíncter uretral externo, músculo compressor da uretra e
músculo uretrovaginal, origina-se da inervação sensitiva: nervo do clitóris, nervo pudendo
motor: nervo podendo (S3), ramos diretos do plexo sacral (S2, S3).
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Os músculos da camada profunda que são os músculos iliococcígeo e músculo.
Fonte: NETTER (2000)
Figura 03 – Assoalho Pélvico
ísquiococcígeo, são inervados pelos ramos que emergem diretamente do Plexo sacral (S2,
S4); o músculo puborretal recebe sua inervação através de um ramo que nasce diretamente
do Plexo sacral (S3,) e nervo pudendo; e o músculo pubococcígeo, é inervado pelo Plexo
sacral (S3, S4) e nervo pudendo (HUTER – BECKER; DOLKEN; HENSCHER, 2007).
De acordo com (William, 2010; BARACHO, 2007) o assoalho pélvico é formado por fibras
musculares dos tipos I e II, as do tipo I são conhecidas como músculos vermelhos, adaptadas
para contração lentas e longas, em quanto que a do tipo II é chamada de músculos brancos,
que tem duração de contração curta e rápida. Desse modo, a pelve é constituída por dois ossos
ilíacos, articulados posteriormente com o sacro e anteriormente entre si através da sínfise
púbica. O osso ilíaco é formado pela união de três ossos, o ílio, ísquio e púbis.
3. Neurofisiologia da Bexiga
Moreno (2009) postula que o músculo da bexiga (detrusor) é inervado pelo Sistema Nervoso
Autônomo (SNA), é constituído por fibras simpáticas e parassimpáticas. O SNA simpático
origina-se na medula espinhal, entre os seguimentos T10 e L2, é representado pelo nervo
hipogástrico. Os receptores betas adrenérgicos predominam a bexiga e quando estimulados
atuam relaxando o músculo detrusor. Já os receptores alfas adrenérgicos predominam a uretra,
ao ser estimulado provoca a contração de esfíncter externo da uretra, aumentando a resistência
da saída vesical. As fibras pré-sinápticas têm como neurotransmissor a acetilcolina, e as fibras
pós-sinápticas têm como neurotransmissor noradrenalina.
Conforme Palma (1998) o detrusor também é inervado por fibras parassimpáticas que
originam-se na medula sacral (S2-S4), é representado pelo nervo pélvico, quando as fibras
parassimpáticas são estimuladas, atuam inversamente a função do SNA simpático, ou seja,
causam contração do músculo detrusor ,e relaxamento da uretral, facilitando o esvaziamento
vesical. O principal neurotransmissor é acetilcolina.
A bexiga consegue armazenar de 200 a 400 ml de urina em seu interior. O enchimento da
bexiga ocorre lentamente e vai distendendo sua parede de maneira que os receptores de
estiramento são excitados, transmitindo impulsos nervosos à medula espinhal, por meio do
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nervo pélvico, posteriormente a informação é transmitida para o encéfalo (ARTHUR, 2008;
DAVIES; BLAKELEY; KIDD, 2002).
Em seguida os sinais serão transmitidos ao cérebro, dando a sensação e consciência da bexiga
cheia. O cérebro transmite sinais de resposta à bexiga através da medula espinhal e ao
esfíncter externo pelo nervo periférico pudendo; para que o esfíncter relaxe; e o músculo
detrusor contraía, ocorrendo dessa forma a micção. Esses fenômenos devem ocorrer de forma
sincronizada. Em condições normais, quando o esfíncter se relaxa, a bexiga se contrai. Caso o
momento seja inapropriado, o cérebro envia uma informação ao esfíncter para que o mesmo
se contraía e, ao mesmo tempo, outro à bexiga inibindo sua contração (PALMA,1998).
Fonte: GOMES (2010)
Figura 04 – Fisiologia da micção
4. Incontinência Urinária de Esforço
A incontinência urinária é uma condição desconfortável, estressante e embaraçosa, podendo
afetar até 50% das mulheres em alguma fase da vida. Uma pesquisa realizada nos Estados
Unidos da América, em 1999 e 2000 com 9.965 mulheres, utilizando questionários
respondidos em entrevistas domiciliares demonstrou uma prevalência de 38% de mulheres
com incontinência urinária Anger et al (1999), apud Gomes (2010); Moreno (2009);
Rodrigues et al (2005).
