Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: 2316-9435 XX Semana de Pedagogia da UEM VIII Encontro de Pesquisa em Educação / I Jornada Parfor LÍNGUA ESCRITA E RELAÇÃO DO ERRO NA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA DEOLINDO, Karina Luciane Silva [email protected] YAEGASHI, Solange Franci R.(orientadora) [email protected] Universidade Estadual de Maringá – UEM Psicologia da educação INTRODUÇÃO Utilizando do texto de Zorzi (2009), “Problemas de aprendizagem e ortografia. Crianças escrevendo errado: o que fazer?”, faremos uma breve discussão dos erros de ortografia e a sua relação de erro apoiados na teoria de Jean Piaget sobre a capacidade de apreensão do conhecimento dos alunos em suas construções hipotéticas de conhecimento frente às dificuldades enfrentadas em sala de aula. Apoiando-nos na concepção de Zorzi (2009) de que a língua escrita é fonte de conhecimento já sendo um próprio conhecimento em si, podemos dizer que sua apreensão é essencial na vida escolar de todos os alunos, pois além de proporcionar meios para o conhecimento de outros conteúdos, auxilia os alunos a escreverem de forma correta. Podemos dizer que a apropriação desse conhecimento se dá de forma evolutiva na formação do aluno, é um processo, ou seja, é gradativo, partindo do mais simples para o mais complexo, deste modo os erros nessas etapas são normais, caracterizando, assim, as hipóteses dos alunos frente às dificuldades exigidas pelo conteúdo. Buscamos então na teoria de Piaget uma associação nesse processo de apreensão de conhecimento, com relação com o que o autor descreve como equilibração, no qual o sujeito frente ao um novo conhecimento tenta assimilá-lo, acomodando esse às suas estruturas já elaboradas anteriormente para compreender o novo conhecimento. Dessa forma podemos dizer, que o erro característico da língua escrita nada mais é do que uma construção, que é gradativa e evolutiva, com isso sua assimilação decorre das possibilidades que os ambientes de aprendizagem oferecem, nos desequilíbrios que eles causam no sujeito, de forma que esses possam assimila-los ou não. LÍNGUA ESCRITA Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. Zorzi (2009) cita que a língua escrita é objeto privilegiado de conhecimento antes mesmo de ser um meio desenvolver conhecimentos, ou seja, esta além de favorecer caminhos para o aprender, já é um próprio conhecimento por si só, pois estabelece com o sujeito uma troca de conhecimentos. O autor dessa forma chama atenção, para a ortografia, pois se a língua escrita é fonte de conhecimento, e condição para o conhecimento, saber a escrita convencional das palavras é essencial nesse processo. Dessa forma, os erros nesse processo que é gradual de apropriação da escrita, aparecem como algo normal, pois acabam por caracterizar as hipóteses que as crianças criam para a composição da palavra. De modo que os erros vão sendo eliminados conforme o conhecimento ortográfico vai se aprofundando. Com isso cabe ao professor atenção especial aos erros cometidos pelas crianças, de modo que essas hipóteses sejam por elas definidas e corrigidas para uma melhor apropriação do conhecimento. Assim, podemos compreender que quanto mais complexa a distribuição da palavra, maiores serão os erros que as crianças poderão cometer na produção de textos. Zorzi (2009, p. 196-197) afirma que, “esta incidência reforça a hipótese de que a ocorrência de confusões ou erros também é influenciada por características intrínsecas da própria linguagem escrita”. Por essa razão podemos dizer que apropriação da língua escrita é um processo gradual, evolutivo, no qual alguns aspectos são rapidamente entendidos, e com isso assimilados mais facilmente que outros, pois as composições e escritas das palavras acabam por se diferenciarem a partir de sua origem, composição, regularidades, dentre outras particularidades. Portanto possuir um domínio da ortografia é compreender essas particularidades que acabam por diferenciar uma palavra da outra, constituindo assim a língua escrita e o sistema ortográfico. Por isso, dificuldades em compreender esses aspectos mais complexos da ortografia, como problemas em sistematizar e generalizar esses conhecimentos podem caracterizar os desvios ortográficos. Como dito anteriormente quanto maior a complexidade da palavra, maiores poderão ser os erros em sua escrita, pois os aspectos ortográficos podem