Em estudo realizado entre 2005 e 2006 utilizando entrevista domiciliar e exame clínico
em unidade móvel, 1961 mulheres norte-americanas acima de 20 anos não grávidas
foram avaliadas quanto a distúrbios do assoalho pélvico, sendo a incontinência urinária
observada em 15,7% (Gomes, 2010: 650)
De acordo com o pensamento de Moreno (2009), a paciente que apresenta incontinência
urinária, tende ao isolamento social, devido o medo de estar em público e ocorrer perda da
urina, silenciosamente tem um declínio na autoestima, tornando-se, angustiada, deprimida e
irritada. Sendo assim, conforme Gomes (2010, p.649): “Estudos têm mostrado a repercussão
negativa da IU na esfera social, sexual e psicológica”. Entretanto, algumas mulheres demoram
a procurar por um serviço especializado para realizar o tratamento, por pensarem ser comum
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ou esperado que uma mulher idosa perca urina, devido o fator do envelhecimento fisiológico.
Sendo assim, apenas quando a autoestima e qualidade de vida estão demasiadamente ruins é
que procuram o serviço medico (MORENO, 2009).
De acordo Huter-Becker, Dolken e Henscher (2007) a incontinência urinária de esforço (UIE)
manifesta-se pela perda involuntária de urina, na ausência de atividade do músculo detrusor.
Resultando do aumento da pressão intravesical que ultrapassa a pressão uretral. As mulheres
são mais acometidas por este tipo de incontinência do que pela incontinência de urgência
(IUU) e mista.
Portanto, de acordo com uma pesquisa realizada em 2005 e 2006 com 1.961mulheres
americanas, por Fultz (1993), apud Gomes (2010, p.650), foi verificado que IUE é a mais
prevalente, pois [...] “encontraram 52% de IUE, 10% de IUU, 37% mista”. Os fatores de risco
que se associam e contribuem para o surgimento dos sintomas, são: obesidade, raça, uso de
álcool, cafeína, constipação crônica, comorbidades, gravidez, multiparidade, o
envelhecimento e a diminuição do hormônio estrogênio (SOUSA et. al, 2011, FITZ et al,
2011).
Conforme Ingelmann-sundberg (1952), apud Henscher, (2001) a incontinência urinaria de
esforço é classificada por graus que vai de um a três. No grau um a eliminação de urina
decorre durante a tosse, aos espirros, ao riso, à ativação da pressão abdominal, no grau dois é
durante corrida, ao carregar ou levantar peso, já no grau três acontece na posição em decúbito.
5. Fisiopatologia
Para Netto Júnior (1999), e Sousa (2010) a incontinência urinária de esforço (IUE) pode
ocorre em duas situações. A primeira situação é nomeada IUE anatômico, que corresponde á
maior incidência. Durante o estresse, a um aumento da pressão abdominal que é transmitida
desigualmente para a uretra e bexiga, de maneira que a pressão vesical torna-se mais elevada
que a pressão uretral, causando perda urinaria, esta anomalia resulta da hipermobilidade do
colo vesical e da uretra proximal e medial. Consequente a fraqueza do assoalho pélvico ou por
procedimento cirúrgico do assoalho pélvico. Desse modo, para Tanagho e Mcaninch (2007,
p.527) “a incontinência anatômica resulta, sobretudo da hipermobilidade do segmento vesico
uretral, devido à debilidade do assoalho pélvico” [...].
[...] o deslocamento é causado por alterações no seu suporte, seja em ligamentos, tecido
conectivo, músculo levantador do ânus, inervação pudenda. Em geral, esses danos são
decorrentes de parto. O deslocamento da uretra proximal para a posição infrapúbica
durante o esforço ocasiona falha na transmissão de pressão, levando ao aumento de
pressão vesical em escala maior que a pressão uretral (Baracat e Lima 2005:189 - 190).
Lnmmima (2006) e Netto Júnior (1999), postulam que IUE esfincteriano ocorre devido à
inabilidade do mecanismo esfincteriano uretral em manter a coaptação da mucosa tanto no
repouso quanto ao esforço físico, ocasionando uma pressão uretral incessantemente baixa
levando a eliminação de urina aos mínimos estresses. Segundo o pensamento de Baracat e
Lima (2005, p.190): as “alterações na musculatura, na mucosa uretral e no tecido conectivo,
secundário a traumas de parto ou cirurgia, a radioterapia, pode originar o defeito
esfincteriano”.
6. Avaliação Fisioterapeutica
É de suma importância a realização da avaliação Funcional do assoalho pélvico, pois,
proporciona a noção da capacidade de contração da musculatura pélvica, permitindo que o
fisioterapeuta trace sua conduta de acordo com a funcionalidade de cada paciente. No
momento da palpação transvaginal o paciente assume a posição ginecológica. Com luva
lubrificada, introduz-se, o segundo e terceiro dedo até o terço médio da vagina. Nos casos em
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que a paciente possui vagina curta ou estreitamento vaginal não permite a adequação desse
procedimento, sendo adaptado por palpação com apenas um dedo ou se necessário, via anal
(MORENO 2009; REIS ET AL, 2011). (Figura 05)
Fonte: REIS ET AL, (2011)
Figura 05 – Avaliação Funcional do Assoalho Pélvico.
Segundo, Fitz et al,(2011) Ao avaliar a força e a funcionalidade dos músculos do assoalho
pélvico, a avaliação depende da contração voluntaria e da coordenação da paciente. Há vários
testes para avaliar o assoalho pélvico, porém, será apresentado somente o teste de PERFECT
que quantifica a intensidade, a duração e sustentação da contração. O teste compreende os
seguintes itens, P = Power (força muscular), E = endurance (manutenção da contração), R =
repetição de contração mantida e F = fast (numero de contração rápida). A graduação é de
zero a cinco de acordo com a escala de Oxford.
A conscientização corporal é uma parte importantíssima da avaliação. Em muitos casos devese iniciar o tratamento com uma explicação do que é e qual a função dos músculos pélvicos.
Nessa fase a paciente deve visualizar os músculos do assoalho pélvico por meio de desenho e,
posteriormente, com auxilio de espelho para identificar seu próprio músculo, a posição em
borboleta com as mãos embaixo dos ísquios, também pode se utilizada, neste momento a
paciente é informada de que os músculos que estão entre os ísquios devem ser contraídos. É
indispensável o ensino da auto palpação para a paciente, pois proporciona autoconhecimento e
pode auxiliar a entender a atividade dos músculos do assoalho pélvico e a correta maneira de
contraí-los, podendo ser realizado em posição ortostática, semi sentado e decúbito dorsal. As
posições antigravitárias só podem ser assumidas com o ganho progressivo de força muscular
(MORENO 2009).
7. Tratamento
Durante o parto vaginal frequentemente os músculos do assoalho pélvico são lesionados e à
medida que os níveis de hormônios reduzem durante a menopausa a força muscular é
minimizada. É comum o esquecimento desse grupo muscular pela maioria das pessoas, até
mesmo pelo fato de desconhecer a função e importância do grupo muscular. Nada é feito para
manter sua vitalidade, até que ocorram sinais de sua debilidade como, por exemplo:
incontinência ou distopia (MORENO 2009).
O tratamento da incontinência urinária é constituído por duas modalidades: conservador e
cirúrgico. No Brasil a abordagem é tradicionalmente cirúrgica, entretanto, o tratamento
cirúrgico envolve procedimentos invasivos que podem ocasionar complicações, são de alto
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custo e podem ser contra-indicados em algumas mulheres. Os índices de insucesso chegam
entre 15% a 20% podendo ocorre recidiva dos sintomas antes dos cinco anos, apesar das
complicações o tratamento cirúrgico quando bem sucedido é eficaz a longo prazo com 60% a
90% de continência em cincos anos. Por vários motivos negativos citados a cima e com a
evolução da fisioterapia nos últimos anos, o tratamento clínico vem ganhando espaço pelos
baixos índices de efeitos colaterais, bons resultados e minimização de custos, Correia et al
(2011) e Herrmann et al (2003).
Entre as modalidades do tratamento conservador citado neste artigo estão o tratamento
medicamentoso e fisioterapeutico. Foi observado que no tratamento medicamentoso grande
parte das pacientes abandonam o tratamento devido aos efeitos colaterais e ao baixo índice de
cura, apesar de 50% a 60% das pacientes apresentarem melhora da IUE com uso da
medicação (GOMES et al ,2009).
Uma das técnicas fisioterapeutica utilizada no tratamento da IUE é a eletroestimulação, que
foi descrita no ano de 1963 por Caldwell. A técnica tem papel importante em determinar a
contração dos músculos pirenéias e assim, permitir a paciente tomar consciência da
existência dos músculos que compõem o assoalho pélvico, em especial as que são incapazes
de realizar contração do períneo sob orientação verbal, Berquó et al (2009).