ainda não terem sido assimilados e generalizados. Mas com a assimilação desses aspectos a escrita ocorrerá mais facilmente (ZORZI, 2009). Com isso no processo de alfabetização devemos partir primeiramente da questão do que é letra, seu som, sua distinção, para então ensinarmos as palavras. A criança assim ao ser alfabetizada irá compreender o que é letra e os sons que elas podem assumir nas palavras. A 2 compreensão dos desenhos das letras no papel, sua posição, são essenciais para o entendimento de sua função na palavra. Zorzi (2009, p. 198) cita que, “as letras diferem entre si por pequenos detalhes gráficos. Assim sendo, compreender a forma das letras de modo a distinguir as características do traçado de cada uma delas também se apresenta como algo a ser aprendido”. Além de aprenderem o traçado das letras é preciso que as crianças também aprendam a distinguir os sons dos fonemas nas palavras, que a criança saiba distinguir cada som, o separando quando fala, identificando assim os fonemas que compõem a palavra. Isto significa um conhecimento fonológico avançado, assim como uma habilidade para relacionar cada fonema à sua letra (ZORZI, 2009, p. 200). Com isso é preciso atenção com relação ao uso da oralidade na escrita das palavras, pois as crianças acabam por se apoiar na pronúncia da palavra ao escrevê-la, cometendo assim diversos erros. Podemos encontrar muito esse tipo de apoio em crianças menores, que ainda estão se alfabetizando, e assim passam a apoiar a maior parte da escrita na oralidade, pois se utilizam do conhecimento fonêmico em nível segmental. Utilizando assim o fonema/grafema para escrever as palavras (ZORZI, 2009). Sabemos que muitas vezes ao utilizarmos dessa estratégia de escrita corremos o risco de errarmos, pois muitos sons podem ser escritos por diversas letras, e algumas letras podem compor diversos sons. Por isso, a formação de um léxico mental, faz com que ao pensarmos na palavra, sua composição visual apareça, facilitando assim sua escrita e diminuindo dessa forma os erros. Mesmos adultos ao escreverem palavras desconhecidas ou pouco usadas acabam por terem dificuldades ao escrevê-las, muitas vezes por não possuírem a imagem mental da palavra, ou por se apoiarem na oralidade. Esse processo se revela como o de maior complexidade para a aprendizagem da ortografia, e é caracterizado como representações múltiplas (ZORZI, 2009). Zorzi (2009) entende que é preciso adquirir conhecimentos fundamentais relativos ao cerne da escrita de natureza alfabética, os quais nos permitiram compreender a complexidade que está em jogo na questão das correspondências múltiplas. É preciso que saibamos identificar segmentos sonoros que se assemelham a fim de diferenciá-los em sua escrita (som/fonema). Podemos assim dizer que, se o sujeito possui o entendimento de que uma mesma letra pode escrever diferentes sons, e o contrário, que um mesmo som pode ser escrito por diferentes letras; e que tenha um conhecimento de regras contextuais, ou seja, a comprovação 3 de que determinadas letras podem influenciar no valor sonoro de outras. E propriedade de aspectos morfo-gramaticais, dos quais podem ajuda-lo na determinação da forma correta de escrever certas categorias de palavras a partir de certas regularidades. Podemos dizer assim que o sujeito possui condições (ZORZI, 2009). Como mencionado antes à aprendizagem da escrita é um processo evolutivo que se dá de modo progressivo, ou seja, ninguém aprende a escrever de imediato, dessa forma os erros são parte desse processo de aquisição da escrita. Portanto os erros, as dificuldades, em graus diversificados, são normais nesse processo de apreensão da língua escrita, ou em qualquer outra aprendizagem. Podemos dizer assim que os desvios de ortografia distinguem-se não necessariamente por tipos distintos de erros, mas sim, predominantemente, pelo modo como se desenvolve o próprio método de apropriação da escrita (ZORZI, 2009). Em outras palavras isto significa que, se a criança tem dificuldades ou lentidão em assimilar, sistematizar e generalizar os conhecimentos, não conseguindo os adaptar a novas situações, ela pode sim ter desvios ortográficos, pois estes problemas acarretarão dificuldades de aquisição mais aprofundada da escrita. Zorzi (2009, p.206) explica que, [...] a criança pode estabilizar hipóteses elementares e insuficientes a respeito da ortografia; ter dificuldades para generalizar novos conhecimentos; construir hipóteses atípicas ou demonstrar um ritmo de aprendizagem muito lento, mesmo quando exposta a um ambiente favorável para a aprendizagem. Essas dificuldades conduzirão a um número maior de erros, que poderão assim se tornarem mais diversificados pela falta de sistematização do conteúdo. Podemos encontrar essas dificuldades em alunos que estão no mesmo nível escolar. Dessa forma, fica evidente que os erros ocorrem por uma dificuldade de assimilação do conhecimento. Ou seja, o aluno não consegue sistematizar o conhecimento e com isso não o generaliza, acarretando assim erros em sua escrita. Faremos agora uma breve análise da concepção de erro e da concepção de construção de aprendizagem, segundo Piaget e outros estudiosos de sua teoria, fazendo assim uma relação com o processo de equilibração com o erro. RELAÇÃO DO ERRO NA CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA A Psicologia Genética criada por Jean Piaget (1976) busca conhecer as mudanças no funcionamento cognitivo do sujeito, desde o seu nascimento até a adolescência. Com isso, os 4 erros que estão presentes nas tarefas que o indivíduo executa, são considerados fonte de conhecimento, pois demonstram as possibilidades do pensamento do mesmo. Com o decorrer do seu desenvolvimento o sujeito passa a identificar esses erros e a corrigi-los, nessa fase encontramos o processo de equilibração majorante, pois sua relação com o erro passa a mudar, antes o que era rejeitado do por ele (o erro) passa agora a ser analisado e modificado. De acordo com Piaget (1976), para que os novos conhecimentos e informações exteriores sejam assimilados com sucesso às estruturas mentais e cognitivas é preciso que ocorra o processo de equilibração, que nada mais é do que um processo regulador, que permite que os indivíduos cognitivamente se adaptem e organizem-se no meio. Ou seja, quando o sujeito entra em desequilíbrio, quando conhece algo novo, suas estruturas se adaptam a esse novo conhecimento, deixando o sujeito em equilíbrio novamente, é esse o processo de adaptação/acomodação. Queiroz, Dias, Chagas e Nepomoceno (2011, p. 264), explicam que, [...] a equilibração consiste em um processo de organização das estruturas cognitivas num sistema coerente, interdependente, ou seja, há uma dependência recíproca entre as partes e o todo do sistema cognitivo, possibilitando ao indivíduo uma adaptação à realidade. O desequilíbrio pode ser assim considerado como um estado de conflito cognitivo, no qual ocorre quando probabilidades não são confirmadas pelo conhecimento prévio, ou em relação a objetos de conhecimento que são incompreensíveis pelos esquemas à disposição. Nessa etapa os esquemas cumprem um papel motivacional, pois levam o indivíduo a se desequilibrar para superar seu nível cognitivo presente. Nesta perspectiva, o professor deve observar os erros dos alunos para então poder garantir uma objetividade nos procedimentos de análise e interferência de sua aprendizagem, avaliando assim suas dificuldades, hipóteses e conhecimentos já existentes nesse processo de equilibração. Podemos notar que alguns autores buscaram entender e analisar a importância do erro, assim como suas contribuições, para os contextos escolares, a fim de melhorarem suas intervenções e entendimento a respeito desse assunto que pode modificar todo e ensino em sala de aula. Segundo Correia (2005), a Psicologia Genética gerou modificações no âmbito didático, de forma que acabou evidenciando uma nova visão sobre os erros, passando a enxergá-lo como recurso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem das crianças/adolescentes. 5 Porque é no processo de aquisição de conhecimento, no aprender que os erros surgem, pois estão diretamente ligados a tentativas, hipóteses e suposições do sujeito que os elabora. Podemos entender assim que os erros são encarados nesse contexto como elementos preceptores da construção do conhecimento, na medida em que se estimula e propicia a reflexão sobre eles, como forma de se fomentar suas superações. Nesse aspecto podemos dizer que a verificação dos erros seria utilizada para replanejamento do ensino dos conteúdos, mas sempre utilizando dos mesmos para intervenções com fundamentos observáveis tanto para os professores quanto para os alunos que são os mais interessados. Ou seja, é preciso que os alunos também reconheçam os seus erros, e