A eletroestimulação vem mostrando resultados promissores e eficiência no tratamento da
incontinência urinária de esforço e pelos seus efeitos colaterais serem raros, entre tanto, não
deve assumir a primeira linha de trabalho se a paciente for capaz de contrair a musculatura do
assoalho pélvico suficientemente, neste caso a contração voluntária será mais efetiva que a
eletroestimulação (Bernardes et al,2000; MORENO,2010).
As contra-indicações da eletroestimulação são: infecção urinária, menstruação, diminuição da
percepção sensorial da vagina, gravidez, infecções vaginais, tumores malignos, abuso sexual
conhecido, implantes metálicos nas imediações e arritmia cardíaca (GOMES et al ,2009;
HENSCHER, 2001).
8. Metodologia
Este estudo trata de uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa e descritiva, onde se
realizou uma consulta a diversos bancos de dados: Scielo, Lilacs, Bireme. Os artigos que se
apresentaram em mais de uma base de dados consultadas foram contabilizados somente uma
vez. Foram selecionados no total 14 artigos de 2000 a 2012, 16 livros do ano de 1998 a 2010,
2 revistas científicas de 2010 e 2011. A estratégia de pesquisa executada englobou os
seguintes termos nas respectivas bases de dados exploradas: eletroestimulação intravaginal,
eletroestimulação funcional, eletroterapia transvaginal, incontinência urinária de esforço,
incontinência urinária de stress, incontinência urinária genuína e incontinência urinária,
avaliação do assoalho pélvico, teste de força muscular do assoalho pélvico. Dos 21 estudos
encontrados, 8 foram excluídos devido a patologia não ser do tipo incontinência urinária de
esforço ou a técnica que não for aplicada nas mulheres com a patologia estudada, pacientes
submetidas à abordagem cirúrgica para tratamento da IUE e com prolapso urogenital grau III.
9. Resultado
No presente trabalho cinco autores entram em discurção sobre os beneficios gerados pela
eletroestimulação transvaginal nas mulheres incontinentes. Duas pesquisas relatam que a
técnica é benéfica mas ainda há muita controversia sobre o resultado da mesma. Um autor
confirma a contribuição positiva da eletroestimulação, porém resalta que o resultado pode ser
mais satisfatório fazendo terapia associada. Dois pequisadores afirmam o beneficio da
técnica portanto, diante da presente revisão literária posso afirmar que apesar das
controvércias a respeito dos beneficios da eletroestimulação a técnica ainda é muito utilizada
na prática clínica.
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10. Discussão
A incontinência urinária traz um impacto econômico significativo tanto aos familiares dos
portadores desta patologia quanto para o poder público. Embora a incontinência urinária
possa acontecer em qualquer fase da vida a sua prevalência aumenta com o avanço da idade
(GOMES; SILVA, 2010; SOUSA et al, 2011).
Com a progressão das pesquisas sobre a patologia e do aprimoramento das técnicas de
diagnóstico, o tratamento conservador foi assumindo um importante papel na reabilitação das
pacientes incontinentes através das várias técnicas fisioterapêutica. Convém salientar que a
incontinência urinária não é uma condição que coloque em risco a vida das mulheres,
portanto, o bom senso é recomendar os tratamentos menos agressivos no inicio do mesmo,
Tanuri et al, (2010).
Segundo Amaro, Padovani e Gameiro (2005) apud Knorst at al. (2012), a utilização da
eletroestimulação na musculatura do assoalho pélvico é um meio essencial de favorecer a
recuperação de um comando deficiente ou voluntário ausente, auxiliando as mulheres a
tornarem-se conscientes da ação da musculatura perineal. Recomenda-se o uso desse recurso
principalmente para as pacientes com função muscular igual ou menor que três na escala de
Ortiz ou Oxford, até que a contração ativa seja realizada.
Correia et al,(2011), relatou em sua pesquisa sobre eletroestimulação intravaginal para
tratamento da incontinência urinária de esforço: revisão literária. A eletroestimulação
utilizada no tratamento da incontinência urinária demonstra taxa de êxito de 35% a 65% para
as pacientes incontinentes; entretanto, existem controvérsias sobre a utilização da técnica.
Richardson et al, sand et al.(1995) apud Gomes et al, (2009), afirma em seu trabalho que a
eletroestimulação transvaginal é um tipo de técnica conservadora efetiva. A utilização de
terapias isoladas no tratamento de mulheres com incontinência urinária vem sendo relatado,
porém, quando se usa terapias associadas, são alcançados melhores resultados.