tentem assim corrigi-los, por si só. O erro deve ser apresentado assim como hipótese que deve sempre ser analisada e nunca rejeitada ou tratada como negativa. Casávola (1988) reconhece a teoria da equilibração como apropriada para esboçar o início dos erros e das estruturas que agem no sentido de sua ultrapassagem. A teoria da equilibração implica permanente inter-relação entre os processos de assimilação e de acomodação inerentes aos esquemas de ação. Ele apresenta que, “de um modo geral, a fonte dos erros reside nos desequilíbrios do funcionamento assimilador dos esquemas de ação” (p.34). Macedo (1994) considera a questão do erro separadamente para o adulto, e para a criança, principalmente dentro do ambiente escolar de forma que na concepção do adulto, “o errado se opõe ao certo, que é valorizado como verdadeiro ou bom” (p. 64), ou seja, o erro é visto como algo ruim que deve ser evitado, o certo assim é valorizado e visto como algo bom. Observamos assim que o erro nesta perspectiva pode gerar um desgaste emocional grande em quem o comete, pois é colocado como algo que devemos evitar a todo o momento. Já para a criança este deve ser parte essencial do processo de apreensão do conhecimento, de modo que se faz necessário para se chegar ao resultado esperado. Com a observação dos erros, é possível verificar quais aspectos que devem ser mantidos e quais devem ser corrigidos para se chegar ao resultado pretendido (QUEIROZ; DIAS; CHAGAS; NEPOMOCENO, 2011). Podemos dizer que no construtivismo o erro é essencial, e faz parte dos processos cognitivos. Assim, “a perspectiva construtivista da criança é a da criação: não é a da transmissão, nem a da revelação. Algo não está dado, terá que ser construído” (MACEDO, 1994, p.69). De acordo com Macedo (1994), para definir a relação do erro dentro da perspectiva de ensino-aprendizagem para as crianças, podemos notar a existência de níveis de entendimento sobre o erro, utilizado pela atualmente pela Psicologia Genética. 6 No nível I, não há erro em uma perspectiva consciente; o erro é recalcado e as respostas contraditórias não causam conflito ou problema para as crianças. As tentativas de denunciá-lo são inoperantes. No nível II, o erro aparece como um problema. Depois de tê-lo cometido, a criança o reconhece, apesar de já ser tarde. Além disso, as soluções ocorrem por ensaio e erro, por tentativas. A interferência exterior do adulto ou de outra criança já surte mais efeito, no sentido de problematizar a situação. Mas, ainda é uma perturbação exterior ao sistema cognitivo da criança. As iniciativas exteriores problematizam o erro. Ele instala-se como uma contradição que exige superação. No nível III, o erro é superado enquanto problema. A criança pode antecipálo ou anulá-lo, ou seja, já dispõe de meios, dentro do seu sistema, para pesquisá-lo. Os erros anteriores são evitados nas ações seguintes. Há précorreção do erro, há antecipação interior ao sistema. O sujeito adquire certa autonomia (MACEDO, 1994, p.77). Com isso cabe ao professor provocar novos desequilíbrios pelo uso de novas situações problemas, de modo a permitir a construção de novas estruturas. Ou seja, o professor deve sim interferir em sala de aula, auxiliando o seu aluno nos momentos de dificuldades a fim de ensiná-lo, mostrando que o erro é uma construção hipotética que o mesmo fez para então chegar à resposta correta, de modo que tem sim muito valor educacional em seu processo de apreensão de conhecimento. Menin (2001, p. 98) observa que, Estruturas que contém as possibilidades de conhecimento do sujeito em certo momento dado; que podem sofrer transformações quando um esquema de assimilação necessita realizar acomodações para responder a perturbações ou solicitações do meio e que são autorreguláveis, isto é, capazes de transformação a partir de si mesmas e das coordenações internas que resultam em melhores formas de organização do conhecimento. Assim considerando, a aprendizagem, no que se refere à lógica do pensamento, só pode ser entendida quando resulta em reorganização estrutural e não quando se restringe ao estabelecimento de uma mera associação. Além das formas de equilibração relacionadas às perturbações, é preciso considerar que o jogo de assimilação e acomodação como funcionamento invariante dos esquemas e estruturas no processo natural de desenvolvimento, pode acontecer entre um esquema e a solicitação do meio, nos esquemas entre si e entre esquemas e a estrutura. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para Castorina (1988) toda aprendizagem se dá a partir dos conhecimentos prévios do sujeito; dos esquemas anteriores, associados numa estrutura, através dos quais podem ser assimiladas ou não a novas solicitações do meio. As assimilações como aprovação dos esquemas pré-existentes, ou novas modificações por acomodação, só acontecem através da 7 ação dos sujeitos no meio. Com isso, conhecer e agir, e buscar novas respostas a fim de corrigir erros acontece num momento de tomada de consciência do próprio erro. Para Macedo (1994) é necessário que o erro se torne observável para a criança, que possa ser assimilado por ela, para que seja sentido como erro e, com isso derive em correção e avanços. O avanço do sujeito depende de seus esquemas de assimilação e não pode ser estabelecido de fora ou estar muito além das possibilidades de coordenação dos esquemas, os erros cometidos pelo sujeito que aprendem evidenciam coordenações elementares em relação ao exigido pela ocasião. Assim, aprender deve ser percebido como compreender ou reinventar o conhecimento. E esse processo se dá tanto no sentido de coordenar o que foi abstraído a uma estrutura de conhecimento mais ampla quanto no sentido de refazer esse conhecimento em estruturas cada vez mais complexas. Menin (2001, p. 101 ) cita que, [...] para Piaget a aprendizagem depende do desenvolvimento. Aprender e construir ou se dá através dos esquemas de assimilação de um sujeito e da coordenação dos mesmos em estruturas de conhecimento que, por processos biológicos e naturais de reflexão e reflexionamento, permitem a equilibração majorante das estruturas. Se isso não ocorrer, não houve desenvolvimento e a aprendizagem restringiu-se a mera associação que pode se perder como conhecimento. Portanto devemos encarar e evidenciar o erro como hipótese, como construção de conhecimento, ou seja, como processo de assimilação do conhecimento. O professor em sala de aula deve interferir no momento do erro do aluno, retomando com os conceitos aprendidos e verificando as hipóteses que o mesmo desenvolveu para então chegar ao resultado. Interferir também ensinar, assim como colocar o aluno em estado de desequilíbrio cognitivo é dar a ele possibilidades de construir o seu próprio conhecimento. Enfim, o erro é algo natural em qualquer aprendizagem, seja ela escolar ou não. Nesta perspectiva, tanto Zorzi (2009) quantos outros autores, evidenciam as possibilidades do erro e procuram mostrá-lo como natural no processo evolutivo que é a apreensão da escrita. Dessa forma, é de suma importância que os professores façam interferências nas produções textuais de seus alunos, como também promova a auto avaliação dos alunos sobre os seus erros, de modo que os mesmos possam perceber os erros sozinhos e buscar corrigi-los. REFERÊNCIAS 8 CASÁVOLA, H. M. O papel construtivo dos erros na aquisição dos conhecimentos. Em J. A. Castorina, Psicologia Genética: aspectos metodológicos e implicações pedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. CASTORINA, J , FERNANDEZ, S.; LENZI, A. A Psicologia genética e os processes de aprendizagem. In: ___. Psicologia genética: aspectos metodológicos e implicações pedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. CORREIA, C. E. F. Aprender com erros. EDUC@ação, 01(03), 2005. MACEDO, L. Para uma visão construtivista do erro no contexto escolar. In: Macedo, L. Ensaios construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994. MENIN, M. S. de S. Aprendizagem e desenvolvimento na teoria de Jean Piaget. Nuances Vol. VII - Setembro de 2001, p. 97 – 101. PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas: desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976. problema central do PIAGET, J. O possível e o necessário 2: evolução dos necessários na criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. QUEIROZ, S. S. de, DIAS, L. P. , CHAGAS, J. D. NEPOMOCENO, P. dos S. Erros e equilibração em psicologia genética Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 15, Número 2, Julho/Dezembro de 2011: 263-271. ZORZI, J. L. , CAPELLINI, S. A. (orgs). Problemas de aprendizagem e ortografia. Crianças escrevendo errado: o que fazer? Dislexia e outros distúrbios de leitura-escrita: letras desafiando a aprendizagem. 2 ed. São José dos Campos: Pulso, 2009. 9