No estudo de Herrmann et al (2003), investigou-se eletroestimulacão transvaginal do assoalho
pélvico no tratamento da incontinência urinária de esforço, e os citados autores estudaram a
eficácia da técnica na IUE. O estudo contou com a participação de 22 mulheres com queixa
clínica de IUE. As participantes foram orientadas a fazer uso do dicionário miccional, os
demais exames incluídos foram o ultra-sonografia transperineal, avaliação subjetiva que
consiste na indagação sobre sua satisfação sobre o resultado, todos os exames foram feitos
uma semana que antecede o tratamento e uma semana após o fim. As pacientes submeteramse a duas sessões semanais, com duração de 20 minutos, no período de dois meses. O
resultado do estudo demonstrou que, 77,3% dos casos, as pacientes consideraram-se
satisfeitas com a eletroestimulação transvaginal do assoalho pélvico e a indicariam.
Conforme Santos et al (2009), em seu estudo clínico randomizado, foi selecionado 24
mulheres com queixa de incontinência urinária de esforço que receberão tratamento com
eletroestimulação funcional. Todas as voluntárias passaram por uma série de exames, estes
são: anamnese e exame físico geral e ginecológico, estudo urodinâmico, diário miccional por
sete dias consecutivos, teste do absorvente, Utilizam o Incontinence Quality of Life
Questionnaire (I-QoL), para avaliar os resultados do tratamento fisioterapeutico foi realizado
todos os exames antes e após quatro meses do início do tratamento. As pacientes foram
submetidas a duas sessões por semana, com tempo de vinte minutos cada sessão, durante
quatro meses. Resultados observados entre as tratadas com a técnica foram (58,3%) estavam
satisfeitas ou muito satisfeitas, e apenas (41,7%) não observaram qualquer melhora.
Em um estudo de Alves; Nunes; Guirro (2011) utilizou-se dois parâmetros da
eletroestimulaçao intravaginais de médias e baixas frequências com objetivo de verificar qual
o parâmetro elétrico, mais eficaz para o tratamento de mulheres com IUE. Nesta pesquisa
teve a participação de 20 voluntárias com diagnóstico clínico de perda urinária. O método de
avaliação foi entrevista, diário miccional sendo usados sete dias antes e depois do fim do
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tratamento e perineometria. Todas foram submetidas a receber o tratamento durante seis
semanas, com duração de vinte minutos cada sessão, duas vezes por semana. No final do
tratamento observou-se redução na frequência de micção em ambos os grupos, entretando não
houve diferença significativa no resultado.
11. Conclusão
Esta revisão demonstrou que a eletroestimulação transvaginal vem ganhando proporção no
mercado e com isso dimensionando ao profissional da área a ampliar seu leque de tratamento,
tornando-se uma ferramenta de extrema serventia além, de ser muito utilizada na prática
clínica no que diz respeito a problemas relacionados com incontinência urinaria de esforço. É
uma técnica com baixo índice de efeitos colaterais. Vale apena ressaltar que antes de iniciar o
tratamento com a referente técnica, deve realizar uma criteriosa anamnese para identificar a
existência de alguma contra indicação para o uso da mesma.
A eletroestimulação transvaginal contribui para a melhora no quadro clínico da paciente
incontinente e concomitantemente, melhora a qualidade de vida da mulher tratada,
possibilitando o surgimento da influência positiva e minimizando o constrangimento e o
impacto psicossocial vivenciados pelas pacientes acometidas por esta condição.
Essa contribuição para a saúde da mulher, mencionada acima, ganha proporção caso o
tratamento seja usado em conjunto com outra técnica, garantindo dessa forma um resultado
eficaz e eficiente.
Entretanto é bom salientar que apesar dos benefícios observados, bem como da existência de
diversas publicações que avaliaram os efeitos da técnica na IUE, ainda é necessário melhorar
a qualidade destes estudos, haja vista, a necessidade de mais evidências científicas que
possam corroborar ou refutar a eficácia da eletroestimelação.
Para tanto, é de suma importância que os pesquisadores desta área aprofundem ou realizem
novas pesquisas, a fim de eliminar ou minimizar as controvérsias existentes e poder oferecer
um acompanhamento fisioterápico cada vez mais seguro e eficiente.
12. Referências Bibliográficas
ARTHUR C. Guyton. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
ALVES, Priscilla G. J.; NUNES, Fabiana R.; GUIRRO, Elaine C. O. Comparison between two different
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